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my city ISSN 1982-9922

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O expediente do “notório saber” para a contratação de planos e projetos em Brasília leva à constatação que a cidade deveria ser, aos 50 anos, um modelo de organização e de civilização, o exato antônimo da barbárie predominante.

how to quote

BARRETO, Frederico Flósculo Pinheiro. Brasília aos 50 anos: a cidade sem história, por pura conveniência. Minha Cidade, São Paulo, ano 10, n. 117.03, Vitruvius, abr. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/10.117/3407>.


Sarney, o inventor de Roriz
Desenho do autor

Roriz, O que se inventou. Político da velha escola, que não perdeu a oportunidade que lhe foi dada por Sarney
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Paulo Octavio, o avatar de JK, pretensamente
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Tancredo Neves, o presidente das Diretas, morto em uma encruzilhada iatro-política
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Cristovam me lembrou Carlitos...
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Niemeyer, anjo centenário
Desenho do autor

Lerner Brothers (ou Mário e Luigi em Brasília)
Desenho do autor

Zimbres, o tentacular
Desenho do autor

 

No dia 21 de abril de 1960, Brasília é inaugurada. Não se pode dizer verdadeiramente fundada, pois essa expressão se reserva para o momento em que a criação da cidade é decidida, e a urbs é concretamente iniciada. Assim, são diversos os momentos fundadores de Brasília, como a decisiva Comissão Cruls (1892), que inicia o cumprimento do Artigo 3º da primeira constituição republicana, de 1891, e delimita o sítio do futuro Distrito Federal no Planalto Central do Brasil. Ou a Missão Polli Coelho, indicada pelo presidente Dutra, em 1948, e que reforça a delimitação proposta por Cruls. Ou a Comissão de Localização da Nova Capital Federal, designada por Vargas em 1953, que tem seus trabalhos desfechados pela consultoria da firma americana de Donald Belcher, que cumpre contrato com o governo Vargas, e entrega – após a queda de Vargas em 1954 – o famoso relatório de 1955 onde delineia o “sítio castanho”, novamente reforçando a delimitação de Cruls. Ou a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital, presidida por Israel Pinheiro por decisão do presidente Kubitschek, em 1956. A Novacap organizou o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital, vencido por Lúcio Costa, o urbanista maquisard, o guerrilheiro sem escritório, em 1957.

Assim, em 21 de abril de 2010 comemoramos os 50 anos da inauguração de parte do Plano Piloto proposto por Lúcio Costa (parte das Superquadras da Asa Sul e do Eixo Monumental, o Palácio da Alvorada e outros monumentos).

Contudo, para os nossos mais notáveis historiadores da arquitetura e urbanismo – caso de Yves Bruand (1), Sylvia Ficher e Marlene Acayaba (2) e Hugo Segawa (3), a história de Brasília termina na Inauguração. De um modo revelador – previsto, a meu ver, na análise feita por James Holston (4), que gira em torno da poderosa mitologia criadora da Nova Capital. Se compararmos a imagem da cidade segundo alguns dos notáveis historiadores do urbanismo brasileiro, o que realmente aconteceu nesses últimos 50 anos (os anos que se passam após a Inauguração, deve-se enfatizar, sem desmerecer a inteligência do público leitor).

A necessidade vital de versões competitivas da história da cidade, para a defesa da cidade

Uma coisa que fica clara, no caso da versão dominante da história de Brasília – a que acaba na Inauguração – é a falta que faz uma “cultura historiográfica” no caso de uma cidade que já nasce com a função de metrópole, de cidade-mãe. Não podemos culpar os nossos historiadores, apenas. As cidades brasileiras possuem uma escassa tradição de histórias críticas, de obras que ofereçam análises críticas, interpretativas, assumindo a constelação de pontos de vista dos atores urbanos, seus interesses, contradições, realizações e frustrações – como, por bom exemplo, é feito por autores como Sérgio Kon e Fábio Duarte (5), para a cidade de São Paulo, ou nas excelentes e bem focadas incursões de Carlos Nelson Ferreira dos Santos (6).

Aos 50 anos, Brasília precisa desesperadamente de mais versões de sua História, que a auxiliem a decifrar sua origem e a rota dos 50 anos que já percorreu. Um notável exemplo de historiadora a criar essa alternativa em Brasília é Nancy Aléssio Magalhães (7), que tem desenvolvido trabalhos em história social, narrativas históricas, abordagens de gênero etc., mas que é uma total outsider para a historiografia urbana oficial.

Versões críticas da História de Brasília são anátema na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, que produziu, nos anos de formação da crise urbana que vivemos, pífios Guias Turísticos e lacrimosos encômios aos Heróis Oficias, pagos pelo Governo do DF, em seu interesse. Essa notável falha de formação e atuação da principal instituição do conhecimento e da crítica urbana da Capital do País comparece como um fator que considero extraordinariamente importante para a desastrosa evolução urbana da cidade.

