Justiça é igualdade e equilíbrio entre partes distintas, mediante a convivência, o diálogo e a coexistência. Espaços que abrigam a justiça devem favorecer e estimular essas relações de forte significado social.
Frontais à Rua T-51 e Avenida T-29, propõem dois edifícios verticais, permeáveis e transparentes, resguardados pela placidez horizontal de um espelho d’água. Esse conjunto edificado, juntamente com o edifício a ser preservado na esquina da Avenida T-1 com a Rua Orestes Ribeiro, conforma e define no interior da quadra uma grande praça rebaixada que recebe, filtra e distribui os fluxos da cidade. Evocando a escala coletiva essa Praça Integradora e Pública aproxima o cidadão da Justiça.
Os edifícios envidraçados exaltam a transparência como valor simbólico da Justiça. Seus controles de acesso e segurança são garantidos pela barreira sutil do espelho d’água que unifica as atividades setorizadas e preserva as perspectivas visuais do conjunto.
O projeto respeita a legislação vigente e as orientações estabelecidas no edital do concurso. Podendo ser executado em etapas distintas, seu programa se distribui de forma clara e definida.
Edifício da 1ª Instância – Paralelo à Rua T-51
Um saguão de grande altura recebe de forma generosa os fluxos tanto da rua T-51, como da Praça Integradora (nível 788,00). Esse vazio, que percorre quatro dos dez pavimentos do edifício, articula as conexões aos diversos ambientes de circulação de público.
As 20 varas, também de grande afluência, se distribuem nos cinco pavimentos subseqüentes. Suas plantas livres, moduladas e flexíveis, concentram no “core” as circulações verticais, e os serviços sanitários distintos para público e servidores.
Na cobertura, as salas de convivência e uso dos Magistrados e Advogados abrem-se para um terraço-jardim, sombreado por um sistema de cobertura em pérgulas metálicas que protege e conclui o edifício.
Em todos os pavimentos as circulações de público se voltam para o espelho d’água e a Praça Integradora, exteriorizando a dinâmica de seus fluxos.
Edifício da 2ª Instância – Paralelo à Avenida T-29
Com acesso pela Praça Integradora, o edifício de dez pavimentos emerge do espelho d’água e compõe com o edifício da 1ª Instância um conjunto equilibrado e harmônico que repete o mesmo princípio estabelecido para suas circulações verticais/ horizontais e módulos de serviços.
Os Auditórios para 60 lugares e a Sala de Eventos, no plano do espelho d’água (nível 792.50) podem ser utilizados por público externo, sem interferir na privacidade e no controle dos acessos para as Secretarias, Diretorias e Gabinetes do 2º grau nos pavimentos superiores.
Nos dois últimos pavimentos, os gabinetes da Presidência, Vice-Presidência e Corregedoria, abrem-se também para um terraço-jardim sombreado pela cobertura de encabeçamento em pérgulas.
Espelho d’água
No pavimento sob a lâmina do espelho d’água (compreendido como subsolo), abrigam-se diversas atividades complementares e de infra-estrutura: Auditórios para 400 e 600 lugares, áreas para Alimentação, Administração, Arquivos e Datacenter. A doca de carga e descarga, com acesso estratégico pela Avenida T-29, otimiza os fluxos e a operacionalidade dos serviços do complexo.
Sob o espelho d’água é criada uma varanda contínua que, aberta para a Praça Integradora, conecta e flui o percurso entre os ambientes dos edifícios da 1ª e 2ª Instâncias.
Edifício da Administração – Existente
Preservando sua estrutura principal, o edifício existente hospeda o setor administrativo e a seção médica/odontológica. De modo a organizar os fluxos e permitir a flexibilidade dos pavimentos para novos arranjos, propomos que dois blocos em cada uma de suas extremidades concentrem os serviços de sanitários, copas, elevadores e escadas de emergência. A circulação vertical de público (elevadores panorâmicos e escada aberta), em um átrio envidraçado de pé direito, abre-se para a Praça Integradora. Na sua diagonal oposta, um segundo átrio, também envidraçado e com pé-direito generoso recebe os fluxos da Avenida T-1.
A unidade formal com os demais edifícios do Complexo se estabelece no uso de novos e grandes caixilhos na fachada, no sistema complementar de brises em chapa perfurada e na criação de terraços-jardim sob sistema de cobertura em pérgulas metálicas.
ficha técnica
Autores
Renato Dal Pian
Lilian Dal Pian
Colaboradores
Beatriz Martinhão
Oliver Scheepmaker
Rodrigo Kim
Filomena Piscoletta