Travessias/Espaço multiuso
A atual demanda da população em melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades está diretamente relacionada à qualidade dos espaços públicos. Áreas residuais como os baixios tem grande potencial de revitalização por serem localizadas em áreas centrais conectadas pelo transporte público. O viaduto Pedro Aguinaldo Fulgêncio faz a ligação entre dois bairros de Belo Horizonte, sendo um deles dotado de grandes equipamentos de saúde. Na sua parte inferior, a barreira configurada pela Avenida dos Andradas e pela linha do trem define duas grandes áreas de baixios, ambas degradadas.
Estratégias de requalificação urbanística: A estratégia de revitalização é fundamentalmente facilitar a conexão através da transposição da avenida por uma passarela para ciclistas e pedestres e propor novos programas que ajudem a requalificar os espaços residuais, atraindo pessoas para circular e permanecer no espaço público a fim de tornar a região mais segura, criando espaços de convivência, cultura, comércio e lazer. Esta apropriação do espaço público busca incentivar a requalificação do entorno próximo com a retirada ou substituição dos muros dos lotes vizinhos por fechamentos permeáveis que possibilitem uma maior permeabilidade visual e segurança.
Bosque/vegetação: A intenção é de que a vegetação sirva como uma barreira visual e sonora, amenizando o ruído do trem e dos automóveis, crie um cenário inusitado para quem transita pelo espaço urbano. Esse bosque é acessível pelo nível da calçada para quem está na Avenida Andradas ou, também, por uma escada que faz a descida de quem está na passarela.
Equipamento aéreo para circuito bicicletas e caminhada: Essa travessia é possível através de rampas e passarelas metálicas fixadas à estrutura de concreto existente. Essas fazem a transposição entre os lados da avenida. Nas extremidades das rampas de acesso ao circuito foram criadas arquibancadas que fazem as vezes de anfiteatro e cinema a fim de possibilitar eventos culturais e artísticos, como projeções de filmes e peças de teatros.
Exploração econômica população local e órgãos públicos: Os programas sugeridos foram definidos a partir da necessidade encontrada na região a fim de oferecer um apoio aos equipamentos de saúde e agropecuária que ali existem. O comércio pode ser explorado em quatro módulos dispostos nos baixios: floricultura, revisteira, lancheria/café e loja. Há uma área destinada também a acolher feiras de produtos naturais.
SLU e sanitários públicos: O depósito da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) foi relocado para debaixo de uma das rampas de acesso a passarela, que passa a ser laje de cobertura do depósito e dos sanitários públicos.
Estacionamento: Vagas de estacionamento foram dispostas junto aos módulos de comércio, onde pode ser implantado o sistema park-and-ride integrados às ciclovias e ao transporte público.
Como estratégia de intervenção, o projeto trabalha com grandes superfícies permeáveis tanto de vegetação como de pavimentação em concreto drenante. As demais estruturas como a passarela de travessia e os volumes programáticos são propostos em estruturas modulares metálicas a fim de gerar menor impacto da construção e maior flexibilidade de usos. Os fechamentos em chapa metálica garantem permeabilidade visual e segurança dos espaços internos. Estes módulos tem potencial de serem utilizados tanto nesta área como em outros espaços da cidade, configurando uma estratégia para a requalificação urbana da região. A iluminação é diferenciada pelo encaminhamento através de luminárias de piso com painéis individuais de captação de energia.
ficha técnica
Autoria
Arquitetura pela Rua + Metropolitano Arquitetos
Arquiteto
Camila da Rocha Thiesen, Cássio Orlandi Sauer, Elisa Toschi Martins
Colaborador
Ignacio de la Vega