O Juca é um grande amigo, na profissão, um dos meus ídolos. Fotógrafo, dos melhores destas terras, voltado para a documentação e o jornalismo, batalhador desde sempre pela dignidade deste ofício, mentor de idéias como a independência espiritual e editorial, a posse dos originais, e o cooperativismo que confluíram na criação da Agencia F4.
O “Portuga” é um paulistano orgulhoso, sua cidade sempre foi tema privilegiado em seu trabalho, e de muitas maneiras. Durante a ditadura militar, em branco e preto, a cobertura jornalística dos eventos que sacudiram o país, de um lado os manifestantes, do outro os militares com “brucutus”, bombas de gás, dobermans e armas de fogo. A Febem nos seus primórdios e o ressurgimento de um novo sindicalismo no ABC, entre outras tantas pautas.
Depois, mas ainda em preto e branco, realizou uma série de fotografias panorâmicas da cidade que resultam no livro São Paulo Capital, editado pelo Instituto Moreira Salles.
Neste ensaio mais recente o Juca fica colorido, forte e vibrante. Fragmentos desta cidade onde a cor, quase psicodélica, explode saturada em todo o quadro, ou em pinceladas que surgem salpicando o cinza Sampa, revelando a grandeza, a loucura, a pluralidade e multietnicidade de São Paulo, Capital.(1)
nota
1
Texto de Salomon Cytrynowicz, fotógrafo e professor.
sobre o autor
Juca Martins é fotógrafo profissional desde 1970, produzindo reportagens para jornais, revistas nacionais e internacionais. Ganhou o Prêmio Esso de Fotografia (Brasil) com uma série de reportagens sobre menores, duas vezes o Prêmio Internacional Nikon (Japão) e o Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos (Brasil) com reportagem sobre a guerra de El Salvador. Sua obra está registrada nos livros Antologia fotográfica (Dazibao, 1990), Crianças do Brasil (Fundação Cargill, 1996) e São Paulo/Capital (Instituto Moreira Salles, 1998) e no vídeo Encontro com o artista / Juca Martins (Instituto Itaú Cultural, 1993).