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abstracts

português
A requalificação da praça Marechal Deodoro integra o Programa de Reabilitação do Centro Antigo de Salvador e tem por base a preservação da composição do verde original agregando um novo desenho à sua forma.

english
The requalification of Marechal Deodoro Square is part of the Rehabilitation Program for the Old Center of Salvador and is based on preserving the original green composition, adding a new design to its form.

español
La recalificación de la Plaza Marechal Deodoro forma parte del Programa de Rehabilitación del Centro Antiguo de Salvador y se basa en preservar la composición verde original, añadiendo un nuevo diseño a su forma.

how to quote

GOMES, George. Requalificação urbanística da praça Marechal Deodoro. Sobre memórias do futuro. Projetos, São Paulo, ano 22, n. 260.03, Vitruvius, ago. 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/22.260/8562>.


O objeto

O espaço da praça é configurado por seus limites, na relação com seu entorno. Ao norte é delimitada pelo antigo e expressivo edifício do Mercado do Ouro (1), a leste por uma compacta quadra de edificações históricas de uso misto (2), ao sul por um conjunto de simbólicos edifícios comerciais modernistas e a oeste por um terminal de transbordo de transportes públicos, voltado à avenida Jequitaia, que articula o eixo viário de bordo, o bairro portuário do Comércio, a outras zonas da cidade.

Requalificação urbanística da praça Marechal Deodoro, vista aérea da área de projeto antes da intervenção, Salvador BA Brasil, 2020. Arquiteto Adriano Mascarenhas (autor) / Sotero Arquitetos
Foto Tarso Figueira, 2018

A quinta fachada demarca a centralidade desse espaço, vista desde a cidade alta, uma mancha de arborização exuberante, alta e densa. O rés do chão deste espaço, localizado próximo a fralda da falésia característica do frontispício da cidade de dois andares, é onde outrora aportavam saveiros para embarque e desembarque de mercadorias, tendo sido alterado e ampliado em seus sucessivos aterros, embelezado na modernidade em seu status econômico de entreposto portuário de grande calado, hoje desenhado por outras dinâmicas nem sempre positivas na Salvador contemporânea.

É uma visão híbrida própria do lugar, rico de história, com superposições arquitetônicas e alterações de uso, recorte de uma área do Centro histórico de Salvador protegida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e artístico Nacional — Iphan que, no entanto, sofreu os efeitos da degradação e marginalização por força do capital, desde quando a cidade passa a se consolidar de forma programada à revelia do velho Centro, a partir dos anos 70 do século 20, questão central em muitas cidades brasileiras.

Praça Marechal Deodoro, antiga Praça do Cais do Ouro, em fotografia de postal Mello & Filhos circulado em janeiro de 1915
Imagem divulgação

A intervenção na praça é parte do Programa de Reabilitação Sustentável do Centro Antigo de Salvador desenvolvido pela Prefeitura Municipal (3), ambicioso na reocupação do bairro do Comércio, numa estratégia não inédita baseada em investimentos municipais urbanos como indutor de desenvolvimento da economia local, associado à qualificação da produção imobiliária a partir da ocupação de imóveis ociosos e à potencialização do funcionamento do Centro Administrativo Municipal no bairro.

Com uma produção situada na exceção, num cenário em que poucos escritórios de arquitetura baianos têm obtido mérito pela crítica arquitetônica, é o escritório Sotero Arquitetos (4) que responde pelo Projeto Urbanístico de Requalificação da praça Marechal Deodoro (5), ampliando seu portfólio de obras encomendadas pelo poder público local. Destaca-se sua bem-sucedida manutenção empresarial da atividade profissional, elemento talvez secundário para crítica, que por vezes se detém apenas nos resultados, mas não menos relevante requisito para a garantia de acesso de arquitetos no universo das encomendas públicas e concretização do pouco que se consegue efetivamente ser construído com qualidade no nosso país. Nesse contexto, o Sotero persegue qualidade de entrega (6).

Sobre a busca da arquitetura

A legitimidade da arquitetura, seu valor social reconhecido em última instância, tem na crítica uma fundamental aliada. “A crítica tem um papel fundamental de explicar a coletividade a importância, o significado, a abrangência e o compromisso da atividade arquitetônica junto à opinião pública” (7), disseminando o conhecimento sobre a disciplina não só para arquitetos e especialistas da área, mas para sociedade.