Na melhor das hipóteses, ao se omitir, a Universidade Pública parece apoiar e aprovar o extenso registro de violência urbana, de ocupações irregulares de terra, de gestão urbana fundamentalmente dirigida por objetivos de criação, consumo e ciclagem de mercadoria imobiliária, a ponto de termos planos diretores urbanos (1993, 1997 e 2009) em que as limitações ambientais são suspensas, se tornam irrelevantes, verdadeiros estorvos ao desenvolvimento imobiliário que atinge todo o território do Distrito Federal.

Assim como a cidade, a universidade pública degradou-se, estranhamente, viciosamente

Em Brasília, o papel de sua Universidade Pública como alteridade intelectual, como referência crítica independente da ideologia do governo, das crenças e atitudes das autoridades governamentais foi, efetivamente, dificultada (desde a criação da UnB, em 21 de abril de 1962), reprimida (nos violentos episódios de violência policial-militar de 1968), e “remodelada”, ao longo da década de 1970, pelo temido, reitor e capitão de mar-e-guerra A. C. A. Azevedo.

Contudo, desde o fim da ditadura militar, que durou 21 anos (1964-1985), já se passaram 25 anos (1985-2010), e ainda é possível ouvir as últimas “viúvas da ditadura” a justificar as contradições da universidade pública com base na repressão. Ou seja: a própria Universidade de Brasília não admite assumir a própria história. Essa crítica que faço pode ser estudada pelo próprio leitor de Vitruvius visitando o website da UnB (8), onde o nosso establishment estabelece sua versão oficial da história da própria Universidade. O que vemos? A história da UnB “acaba” nos anos dourados do ex-Reitor Timothy Mulholland, aquele que se tornou famoso pela compra das mais caras lixeiras universitárias, entre outros mimos, para a sua luxuosa residência oficial, e que teve o gabinete invadido pelos estudantes, em 2008. O tempo “parou” na UnB, aproximadamente nos dias em que Mulholland ganhou o título de Cidadão Honorário de Brasília, por sua Câmara Legislativa. Alguns meses depois, Mulholland e a Câmara Legislativa se veriam envolvidos em sucessivos escândalos, que mobilizariam a opinião pública nacional. Essa história, a nossa universidade pública ainda não está pronta para contar, é o que testemunhamos.

Não é estranho que a UnB não saiba o que escrever nesses anos perdidos de sua história: o que se passa a seguir, depois da queda de Mulholland, é ainda mais estranho. Os professores que corajosamente lutaram contra Mulholland foram levados – após sua queda, pois Mulholland não era um dirigente truculento, violento – a humilhantes exames (dos vídeos de seus discursos sindicais!) na Polícia Federal, por uma improvisada, inacreditável “Comissão de Ética Universitária” criada pelo Reitor pro tempore, indicado por Cristovam Buarque e seus apoiadores na UnB. Vejam só: todos os que denunciaram a corrupção na UnB foram viciosamente perseguidos ao longo de 2008 e 2009, exatamente por... denunciarem a corrupção. Essa perseguição política teve o protagonismo da nossa Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, nesse exato período, como feroz e zelosa denunciadora de professores “anti-timotistas”. Uma vergonha para a FAU UnB, sem precedentes (onde anda o ex-combativo Miguel Pereira, que já foi homenageado, por sua coragem na Ditadura, por essa turba de assediadores morais, de delatores?).

A “moral” universitária foi a zero na cidade, com o lamentável episódio da queda de Mulholland – piorada com a atuação de seus fiéis, fervorosos sustentadores universitários. O que a universidade teria a ensinar à cidade?

Bem, assim como a cidade de Brasília parece precisar desesperadamente de histórias que orientem os protagonismos urbanos, de combate às várias formas de corrupção, de formação de uma consciência comunitária que se imponha às poderosas políticas imobiliárias e predadoras do ambiente do planalto central, também a Universidade de Brasília, em uma espécie de simetria política e de fatalidades, precisa apurar-se criticamente. Com urgência.

Brasília: 50 anos de escândalo ou o escândalo dos 50 anos?

Nas páginas dos jornais de todo o país, em todos os telejornais dos últimos meses, tornou-se, mais de uma vez, notável o percurso político do engenheiro-eletricista José Roberto Arruda, o atual governador – sem que esqueçamos o seu associado, sua cara-metade, o maior incorporador imobiliário do Distrito Federal, o vice-governador Paulo Octávio. Como continuadores da política de Joaquim Roriz, político que governou Brasília de 1988 a 2006 (um período biônico e três eleições), esses senhores partilham um projeto delirante de desenvolvimento imobiliário (diferente do que pode ser definido como desenvolvimento urbano) e captação de vultosos recursos para grandes investimentos associados a esses mirabolantes projetos de produção de matéria imobiliária. Esse projeto foi denunciado por um de seus Secretários de Estado – de Relações Institucionais, irônica denominação para uma função francamente demolidora do Estado de Direito. O imbróglio brasiliense mostra um quadro de irresponsabilidade política, moral, institucional.

