Newton Massafumi é arquiteto e urbanista. Como acadêmico, lecionou na Universidade de Taubaté — Unitau e é parte do corpo docente da Escola da Cidade, onde atua desde 2002 como professor de urbanismo. Conta com experiência na frente de projeto de Arquitetura e Urbanismo e é fundador, junto a Tânia Parma, do escritório Gesto Arquitetura, que desenvolve projetos de diversas escalas para usos habitacionais, institucionais, corporativos e urbanos. Sua atuação profissional e seu trabalho acadêmico apontam para uma preocupação com a interação entre o meio construído e o meio natural, buscando por alternativas para uma convivência mais harmoniosa com a natureza e mais justa socialmente.O encontro do arquiteto com o Oficina, ocorrido em 2019, em uma audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo, na qual participavam artistas do Teatro em defesa do Parque do Bexiga, levou a integração de Newton Massafumi a um coletivo responsável pelo desenvolvimento de um estudo preliminar para o espaço público pretendido na área envoltória da companhia. Participaram desse coletivo Marília Gallmeister, Carila Matzenbacher, Marcelo X, Luiz Felipe Orlando, Bruno de Oliveira Rissardo, Manuela Makhoul e Tânia Parma.O estudo, que propôs uma ressignificação do córrego do Bexiga, integrando o corpo hídrico a um conjunto de praças e espaços para apresentação, se insere a uma série de projetos, desenvolvidos por arquitetos e urbanistas há mais de quarenta anos para esse espaço. O terreno, propriedade da Sisan, braço imobiliário do grupo Sílvio Santos, é reivindicado pelo Teatro Oficina para uso público e coletivo, se contrapondo à visão das empresas do comunicador, que já propôs a construção de um shopping center no local e, mais recentemente, de torres para habitação coletiva.Nos relatos presentes na seguinte entrevista, Newton Massafumi revela novas possibilidades para o bairro do Bexiga, que poderiam ser tomadas como modelo para São Paulo e para diversas cidades do Brasil. O arquiteto, amparado por conhecimento técnico sobre a presença de corpos hídricos e áreas verdes em meio urbano, indica um processo de mudança de paradigma, em que os rios que hoje correm sob o solo urbano, tamponados e escondidos, possam aflorar e gerar em seu entorno espaços públicos de convivência democrática. O embate do Oficina, iniciado nos anos 1980, apresenta modificações ao longo dos anos, compreendendo novas visões de cidade, aliadas ao respeito ao meio ambiente.A entrevista é a terceira parte de uma série de três entrevistas, todas publicadas na revista Entrevista do Portal Vitruvius e concebidas no âmbito de uma pesquisa acadêmica, que teve como principal objetivo a investigação da trajetória da companhia entre 1980 e 2020, período em que se desenvolveu o embate entre o Oficina e o grupo Sisan, visando entender o papel dos arquitetos e urbanistas como colaboradores das reivindicações da companhia. O conjunto de relatos compõe uma multiplicidade de visões sobre esse processo e revelam a luta do grupo teatral e de seu líder fundador, José Celso Martinez Côrrea, falecido em São Paulo, no dia 6 de julho de 2023.