Intervir na cidade, sobretudo em áreas degradadas com forte preexistência histórica, implica, em princípio, na ponderação do conjunto de estratificações históricas e materiais do território, na consciência de que existem problemas antigos e novos, necessidades, que formuladas em termos espaciais, requerem respostas. Requer consciência crítica do papel que o arquiteto pode desempenhar no futuro da cidade, a percepção das relações que o novo pode ter com o tecido urbano existente, restituindo valores específicos de lugar, sobretudo de vida pública, propósito fim da arquitetura. Requer do arquiteto uma condução ativa ética estética sobre seu trabalho, o que coaduna com uma busca constante da arquitetura.

Furuyama, em seu postulado acerca da obra de Ando — frente ao qual se pode identificar aspectos distintivos da produção do Sotero, que vai de uma consistência lógica geométrica ao drama da diversidade — expõe sobre o objetivo primordial da arquitetura:

“A arquitetura diz respeito a um espaço circunscrito cuja criação tem dois objetivos. Um objetivo é um ideal; o outro, uma ambição. O ideal da arquitetura é formar um modelo de mundo. Sua ambição é despertar as sensibilidades humanas.
O objetivo primordial da arquitetura é estabelecer um modelo espacial do mundo: organizar o espaço vazio. Organizar o espaço significa empregar a forma para derivar do espaço as relações invisíveis que constituirão uma ordem transparente.
Para fazer isso, a arquitetura precisa da geometria [...] aplicada a um grupo de formas, a consistência geométrica confere organização a um arranjo [...] transformam um grupo de coisas num sistema visual claro. [...] Em nossa experiência de uma ordem arquitetônica abstrata como um fenômeno consciente, chegamos a ser verdadeiramente inspirados pela arquitetura.
Falando de modo preciso, despertar emoções não é um “objetivo” verdadeiro da arquitetura. É puramente um resultado. O arquiteto não pode calcular nossa reação emocional [...] O uso de estratagemas para evocar nossa reação é tão claramente suspeito em arquitetura quanto um truque de prestidigitação [...] A arquitetura inspiradora não pode ser planejada, só pode ser perseguida, e continuar criando arquitetura é continuar apostando” (8).

Sotero aposta em um desenho rigoroso como resposta projetual para intervenção na praça Marechal Deodoro. Procura critérios na racionalidade, traço recorrente em suas obras, para melhorar a realidade.

Com uma consciência madura sobre a complexa condição de cidade e sobre a gestão de seu patrimônio, o autor da obra conhece o limite de eficácia de sua arquitetura no objetivo de catalisar a revitalização da região pretendida pela municipalidade, mas busca a oferta de vida pública mais rica. “A praça é resultado de um movimento exógeno, de confluência de usos do seu entorno e não o contrário” (9), assinala Adriano Mascarenhas, arquiteto titular do escritório.

Sobre o desafio da arquitetura na reabilitação de fragmentos de centros antigos, a abordagem de Esterzilda Berenstein de Azevedo reforça: “trata-se de problema quase impossível de resolver, como conjugar o verbo Ser em seus três tempos — presente, passado e futuro — simultaneamente” (10). Nesse sentido, o escritório soteropolitano, num compromisso social de uma modernidade para cidade, registra de modo indicativo no espaço público memórias para o futuro, ao tempo que alarga os valores arquitetônicos, paisagísticos e culturais do lugar. Detém-se sobre tópicos essenciais no projeto a partir da leitura atenta da praça em sua preexistência.

A “praça das Mãozinhas”

Praça Marechal Deodoro, depredação do patrimônio, Salvador BA Brasil
Foto divulgação, 2018 [Acervo Sotero Arquitetos]

Inserida num forte contexto de degradação urbana, a escultura das mãos douradas entrelaçadas (11) figurava talvez como um dos poucos elos da reduzida percepção popular daquele espaço na paisagem da cidade, conferindo-lhe uma segunda identidade.

