Das dimensões sociais e espaciais da moradia
O presente artigo trata da relação entre modos de habitar (1) e espaço doméstico, mais especificamente, entre a família contemporânea e a organização espacial da sua moradia (2). A família é constituída por indivíduos que se relacionam entre si segundo determinados modos de habitar. A organização espacial da sua habitação, aqui observada por meio dos projetos de apartamentos, é concebida de maneira a abrigar satisfatoriamente os membros da família em seus modos de habitar. Nesse sentido, a habitação é entendida como sendo um padrão de espaços, governado por complexas convenções sobre o que cada espaço é (seu significado), como eles se conectam e são sequenciados e que atividades são desenvolvidas conjuntamente ou individualmente (3).
Segundo Niit (1988), o significado do espaço é dado pela presença real ou potencial do homem (4). A forma como os espaços se conectam e são sequenciados depende, por sua vez, do tipo e da maneira como são desenvolvidas as atividades domésticas. Essa última, segundo Rapoport (1997) é a expressão direta dos modos de habitar das pessoas. Desta forma, a partir da definição de habitação proposta por Hanson (1998), dois elementos de natureza social podem ser destacados: (a) os usuários – por conferir significado aos espaços domésticos – e (b) os modos de habitar – por serem diretamente expressos pelas atividades domésticas. Esses elementos são “as entidades observáveis” da natureza social (5), que podem ser correlacionadas às entidades observáveis da natureza espacial (as propriedades do espaço).
Hanson (1998) sugere que são os modos de habitar que fundamentam os princípios da organização espacial da habitação. Contudo, apesar das idiossincrasias que configuram as distintas experiências familiares, Chapman e seus colegas (1999) sugerem que a habitação não pode ser vista como um domínio essencialmente privado, onde cada família vive sua vida sem influências externas. De fato, diversos estudos demonstram em que medida alterações na estrutura de valores culturais de uma sociedade interferem nos elementos programáticos e estruturais das habitações (6). Kent (1997), por exemplo, demonstra essa relação ao evidenciar que as sociedades baseadas em regras socioculturais mais rígidas tendem a organizar espaços domésticos mais compartimentados e hierárquicos, enquanto que em sociedades baseadas em modelos mais flexíveis, tendem a organizar estruturas espaciais mais flexíveis. Dentro desse pensamento, para haver congruência, no sentido utilizado por Johnson (1994), entre atributos sociais e espaciais, o projeto da habitação deveria dar suporte aos modos de habitar das famílias.
A partir destes pressupostos, considera-se que a produção habitacional deveria demonstrar a diversidade de modos de habitar que constitui a sociedade contemporânea brasileira. No entanto, diversos autores vêm discutindo a padronização das unidades habitacionais produzidas (7), cuja consequência resvala na não conformidade entre o que é oferecido e as expectativas de vida das diversas camadas da sociedade. Isso porque este produto vem sendo projetado para atender a um padrão de família nuclear (8) como modelo de organização social. No entanto, dados censitários (9) indicam crescentes mudanças no perfil sociodemográfico brasileiro, onde o número de estruturas familiares não nucleares aumenta consideravelmente, apresentando, assim, necessidades variadas em relação ao seu habitar (10). A esta diversidade de arranjos familiares associa-se ainda os diferentes estilos de vida que variam segundo origem social, escolaridade, etc., além do crescente indução pelos meios de comunicação por um ideal do “morar bem” (11).
Do morar apartado
No caso das moradias apartadas, a prática da repetição de modelos é mais evidente e problemática. De fato, desde o seu surgimento, os edifícios de apartamentos foram concebidos segundo a “ideia de empilhar, em um mesmo terreno, várias casas, todas iguais entre si” (10). Esse conceito parece perdurar até os dias de hoje, pois a produção de edifícios de apartamentos é predominantemente composta por um conjunto de unidades habitacionais padrão, que se repetem tanto horizontalmente quanto verticalmente (12). Como consequência, observa-se certa uniformidade do produto imobiliário oferecido, seja do ponto de vista programático, seja do ponto de vista do arranjo espacial dos apartamentos.
Caracterizado como um produto de consumo, o edifício de apartamentos passa a estar sujeito a todas as consequências advindas da prática consumista, tida como um ritual que estabelece os contornos da estrutura social e também representa o universo simbólico das sociedades (13). Na prática, as peças publicitárias exaltam determinadas características como ‘satisfatórias’, fazendo com que essas sejam desejadas e, até mesmo, necessárias. Assim, esses ‘negociantes de necessidades’, utilizando o termo usado por Bourdieu (2008), criam a lógica da produção do produto e a lógica da produção de gostos, atestando, assim, o enorme poder do mercado imobiliário em condicionar necessidades relacionadas ao espaço de habitar.
