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Resenha sobre a obra contemporânea Arquitetura da felicidade, do filósofo Alain de Botton, relacionando sua obra com o pensamento de Heidegger e de Michael Graves sobre arquitetura e cidade.

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AZEVEDO BOSI, Felipe. Arquitetura, subjetividade e filosofia. Resenhas Online, São Paulo, ano 11, n. 125.05, Vitruvius, abr. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/11.125/4331>.


Na sua obra, Arquitetura da felicidade, Alain de Botton trabalha a arquitetura sob o ponto de vista da filosofia e da subjetividade, dando ênfase aos sentimentos trazidos da relação do homem com o objeto construído.

Segundo Heidegger em seu texto “Construir, habitar, pensar” (1) o construir-habitar faz diretamente parte do Ser-homem, a arquitetura modifica o modo como o homem vive e como ele se vê.

Partindo de uma premissa similar, De Botton se aprofunda no como a edificação modifica o Ser-homem, começando por trazer material relativo à felicidade em si e sobre a relação do homem com o espaço construído, convidando o leitor a analisar a si próprio, o espaço que vive e o espaço que constrói.

Numa segunda parte, é feita uma analise da evolução da arquitetura ao longo dos anos, começando por um primeiro momento, onde sempre havia um consenso de belo a ser alcançado pelos arquitetos, chegando ao modernismo de Le Corbusier e sua estética racionalista.

Com isso resolvido, Alain passa a uma análise da arquitetura através de sua funcionalidade e virtudes que fazem parte da sua estética, partindo da teoria de que as construções “falam”, sejam pelas suas formas ou por referências, que elas “têm” personalidades e emoções humanas e que elas fazem parte do Ser-homem que os habita.

Seguindo esse raciocínio, o autor defende que cada obra trás consigo uma visão de felicidade, uma visão de valores e virtudes necessárias para essa felicidade. Como Michael Graves, em “Argumentos em favor da arquitetura figurativa” (2), descreve a forma poética da arquitetura, uma reflexão dos mitos e rituais da sociedade.

No final de sua obra, Alain esbarra no embate funcionalidade-estética. Para ele, esses dois aspectos são interdependentes, pois a estética é mais uma das funcionalidades da arquitetura. As construções não apenas desempenham funções como refletem um ideal de beleza e transmitem ideias.

O livro de Alain mostra-se uma obra de linguagem simples, que dialoga com diversas obras da teoria da arquitetura e da filosofia, transformando-as de modo a facilitar o entendimento do leitor, usando simplificações para tornar essa leitura fácil para os leigos em arquitetura e iniciantes na teoria da estética para a arquitetura.

Essa obra é uma obra importante a ser trabalhada com iniciantes em teoria da arquitetura, principalmente por seus diálogos com teóricos e filósofos importantes para o entendimento da conjuntura atual da arquitetura e do urbanismo. Porém esse livro só tem todo o seu potencial trabalhado se o leitor puder fazer por si mesmo essas ligações, questionando-se, filosoficamente, qual é o real impacto das mudanças de perspectiva trazidas por de Botton e os teóricos que o embasam.

notas

1
HEIDEGGER, Martin. Construir, habitar, pensar. In: Ensaios e conferências. Tradução Márcia Sá Cavalcante Schuback. 2ª edição. Petrópolis, Vozes, 2002.

2
GRAVES, Michael. Argumentos em favor da arquitetura figurativa. In: NESBITT. Kate. Uma nova agenda para a arquitetura. Tradução Vera Pereira. São Paulo, Cosac Naify, 2006.

sobre o autor

Felipe Azevedo Bosi, Graduando do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo, tendo trabalhado durante um ano como pesquisador para o grupo de pesquisa Conexão-VIX sob orientação do prof. Ms. Bruno Massara Rocha.

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resenha do livro

Arquitetura da Felicidade

Arquitetura da Felicidade

Alain de Botton

2007

125.05
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