Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

architectourism ISSN 1982-9930


abstracts

português
Dino Rodrigues Santos relata passeio de caminhantes que percorrem rota no litoral sul capixaba

english
Dino Rodrigues Santos describes the hikers walk through the southern coast of Espírito Santo State in Brazil

español
Dino Rodríguez Santos relata el paso de caminantes que recorre el litoral sur de la provincia de Espírito Santo

català
Dino Rodrigues Santos relata passeio de caminhantes que percorrem rota no litoral sul capixaba


how to quote

RODRIGUES SANTOS, Dino. Rumo à Anchieta. Arquiteturismo, São Paulo, ano 01, n. 006.06, Vitruvius, ago. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/01.006/1352>.


Neste relato quero registrar a minha participação num acontecimento que já faz parte do calendário capixaba. Trata-se da caminhada Passos de Anchieta, que neste ano de 2007 teve a sua décima edição.

Assim, no último feriado de Corpus Christi e pela terceira vez consecutiva, durante quatro dias ensolarados peregrinei com mais de dois mil andarilhos de diversas origens, naturalidades e idades os 100 quilômetros de parte do litoral capixaba por onde o padre José de Anchieta percorria quinzenalmente no final do século XVI entre os atuais municípios de Vitória e Anchieta, estado do Espírito Santo.

Caminhar pela rota citada significa ter a oportunidade de se defrontar com vários cenários de beleza e que remontam a aspectos históricos, culturais, esportivos, espirituais e turísticos.

O evento é organizado pela ABAPA – Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta, uma ONG que tem como objetivo consolidar a manutenção da trilha percorrida por aquele que é considerado o primeiro andarilho brasileiro.

Ao longo de todo o caminho, que conta com sinalização instalada por meio de placas, os participantes dispõem de uma estrutura de apoio com assistência médica adequada e sentem o acolhimento das comunidades locais.

Vale destacar que agências prestam serviços com pacotes turísticos completos exclusivos para peregrinos. Outros passam a noite, conforme a conveniência em hotéis, albergues, pousadas, casas de família e campings situados nos municípios visitados.

Rumo ao sul, no primeiro dia a concentração é feita no pátio da Catedral Metropolitana da capital capixaba onde foi possível encontrar vários amigos do grupo de caminhadas Andarilhos Capixabas, que assim como eu, vestem uma camisa verde com o logo dessa grande família.

Após o aquecimento físico inicial, por volta das sete e trinta da matina, saímos da Cidade Alta passando pela Av. Beira Mar rumo à Prainha, em Vila Velha.

De lá rumamos para o Convento da Penha, uma das mais antigas edificações católicas brasileiras. Desse local é possível ter uma bela visão da baía de Vitória.

Em seguida retornamos ao lado posterior do sopé do convento e todos fomos recepcionados com a primeira calorosa recepção: um belo café da manhã que é oferecido anualmente pelos moradores de uma rua próxima.

Depois de contornar o Morro do Moreno, região situada na entrada de um braço de mar, o passeio segue pelo calçadão da orla tendo de um lado os verdes mares de Vila Velha e do outro a sky-line dos espigões.

Em seguida inicia-se a reta final da primeira etapa por uma estrada de chão até chegar à Barra do Jucú, uma antiga vila de pescadores famosa pelo folclórico congo e pela praia que é um point de surfistas.

No dia seguinte, após a saída na pracinha da barra, passamos às margens da carente comunidade de Terra Vermelha cenário que se contrapõe à Interlagos, bairro seguinte onde estão implantadas residências de alto padrão construtivo.

Mas, o que marca a “andança” nos 28 quilômetros da sexta-feira é o extenso trecho de areia grossa à partir da vila de pescadores na Ponta da Fruta, sendo a larga faixa arenosa marginal à reserva ambiental Paulo César Vinha a maior dificuldade para a grande maioria.

Essa vivência se dá entre céu, sol, mar, areia e muita vegetação de restinga. Assim que essa parte foi vencida surgiu uma agradável surpresa: águas de coco foram oferecidas pela organização.

E isso caiu muito bem sob o sol escaldante da tarde que se iniciava, permitindo comemorar a prazerosa “obrigação” de alcançar mais uma chegada, agora na praia de Setiba, a primeira de uma série no município de Guarapari.

