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projects ISSN 2595-4245


abstracts

português
Este projeto incorpora em seu desenho características familiares aos moradores de palafitas e flutuantes. Desta forma, o projeto possibilita a identificação do morador com a casa, valorizando o modo de vida amazônico e os saberes locais.

english
This project incorporates features in its design familiar to residents of stilt and floating houses. Therefore, it allows the residents to identify with the house while valuing the Amazonian way of life and local knowledge.

español
Este proyecto incorpora en su diseño características familiares a los residentes de casas sobre pilotes y flotantes. De esta forma, el proyecto permite identificar al habitante con la casa, valorando el modo de vida amazónico y el conocimiento local.

how to quote

PORTAL VITRUVIUS. Habitação social na Amazônia. Projetos, São Paulo, ano 21, n. 246.03, Vitruvius, jun. 2021 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/21.246/8360>.


Este trabalho ensaia um projeto habitacional para a cidade de Manaus.

A falta de políticas públicas e de planejamento urbano eficiente para a cidade resultou na formação de um espaço urbano desigual, com comunidades de baixa renda se deslocando para as margens dos rios e igarapés, vivendo em condições precárias e desumanas. Nas últimas décadas, alguns projetos habitacionais foram desenvolvidos com o objetivo de retirar essas populações das áreas ribeirinhas. No entanto, a arquitetura e o modo de vida tradicionalmente desenvolvidos pelas comunidades foram ignorados, gerando insatisfação e dificuldade de adaptação por parte dos moradores realocados. A arquitetura ribeirinha tem sido gradualmente eliminada do espaço formal de Manaus, um processo impulsionado por conotações pejorativas que a relacionavam com o subdesenvolvimento. Edifícios tradicionais foram substituídos por outros de caráter global, reproduzidos indiscriminadamente em todo o país. Essa descontextualização entre a arquitetura e o território tem contribuído para causar inúmeros problemas ambientais e baixa eficiência e desempenho dos edifícios construídos.

É indiscutível a importância da construção de conjuntos para fornecer habitações a populações que vivem em situações de risco. Porém, os novos projetos habitacionais destinados a essas comunidades precisam levar em conta as particularidades da cultura e do modo de vida dos novos moradores. O contrário disso resulta em uma grande falha na função do arquiteto e na função da habitação. Isso porque a arquitetura vernacular tem um forte vínculo com a região e com a identidade cultural dos povos. É parte da nossa memória, nossa cultura, nosso território.

O projeto proposto surge em resposta a essa situação, com a intenção de desenhar um conjunto habitacional que leve em consideração a cultura e a paisagem amazônica.

Ele se localiza na rua Ipiranga, área de várzea do Igarapé do Quarenta. A região é atualmente ocupada por palafitas de forma irregular. A intenção do projeto é remover moradores das áreas de risco, que residem em habitações sujeitas a inundação ou desmoronamento.

A implantação do edifício foi pensada de forma a garantir uma integração harmoniosa com o entorno. É proposta uma conexão com o outro lado do rio, facilitando o acesso dos moradores da região aos equipamentos presentes no conjunto habitacional, assim como a integração do conjunto com as áreas de lazer localizadas na margem oposta. Propõe-se aproveitar as quadras existentes no local, além de uma revitalização das margens do igarapé, através da criação de um parque linear.

O edifício foi inspirado na arquitetura tradicional ribeirinha da Amazônia, de forma que ele está em harmonia com o povo e o seu ambiente. Os níveis dos rios da Bacia Amazônica variam ao longo das estações e, portanto, a estrutura do edifício precisa se adaptar a essas mudanças. Isso foi feito elevando o conjunto do solo, em referência à popular palafita. É criado também um piso flutuante, que varia de acordo com os períodos de cheias e vazantes. Essa técnica é comum nas casas flutuantes da região, permitindo um diálogo contínuo com a paisagem local.

O projeto pretende fornecer moradia digna e de qualidade a populações que vivem em situações precárias e de risco. No entanto, o programa proposto não se restringe à unidade habitacional, mas também abrange usos essenciais ao desenvolvimento da vida em comunidade, como equipamentos sociais, unidades de comércio e serviços e espaços para lazer e descanso. Foi dado ênfase a programas associados à geração de emprego, com a intenção de criar meios alternativos de geração de renda. Esses programas estão relacionados a um saber e fazer local, como por exemplo um mercado de peixes e frutas e uma escola de construção de barcos. Dessa forma, o complexo oferecerá não só moradias de qualidade, mas também espaços coletivos que promovem atividades de cultura e lazer. Como resultado, um senso de comunidade é criado e fortalecido. O acesso a essas atividades é destinado não apenas aos moradores do conjunto, mas também às comunidades do entorno. Assim, o complexo gera uma microeconomia local e um polo cultural para a região.

