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PORTAL VITRUVIUS. 1° Prêmio Masisa de Arquitetura. Projetos, São Paulo, ano 06, n. 066.02, Vitruvius, jun. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/06.066/2656>.


Categoria Projeto

Necessidades e Paisagem

Em um trecho de trinta mil metros quadrados de vegetação antropizada entre os municípios de Amparo e Serra Negra, leste do Estado de São Paulo, um jovem casal, da capital, pretende desenvolver um conjunto de atividades agrícolas intensivas de pequeno porte.

Na cota mais baixa, no vale do terreno, localiza-se uma faixa preservada de floresta tropical atlântica preservada e tombada.

Esse desnível, cerca de sessenta metros, abre a vista para a paisagem montanhosa, para as sedes das fazendas de café e para a cidade de Amparo.

A consciência destes pressupostos, ambientais e ecológicos, orientaram as atividades de produção e implantação tanto da infra-estrutura de abastecimento quanto do grau de interferência na paisagem e no sítio das construções civis. Estabelecendo um modelo de ocupação do lote rural.

A necessidade de um local de apoio às idas aos finais de semana exigiram uma construção que se caracterizasse como abrigo aos períodos de permanência e também como escritório de trabalho. A tipologia do pavilhão, equipado com cozinha, banheiro e lavanderia, de planta retangular, leve, suspenso, solto do solo para melhor drenagem superficial em direção aos pontos de nascente, situados no próprio terreno, foi apropriada como solução àquelas demandas e pressupostos, arquitetônicos e paisagísticos.

Estrutura e OSB

O módulo básico de 1,22m x 1,22m é definido pelo painel estrutural de OSB de 30mm.

O pavilhão, suspenso do solo por uma série de oito pilares de concreto armado de 20cm de diâmetro, dispostos em dois eixos paralelos e eqüidistantes a 2,44m entre si sustentam duas vigas mestras longitudinais de seção retangular de 3,0cm x 24,4cm de OSB, unidas por ligações metálicas, caracterizando um esquema de viga hiperestática, contribuindo para a redução dos momentos de flexão ao longo do vão de 2,44m, exigindo menos seção e, portanto, maior economia de material.

Transversalmente às vigas mestras são apoiadas, a cada 1,22m, vigas de seção variável de OSB 30mm (hmáx=24,4cm e hmín=12,2cm) vencendo vãos de 2,44m e balanços de 1,22m em cada extremidade. Seu comprimento total de 4,88m (4 x 1,22m) é obtido a partir da união de duas peças a partir de um único painel e unidos por perfil metálico em cunha, solidarizando as duas peças no meio do vão.

As vigas transversais recebem os painéis de piso (1,22 x 2,44) de 30mm, vencendo os vão de 1,22m, sem necessidade de barroteamento do piso, suavizando as cargas nas vigas.

A partir do piso montado segue a locação dos pilares de seção 3,0cm x 12,2cm (corte de 1/10 do painel estrutural). Estes pilares, sobre as vigas transversais, a cada 1,22m, suportam somente as cargas verticais da cobertura.

OSB e o arco

A cobertura em arco traz questões interessantes na investigação do uso do painel de OSB em estruturas.

O arco de madeira é usualmente conseguido através de processos de fabricação que muitas vezes oneram a sua produção, como é o caso da viga de madeira laminada colada, por exemplo.

O beneficiamento da madeira bruta nas serrarias fornece ao mercado seções comerciais retangulares usuais para esforços de flexão ou para a composição de elementos para produzir um terceiro, como é a treliça, por exemplo.

A prancha de OSB, sendo estrutural, amplia a possibilidade de tipos de cortes e desenhos e favorece o uso de diversas geometrias, como o arco. O que não ocorre com a seção comercial das vigas de madeira, limitadas pela altura.

O arco, ao trabalhar somente à compressão, já que os esforços horizontais são absorvidos pelos tirantes, transmitem aos pilares somente esforços de compressão. Neste pavilhão o arco amplia o espaço útil e vence 4,88m de vão livre não trabalhando a cobertura passível de momentos fletores, responsáveis por seções maiores e antieconômicas, o que alivia a carga nos pilares, vigas transversais (transição), e, portanto, nas fundações.

O princípio orientador das decisões arquitetônicas (sistema construtivo, dimensionamento estrutural, simplificação de vedações) foi a economia e a eficiência nos processos construtivos, alcançados através da busca de uma arquitetura leve, econômica e espacialmente generosa e contemporânea, ao especular a oferta de possibilidades estruturais do OSB.

nota

1
Axonométrica – 1. pilar concreto + vigas mestras e transversais em OSB; 2. piso em painel OSB 25mm; 3. vidro fixo; 4. pilares OSB 30mm (corte 1/10 do painel); 5. núcleo molhado; 6. arco OSB + tirantes de aço; 7. painel OSB 18mm encurvado + manta firestone ultraply T.P.O branca; 8. telha fiberglass modelo “modulada” tipo eternit

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Equipe premiada
São Paulo SP Brasil

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066.02 Prêmio
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original: português

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Comissão Organizadora
Curitiba PR Brasil

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