As imagens que o sr. Secretário de Estado de Relações Institucionais filmou ao longo de meses, sob a orientação da Polícia Federal – numa conduta de Delação Premiada por outros crimes cometidos – são de políticos criminosos colocando dinheiro público nas meias, mas bolsas, nos bolsos, nas cavidades disponíveis para o transporte dos pacotes de moeda corrente. Na sua filmagem, o governador Arruda, homem de fino trato, pede que o seu Secretário lhe forneça uma sacola “pois não vai descer com isso nas mãos”.

Como é que chegamos a esse ponto? Essa é uma das explicações que precisamos, desesperadamente. O que a Universidade Pública tem a ver com isso? Mais: o que os arquitetos e urbanistas de Brasília – sobretudo os que se apresentam como diretos e legítimos descendentes dos fundadores Lucio Costa e Oscar Niemeyer – têm a ver com isso? Mais, e mais: o que os grandes urbanistas dos governos populistas de Roriz e Arruda, contratados a peso de ouro por seu presuntivo notório saber, têm a ver com isso? A seguir, uma explicação a ser debatida.

Governador Arruda: o grande celebrante dos 50 anos de Brasília

Como sabemos, o político José Roberto Arruda renunciou ao seu mandato de senador da República em 2001, por envolvimento direto no fabuloso escândalo da “Quebra do Sigilo da Votação Secreta da Cassação do Senador Luiz Estêvão” – ou o “Escândalo do Painel do Senado”, como é cripticamente referido pela imprensa.

Como todos sabemos, Arruda mentiu, em 2001, deslavadamente, em Cadeia (ah, a Cadeia para esses sujeitos) Nacional (de Televisão), pela honra de seus filhos, naturais e adotados, afirmando ser “vítima” no caso da quebra de sigilo da votação secreta que derrubou seu inimigo Luiz Estêvão. Que ironia: os dois inimigos (Arruda e Estêvão) caíram juntos, por pura, intempestiva e quase simétrica falta de decoro.

(en passant: Por quê Arruda caiu em 2001 e não cairá tão facilmente agora, em 2010? Que novas Leis da Física o sustentam? O que havia no clima político do final do Segundo Governo FHC que não há no quase-simétrico final do Segundo Governo Lula?)

Círculo dos privilegiados em Brasília

Um seleto grupo de privilegiados arquitetos e urbanistas de Brasília tem participado desse ambiente político, plenamente – como parte indelével da história da Era Roriz-Arruda. A compreensão desse padrão de participação é essencial para que Brasília saia dessa situação francamente insustentável. No caso da Era Roriz-Arruda, esse grupo de arquitetos apoiadores da grande aventura imobiliária dos últimos 25 anos trouxe inegável credibilidade e verniz técnico para que esses governos “se mantivessem no cavalo”, captassem vultosos recursos, especulassem ao máximo, até o ponto de não-retorno com respeito à organização do território e à sua sustentabilidade ambiental e urbana. Assim como Brasília foi concebida por um grande arquiteto, são arquitetos que se fizeram grandes (portadores de notório saber) os que a guiaram galhardamente na Era Roriz-Arruda (1988-2010). Essa, portanto, é uma reflexão sobre “a quem servimos”, “como servimos”, “porque servimos” a esses senhores, a essa nova ordem brasiliense estabelecida por Roriz-Arruda, democraticamente.

As conexões de um seleto grupo de arquitetos e urbanistas brasilienses com os subterrâneos do poder são impressionantes, e se diversificam na Era Roriz-Arruda. Vejam só: alguns meses antes de sua primeira queda (2001), Arruda apadrinhou a posse de uma nova direção do IAB-DF, com pompa e circunstância, como grande amigo de certo círculo de arquitetos de Brasília. Na mesma época (início dos anos 2000), esse mesmo círculo de arquitetos levaria o senador José Sarney a ser o grande padrinho da proposta de criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo. Arruda e Sarney se mostraram como os “bússolas” e padrinhos de uma movimentação nacional condenada a sérias contradições. Esse, infelizmente, é o berço do futuro Conselho de Arquitetura e Urbanismo, apadrinhado por uma dupla de políticos que bem representa o que se passa em Brasília.

Os padrinhos do círculo de privilegiados

Pausa para o Sarney: em 1988, o presidente da República José Sarney decide substituir o governador (biônico) do Distrito Federal, José Aparecido de Oliveira (indicado pelo Quase-Presidente Tancredo Neves, em 1985), por ninguém menos que seu “vizinho-de-cerca” nas propriedades do município goiano de Luziânia, Joaquim Domingos Roriz.