Somada a depredação do seu patrimônio, mobiliário e pavimentações, a zona de sombra excessiva provocada pela alta densidade das copas das árvores sobre a área da praça criava uma ambiência de insegurança, de não permanência, com a presença de moradores em situação de rua e usuários de drogas. Ocupando mais de um terço da sua superfície original, as vagas de estacionamento privativo também disputavam o espaço público de convívio. A polaridade de fluxos de pessoas na praça se dava basicamente pela presença de um comércio ambulante desordenado, dos modestos serviços e comércios vizinhos, e pelos pontos de ônibus à margem da avenida Jequitaia — em sua maioria subutilizados, com design ineficiente (12), sem conferir abrigo e conforto a quem lá permanecia.

Praça Marechal Deodoro, presença de veículos no espaço da praça antes da intervenção, Salvador BA Brasil
Foto divulgação, 2018 [Acervo Sotero Arquitetos]

Faltava legibilidade espacial, que subjetivamente corresponderia ao ganho de percepção orientativa fundamental para fruição do patrimônio, para quem nele circula, indicativo da qualificação do espaço público. Havia conflitos de uso que afetavam paisagisticamente o sítio, comprometendo o protagonismo do relevante patrimônio natural e construído.

Praça Marechal Deodoro, presença de veículos no espaço da praça antes da intervenção, Salvador BA Brasil
Foto divulgação, 2018 [Acervo Sotero Arquitetos]

Legibilidade espacial

Em meio ao drama da diversidade de elementos que se apresenta para enfrentamento no trabalho da arquitetura, o caminho projetual moldado pelo Sotero na renovação física da praça Marechal Deodoro é o estabelecimento de critérios claros na construção de uma hierarquização visual e espacial, tal como fundamentado no Projeto de Requalificação da Colina do Bonfim.

Se na leitura dos tempos a centralidade da praça demarcada por sua vegetação centenária é eleita como ponto de partida, a leitura espacial conferida sobre esses mesmos elementos paisagísticos indicava o critério de setorização dos espaços. Os segmentos gerados entre os alinhamentos das árvores de grande porte definiram conceitualmente as novas zonas de uso: uma faixa mais interna, voltada à rua de menor velocidade de tráfego, intencionada para o lazer do entorno residencial; a de mobilidade, na porção voltada para a avenida Jequitaia, onde há o terminal de ônibus; e a cívica, central.

Nesta última, o vazio se converte em potencial renovador, num gesto político do arquiteto, a partir de uma perspectiva crítica mais geral sobre a produção dos espaços públicos na cidade: “nessa esplanada central é onde o arquétipo de praça acontece como elemento consolidado. Pela minha vivência, esses espaços de encontro urbano têm que guardar essa flexibilidade de uso que os grandes espaços abertos livres nos dão. Precisamos exercitar a ocupação desses espaços na cidade. Eles hoje nascem em geral muito fragmentados” (13).

Exaltando os aspectos físicos da paisagem, inclusive a relação da praça com o patrimônio edificado de entorno, o tratamento das pavimentações se converte num importante recurso de projeto. Conferem clara leitura direcional, incentivando a permanência e a fruição do espaço público, respondendo também à caminhabilidade pretendida do pedestre.

Ao centro da praça, em meio as fileiras dos grandes oitis preservados, agora valorizados, um solene tapete público em concreto vermelho pigmentado se desenha. Demarcando o forte eixo longitudinal do espaço livre, sua textura transborda sobre a via de veículos em paralelepípedos, numa faixa de travessia em nível compartilhado de acesso ao Mercado do Ouro, resultando simbólica reverência e pronunciando aquela importante arquitetura. Trechos de pisos unificados com grafismos em pedra portuguesa branca e vermelha demarcam zonas de luminosidade vizinhas, onde novos elementos de iluminação (14) e mobiliários urbanos são inseridos. Estes, com desenho próprio do escritório, são rigorosamente dispostos na pausa entre as árvores, liberando totalmente de interferências a esplanada em toda sua extensão. Marcações transversais lineares em granito sobre o piso vermelho, projeção da malha regular da localização perfilada dos postes de iluminação, sinalizam a atenção ao skyline do casario — mesmo recurso explorado no desenho do largo do Bonfim na relação com as casas dos Romeiros — ao tempo que costura as diversas zonas, dando unidade ao conjunto.

