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PORTAL VITRUVIUS. Concurso de idéias para urbanização do Complexo da Rocinha. Projetos, São Paulo, ano 06, n. 066.05, Vitruvius, jun. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/06.066/2681>.


Rocinha: um bairro singular

De acordo com a solicitação do edital do concurso “Idéias para o projeto de urbanização do Complexo da Rocinha”, a questão da aproximação projetual torna-se decisiva.

Do nosso ponto de vista, trata-se da questão da articulação dos aspetos físicos (urbanísticos, infra-estruturais e ambientais), sociais (econômicos, culturais e existenciais), ecológicos (considerando as três ecologias: mental, social e ambiental) e os relativos à segurança do cidadão, visando o desenvolvimento local, desde uma concepção sócio-espacial de territórios produtivos, levando em conta as excepcionais condições de contexto. Isto é, a sua localização em relação aos bairros vizinhos da Gávea-Leblon e São Conrado, o que estabelece uma situação muito particular de inclusão-exclusão.

Assim, se de um lado as condições da “acessibilidade” são boas, de outro o sistema viário existente é absolutamente insuficiente, ineficiente e restritivo. Por tanto, a re-configuração do traçado viário de um lado, e a reformulação do sistema de transporte público do outro, são medidas estruturais básicas.

Do mesmo modo, com toda a força do comercio local, especialmente em Bairro Barcelos, sua desordem e falta de qualidade desperdiçam um grande potencial de configurar-se em irradiador de urbanidade e atrator de uma muito maior clientela externa. Isto, junto com a necessidade de criação de um novo pólo de geração de trabalho e renda, a partir das características especificas da mão de obra local, permitindo desenvolver o potencial do capital humano.

A falta de escola de segundo grau e centro profissionalizante constitui outra das carências marcantes que freiam o desenvolvimento local. O mesmo se verifica em relação à falta de equipamentos culturais e comunicacionais, sendo uma demanda específica das três associações de moradores.

A falta de um centro de saúde à escala da comunidade para atender os graves problemas dos moradores, junto com os problemas dos sistemas de drenagem, obstrução de valões, insuficiência de sistemas de esgotos, de distribuição de água, da precariedade do sistema de vias de circulação interna, do descontrole da expansão e da demanda habitacional, completam o quadro da situação.

Partindo da leitura da estrutura do lugar, da escuta das demandas da população e de uma clara conceituação da questão da articulação do formal e do informal, a estratégia projetual elaborada concebida como um Sistema Inteligente de Conectividades e Interfaces, articula em sucessivas etapas os quatros aspectos inicialmente considerados, estabelecendo uma hierarquia estruturadora sócio-espacial, baseada na criação de:

– Portal (de Serviços) Terciário Superior, na escala de toda a comunidade, em conexão com a cidade;

– Pólos de Desenvolvimento específicos (Pólo de Geração de Trabalho e Renda, Pólo Educacional, Pólo Cultural-Comunicacional, Pólo Ecológico);

– Setores de Desenvolvimento Urbano (SDU), redefinindo os limites atualmente existentes, em função das características de densidade, topografia e condições de borda;

– Células de Cultura, Esporte e Lazer (C-CEL);

– Agrupamentos em condomínios capazes de garantir o gerenciamento público-comunitário do território.

A noção de Desenvolvimento Local, entendido como promoção de processo constitutivo de novos territórios produtivos, de tipo estratégico e cognitivo, ao mesmo tempo em que geográfico-administrativo, está associada aqui à criação do Centro de Geração de Trabalho e Renda, ao Portal Terciário Superior e aos Pólos, oferecendo novas conectividades tanto internas quanto com os bairros vizinhos.

Ao mesmo tempo, o conceito de “serviços multiusos” em que se baseia a distribuição de serviços públicos propostos, acompanha a redefinição do sistema viário e de infra-estruturas e se constitui em garantia de eficiência e justiça social no acesso aos bens públicos.

Criam-se, assim, as novas condições para a evolução física (transformação num bairro singular incorporado à cidade) e social (novas perspectivas de desenvolvimento econômico-cultural para todos os moradores), pensando evolutivamente as complexidades.

Através do Portal, dos Pólos de Desenvolvimento e das Células, criam-se novas “marcas” no território, como uma nova qualidade do lugar, emergindo uma riqueza, lá onde tudo é sem qualidade, dando nova estrutura, legibilidade e uma nova ordem ao território, transformando o aspecto do bairro e da cidade.

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Equipe premiada
Rio de Janeiro RJ Brasil

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066.05 Concurso
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Comissão organizadora
Rio de Janeiro RJ Brasil

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