Essas ações publicitárias, divulgadas através das mais diversas mídias, fazem com que, muitas vezes, o estímulo para a aquisição de determinado produto se dê a partir de conotações que o produto passa a carregar consigo (14). Dentre a elite recifense (15), por exemplo, a atitude de escolher morar num ‘condomínio club’ ou num edifício que oferece, dentre outras facilidades, salão de festa com ‘espaço gourmet’ e apartamentos com ambientes ‘da moda’ como os disseminados home theater e home office, passa a ser essencial para se “morar bem”. Reciprocamente, essa maneira de “morar bem” é tida como um dos atributos necessários para que os moradores desses apartamentos sejam reconhecidos como membros de determinados grupos sociais. Além disso, para muitos, não basta apenas possuir um bom apartamento, é preciso que ele seja decorado, de maneira “personalizada” por um renomado arquiteto que lhe confira atributos das estéticas da moda.
Assim, como resultado da: (a) padronização do produto imobiliário, (b) aceleração de mudanças no perfil cultural e demográfico brasileiro e (c) forte indução pelos meios de comunicação do ideal do “morar bem” e de maneira “personalizada”, tem-se o crescente número de apartamentos que são customizados (16) ainda na fase de construção do edifício (17). Essas customizações fazem com que o projeto original (PO) – aquele lançado e comercializado ainda ‘na planta’ – difira em grande medida da solução efetivamente construída – o projeto reformado (PR).
As mudanças são muitas e variadas (18). No entanto, procura-se observar especificamente os PRs que alteram o programa arquitetônico do apartamento, sua organização espacial e dimensão dos ambientes, com o objetivo de entender em que medida alguns atributos da sociedade contemporânea (ou a sociedade do consumo) redefinem certos padrões de conduta social familiar, em particular seus modos de habitar, e como esses têm impacto sobre os padrões espaciais do apartamento, expressos nos projetos originais e reformados.
Para os POs, buscou-se projetos que oferecessem, no mínimo, três quartos sociais (independente do número de suítes) (19), e dependência completa de empregada (20). Atendendo essas características, a seleção dos POs tomou como base de dados a lista de construtoras do site da ADEMI-PE e as propagandas do 4º Salão Imobiliário de Pernambuco, realizado de 30 de março a 03 de abril de 2011. Da pesquisa nessas duas fontes, foi feita uma listagem de 37 construtoras da cidade. No site de cada uma delas procurou-se selecionar, pelo menos, três tipos de empreendimentos: (a) um edifício de apartamentos da categoria ‘lançamento’; (b) um na categoria ‘em construção’; (c) um na categoria ‘construído’ (a partir do ano 2000), totalizando 105 POs. Nove desses POs serviram de base para a análise dos PRs. Para esses últimos, a seleção tomou como principio o acesso aos projetos, que só era possível com a autorização da construtora ou do proprietário do apartamento. Assim, foi feita uma parceria com duas construtoras. A primeira cedeu todos os PRs de todos os edifícios construídos ou em construção a partir do ano 2000 (totalizando sete edifícios). A segunda construtora cedeu apenas os PRs de um edifício, mas que oferece dois tipos de planta. Dentre todos os projetos de reforma desses edifícios, a seleção de casos para a análise priorizou os registros documentais que apresentassem informações sobre o layout, mas também inclui os casos nos quais os rótulos dos ambientes eram claramente apresentados (21).
Dos procedimentos analíticos
Para responder à questão formulada pressupõe-se a aplicação de uma metodologia capaz de analisar e identificar os atributos da organização espacial e os valores sociais das famílias, para, por fim, correlacioná-los.
A análise espacial é feita segundo três variáveis: (a) a funcional: refere-se às funções e às atividades a serem desenvolvidas no apartamento, observada segundo os rótulos dos respectivos ambientes indicados nos projetos originais e reformados; (b) a dimensional: refere-se à área dos setores e dos ambientes domésticos; (c) a configuracional: onde o foco reside na estrutura espacial da planta, observada por meio de propriedades relacionais, de natureza topológica, fundamentadas em procedimentos introduzidos pela sintaxe espacial (22) que identifica as propriedades de acessibilidade (23) e de visibilidade (24) do sistema espacial.
As características identificadas nessas três variáveis servem de base para a classificação dos projetos de acordo com seus graus de tipicidade (GTs) – medida que verifica a existência de padrões de referência através da frequência de ocorrência de cada um dos itens analisados e que define projetos em típicos e atípicos (25), segundo os graus de tipicidade funcional (GTf), dimensional (GTd) e configuracional (GTc). Para cada item descrito a pontuação varia de zero (atípica) a um (típica). A média dos valores de todos os itens define o grau de tipicidade (GT) de cada variável. O grau de tipicidade do projeto (GTP) – original ou reformado, por sua vez, é obtido através da média dos valores dos GTf, GTd e GTc.