É José Sarney o responsável por essa verdadeira caixa de Pandora que é Joaquim Roriz. Nada, absolutamente nada na apagada carreira política de Roriz indicava que ele seria o “Político Maior” do período de autonomia política do Distrito Federal (1990 até os dias de hoje). O mesmo seria dito de Sarney, antes da inqualificável morte de Tancredo Neves, em 1985, na véspera de sua posse como presidente da República.

Perdoem-me por relembrar fatos tão distantes, mas eu era um dos arquitetos responsáveis pela reforma nos espaços do Centro Cirúrgico e da Unidade de Tratamento Intensivo (que estava totalmente demolida, em vias de iniciar a obra de reforma) quando, espantosamente, Tancredo Neves foi admitido como paciente – no hospital público que, naquele momento (14 de março de 1985), tinha as piores condições ambientais possíveis para recebê-lo. A arrogância dos médicos foi criminosa. A imprudência da família e dos assessores de Tancredo, pior ainda. Tancredo foi vitimado pelo pior episódio de “mau assessoramento” na história de nossa jovem democracia. Se governasse nesse estilo, o Brasil viraria um grande Hospital de Base.

Apesar de termos, arquitetos, advertido a direção do hospital contra a absoluta falta de condições ambientais e operacionais para que o hospital assumisse aquela responsabilidade (improvisaram uma alcova em pleno canteiro de obras, para receber Tancredo nas idas-e-voltas da sala de cirurgia), Tancredo foi seguidamente operado, e veio a desenvolver septicemia – um quadro de grave contaminação dos tecidos de seu corpo. Transferido para o Hospital das Clínicas de São Paulo (26 de março de 1985), veio a morrer em 21 de abril, como um desastrado Tiradentes. A seqüência de graves erros cometidos em volta de Tancredo – e, sobretudo, pelo próprio Tancredo, que relutou em tratar-se preventiva e prudentemente, e acabou levado aos atropelos ao fatídico Hospital de Base, que não tinha a menor condição de recebê-lo – é piorada, na minha lembrança de arquiteto-residente, pela visão dos bottons apoio a Paulo Maluf, carregados pelos donos da construtora encarregada daquela obra, e por alguns médicos que atenderam Tancredo... Visões de pesadelo.

Esses fatos, certamente, fazem com que se tenha uma visão bem particular da seqüência de descaminhos que envolvem especialmente os arquitetos, entre outros atores, no rumo que minha cidade toma, naquele estranho ambiente da retomada democrática de um país presidido por José Sarney.

(descrito dessa maneira, Sarney é uma forma de doença hospitalar fatal, contraída pelo Brasil em 1985, graças à arrogância dos dirigentes do Hospital de Base do Distrito Federal e à espantosa imprudência de Tancredo Neves; pode-se traçar a genealogia de todos os escândalos da atualidade desde essa desafortunada iatrogenia; pode-se falar de uma progressiva septicemia política, bem difícil de reverter).

As conexões dos arquitetos na era Roriz-Arruda (1988-2010)

Joaquim Roriz, no Governo do Distrito Federal, reinventou Brasília ao longo do delicado período de sua autonomia política (1990 até os dias de hoje). Não é necessário, nem cabível, fazer o elogio da capacidade política de Roriz, quanto a cooptar quadros do governo que o antecedeu (de José Aparecido de Oliveira, 1985-1988): a “virada-para-Roriz” do mundo político do Distrito Federal foi monumental. Desde os primeiros dias de governo, Roriz iniciou sua rotina de político clientelista, negociando vantagens políticas, cargos políticos, poderes administrativos – e lotes, terra em troca de apoio político, criando seus próprios currais eleitorais distritais, com a rapidez e eficiência da lógica do toma-lá-dá-cá – como nunca ocorrera em Brasília. Era, nua e crua, a velha política brasileira, dos rincões interioranos.

Brasília, crescida sob juntas militares, administrada por Coronéis, não tinha a menor imunidade contra Roriz, político da velha escola a que pertencem, por exemplo, Sarney, Maluf, Ademar de Barros, entre outros notáveis de seu Panteão. O paradoxo de Brasília, na época em que conquistou a sua autonomia política, é que era a capital política do país, mas também de política totalmente “chapa-branca”, sob o total controle da tecnoburocracia da ditadura militar – e de uma certa Comissão Parlamentar do Distrito Federal (sediada no Senado Federal, e que operou com algumas funções legislativas locais até a Autonomia Política do DF, em 1990).