As paisagens da cidade-saúde marcam o sábado. O relevo praiano apresenta-se segundo uma combinação de mar, pequenas montanhas, rios e lagos numa composição entre o natural e o artificial da ocupação humana.

Depois de romper as praias de Santa Mônica e Perocão chegamos às Três Praias que são uma seqüência de três pequenas enseadas evidenciando um bucolismo formado pela associação entre o ar litorâneo e as ainda características rurais do seu entorno imediato.

Em seguida os andarilhos têm acesso liberado nas praias particulares da Aldeia, um condomínio residencial de alto luxo cuja implantação tira o melhor proveito da privacidade que a topografia do local proporciona.

A partir daí as praias revelam uma ambiência urbana, sendo que após passar pela região central da cidade é preciso “encarar” cerca de seis quilômetros de asfalto até chegar à um conjunto de enseadas conhecidas como Enseada Azul.

Mas, para concluir os 25 kms dessa penúltima jornada ainda é necessário galgar uma pequena “pirambeira” ao final da Praia dos Padres até que ao descer da elevação as últimas pegadas são deixadas na famosa Meaípe, local muito badalado no verão e onde também é possível degustar a famosa e saborosa muqueca capixaba.

Manhã de domingo. O sol nasce e muitos “apressadinhos”, inclusive eu, partem antes do horário oficial. Ainda restam 23 kms e à essa altura meu corpo está mais do que adaptado aos oito quilos da mochila.

As passadas iniciais conduzem à Mãe Bá, uma vila já na cidade de Anchieta que saúda festivamente os que por ali passam. Cerca de mil metros depois o pontal de Ubu é avistado protegendo a pequena vila de mesmo nome.

Após cruzar a Praia de Guanabara, onde ocorre desova de tartarugas marinhas, o caminho apresenta-se pavimentado na orla da Praia de Castelhanos cuja qualidade da água do mar é reconhecida por organismos ambientais internacionais.

Mas o chão de terra batida surge novamente, agora pela última vez, nos contornos da Praia da Boca da Baleia onde em alguns momentos o mar é avistado através de pequenos vãos na massa verde que separa a praia da trilha dos caminhantes.

Dez e quarenta da manhã e observo a última perspectiva grandiosa: a praia central de Anchieta é avistada, faltando apenas cerca de três mil metros.

Música e queima de foguetes já são ouvidos. A cordialidade e a simpatia dos moradores locais ofertando mensagens de incentivo e alimentos nas portas de suas casas também me estimularam a superar todos os meus limites, reunindo todas as minha forças.

Assim, quando menos imagino, me aproximo do pórtico de acesso ao Santuário do Beato José de Anchieta e subo a ladeira final onde está a igreja em que se encontra o Museu de Anchieta.

Esse esforço físico final representa a subida à um podium simbolizando a superação que, sem dúvida, é uma dos significados mágicos dessa caminhada coletiva.

sobre o autor

Dino Rodrigues Santos, 30, natural de Cachoeiro de Itapemirim - E.S. é arquiteto e urbanista pela Universidade Federal Fluminense (2002) e mestre em engenharia civil (2004) na área de concentração em Produção Civil: Sistemas de Gestão, Produção e Qualidade pela mesma instituição. Com atuação tanto no segmento acadêmico quanto nos setores de projeto e gerenciamento, além de andarilho também é sócio-fundador e conselheiro da ANDAR – Associação dos Andarilhos Capixabas.

comments

006.06 Na estrada
abstracts
how to quote

languages

original: português

share

006

006.01 Fotografia

Oriente sem pressa

Pedro Gorski

006.02 Paisagem natural

A viagem de inverno

Menene Gras

006.03 Entrevista

O homem e a paisagem construída

Eduardo Barra

006.04 Arquiteturismo em questão

Maravilhosas máquinas urbanas

Abilio Guerra

006.05 Roteiro de viagem

Moçambique: semelhante e diferente

Marcelo Antoniazzi

006.07 Turismo e cultura

Curso livre no IEB-Viagem viajantes viajores

Abilio Guerra and Michel Gorski

006.08 Editorial

Troque o almoço por um passeio

Abilio Guerra and Michel Gorski

006.09 Ministério do Arquiteturismo

Ministério do Arquiteturismo adverte

Ricardo Hernán Medrano

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided