Elaborar um projeto arquitetônico de uma ponte de concreto. Este foi o desafio proposto pelo Ibracon aos estudantes de arquitetura e engenharia no 47º Congresso Brasileiro do Concreto.
O concurso, denominado Ousadia, tem como objetivos: difundir entre os candidatos a importância da durabilidade das estruturas; promover o entrosamento entre os estudantes de arquitetura e de engenharia civil na busca de soluções eficientes, bonitas e duráveis; e ampliar entre os participantes o conhecimento da tecnologia do concreto. Ele se repetirá a cada ano, sempre com a proposta de premiar o melhor projeto arquitetônico de uma estrutura de concreto. “Com o alargamento dos conhecimentos vem a especialização: a arquitetura, arte dos espaços e da componente plástica da construção, é separada da engenharia, que chama a si os conhecimentos tecnológicos da construção. Esta dicotomia tem nuances diversas nos variados países, mas tem freqüentemente assumido uma separação exagerada e prejudicial para ambas”, opinou a arquiteta Maria Fernanda Pereira da Comissão Organizadora.
A escolha de uma ponte sobre o estuário do rio Capibaribe, situado na Bacia do Pina, em Recife, foi determinada por diversas condicionantes. A ponte é alternativa viária capaz de absorver o tráfego de longa e média distância que hoje sobrecarrega a malha urbana do bairro de Boa Viagem, interligando as zonas norte e oeste com a zona sul, e desafogando o tráfego no viaduto João Paulo II, na ponte Paulo Guerra e na avenida Herculano Bandeira.
Uma ponte representa também um marco importante numa cidade, complementando a paisagem urbana ao aliar expressão cultural e estética à tecnologia. “As pontes são os objetos mais importantes da paisagem construída: devido à sua visibilidade e importância no desenvolvimento dos povos”, destacou o engenheiro português Adão da Fonseca, um dos integrantes da Comissão Julgadora. “Pela solução arrojada e original de vencer a distância, engenheiros e arquitetos podem transformar um simples caminho numa declaração de amor à arte, à ciência, ao meio ambiente e ao homem”, completa Fernanda Pereira.
Participaram da primeira edição do concurso 16 equipes, todas formadas por, ao menos, um estudante de arquitetura e um de engenharia. Cada equipe apresentou três pranchas no tamanho A1, que foram expostas em murais durante a realização do Congresso. Junto com as pranchas, as equipes apresentaram também um relatório com, no máximo, doze páginas, onde foi demonstrada a viabilidade estrutural da obra quanto aos estados limites últimos, estados limites de serviço e durabilidade, segundo a norma brasileira NBR 6118. Para garantir a isenção no julgamento, o anonimato dos trabalhos foi mantido até a classificação final.
A Comissão Julgadora foi formada por um time de excelência. Participaram: os arquitetos Ruy Ohtake, Acácio Gil Borsói, César de Barros, Bruno Ferraz; e os engenheiros Raul Husni, Adão da Fonseca, Hugo Corres, Fernando Stucchi, Bruno Contarini, Mário Franco e Paulo Helene. “O Congresso Brasileiro do Concreto reúne profissionais respeitados no mundo todo. Ter o trabalho avaliado por estes profissionais é um grande mérito para os alunos dos cursos de arquitetura e engenharia”, observou a arquiteta Alessandra Andrade, integrante da Comissão Organizadora.
Apontando para o bom nível dos cursos de graduação brasileiros, os oito trabalhos que ficaram na disputa pelo páreo das três primeiras colocações tiveram uma diferença de pontuação de apenas um ponto. A avaliação considerou os critérios de funcionalidade, plasticidade, estabilidade, durabilidade, preservação do entorno natural e adequação com as obras de arte existentes. “Foi uma experiência apaixonante e gratificante ver o empenho e entusiasmo dos jovens arquitetos e engenheiros e o nível elevado dos trabalhos”, comentou Adão da Fonseca.
“Este concurso é um exemplo de que o elo entre a arte e a ciência não se desfez”, concluiu Pereira.
A equipe primeira colocada terá direito a um estágio de um mês nos escritórios do arquiteto Ruy Ohtake e do engenheiro Fernando Stucchi.