O timing da escolha de Roriz por Sarney, em 1988, foi “perfeito”, não podia ter sido mais incisivo: em setembro de 1988, Roriz toma posse e em outubro do mesmo ano é promulgada a Constituição Federal “Cidadã”, que formalizou a autonomia política do Distrito Federal. A oportunidade não poderia estar melhor “desenhada”: Roriz assumia o governo com o papel de construir essa autonomia política distrital. Para provocar meus amigos, digo que “Roriz foi irremediavelmente incumbido da missão de inventar a sua própria autonomia política do Distrito Federal”. Não tinha outro jeito, e deu no que deu: o primeiro governador eleito de um Distrito Federal em efervescente transformação política – com a eleição da primeira bancada da primeira legislatura do Distrito Federal autônomo naquele mesmo ano de 1990.

A efervescência também era urbana e territorial: já na primeira eleição de Roriz, grandes áreas públicas foram griladas diante de todos, acintosamente, por criminosos que vieram a produzir um “Condomínio Irregular a cada Semana e Meia”, ao longo dos 18 anos da Era Roriz (1988-2006). Se a grilagem de terras e a criação totalmente irresponsável de novos loteamentos, fossem... uma Política Pública legal, seriam a mais bem-sucedida Política Pública da História do Distrito Federal. A mais bem-sucedida – se considerarmos o período de tempo de sua próspera vigência, e o número de cidadãos envolvidos, seja como promotores imobiliários do tipo criminoso, seja como comprador ou receptador de imóveis totalmente ilegais.

Em 2010, no mínimo, se pode dizer que Roriz não cumpriu seu papel de administrador da ordem territorial e urbana, não cumpriu seu dever como governador do Distrito Federal. Avalia-se que entre 400.000 e 500.000 pessoas morem nessa constelação de 500 a 600 “condomínios irregulares” (que, compreensivelmente, não possuem dados oficiais, nem controle consistente do uso do solo, ou do impacto ambiental que provocam em todos os quadrantes do Distrito Federal). Trata-se de um padrão de ocupação urbana irreversível, resultado de uma política de governo. Não somente são centenas de enclaves que destruíram nascentes, e estão a exaurir os frágeis lençóis freáticos do planalto central, como são centenas de fatos consumados contra a ordem urbana, que desmoralizaram a lei, as regras do jogo de ocupação legal do solo da capital do país.

O decepcionante interregno de Cristovam Buarque (1994-1998)

O ex-reitor Cristovam Buarque, eleito governador do Distrito Federal em sucessão a Roriz (pois ainda não havia a emenda constitucional da reeleição, a grande criação de Fernando Henrique Cardoso), praticamente nada fez contra esse gigantesco cerco dos grileiros a Brasília. Ao contrário, Cristovam foi publicamente desafiado por uma frente de grileiros e aventureiros de inegável audácia, que incluía o então deputado distrital Luiz Estêvão, senador cassado em 2001, como dissemos antes. Diante do evidente acovardamento de Cristovam diante de Roriz, o Sindicato dos Arquitetos do Distrito Federal foi uma das dezenas de entidades que fez, nos primeiros dias do Governo Cristovam, o apelo: investigue Roriz!

Cristovam não investigou Roriz, apesar de seu governo ser responsável pelo segundo Plano Diretor (PDOT de 1997) do período de autonomia política. Nesse plano estão indicadas as grandes manchas urbana conquistadas pelos audazes grileiros de Brasília. Ou seja: Cristovam mapeou a grilagem, e ficou por isso. Grandes idéias e inação.

Foi um governo lamentável, uma enorme decepção, o de Cristovam Buarque. Pior: foi tremendamente agressivo contra os moradores da mais miserável das invasões, a Vila Estrutural, em 1998, num ataque fatal comandado por sua polícia militar e por seu Secretário de Segurança (que viria a ser Reitor pro tempore da UnB em 2008, o jurista Roberto Aguiar, um outro episódio de arrepiar, por envolver truculência contra os denunciantes de Mulholland, na UnB). Contra Roriz, Cristovam foi uma dama. Contra um grupo social de extrema fragilidade, foi um carrasco.

Em especial, acima de outras incoerências Cristovanistas, esse desastrado ataque da polícia de Buarque contra os moradores da Vila Estrutural definiu as eleições de 1998, fortalecendo a esmagadora vitória de Roriz (governador) e Luiz Estêvão (“nosso senador”). Cristovam conseguiu, no final de seu governo, o que parecia impossível: blindar Joaquim Roriz e a sua já madura frente política, composta por personalidades judicial e eticamente limítrofes – que chegaram, com toda a força, até os dias de Arruda-Pandora, os dias atuais, os 50 anos de Brasília. Roriz foi eleito em 1998, reeleito em 2002, e emplacou seu herdeiro político, Arruda, em 2006.