Requalificação urbanística da praça Marechal Deodoro, Salvador BA Brasil, 2020. Arquiteto Adriano Mascarenhas (autor) / Sotero Arquitetos
Foto Tarso Figueira, 2020

Como desafio no encontro da coerência geométrica do desenho da praça, está a localização e a arbitrada manutenção de todas as espécies vegetais. A definição das orlas das árvores, com variação de formatos circular ou retangular — que em alguns momentos são convertidos em canteiros — bancos, como contentores das raízes das árvores, quando expostas na regulação do nível do terreno — é uma solução adotada, que por sua vez, revela o contrastante traçado orgânico na porção sul da praça, resultante do desenho de fluxos que nascem desde a base dos edifícios modernistas.

A partir dali oportunamente o Sotero qualifica os trajetos na ambiência urbana, com olhar sobre os diferentes modais. A ciclovia que se desenvolve desde a rua Miguel Calmon tem sua rota redirecionada entre o primeiro pórtico de árvores, explorando o cone visual e o potencial cênico natural. Esse desvio direcional converge para o principal eixo de força da praça, assim como a linha presente no novo caminho para pedestres com piso podotátil, harmonizada com o novo traçado orgânico da via Torquarto Bahia, mais interna no quarteirão.

Requalificação urbanística da praça Marechal Deodoro, Salvador BA Brasil, 2020. Arquiteto Adriano Mascarenhas (autor) / Sotero Arquitetos
Foto Tarso Figueira, 2020

 

Convertido o tráfego da via Torquarto Bahia para sentido único, recupera-se superfície livre para praça (15), ao tempo que viabiliza o reordenamento de vagas de estacionamento do entorno. Valoriza-se a escala pedonal, com a promoção de acessibilidade universal, em detrimento do veículo, aparelhando o espaço público com base no bom manual do desenho urbano.

Requalificação urbanística da praça Marechal Deodoro, maquete eletrônica, Salvador BA Brasil, 2020. Arquiteto Adriano Mascarenhas (autor) / Sotero Arquitetos
Imagem divulgação [Sotero Arquitetos]

Importante destacar no tratamento do projeto, a permeada consciência do escritório de arquitetura quanto a escala da praça na malha urbana do bairro, do ampliado raio possível de influência de atratividade da intervenção para usos, inclusive aqueles residenciais investidos pela municipalidade, para além da relação com seu entorno mais imediato. A praça Marechal é a maior, entre três das únicas manchas verdes com arborização nativa de porte naquela zona portuária da cidade, associadas a áreas de estar; ou seja, detém elementos dos quais se extrai amplos benefícios ecológicos, tão importantes à qualidade urbana, os quais, vale lembrar, são também aspectos que lhes confere o valor de patrimônio natural cultural para além da imagem. Nesse sentido, o Sotero projeta o espaço na perspectiva de preservar 100% das espécies vegetais nativas, atenção cara às questões de resiliência climática enfrentadas na contemporaneidade.

Arquitetura e oportunidade

Fruto do diagnóstico local por parte do escritório de arquitetura, a proposição do novo terminal de ônibus não fazia parte do escopo inicial de renovação urbanística da praça Marechal Deodoro. Conjugada ao requerimento de resposta à necessidade do lugar junto ao contratante, a proposta representa talvez a parcela de expressão mais alta da vontade pessoal do arquiteto de criar arquitetura, de intervir no espaço. Potencialmente se tratava de construir nova arquitetura naquele contexto histórico, uma efetiva estrutura edificada, para além dos elementos horizontais preponderantemente manipulados até aquele momento no plano urbanístico.

Aproveitando da oportunidade, o Sotero define em lugar da série de abrigos industrializados de paradas de ônibus localizados a margem da avenida Jequitaia — por motivos já explanados — duas longilíneas coberturas com forte expressão tectônica.

Explorando uma exitosa operação projetual já antes aplicada no Bonfim (16), adota-se mais uma vez o estudo dos alinhamentos do patrimônio construído do entorno para concepção da nova edificação, explorando eixos visuais que destacam os elementos morfológicos históricos do sítio.