Seguindo essa lógica, um baixo valor do GT é obtido quando: (a) os itens analisados apresentam frequências distintas e, por essa razão, não indicam nenhum padrão de referência; (b) os item que apresentam certo padrão de referência não é verificado em algum projeto. De maneira análoga, esse mesmo item contribui fortemente para um alto valor de GT, nos projetos em que o padrão de referência é verificado.
No que se refere aos atributos sociais, observa-se a organização espacial do apartamento como mais um produto de consumo das famílias, ou, como sugere Wilk (26), como um “produto de escolhas e decisões [dos membros da família] padronizadas e limitadas”. Para tanto, o modelo de tendências culturais, proposto por Douglas (1998), se mostra adequado para tratar adequadamente o problema, uma vez que este diferencia quatro tipos de culturas que podem se expressar em várias instâncias – nas casas, no vestiário, no mobiliário, nos estilos de vida, etc.
Esse modelo ressalta quatro eixos e cada um deles destaca uma determinada atitude cultural presente nas sociedades. O eixo definido pela diagonal que liga o quadrante superior direito e o inferior esquerdo é o da afirmação, ou seja, aquele que confirma o status instituído – os costumes culturais aceitos e seguidos pela maioria da sociedade. A diagonal oposta é a da negação desse mesmo status. No eixo horizontal, da esquerda para a direita, os indivíduos aumentam seu grau de comprometimento com um determinado grupo. Quando mais à direita, mais padronizados são os gostos, as preferências e os comportamentos. Quanto mais a esquerda, mais singularizadas são estas preferências, seja afirmando ou negando o status instituído. O eixo vertical diz respeito ao grau de contestação, que tem a finalidade de legitimar seus gostos e preferências, que diminui de baixo para cima.
A partir da visão da família como uma microunidade de consumo, cujo universo de indivíduos é formado pela elite do Recife, é possível tomar o modelo de tendência cultural proposto por Douglas como base taxonômica, segundo a inter-relação entre os quatro tipos de grupos culturais e os projetos típicos e atípicos. Como o modo de habitar de determinado grupo está em certo grau expresso no projeto, a identificação de projetos típicos (que afirmam o status instituído) e atípicos (que negam esse status) pode ser associada aos distintos modos de habitar de uma determinada sociedade. Assim, o GTP é relacionado diretamente ao modelo de tendência cultural, uma vez ambos tomam como base de classificação semelhanças e diferenças entre grupos de indivíduos – no caso do modelo de tendência cultural -, e entre projetos – no caso do GTP.
Deduz-se que as posturas que afirmam o status instituído pela sociedade são as mais predominantes, padronizadas e que seguem padrões de referência. Quando a adoção desses padrões é alta, a postura do indivíduo e o projeto do seu apartamento são considerados muito típicos. Quando a adoção, apesar de ser alta, apresenta uma ou outra característica contrária ao padrão de referência, a postura do indivíduo e o projeto são considerados medianamente típicos. Já as duas posturas que negam o status instituído pela sociedade são caracterizadas pela rejeição desses padrões de referência. No entanto, quando existe a adoção de um ou outro, a postura do indivíduo e o projeto do seu apartamento são considerados medianamente atípicos. Por fim, a fraca existência de padrões de referência caracteriza a postura e o projeto muito atípicos.
Da descrição, análise e discussão dos resultados
O resultado da análise dos 161 projetos (105 POs e 56 PRs) mostra que a organização espacial dos apartamentos expressa tanto uma padronização, quanto uma diversidade e pluralidade. Por um lado, a maior parte dos POs é classificada, segundo as três variáveis, como muito típico – projetos que apresentam muitos padrões de referência, o que confirma a padronização característica dos projetos concebidos pelo mercado imobiliário (Figura 7). Por outro lado, o fato de a maioria dos PRs ser muito atípica, ou seja, se caracterizarem por escolhas isoladas, não são observadas a ocorrência de muitos padrões de referência. Tal resultado confirma a diversidade de atributos sociais que caracterizam a família contemporânea (27).
Em relação à variável funcional, os rótulos são classificados tomando como base a definição dos termos gosto de necessidade e gosto de luxo (28), que, por sua vez, também classificam os rótulos em dois tipos: os de necessidade (29) e os de luxo (30). Em uma habitação, gosto de necessidade é traduzido no conjunto formado pelos ambientes que abrigam as atividades essenciais do morar. Já o gosto de luxo é traduzido em ambientes concebidos para abrigar as demais atividades não relacionadas às necessidades básicas dos moradores.