Enquanto isso, a universidade buscava teorias vicárias

Por mais uma dessas infelizes coincidências, na Universidade de Brasília experimentávamos o boom do assim chamado Desenho Urbano (tradução algo literal e ingênua de Urban Design, ou Projeto Urbano). Uma maneira de definir a versão candanga de Desenho Urbano – que se pode aplicar a outras versões – é como “uma forma de desistência do Planejamento Urbano”, de sua multidisciplinaridade e complexidade política, econômica, geográfica, sociológica, psicológica, jurídica intrínseca. A versão candanga do Desenho Urbano é notavelmente “idio” (partícula da língua grega que significa “voltado para si e para dentro”, e que compõe palavras como idiossincrasia e idiotice).

O Desenho Urbano candango destruiu nas décadas de 1980 e 1990, em especial, os nexos multidisciplinares eventualmente construídos desde a década de 1970, na Universidade de Brasília. Durante a Ditadura, as inteligências de grandes economistas, geógrafos, sociólogos, antropólogos, historiadores, cientistas sociais e filósofos, abrilhantavam os debates urbanos na FAU. Na retomada democrática, nos anos 1990 e até hoje, a diversidade multidisciplinar foi aniquilada. Os próprios professores arquitetos substituíram todos os antigos colaboradores de outras áreas disciplinares.

A imagem que me vem é um campo de soja tentando se passar por uma venerável floresta. Diletantes passam a ministrar as aulas de... maus economistas, maus geógrafos, maus sociólogos, maus antropólogos, maus historiadores, maus filósofos e maus cientistas sociais! Inicia-se a fabulosa propaganda de que se está a construir uma Nova Ciência da Arquitetura e do Urbanismo. São duas décadas de tentativa, e o problema é o mesmo: como se faz uma Nova Ciência sem... cientistas? A maior contribuição do Desenho Urbano candango, além do conveniente alheamento à Era Roriz-Arruda, é o fortalecimento das posições político-profissionais do grupo liderado pelo ex-professor Paulo de Melo Zimbres, de quem falaremos adiante, junto ao governo local.

Foi uma época de cuidadosa construção de um isolamento acadêmico, de uma misantropia da inteligência, que torna a Era Roriz não somente inexplicada, misteriosa e vitoriosa, mas também apoiada por acadêmicos oportunistas, que aproveitam o obscurantismo do período 1988-2010 (sim, até os dias de hoje, e além, com certeza) para obter as melhores contratações com governos sequiosos por obterem o apoio – ou o silêncio – da Academia. São Grandes Negócios que devem necessariamente ser separados das Grandes Idéias: uns denunciam os outros, no grande padrão da Era Roriz-Arruda.

(Apresentei, no memorável Projetar 2009, realizado na FAU Mackenzie, um trabalho de explicação do que sejam “teorias vicárias” e sua manifestação na UnB, com impactos lamentáveis na capacidade crítica esperada da Universidade Pública; esse trabalho pode ser visitado no site http://groups.google.com.br/group/prof-frederico-flosculo-material-didatico).

Introdução ao problema do “notório saber”, como artifício de gordas contratações no círculo de privilegiados

A Universidade de Brasília não apenas “desconversou” sobre a necessidade de crítica, de acompanhamento, de criação de tensão intelectual ao longo da Era Roriz-Arruda: ela também criou teorias de péssima qualidade sobre a cidade, sobre a percepção do espaço urbano, sobre “a imagem da cidade”, sobre uma visão “sintática” apolítica e fragmentada, que se mostrou convenientemente adaptada a uma efetiva prática profissional de apoio a governos dedicados ao saque imobiliário, à falsificação dos problemas ambientais e sociais. A dívida intelectual é imensa: cabe desafiar, sem meias-palavras, a universidade pública e conivente.

Pior: a FAU UnB tem empreendido ativa perseguição aos críticos universitários do status quo, de Mulholland a Arruda, dos “pares amigos” até os detentores de notório saber local. Eu não tenho a menor dúvida acerca da crucial responsabilidade desse padrão de “ativa omissão” dos intelectuais universitários na Era Roriz. Nunca foi tão lucrativo apoiar as raposas políticas que tomaram o Distrito Federal de assalto desde 1988.

Claro, a pergunta que vale uma nova universidade pública é: “por quê, em plena ascensão das fundações privadas de apoio às universidades públicas, os intelectuais manteriam uma postura crítica dos governantes e dos círculos de privilegiados, e perderiam os mais gordos contratos já sonhados por professores, junto a seus governos?”

Essa foi a Era do Notável Saber em Arquitetura e Urbanismo, um subterfúgio legal, mas absolutamente discutível quanto ao real conteúdo desse “saber” dos “notórios”.

O que significa “notório saber” – a discussão continua

No auge da gestão do ex-reitor Mulholland, escrevi um artigo divulgado pelo sindicato dos docentes da UnB em que o comparava ao protagonista da fábula “A Roupa Nova do Rei” (9). Quem conhece essa fábula sabe que a Roupa Nova do Rei somente podia ser vista por pessoas inteligentes, segundo o seu alfaiate. O Rei estava nu, mas todos os súditos, inteligentíssimos, o viam vestido, e tornavam possível que o Rei fosse enganado pelo ardiloso alfaiate que lhe vendera a roupa nova.

