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my city ISSN 1982-9922

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BARTH, Fernando; GUERRA, Leonardo. O Katrina nosso de cada dia. Minha Cidade, São Paulo, ano 09, n. 107.03, Vitruvius, jun. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/09.107/1848>.


Uberlândia, "ciclo da chuva", 15h05, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara


Uberlândia, "ciclo da chuva", 15h45, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara

Uberlândia, "ciclo da chuva", 15h40, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara

berlândia, "ciclo da chuva", 15h35, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara

Uberlândia, "ciclo da chuva", 15h30, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara

Uberlândia, "ciclo da chuva", 15h25, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara

Uberlândia, "ciclo da chuva", 15h20, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara

Uberlândia, "ciclo da chuva", 15h15, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara

Uberlândia, "ciclo da chuva", 15h10, dezembro de 2006
Foto Fernando Lara

 

Todo verão, a mesma coisa: chuva, inundação, desmoronamentos, desabrigados. Mortes. Esse verão contabilizamos mais de 100 mortes no Vale do Itajaí. Em Minas Gerais já foram 25 mortes, 97 cidades em estado de emergência. Bilhões de reais, dinheiro público e privado, serão necessários para corrigir os danos materiais. A Prefeitura de Paraty estima em R$ 20 milhões os recursos necessários para corrigir os danos de sua chuva de verão.

O fato é que por 500 anos lutamos contra a estação chuvosa na América Latina. A causa? Importamos um padrão de urbanização dos nossos colonizadores ibéricos que é inviável no Brasil, onde a chuva anual varia de 1000 a 1600 mm. Em áreas populosas e urbanizadas como o sudeste do Brasil (80 milhões de habitantes) a chuva se concentra no verão, período em que chega a cair 300 mm por mês e não é incomum 100 mm em um único dia.

No entanto nosso modelo de construção vem de lugares onde chove muito menos, e de forma regular: 500 mm por ano em Lisboa; 600 em Paris.

As conversas sobre o tema sempre passam por aquilo que alguém deveria fazer. E esse alguém é sempre definido como o outro: o poder público, as autoridades, os da rua de cima. A expansão urbana desefreada, o produção agrícola em large escala...

É importante perceber que a questão das enchentes urbanas passa tanto pelo poder público, pelas diretrizes de urbanização e gestão das águas, quanto por cada um de nós em nossos pedacinhos de terra dentro da cidade. O manejo da água da chuva é do "público", mas a absorção residencial é um problema doméstico, privado.

Para resolvermos parte do problema das enchentes urbanas temos que entender que a questão da permeabilidade do solo é problema de todos. Que precisamos promover uma mudança cultural: 1) na forma como o poder público, trata o problema; 2) na forma como as pessoas se sentem envolvidas nele.

Em Belo Horizonte os fundos de vale são inundados várias vezes ao ano como aconteceu com a Avenida Tereza Cristina na noite do reveillon. Em Uberlândia a avenida Rondon Pacheco (fotos) volta a ser um rio toda vez que chove mais de 50mm. Se parte dessa água tivesse sido absorvida ou pelo menos retardada por canteiros e áreas com pavimento permeável a enchente poderia ter sido evitada.

Em junho do ano passado a Universidade de Michigan, EUA, em parceria com a PBH e a PUC-Minas realizaram um estudo para analisar a permeabilidade do solo no Acaba Mundo, uma vila constituída em torno de um corrégo em Belo Horizonte. Os cálculos feitos revelam conclusões assustadoras.

À medida em que a população de baixa renda vai melhorando de vida, as áreas intersticiais vão sendo pavimentadas, tal como na cidade formal. Isso acontecendo, o volume de água que chega ao córrego será o dobro do atual e essa água vai descer na metade do tempo, exatamente como acontece em todas as avenidas brasileiras localizadas em fundos de vale.

Se não mudarmos esta lógica, vai ter enchente na certa.

sobre os autores

Fernando Lara , PhD, é arquiteto, fundador do studio toró (www.studiotoro.org) e professor na Universidade de Michigan, EUA

Leonardo Guerra é economista, doutorando em Sistemas de Informação Espaciais pela PUC-Minas e acessor especial da Prefeitura de Belo Horizonte

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