A análise funcional mostra que algumas características são comuns a todos os POs analisados. Além do conjunto de espaços tradicionalmente destinados às funções de conviver, comer, cozinhar (salas de estar, jantar, e cozinha), repousar (dormitórios) e lavar-se (banheiros) – que, correspondem ao programa de necessidade de uma habitação, todos os POs apresentam também mais quatro rótulos de luxo: (a) um banheiro de serviço; (b) um quarto de serviço (dependência de empregada) (31); (c) pelo menos uma suíte e; (d) uma varanda (32). O que parece é que, para o mercado imobiliário, esses quatro rótulos de luxo são considerados ‘necessários’ para proporcionar uma habitação satisfatória. Nesse sentido, esse conjunto de rótulos pode ser considerado como o núcleo funcional base (NFB) dos projetos oferecidos pelo mercado imobiliário para a elite recifense (33).Uma característica que diferencia os dois tipos de projetos na variável funcional é que enquanto o típico nos POs é oferecer apenas o NFB (34), nos PRs a tipicidade é caracterizada por apresentar, no mínimo, mais dois rótulos de luxo, principalmente referentes a ambientes específicos no setor social e em relação a quantidade de suítes. Nos POs, o típico é oferecer no máximo duas suítes, enquanto nos PRs, no mínimo duas.
O aumento do número de suítes e a mudança no número de quartos é uma das alterações ue mais chama atenção. Apenas 19,64% dos PRs (11 exemplares) não alteram a quantidade de dormitórios originalmente oferecidos, enquanto 80,36% a diminuíram. Vale ressaltar que 57,14% dos PRs não apresentam nenhum quarto, apenas suítes, enquanto que esse percentual no PO é de apenas 28%. Em alguns casos, para que a diminuição do número de quartos e o consequente aumento no número de suítes ocorram, é necessário aglutinar dois deles.
Em termos dimensionais, três aspectos são relevantes: a invariabilidade da proporção de área ocupada pelo setor serviço entre POs e PRs (aproximadamente 20% da área total do apartamento); nos POs, o típico é ter o íntimo como o maior setor, enquanto nos PRs, é o social e por fim, nos PRs, a tipicidade dimensional é marcada por apresentar suítes maiores que os demais dormitórios e com áreas muito superiores ao intervalo médio da amostra (35) – o que não é verificado nos POs.
Em relação aos setores, pode-se dizer que, de uma maneira geral, as alterações feitas nos POs reduzem o setor íntimo, aumentam o social e praticamente não alteram o de serviço. Já no setor íntimo, a suíte principal é o ambiente que ocupa o maior percentual de área nos dois tipos de projetos. No entanto, esse ambiente, que já é bastante destacado nas peças publicitárias, é ampliado ainda mais pelos compradores, criando assim, as “super suítes” (36). Esse aumento de área das suítes indica a valorização desse dormitório no habitar contemporâneo, uma vez que os compradores optam por sua ampliação para abrigar atividades que vão além da função comumente prescrita (e que define sua dimensão mínima) – dormir, descansar -, chegando a abrigar cada vez mais funções, como ler, estudar, trabalhar, ver TV, etc. (37).
Outro dado de relevância é a dimensão do quarto de serviço. Nos POs, aproximadamente 40% apresentam área menor do que a permitida pela Lei de Edificações e Instalações na Cidade do Recife (1997) – 5m2. No entanto, as alterações feitas diminuem ainda mais suas dimensões – muitas vezes para possibilitar o aumento da área de serviço – indicando a baixa valorização desse ambiente por parte da elite da cidade.
Esses resultados das variáveis funcional e dimensional estão intimamente ligado a dois fatores: (a) a disseminação, no ambiente doméstico, de espaços para atividades específicas, como o home theater e o home office (consequência da extensa propaganda nas diversas mídias, que mostram, em quase todos os projetos customizados, a existência desses ambientes); (b) a diminuição do número de membros da família (38).
Esse último dado indica que as famílias de elite adquirem apartamentos com mais dormitórios para transformá-los em ambientes extras do setor social ou ampliar a dimensão da suíte principal. Em relação aos rótulos de luxo, é certo que eles conferem um maior status ao apartamento. Dentre eles, o home theater e o home office parecem ser os de maior destaque, sendo associados ao culto ao novo (39), à tecnologia (40) e à noção do morar bem (41). São, portanto, os preferidos para proporcionar a distinção almejada pelos compradores, uma vez que conferem status e distinção ao apartamento. Assim, alterar a proporção de área setorial dos POs – aproximadamente 50% para o íntimo, 30% para o social e 20% para o serviço, ao ponto da dimensão do social superar a do íntimo, inserir novos rótulos de luxo, bem como ampliar ainda mais a suíte principal são as principais maneiras pelas quais os PRs negam o padrão de referência verificado nos POs.
Quanto à análise configuracional, os valores de integração foram calculados (42) e os resultados organizados sob a forma de inequações, considerando: (a) as atividades domésticas nucleares (ADN), entendidas como aquelas relacionadas às funções de convívio/receber (estar – E), comer (jantar – J), repousar/dormir (suíte – S) e cozinhar (cozinha – C); (b) os setores domésticos – social (soc), íntimo (int) e serviço (serv). As inequações representam tanto o padrão de acessibilidade, quanto de visibilidade, ordenadas do maior para os menores valores de integração.