Algo assemelhado ocorre com o notório saber atribuído a arquitetos e urbanistas como Jaime Lerner (declarado portador de notório saber sobre Brasília por seu ex-sócio, o então Secretário do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente do governo Arruda, Cássio Taniguchi, o primeiro e esperto político a cair fora da barca escandalosa dos 50 anos de Brasília), como Paulo de Melo Zimbres (o autor do maior número de projetos de urbanismo de toda a história do Distrito Federal, um fenômeno), ou, é claro, como o próprio Oscar Niemeyer, cujo notório saber é assegurado por... Oscar Niemeyer (quem poderia dar uma melhor garantia)? Grandes negócios, que necessariamente andam apartados de grandes idéias.

O significado do que seja notório saber deve estar, necessariamente, ligado aos resultados de tanta sabedoria, de tanto expertise. Com tantos notórios sábios, regiamente contratados, a cidade de Brasília deveria ser, aos 50 anos, um modelo de organização, de civilização, o exato antônimo de barbárie.

Ao examinarmos o estado em que se encontra Brasília quando completa 50 anos, com tantos episódios de corrupção – da democracia, de seu projeto original, dos recursos e das políticas públicas, de sua ordem territorial etc. – vemos que o notório saber é como uma roupa nova do urbanista: somente o vê quem é muito, muito inteligente. Eu, que não sou tão inteligente, nada vejo a não ser as pregas de seus encanecidos corpinhos.

Em outro artigo, se aceitável for, proporei o debate desse difícil conceito do notório saber e ao trabalho dos notórios sábios de Brasília. Evidentemente, o notório saber é algo que se pratica melhor na escuridão, com a população, se é que me entendem os que contemplam os desfiles dos 50 Anos da capital, expondo mais um Rei à luz da crítica – e da lei, espero.

comentários sobre os desenhos

Figura 1 – O Governador do Distrito Federal protagoniza, desde dezembro de 2009, o pior escândalo de corrupção da história do Distrito Federal. Seu Secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, presumidamente organizava uma espécie de “Mensalão” com dinheiro de diversas procedências. O ambicioso programa de obras dos 50 anos de Brasília ficou gravemente comprometido: como estavam a ser administrados os recursos públicos para as impressionantes obras urbanas?

Figura 2 – Sarney inventou Roriz e tudo o que vem a seguir, desde 1988. Ele é a encarnação da Caixa de Pandora. Não há esperança. Entre os grandes padrinhos da política nacional dos arquitetos no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, está José Sarney. ? o grande Senador que assina o projeto iniciado no Legislativo Federal (infelizmente sem a menor fundamentação quanto à sua iniciativa) de criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo. De volta para o passado profundo do Brasil arcaico, arquitetos.

Figura 3 – Roriz foi inventado por Sarney. Os dois são, até hoje, vizinhos de cerca no Município de Luziânia. Político da velha escola populista, sem par entre os governantes anteriores (coronéis da Ditadura e José Aparecido de Oliveira, que o precedeu de forma tão desastrosa, que fez um governo tão impopular, que a ascensão de Roriz foi tomada como um grande alívio, por um par de anos). Roriz não brincou em serviço, e agarrou-se ao poder em Brasília. Merecidamente, os anos 1988-2006 devem ser oficializados como a Era Roriz.

Figura 4 – O Vice-Governador do  Distrito Federal, Paulo Octavio, foi um dos membros da antológica trinca de adolescentes brasiliense formada por Fernando Collor (Primeiro Presidente da República Quase Cassado) e Luiz Estêvão (Primeiro Senador da República Plenamente Cassado). Homem rico e cauteloso, contudo, tem o carisma de um amanuense. Por isso tem tentado associar seu DNA político e animal ao do Presidente Kubitschek: casou com uma neta de JK e adotou seu túmulo. Seguindo o exemplo de seus amigos, será o primeiro Avatar de um Presidente da República Morto, se sua experiência com todo esse DNA der mesmo certo.

Figura 5 – Tancredo Neves morreu no meio de vários caminhos. Vocês acreditam em encruzilhadas? Brasília é uma. Sua morte oficial é registrada em 21 de abril de 1985, quando Brasília comemorou 25 anos. Aos 50 anos de Brasília, é impossível não lembrar daquele que deveria ter sido o Presidente das Diretas Já. Mas Tancredo aceitou o agourento José Sarney como seu Vice e, combinadamente, escondeu uma grave doença. É estranho como essas decisões, aparentemente desvinculadas, conspiraram para o estado em que Brasília se encontra, 25 anos depois de Tancredo.