Dentre os vestígios da preexistência é então eleito o alinhamento das fachadas do conjunto de edifícios modernistas (17) imediatamente vizinhos, situados na porção sul da praça, mais especificamente a linha de pilotis voltada para avenida Jequitaia que conforma a galeria térrea antes pública, característica daquela arquitetura e do ordenamento urbanístico do passado recente do bairro.

Estende-se uma linha imaginária que liga o pórtico até a zona do antigo terminal. Partindo do espaçamento modular entre os pilares (4m) e de seções destes em mesmo diâmetro (65cm) e material (concreto), define-se sobre aquela linha a disposição regulada dos elementos que, hora configuram bancos circulares ou apoios para bancos com assentos em longarinas de madeira maciça, hora se convertem nos apoios das esbeltas coberturas borboleta concebidas em estrutura mista de madeira laminada colada — MLC (18), tirando partido dos vãos livres máximos (12m) proporcionados pelas ótimas propriedades tectônicas do material. O eixo único de apoios com vigas centrais em MLC reforçam a linearidade visual contida na linha de força espacial que se relaciona com aquela longitudinal principal da praça.

Requalificação urbanística da praça Marechal Deodoro, Salvador BA Brasil, 2020. Arquiteto Adriano Mascarenhas (autor) / Sotero Arquitetos
Foto Tarso Figueira, 2020

Na funcionalidade almejada, a projeção dos 5m de largura das coberturas, elevadas 2,20m de altura do solo, gera sombra e abrigo sobre generosa área, permitindo o distanciamento mútuo e ordenamento no embarque/desembarque dos veículos, dando conforto aos usuários. Sua extensão total de 56m lineares, demarcada no piso diferenciado em granito vermelho, confere escala coerente e limites claros para aquele equipamento urbano de mobilidade principal do bairro. Com uma materialidade indicativa de inovação, o artefato urbano conecta o legado de uma época a um novo uso que se atualiza, em mesmo espírito que a intervenção macro intenciona.

notas

1
O Mercado do Ouro foi construído em 1875 e recebeu essa denominação em virtude de sua implantação no antigo Cais do Ouro. Hoje abriga um centro cultural denominado Museu du Ritmo e passa por reforma que não exalta os seus valores peculiares como patrimônio histórico.

2
Compreende estoque de patrimônio histórico subutilizado, bastante descaracterizado, em geral abrigando comércio e serviços em seus térreos. A poligonal de estudo de ocupação já concluído pela Fundação Mário Leal Ferreira, constante no Programa de Reabilitação Sustentável do Centro Antigo de Salvador, Comércio, Etapa 01, prevê mediante desapropriação, a edificação de empreendimentos de uso habitacional misto que serão prioritariamente direcionados a demanda de servidores públicos, mantendo alguns usos existentes e propondo outros de apoio a novas moradias.

3
Ver Plano de Bairro do Comércio. Salvador BA. Salvador, Unesco/Fundação Mário Leal Ferreira, abr. 2021 <https://bit.ly/3dQmL9r>.

4
O escritório Sotero Arquitetos é autor de importantes projetos urbanos relevantes em Salvador, a exemplo da Requalificação da rua do Curuzu (2019), sede da Associação Cultural Ilê Aiyê, e da avenida Dendezeiros (2018), o “Caminho da Fé”, que se soma a Requalificação da Colina Sagrada do Senhor do Bonfim (2017), que lhes rendeu inúmeras publicações e prêmios. Em curso está a execução de dois outros grandes projetos: aquele que irá ocupar a antiga área da estação de transbordo do Aquidabã e a requalificação da avenida Sabino Silva, no bairro de Ondina, em Salvador, Bahia.

5
O Projeto Urbanístico de Requalificação da praça Marechal Deodoro recebeu o Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel, edição 2021.

6
A qualidade da produção arquitetônica do Sotero perpassa variadas escalas e programas. Ver GOMES, G. A. A.; GROSSI, R. Una Piacevole Solitudine — Casa di Capão. Progettare — Architettura Cittá Território, n. 27, Itália, 1 jun. 2014, p. 22.

