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architectourism ISSN 1982-9930


abstracts

português
Neste artigo Caio Sergio Calfat Jacob apresenta a transformação da paisagem da capital carioca por meio dos imagens dos hotéis na beira mar, especialmente de cartões postais

english
In this article Caio Sergio Calfat Jacob presents the transformation of Rio de Janeiro's landscape through images of the hotels on the seaside, especially with postcards

español
En este artículo, Caio Sergio Calfat Jacob presenta la transformación del paisaje de la capital carioca por medio de las imágenes de los hoteles en la orilla del mar, especialmente mediante tarjetas postales


how to quote

CALFAT JACOB, Caio. Hotéis e urbanismo no Rio de Janeiro. Arquiteturismo, São Paulo, ano 01, n. 009.04, Vitruvius, nov. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/01.009/1377>.


Os primeiros hotéis de negócios eram empreendimentos de luxo, localizados nos centros financeiros das grandes cidades, junto aos mais importantes estabelecimentos públicos e empresas, inseridos na principal atração turística local.

Os terrenos eram especiais e as construções apresentavam o que havia de mais moderno, o que proporcionava ao empreendimento hoteleiro substancial sobrevalorização sobre o patrimônio imobiliário.

Com isso, os hotéis bem sucedidos passaram a desempenhar a função de indutores de expansão urbana e desenvolvimento imobiliário, em torno dos quais a cidade crescia, determinada pelo padrão indicado pelo hotel.

No Brasil há diversos empreendimentos, planejados ou não, com estas características.

No Rio de Janeiro, desde o início do séc. XX, verifica-se este fenômeno: o arrojado projeto de abertura da Avenida Central pelo Prefeito Pereira Passos, com a desapropriação de mais de três mil imóveis e o planejamento de edificações ao longo desta avenida de inspiração européia, abrigou, entre seus prédios, o Palace Hotel, do empresário Otávio Guinle, de 1910 e o Hotel Avenida, construído pela Light em 1906, referências de arquitetura e padrões operacionais, iniciando no país a atividade hoteleira, até então limitada a estalagens e modestas hospedarias.

O Hotel Avenida, demolido em 1957 para dar lugar ao Edifício Avenida Central, foi o mais importante hotel da capital da república, no início do século XX, oferecendo 220 apartamentos, com base em incentivo governamental que isentava de emolumentos e impostos, por sete anos, os primeiros grandes hotéis que se instalassem na avenida, com o objetivo de melhorar a qualidade dos equipamentos hoteleiros para a realização da Exposição Nacional, no centenário da abertura dos portos brasileiros.

O Hotel Copacabana Palace, de 1923, também de Otávio Guinle – um dos principais empresários brasileiros, proprietário da Companhia Docas – e projeto de Joseph Gire, inspirado nos hotéis Negresco de Nice e Carlton de Cannes, é o que melhor se enquadra nesta situação, construído na orla de Copacabana praticamente vazia; o bairro cresceu em torno do hotel, no mesmo padrão de sofisticação.

A valorização imobiliária proporcionada por este hotel é incalculável - o Rio, antes do “Copa”, limitava-se ao centro, Flamengo, Botafogo e Glória; a construção do túnel ao Leme e do hotel indicou um novo desenvolvimento urbano.

Sem o Copacabana Palace, o bairro teria crescido, mas certamente não da mesma forma; como desdobramento, o crescimento da sofisticada Copacabana, proporcionou, após trinta anos, o surgimento, em alto estilo, de Ipanema e Leblon.

A partir de 1930, a Cinelândia – região em torno da Praça Floriano, junto à Av. Rio Branco (ex-Avenida Central) – abrigou hotéis, teatros, boates, bares e restaurantes e se notabilizou como a principal região de entretenimento da efervescente capital da república, uma verdadeira broadway carioca.

Neste cenário, surge o Hotel Serrador, oferecendo ótimos serviços a empresários, políticos e alta sociedade, oferecendo a famosa boate Night & Day.

O alto edifício com arrojadas linhas em art décó induzia à verticalização, em uma região que passava pela substituição de arquitetura dos prédios de inspiração francesa e inglesa dos tempos da Avenida Central, como o Palácio Monroe, o Teatro Municipal, o Palácio Pedro Ernesto, entre muitos outros, para os arranha-céus de influência norte-americana.

A mudança da capital para Brasília causou profunda crise em todos os setores produtivos do Rio de Janeiro, o que refletiu em grave crise em seu parque imobiliário, com evidentes conseqüências no setor urbano.

Desta forma, mesmo com o Rio de Janeiro mantendo-se, durante as décadas seguintes, até os dias atuais, como o principal destino turístico brasileiro (recebendo cerca de 36% dos estrangeiros que vêm ao Brasil), seu parque hoteleiro sofreu grande degradação e foi pouco renovado na segunda metade do século XX.

Nos anos 1970, os hotéis altos de Copacabana – Rio Othon Palace e Le Méridien despontaram nos céus de Copacabana, modificando a paisagem da orla e indicando um novo crescimento imobiliário, ocorrido no início dos anos 1980, substituindo-se antigos prédios nas ruas próximas à praia por edifícios residenciais e comerciais de alto padrão.

Ao mesmo tempo, observou-se acentuado crescimento urbano em outras regiões turísticas do Rio de Janeiro: a construção do Hotel Caesar Park (1979) exerceu forte influência no desenvolvimento e padrão construtivo de Ipanema, assim como os hotéis Sheraton (1974), Nacional (1968) e Inter-Continental (1974), o primeiro na Praia do Vidigal e os outros dois em São Conrado, iniciaram o desenvolvimento imobiliário da região oeste, rumo à Barra da Tijuca.

Estes foram os primeiros grandes hotéis com projetos de redes internacionais a se instalarem no Rio de Janeiro, influenciando definitivamente as construções residenciais destas localidades, como alternativas aos bairros de Copacabana, Ipanema e adjacências.

Vale destacar que os imóveis de São Conrado estão entre os mais valorizados do Rio até os dias atuais, mesmo com o fechamento do Hotel Nacional e apesar do crescimento das favelas próximas, que poderiam ser fatores inibidores de desenvolvimento urbano e imobiliário.

sobre o autor

Caio Sergio Calfat Jacob, engenheiro civil pela Universidade de Mogi das Cruzes, sócio-diretor da CJ&N Real Estate Consulting e da NBB – National Business Brokers Brasil, professor de Planejamento de Empreendimentos Hoteleiros do MBA Real Estate, da FUPAM FAU-USP e do Curso de Especialização de Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil da FAU-Mackenzie.

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