Ao contrário das variáveis funcional e dimensional, algumas características configuracionais são típicas nos dois tipos de projetos. Tanto nos POs, quanto nos PRs, a configuração do espaço doméstico define maior grau de centralidade aos ambientes tradicionalmente destinados à interação entre habitantes e visitantes (o setor social), enquanto segrega os ambientes do setor íntimo, principalmente a suíte principal – o que lhe confere maior privacidade. Da mesma forma, o ambiente de uso prioritário do empregado doméstico (o quarto de serviço) também é um dos mais segregados nos dois tipos de projeto.
Baseada nos argumentos de Hillier e Hanson (1984), Paula (2007) descreve a existência de uma sutil distinção entre os atributos configuracionais desses dois espaços que, mesmo apresentando altos graus de segregação, devem ser interpretados de maneiras diferentes. Para isso ela descreve “o isolamento por reclusão e por exclusão, cuja distinção aparece expressa nessas configurações distintas para o que, a princípio, são características similares de uso e atividade no espaço” (43). Segundo ela, um espaço segregado posicionado num dos arbustos do grafo de permeabilidade por estar mais raso, indica reclusão, que “pode garantir privacidade para os quartos dos habitantes”. Já espaços segregados posicionados nos grafos em sequência, por estar mais profundo, indicam exclusão, onde “a questão não está relacionada à privacidade dos usuários, mas de outras pessoas, em relação a eles”.
Esse dado configuracional do espaço do quarto de serviço, juntamente com suas reduzidas dimensões, reforça uma característica marcante da sociedade brasileira (44) e que continua sendo expressa nos apartamentos da elite recifense: a forte exclusão social dos empregados domésticos. Essa exclusão é marcada antes mesmo de entrar no apartamento, com o duplo e separado acesso social e serviço, e reforçada pela longa sequência de espaços necessários para se chegar, a partir dos sociais e íntimos, até ao território preferencial do empregado – característica espacial que inibe a percepção de sua presença a partir dos demais ambientes do apartamento. A intenção de exclusão é expressa claramente nas palavras de uma das ‘patroas’ da elite recifense entrevistada por Araujo, “Esqueça a cozinha americana. Feche tudo, porque a minha cozinha é só de empregada. E eu não quero que ninguém veja a empregada dentro de casa”.
Assim, pode-se dizer que os padrões configuracionais típicos dos projetos apartamentos da elite recifense e que caracterizam o status instituído pela sociedade (DOUGLAS, 1998) são: espaços sociais mais integrados e maior segregação para o setor íntimo – proporcionando mais isolamento, e o quarto de serviço – conferindo-lhe mais exclusão.
Mas o que marca, nos PRs, a negação dos padrões de referência são, fundamentalmente, os espaços da cozinha, da sala de estar e da suíte principal. Nos PRs, o setor íntimo, principalmente a suíte principal, torna-se mais segregado, o que faz aumentar, em certa medida, seu grau de privacidade. Além disso, a estrutura espacial dos projetos concebidos pela elite da cidade favorece a interação mais na sala de estar do que na cozinha – o oposto do que ocorre nos POs. Ao contrário do que divulga a mídia – que o fashion é receber amigos e cozinhar para eles na cozinha gourmet (45) – a análise mostra que a cozinha das famílias de elite parece ser pensada mais para as atividades produtivas e de interação entre habitantes e empregados, do que para atividades sociais e de interação entre habitantes e visitantes.
Esses resultados das análises dos projetos expressos pelas três variáveis de análise sugerem que os modos de habitar da elite recifense indicam tanto a permanência de atributos sociais que tradicionalmente vem definindo o espaço doméstico brasileiro, quanto a variação destes, responsáveis por revelar os aspectos idiossincráticos que caracterizam a família contemporânea. Isso é percebido à medida em que, por um lado, POs e PRs continuam a propiciar mais interação no setor social, maior privacidade ao setor íntimo e maior isolamento do empregado doméstico. Por outro lado, os PRs, por serem predominantemente mais atípicos, apresentam características que confirmam a diversidade de atributos sociais ao mesmo tempo em que apontam fundamentalmente para a adoção de duas características legitimadas pelas mídias especializadas como sendo símbolo do morar bem (46): o destaque conferido ao espaço íntimo do casal (mais privativo e maior) e aos ambientes destinados às atividades de convívio social (menos privativos e maiores). Com isso, pode-se dizer que a incorporação desses atributos de luxo ao ambiente doméstico parece ser uma necessidade para que a família proprietária do apartamento seja reconhecida e incluída dentre a camada mais alta da sociedade.
Considerações Finais
A sociedade contemporânea é profundamente marcada pelo consumo. Sendo um fenômeno global, este está presente no cotidiano das pessoas, orienta a organização da vida social e possibilita a aquisição de status e, por essa razão, está associado a campos simbólicos de várias naturezas – produtos das posses econômicas, da experiência profissional ou de qualquer outro aspecto que confira status e seja legitimado socialmente. A legitimação desses símbolos, por sua vez, é feita principalmente através das diversas mídias que estimulam o consumo e associam a adoção de certos objetos ou características ao status social para quem os incorpora.
O consumo do luxo, por exemplo, está sempre associado às classes mais abastadas, tendo em vista que os destituídos de recursos excedentes consomem praticamente o necessário. Neste contexto, o luxo tem a função de evidenciar a posição social do consumidor, sendo assim, objeto-signo de distinção social (47).
O apartamento de elite, visto como mais um produto de consumo, deve se encaixar nesses padrões de consumo tidos como “luxuosos”, estar localizado nos bairros mais privilegiados da cidade, fazer parte de um edifício que ofereça vários itens de lazer nas suas áreas coletivas e apresentar uma organização espacial única (através da customização), que tenha uma série de características que evidenciem seu distanciamento em relação às necessidades básicas do habitar. Esse pensamento justifica o fato da aquisição do apartamento quase sempre vir acompanhada da necessidade da sua adequação para incorporar tais características, que cumprem, assim, uma dupla função (48): a pragmática (possibilitar o desenvolvimento de certa atividade doméstica) e a simbólica (demonstração de bom gosto, de status social, de superioridade sobre outros).
Como visto, a adequação projetual típica da elite recifense (expressa nos PRs) mostram a existência tanto de estratégias de conservação dos princípios sociais que definem a maneira de organizar o espaço doméstico, quanto estratégias que alteram esses princípios. Dentre as estratégias de conservação, expressos tanto nos POs, quanto nos PRs típicos, estão na centralidade das atividades de convívio – salas e cozinha – e no isolamento dos espaços de uso privados dos usuários – dormitórios do chefe da família e do empregado doméstico. Característica típica da habitação brasileira, o baixo status do setor serviço, especialmente do quarto de uso prioritário do empregado doméstico, continua definindo a forte exclusão a que são submetidos. As estratégias que alteram os princípios sociais definidos pelos modos de habitar da elite recifense coincidem com dois dos atributos amplamente divulgados pela mídia. São eles: o destaque conferido aos ambientes de receber (sem incluir a cozinha) e ao espaço íntimo dos membros da família de maior status – ambos indicativos da importância do lazer para a sociedade contemporânea.
Essa valorização se dá principalmente através de atributos que conferem àquilo que é supérfluo – ou de luxo – em relação à função social do habitar, o status de necessidade, seja por razões puramente práticas, seja também por razões simbólicas. Esses atributos são expressos nos PRs de diferentes maneiras e com frequências variadas, quais sejam: (a) ampliando a dimensão desses espaços; (b) introduzindo rótulos que proporcionem uma maior especialização das atividades através de ambientes exclusivos para o seu desenvolvimento (como o home theater e o home office, por exemplo); (c) conferindo características configuracionais que favoreçam o adequado desenvolvimento das atividades prescritas para eles.
Os resultados da investigação permitem concluir, portanto, que muitas características dos projetos de apartamentos típicos da elite recifense vêm da necessidade intrínseca à função de habitar. Outras simbolizam valores próprios da sociedade de consumo contemporânea. Essas últimas são os artigos de luxo (como as super suítes máster e a grande dimensão do setor social), se comparados a habitações de famílias de classes sociais mais baixas. Entretanto, para essa classe de consumidores, esse luxo é necessário para proporcionar a distinção e marcar a posição social a que pertencem, seja por conservação – no caso da elite tradicional (aquela já consolidada)- seja por transformação – no caso da nova elite (a recém ascendida socialmente). Assim, quando o luxo é necessário, ele passa a ser, então, um instrumento que codifica e reafirma o status social do morador por meio da sua habitação.
notas
NA – Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo À Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) pelo suporte ao desenvolvimento de parte da investigação.
1
Os modos de habitar, que também é chamado de modos de vida (TRAMONTANO, Marcelo. Novos modos de vida, novos espaços de morar. São Carlos, EESC-USP, 1993), modos de morar (LAWRENCE, Roderick J. Public collective and private space: a study of urban housing in Switzerland. In: KENT, Susan (Ed.). Domestic architecture and the use of space: an interdisciplinary cross-cultural study. Cambridge: Cambridge University Press, 1997; PAULA, Viviane da Cunha. Espaço e sociedade: apartamentos no Rio de Janeiro no século XX. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007; RAPOPORT, Amos. Systems of activities ad systems of settings. In: KENT, Susan (Ed.). Domestic architecture and the use of space. Cambridge, Cambridge University Press, 1997.) são um dos aspectos que caracterizam estilos de vida e expressos pela maneira como certos grupos desenvolvem as atividades domésticas.
