A inclinação estabelecendo movimento e equilíbrio à solidez do arco
Concepção
Vivemos um momento ímpar, bem diferente dos anos áureos do século passado, quando a engenharia desbravava terras trazendo uma infra-estrutura que inexistia. Ou nos anos de revoluções sociais, onde a arquitetura tinha o social como prioridade. Atualmente, o maior desafio é revitalizar os grandes centros adensados tão carentes de espaço, e em alguns casos, até de infra-estrutura básica.
Este concurso é um exemplo de que o elo entre a arte e a ciência, não se desfez. Pelo contrário, se torna a cada dia mais necessário, principalmente nas obras de caráter público, por todo seu potencial de modificar e influenciar a paisagem, o meio, a sociedade.
Para a consecução deste projeto arquitetônico e a análise estrutural, alguns aspectos foram considerados, de acordo com os parâmetros de julgamento, sendo eles: adequação com as obras de arte existentes, preservação do entorno natural, plasticidade, funcionalidade, estabilidade e durabilidade.
O estado de Pernambuco, cuja capital Recife é conhecida como a Veneza Brasileira, tem como parte de seu patrimônio histórico, além da cidade de Olinda, as diversas pontes e viadutos que ligam as vias e rodovias,visando propiciar sempre um escoamento rápido na sua malha viária.
O projeto básico da ponte que liga o Parque Manguezal ao Bairro Cabanga, foi concebido dentro do contexto histórico de Recife, assemelhado-se às obras existentes, não esquecendo e/ou omitindo fatores preponderantes na elaboração de um bom projeto, tais como, material, período de uso, estética, etc.
Decisão estrutural
A ponte foi projetada com dois grandes arcos inclinados a 55°, que servem de sustentação para os 17 cabos que recebem a carga da laje tabuleiro no trecho reto.
Neste caso em especial, a escolha de dois arcos inclinados, deveu-se primeiramente a uma reverência às obras de arte já existentes através de uma releitura, onde neste projeto básico, os arcos tiveram o destaque principal, e foram empregados para que, mesmo em concreto, a estrutura se tornasse mais esbelta, assim como a existência de um arco trouxesse equilíbrio ao outro.
A inclinação foi empregada para dar o sentimento de dinâmica. Ao se deslocar pela ponte o espectador sempre a verá de um ângulo diferente, com o mesmo intuito a inclinação também foi empregada no posicionamento dos cabos. Os dois arcos possuem o mesmo anglo de inclinação, desta forma o espectador com a vista lateral verá apenas um arco. Ao posicionar o tabuleiro entre os cabos de sustentação o intuito foi de expressar leveza.
O desnível entre o topo da laje e a face inferior do arco foi estabelecido pela altura livre necessária para passagem de embarcações e veículos.
Estética Projetual
Outro fator importante a citar é a volumetria da ponte como uma escultura, assim teremos a visão real de sua importância, pois nenhuma escultura terá a escala de uma ponte, desta maneira, a determinação da plasticidade da ponte, mesmo sendo um exercício escultórico, quando não se dissocia das suas necessidades funcionais, estabelece novamente o elo criativo entre a arquitetura e a engenharia, demonstrando todo o seu potencial, todo o seu significado.
Pois se atentarmos a todo o potencial de transformação que as pontes possuem, veremos que são muito mais do que uma simples ligação entre dois pontos. Elas são ícones, elementos vitais e expressivos do progresso de uma cidade. Pela solução arrojada e original adotada para vencer a distância, engenheiros e arquitetos podem demonstrar o verdadeiro significado da palavra estrutura, ao transformar um simples caminho de forças em uma declaração de amor à arte, à ciência, ao meio ambiente e ao homem.
ficha técnica
Alunos
Rojestiane Ferreira Nobre, Talita Lima Leite
Orientador
Prof. José Ribamar Silva Filho (UNIFOR)
Apoio
UNIFOR