Figura 6 – Cristovam lembra um indeciso Carlitos, que sabe como atrair para si os holofotes e as câmaras mas que, ao final, faz lamentáveis trapalhadas (Carlitos era mais profissional no que fazia, e infinitamente mais engraçado). Cristovam reinventou Roriz, pois não o investigou, não eliminou a grilagem de terras,não investiu no estudo dos limites ecológicos da ocupação humana no Distrito Federal, entre outras gritantes omissões. Roriz voltou com imensa força depois de Cristovam (1998), messiânico e sombrio, o grande senhor de Brasília.

Figura 7 – Oscar Niemeyer é o sr. notório saber para a Capital Federal, e é bem difícil, se possível for, não reconhecer isso. Para Ele as regras urbanas oficiais não valem. Por isso Oscar é procurado até mesmo por instituições como a Universidade Salgado de Oliveira – a Universo, maior centro universitário do Brasil – que demandou o grande arquiteto para construir sua sede em Brasília, nos anos 1990. A Universo queria validar sua implantação em área de enorme valor ambiental, na Asa Sul de Brasília. Essa área veio, através de luta popular, a transformar-se no Parque da Asa Sul, uma vitória de ambientalistas aguerridos, de um Ministério Público eventualmente atento, e de uma comunidade de idosos que não desistiu de lutar. Essa tentativa de usar o nome do “dr” Oscar foi, felizmente, perdida – assim como a tentativa de criar uma imemorável Praça da Cidadania (2009), na Espanada dos Ministérios, idéia do próprio Niemeyer, demonstrando seu Errático Saber.

Figura 8 – Jaime Lerner tem notório saber dos problemas urbanos de Brasília – pelo menos é o que considerou seu ex-sócio, o ex-secretário do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Governo do Distrito Federal, Cassio Taniguchi (2006-2009). O Notório Saber de Lerner não pôde ser comprovado, pois seus muitos projetos contratados, muito bem pagos, para Brasília, não vieram a público de forma inteira, íntegra. Ninguém viu o que diabos Lerner fez. A passagem de Lerner por Brasília foi, literalmente, a de uma eminência parda, furtiva. Sua acupuntura urbana revelou ser pura... auto-medicação.

Figura 9 – O urbanista e arquiteto Paulo de Melo Zimbres é o autor, co-autor, colaborador, parecerista, mão-na-massa, da quase totalidade dos projetos de urbanismo da Era Roriz-Arruda (1988-2009). São dezenas de grandes projetos urbanos, todos adjudicados a Zimbres por notório saber. O homem terceirizou o urbanismo de Brasília, por três décadas. O problema é que "o livro de pensamentos de Zimbres está em branco", não se sabe qual é o diferencial intelectual que orienta tantas realizações – que não seja uma certa ciência política, sua rede social. O urbanismo de Zimbres é um sucesso imobiliário compreensível, mas venal, esvaziado de novidade. Ainda assim, Zimbres está prestes a se tornar tão notável para Brasília quanto o próprio Niemeyer e Lucio Costa. Merece mais exposição, mais investigação.

notas

1
BRUAND, Yves; Arquitetura contemporânea no Brasil; São Paulo: Editora Perspectiva, 2002.2
FICHER, Sylvia ; ACAYABA, Marlene M. Arquitetura moderna brasileira. São Paulo, Projeto, 1982.3
SEGAWA, Hugo . Arquiteturas no Brasil 1900-1990. 2. ed. São Paulo, Edusp, 1998.4
HOLSTON, James. A cidade modernista. Uma crítica de Brasília e sua utopia. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

5
KON, Sérgio; DUARTE, Fábio. A (des)construção do caos. São Paulo, Perspectiva, 2008.

6
SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. A cidade como um jogo de cartas. Niterói: Editora Universitária – Universidade Federal Fluminense / Projeto Editores Associados, 1988; SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos.Movimentos urbanos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

7
MAGALHÃES Nancy Aléssio (org.). Mulheres presentes na história de Brasília: direito à vida. Brasília, Editora da Universidade de Brasília, 2005.

8
UnB. Linha do tempo <www.unb.br/unb/historia/linha_do_tempo/00/index.php>.

9
BARRETO, Frederico Flósculo Pinheiro. Reflexão sobre o ataque do 28 de março aos estudantes africanos – o padrão historicamente omisso da reitoria. Informa Online – Informativo eletrônico da ADUnB, Brasília, n. 18, 17 abr. 2007 <www.adunb.org/adunb_online/2007/adunb_online18.htm>. Sobre polêmica que envolveu o Instituto de Psicologia da UnB, de corpo inteiro, em pleno domínio do ex-reitor, ver os Boletins da ADUnB n. 19, 21, 22, 23, 24 e 26.

sobre o autor

Frederico Flósculo Pinheiro Barreto é professor da FAU UnB.

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