2
Casa, moradia, habitação, apartamento, etc., são termos comumente referidos a espaços de habitar. Alguns deles são usados para se referir a tipologias distintas, como casa e apartamento, por exemplo. Outros são usados de maneira genérica, independente da tipologia, como é o caso dos termos moradia e habitação. Nesta investigação, os espaços de habitar, independente da sua tipologia, são genericamente denominados de habitação.
3
HANSON, Julienne. Decoding homes and houses. Cambridge, Cambridge University Press, 1998.
4
A presença potencial é representada através dos rótulos descritos nos projetos. Rótulo é o texto que prescreve a função do espaço.
5
RAPOPORT, Amos. Op. cit.
6
AMORIM, Luiz. The sector's paradigm: a study of the spatial and functional nature of modernist housing in Northeast, Brazil. Tese de doutorado. University College of London, London, 1999; TRAMONTANO, Marcelo. Apartamentos e vida privada na cidade de São Paulo. Tese de Livre Docência. São Carlos, Universidade de São Paulo, 2004.
7
BRANDÃO, Douglas Queiroz. Diversidade e potencial de flexibilidade de arranjos espaciais de apartamentos: uma análise do produto imobiliário no Brasil. Tese de doutorado. Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002; TRAMONTANO, Marcelo. Apartamentos e vida privada na cidade de São Paulo (op. cit.).
8
“Grupo social que compreende, no mínimo, um homem e uma mulher unidos pelos laços socialmente reconhecidos do casamento e um ou vários filhos biológicos ou adotados”. AGHASSIAN, Michel; AUGÉ, Marc. Introdução ao vocabulário do parentesco. In: AUGÉ, Marc (Dir.) Os domínios do parentesco: filiação, aliança matrimonial, residência. Lisboa: Edições 70, 1973. p. 11-74.
9
IBGE, 2010.
10
BERQUÓ, Elza. A família no século XXI: um enfoque demográfico. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 6. 1989.
11
As características das unidades e do padrão de repetição são definidas segundo diversos critérios, como as restrições impostas pelas leis de uso e ocupação do solo, determinantes para a definição da geometria das edificações, a localização do empreendimento e os aspectos de mercado, definidores do produto imobiliário segundo as classes de consumidores.
12
LEMOS, Carlos. História da casa brasileira. São Paulo, Contexto, 1989.
13
DOUGLAS, Mary. Estilos de pensar. Barcelona, Gedisa, 1998.
14
BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. São Paulo, Perspectiva, 2000.
15
O termo “elite” é um adjetivo comumente utilizado para designar grupos hierarquicamente superiores. Neste caso, econômico e socialmente superior. Baseada em Ferreira (2001, apud ARAUJO, 2006), Araújo define as tradicionais e novas elites recifenses, que vivem e trabalham na capital pernambucana, aquelas famílias que formadas por profissionais bem sucedidos que possuem renda superior a R$ 10.000,00.
16
O neologismo customizar tem origem no inglês customer (cliente) e vem sendo utilizado em diversos campos do conhecimento que lidam, principalmente, com a produção de bens de consumo. É aplicado com o sentido de adaptar, personalizar um produto às preferências do cliente.
17
No contexto recifense, a customização dos apartamentos ainda na fase de construção do edifício tem sido cada vez mais frequente, principalmente a partir dos anos 1990, quando o Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990) entrou em vigor e estabeleceu normas para as relações de consumo, como, por exemplo, o dever do empreendedor de ficar responsável por cinco anos sobre todas as reformas realizadas no edifício e nos apartamentos.
18
As mudanças vão desde a alteração no tipo e cor do revestimento de pisos e paredes, no aumento, diminuição ou deslocamento de pontos hidráulicos e elétricos, até àquelas que mudam o programa arquitetônico, a organização espacial do apartamento e, consequentemente, as dimensões dos ambientes.
19
Para abranger tanto as famílias mais numerosas – que podem permanecer com o número original de quartos – quanto as menos numerosas – que, na reforma, possam utilizar o quarto original para finalidades diversas.
20
O objetivo é verificar se este cômodo continua sendo usado para a função predefinida – abrigar a atividade de descansar da empregada doméstica – ou se apresenta funções variadas.
21
GRIZ, Cristiana Maria Sobral. Quando o luxo é necessário. Sobre projetos de apartamentos no Recife. Tese de doutorado. Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 2012.
22
HILLIER, Bill; HANSON, Julienne. The social logic of space. Cambridge, Cambridge University Press, 1984.
23
A propriedade de acessibilidade indica o número de porções de espaços necessários para o movimento entre dois deles. A propriedade é medida pelo valor de assimetria relativa, relacionada à noção de profundidade, medida que expressa a relação de permeabilidade entre espaços. HILLIER, Bill; HANSON, Julienne. Op. cit.
24
A propriedade de visibilidade indica o número de porções de espaços necessários para a visão entre eles. Assim como a acessibilidade, a visibilidade é medida pelo valor de assimetria relativa, neste caso, expressando a relação de visibilidade entre espaços. HILLIER, Bill; HANSON, Julienne. Op. cit.