7
GUERRA, Abílio. Universidade e crítica de arquitetura no Brasil. Summa+, Buenos Aires, n. 135, mai. 2014, p. 97.

8
FURUYAMA, Masao. Tadao Ando. São Paulo, Martins Fontes,1997, p. 9.

9
MASCARENHAS, Adriano. Depoimento a George Almeida. Salvador, 13 mai. 2022.

10
AZEVEDO, Esterzilda Berenstein de. Requalificação urbana e cultura da cidade. Salvador, FAUFBA, 2003, p. 93.

11
Trata-se da escultura “Monumento das Nações”, do artista plástico Kennedy Salles, que passou a integrar a praça no ano 2000, tendo sido restaurada e mantida em posição original na atual intervenção.

12
Presente em toda cidade, compreende os abrigos de ônibus da multinacional francesa JCDecaux.

13
MASCARENHAS, Adriano. Op. cit.

14
A nova localização desses elementos além de cumprir um reordenamento visual, contribuiu também para melhor disposição da iluminação cênica, inclusive para as copas das árvores. A antiga disposição dos postes de iluminação se dava longitudinalmente ao centro dos corredores entre as árvores, fracionando demasiadamente o espaço da praça, aspecto que comprometia a paisagem, segundo o arquiteto.

15
A fim de consolidar o uso de lazer nessa fração da praça dedicada a comunidade local, o arquiteto concebeu uma longilínea plataforma linear, como um “mobiliário fita”, permeável e com múltiplos suportes de uso, nunca executado. Somam-se outros elementos projetados e não realizados, destacados pelo autor, como o tratamento paisagístico e de acessibilidade da galeria aberta limítrofe ao Mercado do Ouro, e a instalação de uma escultura do artista Gaio Matos, na borda da esplanada central voltada a Travessa do Cais Dourado.

16
Trata-se da volumetria da Casa de Velas e da Água Benta, uma nova construção, com traços contemporâneos, resultante do estudo de visuais e alinhamentos com o patrimônio construído do entorno da Igreja do Bonfim, em especial com o Casario das Casas dos Romeiros (século 18).

17
Representativos da consolidação da arquitetura modernista no bairro, mas também da aplicação de uma legislação vigente desde 1954 que pretendia articular as soluções arquitetônicas e urbanísticas, compreende três edifícios comerciais construídos entre 1963 e 1971: Almirante Barroso, Ouro Preto e Cidade do Crato; os dois primeiros de autoria do renomado arquiteto baiano Diógenes Rebouças, cuja obra tem forte influência sobre a produção do Sotero. Salvador y la Bahia de Todos los Santos. In Guia de arquitectura y paisaje. Salvador/Sevilla, 2012, p. 259.

18
A adoção de estruturas em MLC, material quem vem ganhando espaço no âmbito da construção civil a nível nacional e mundial, representa uma inovação, sobretudo por suas características ecológicas, e que coincide com um período de aplicação pelo Sotero em projetos residenciais.

ficha técnica

projeto
Requalificação urbanística da praça Marechal Deodoro

local
Salvador BA Brasil

ano
Projeto: 2018
Obra: 2020

área
21.395,90m²

arquitetura
Arquiteto Adriano Mascarenhas (autor); arquitetos Eric Cabussu, Helder da Rocha e Saulo Coelho (equipe) / Sotero Arquitetos

engenharia
Ana Cristina de Mattos Moraes Andrade (estrutura de concreto e fundações); Edgard Álvares Neto (infraestrutura urbana) e Guilherme Corrêa Stamato (estrutura de madeira)

contratante
Fundação Mário Leal Ferreira / Prefeitura Municipal de Salvador

foto
Tarso Figueira e Sotero Arquitetos

prêmios
Finalista do 8º Prêmio Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel e Menção Honrosa Premiação IAB BA 2021

sobre o autor

George Antônio de Almeida Gomes é bacharel em Arquitetura e Urbanismo (UFBA/2006). Trabalhou no Escritório de Requalificação Urbana do Pilar, Convênio UFBA/CONDER (2007-2009) e foi professor substituto na FAUFBA (2014). Atualmente é Conselheiro Titular no CAU-BA (2021/2023) e dirige o Estúdio 360arquitetura (2012) no desenvolvimento de projetos em escalas e programas diversos. Autor de publicações em periódicos nacionais e internacionais.

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