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my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
Uma casa com fachada de azulejos foi derrubada em Belém do Pará sem que nenhum órgão de patrimônio tenha impedido.

how to quote

ROCQUE, Dulce Rosa de Bacelar. Por um estacionamento chic. Ou como um estacionamento pode ser criminoso. Minha Cidade, São Paulo, ano 14, n. 164.02, Vitruvius, mar. 2014 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.164/5083>.


Casa em demolição, Belém PA
Foto Dulce Rosa Rocque


No dia 4 de março de 2014, às 15 horas, aconteceu mais um absurdo em Belém. Na verdade, um crime para com o nosso Patrimônio Histórico, pois derrubaram uma casa antiga situada na Rua Romualdo de Seixas,cujos azulejos da fachada dizem ser da Fábrica Boulanger:

"Menos uma fachada azulejada no Umarizal, agora são 15 ao todo. O azulejo desta fachada é do final do século XIX, ou início do XX, francês, de decalcomania, produzido pela Choisy-le-Roy, HTE Boulenger & Cie. Muito além disso, uma arquitetura única, que faz parte do entorno do prédio do Sidrim, que em breve será engolido pela arquitetura dos prédios altos" (1)

Das vozes que circulam, a casa é da Maternidade/Hospital da Criança e vai ser usada para aumentar o seu estacionamento.

Dizem também que é área de proteção da Secult – Secretaria de Estado de Cultura do Pará, mas – segundo vozes abalizadas – foi a própria secretaria que autorizou!!!

Caso essas suposições sejam verdadeiras, perguntamos:

— O que fazer para defender nosso patrimônio histórico?

Ou:

— Por quê lá podem destruir e na Cidade Velha, mesmo antes do tombamento, não era possível fazer nem ao menos uma garagem?

Quem tem propriedade em área tombada perdeu seus direitos e é obrigado a ver outros que podem fazer de tudo? Ou será que não é um bem histórico, mesmo se dizem que os azulejos da fachada são da Fábrica de Boulanger? São dois metros e duas medidas que servem de péssimo exemplo para quem acredita que as leis servem a alguma coisa. Para quem crê na democracia.

Segundo o inciso III, do artigo 23 da Constituição brasileira, é competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos. Não se fala de defesa só do que é tombado (fato este que também não se vê).

Sabe-se que ter competência comum, significa que todos os entes políticos são competentes e responsáveis pela proteção dos bens de interesse cultural, e consequentemente, pela implementação de atos de preservação e valorização dos mesmos.

Mas onde estão esses “entes políticos” nessas horas? Como é que fazem essa defesa?

Sabe-se também que o Estado brasileiro, com a colaboração da comunidade, tem obrigação de promover e proteger o patrimônio cultural e o deveria fazer por meio de inventários, registros, vigilância e de outras formas de acautelamento e preservação.

Cadê tudo isso? Continuamos a ver desaparecer nossa história sem que culpados sejam punidos. Continuamos a fazer denúncias e não ver resultado algum. Qualquer que seja a verdade, como é que eles conseguem agir impunes? Por que tem dinheiro ou por que tem amigos?

Aconteceu no carnaval e já sabe-se que até quarta-feira ninguém seria encontrado. Quem sabe foi por isso que começaram a demoli-la na segunda-feira gorda.

Desculpem-nos, mas a cada dia fica mais claro a total falta de vontade política de defender nosso patrimônio histórico. Por que então insistir em falar dele?

Casa em demolição, Belém PA
Foto Dulce Rosa Rocque

nota

1
Postagem de Thais Sanjad no Instangram <http://instagram.com/p/lIaNP8mQVu/>.

sobre a autora

Dulce Rosa Rocque estudou Direito Público na Universidade de Bolonha e é responsável pelo blog Laboratório Democracia Urbana <http://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/>.

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