25
O termo ‘típico’ é um adjetivo que representa o padrão de referência que distingue uma pessoa ou um objeto. As características iguais dentre um grande número objetos formam um padrão de referência típico deles. De maneira análoga, as características que se diferenciam do padrão de referência determinam objetos atípicos.
26
WILK, Richard R. The built enviroment and consumer decisions. In: KENT, Susan (Ed.). Domestic architecture and the use of space. Cambridge, Cambridge University Press, 1997, p.35, grifo nosso.
27
A família na contemporaneidade não é única, ou pelo menos, não caracteriza um tipo específico de família, com valores e composição mais homogêneos.
28
BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo, Edusp, 2008.
29
São aqueles mínimos necessários para a realização das funções de morar, que, no caso dos apartamentos analisados são: sala de estar e jantar, cozinha área de serviço e banheiro.
30
São eles: varanda, quarto e banheiro de serviço, suíte, lavabo, home theater, home office, copa, despensa, depósito, closet, roupeiro, estar íntimo.
31
Os POs que não contam com dependência de empregada são variações dos empreendimentos que oferecem mais de uma opção de planta, já que ter esses ambientes foi um dos requisitos da seleção dos imóveis analisados.
32
A varanda aprece em 98,10% dos casos, já que apenas dois POs não contém esse item programático
33
Apesar do quarto e do banheiro social não estarem presentes em 100% dos POs (aqueles que só oferecem suítes, na maioria dos casos, não oferecem bwc social), esses rótulos são incluídos no núcleo funcional base por serem rótulos de necessidade.
34
Com um ou, no máximo, dois rótulos de luxo.
35
Maiores que 21m2.
36
GRIZ, Cristiana Maria Sobral. Op. cit.
37
BRANDÃO, Douglas Queiroz. Diversidade e potencial de flexibilidade de arranjos espaciais de apartamentos: uma análise do produto imobiliário no Brasil. Tese de doutorado. Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina , 2002; FRANÇA, Franciney Carreiro de. Indisciplina que muda a arquitetura: a dinâmica do espaço doméstico no Distrito Federal. Tese de doutorado. Brasília, Universidade de Brasília, 2008; PAULA, Viviane da Cunha. Op. cit.
38
IBGE, 2010.
39
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro, Zahar, 2001.
40
REQUENA, Carlos Augusto Joly. Habitar híbrido: interatividade e experiência na era da cibercultura. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.
41
ARAÚJO, Kátia Medeiros de. Consumo e reconhecimento social: a valorização do “morar bem” entre Novas Elites do Recife. Tese de doutorado. Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 2006.
42
Os cálculos foram realizados utilizando-se o programa JASS, desenvolvido pelo SAD – Spatial Analysis & Design, KTH School of Architecture, Stockholm.
43
PAULA, Viviane da Cunha. Espaço e sociedade: apartamentos no Rio de Janeiro no século XX. Tese de doutorado. Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007, p. 302.
44
Alguns autores apontam para seu o gradativo desaparecimento, ou para uma utilização diferente da originalmente pensado para esse ambiente. TRAMONTANO, Marcelo. Apartamentos e vida privada na cidade de São Paulo (op. cit.), FRANÇA, Franciney Carreiro de. Indisciplina que muda a arquitetura: a dinâmica do espaço doméstico no Distrito Federal. (op. cit.); BRANDÃO, Douglas Queiroz. Diversidade e potencial de flexibilidade de arranjos espaciais de apartamentos: uma análise do produto imobiliário no Brasil (op. cit.).
45
Sendo uma renovação da chamada ‘cozinha americana’, a gourmet é caracterizada pela sua integração com as áreas sociais da casa, como a sala de estar e jantar.
46
ARAÚJO, Kátia Medeiros de. Consumo e reconhecimento social: a valorização do “morar bem” entre Novas Elites do Recife. Tese de doutorado. Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 2006.
47
BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. São Paulo, Perspectiva, 2000.
48
Idem, ibidem.
sobre os autores
Cristiana Griz é arquiteta e urbanista (UFPE, 1998), especialista em Patrimônio Construído pela Universidad Politécnica da Catalunia (Barcelona-1999), mestre (2004) e doutora (2012) em Desenvolvimento Urbano pela UFPE. Professora Adjunta do Dept. de Expressão Gráfica e pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Arquitetura (lA2) da UFPE atuando dentro do campo da morfologia da arquitetura e urbanismo.
Luiz Amorim é arquiteto e urbanista (UFPE, 1982), PhD na Bartlett School of Graduate Studies pela University College London (1999). Professor Associado da UFPE, atuando no Curso de Arquitetura e Urbanismo e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano, onde coordena o Laboratório de Estudos Avançados em Arquitetura (lA2) e o Grupo de Pesquisa de Morfologia da Arquitetura e do Urbanismo.