Também foram criados usos para melhorar o bem estar e saúde da população, como uma escola de canoagem, que tem como objetivo garantir o acesso ao esporte e restabelecer a relação do homem com a água. Além disso, o conjunto habitacional apresenta amplos espaços externos, incentivando o contato com a natureza e promovendo a vida em comunidade.

A preservação do meio ambiente também é um problema abordado. Propõe-se a criação de um centro de educação ambiental onde serão realizados cursos e oficinas possibilitando o acesso à informação para garantir um meio ambiente preservado e maior qualidade de vida. Associado ao centro de educação estão uma biblioteca, mediateca e um espaço expositivo, ambientes de aprendizado que possibilitam ações práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais, à sua organização e participação na defesa do meio ambiente. Por fim, uma cooperativa de reciclagem é criada, atuando como uma alternativa para geração de renda para famílias ao mesmo tempo que permite a redução do volume de lixo descartado na natureza.

A estrutura principal da edificação é feita de madeira reflorestada, que, durante seu crescimento, absorve gás carbônico e gera menos resíduos na fase de construção. Ela é empregada nos pilares, vigas e tesouras. Para os pilares também é utilizado o concreto. Este segundo material é empregado na base da estrutura, onde há contato direto com a água. Isso garante maior durabilidade do conjunto, evitando a danificação e apodrecimento da madeira. O piso flutuante foi construído sobre toras de Açacu, madeira local de baixa densidade que flutua sobre as águas, tradicionalmente empregada nas habitações flutuantes. A cobertura é composta por tesouras de madeira e telhas metálicas termoacústicas.

A cobertura tem um papel fundamental para a garantia de conforto térmico no edifício. É através dela que ocorre a transmissão de maior carga térmica, causada principalmente pela insolação. O seu desenho foi pensado de forma a garantir uma boa adequação ao clima local. A cobertura possui duas camadas: a camada externa sombreia a interna e minimiza a absorção de calor desta, evitando o aquecimento do interior do edifício. O calor acumulado entre as duas coberturas é removido pela ventilação, através de uma abertura superior. A eficiência da cobertura também depende de sua cor e material. Ela é feita de telha metálica sanduiche com pintura branca. Sua superfície branca chega a emitir 80% de seu calor absorvido, tornando-se uma barreira mais efetiva contra a radiação solar. O material também é de fácil manutenção e resistente às intensas ações de fungos e insetos da região, além de ser impermeável e durável. Seus beirais têm a função de impedir a incidência solar direta no interior do edifício nos horários mais quentes do dia, além de protegê-lo das chuvas intensas.

Visando a sustentabilidade, o projeto aproveita ao máximo os recursos naturais disponíveis: A água da chuva é captada e utilizada em vasos sanitários. A água do esgoto é tratada para não poluir os rios através de uma mini estação de tratamento no local. A energia solar é uma alternativa de energia renovável utilizada para fornecer eletricidade ao complexo. O conforto térmico é feito naturalmente pela dissipação de calor por meio de ventilação cruzada. Além disso, os beirais da cobertura protegem os espaços internos dos raios solares diretos. Por fim, o edifício não toca o solo, causando menor impacto no terreno e na vegetação existente.

ficha técnica

projeto
Habitação social na Amazônia

ano
2019

arquitetura
Danielle Khoury Gregorio

premiações
1° lugar nas premiações LafargeHolcim Awards Latin America, Prêmio Enanparq 2020, IE School of Architecture and Design Prize e finalista no prêmio Archi Now, Sustainability First Steppers Contest, Chorus Architecture, Yaoundé. Destaque no livro World Arch-student Best Project Selection Book (Archiworld Magazine, Seoul) e na revista L'Architecture d'Aujourd´hui (Hors-Série. The next gen of sustainable construction), jun. 2021.

preâmbulo

O presente artigo faz parte de Preâmbulo, chamada aberta proposta pelo IABsp e portal Vitruvius como ação para alavancar a discussão em torno da 13ª edição da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, prevista para 2022. As colaborações para as revistas Arquitextos, Entrevista, Minha Cidade, Arquiteturismo, Resenhas Online e para a seção Rabiscos devem abordar o tema geral da bienal – a “Reconstrução” – e seus cinco eixos temáticos: democracia, corpos, memória, informação e ecologia. O conjunto de colaborações formará a Biblioteca Preâmbulo, a ser disponibilizada no portal Vitruvius. A equipe responsável pelo Preâmbulo é formada por Sabrina Fontenelle, Mariana Wilderom, Danilo Hideki e Karina Silva (IABsp); Abilio Guerra, Jennifer Cabral e Rafael Migliatti (portal Vitruvius).

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246.03 13ª Bienal + Vitruvius (Preâmbulo)
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