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architectourism ISSN 1982-9930

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SPOLON, Ana Paula. Aqui tem informação... e emoção. Arquiteturismo, São Paulo, ano 01, n. 009.07, Vitruvius, nov. 2007 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/01.009/1380>.


É verdade, “mesmo nos guias pouca atenção é dada ao turista no que se refere à informação sobre o lugar e seus habitantes, na esteira do tempo, seus hábitos e costumes, suas histórias e suas lendas. Há muito a fazer entre nós, teóricos das viagens, para otimizar a experiência da visita: estimular o olhar, provocar a curiosidade e levar o visitante a descobrir toda a magia do lugar!” (Mario Carlos Beni. "Colecionando destinos", p. 280).

Nasci em 1969 e, neste ano, em setembro, Mário Beni conta que estava em Paris (e esteve lá muitas vezes depois). Andava por Montmartre, pelo Marais e pela Île-de-France. Respirava o Sena e fotografava, na memória, os lugares das histórias das obras literárias, das músicas, das óperas, dos filmes. E da arquitetura. Dos edifícios, das ruas, do sistema de transportes, dos jardins. Fui pela primeira vez para a Europa em 2006. Londres e Paris. Quis saber onde Mário Beni estava. Parece que em 2006 ele não esteve em Paris – é maluco ler esse livro, a gente fica querendo reconstruir as andanças do professor, como em um mapa animado ao estilo Mapa do Maroto do Harry Potter, só que temporal, sabe-se lá se com as pegadas em cores, por décadas viajadas (quantas cores necessárias então????).

Em 2006 Beni passou apenas por Londres, onde já havia estado por outras sete vezes, desta vez de volta de uma viagem à Índia. Como eu, assumiu-se flâneur e andou pela cidade. Fez isso em homenagem ao pai, cujo centenário de nascimento havia sido comemorado no ano anterior, “experimentando um estado emocional consideravelmente dilatado”.

Foram estas duas características do livro de Mário Beni as que mais me impressionaram – o respeito ao leitor/turista, no sentido de compartilhar com ele todas as informações que para o autor foram de alguma forma importantes, escapando de criar mais um mero guia de viagens e dando corpo a uma obra efetivamente capaz de otimizar a experiência de uma viagem ao exterior.

A segunda foi a generosidade do autor de entregar não informações frias e apontamentos cirúrgicos, mas as delicadas histórias que lhe vão na alma. É isso que faz com que o livro seja de fato diferente. É por isso que o livro emociona.

Em 2006 Beni passou apenas por Londres, onde já havia estado por outras sete vezes, desta vez de volta de uma viagem à Índia. Como eu, assumiu-se flâneur e andou pela cidade. Fez isso em homenagem ao pai, cujo centenário de nascimento havia sido comemorado no ano anterior, “experimentando um estado emocional consideravelmente dilatado”.

Foram estas duas características do livro de Mário Beni as que mais me impressionaram – o respeito ao leitor/turista, no sentido de compartilhar com ele todas as informações que para o autor foram de alguma forma importantes, escapando de criar mais um mero guia de viagens e dando corpo a uma obra efetivamente capaz de otimizar a experiência de uma viagem ao exterior.

A segunda foi a generosidade do autor de entregar não informações frias e apontamentos cirúrgicos, mas as delicadas histórias que lhe vão na alma. É isso que faz com que o livro seja de fato diferente. É por isso que o livro emociona.

Da mesma forma que Mário Beni opta por escancarar sua visão pessoal a respeito dos (muitos) lugares pelos quais passou, a gente, quando lê, mescla a nossa visão à dele, construindo sim uma nova experiência, incomparável. Como o ato que José Ernesto Bologna, no prefácio do livro, descreve como “relatar a própria experiência, e com ela instigar sua (impossível) repetição”.

Sim, Mário Beni aparece, neste livro, com alguém extremamente generoso. Entrega sem pudores suas impressões sobre destinos de todos os continentes ou, se preferirem, sobre o mundo inteiro, recolhidas em 40 anos de viagens.

Fico pensando em como aproveita bem o tempo este professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), graduado em 1968 em Ciências Jurídicas e que em 1975 optava por um programa de mestrado em Ciências Sociais, mas cujo objeto de pesquisa era já o turismo.

O doutorado e a livre-docência pelo mesmo caminho foram um movimento natural. E ele fez isso tudo e não deixou de viajar. A gente às vezes cancela até a ida ao parque porque tem que escrever uma ou duas páginas. Miremo-nos no exemplo...

Dedicado ao ensino e à pesquisa na área do turismo desde a década de 1970, Mário Beni é hoje uma das mais respeitadas autoridades nacionais – e mundiais - da área do turismo. Com isso, não precisava aventurar-se na literatura não-especializada. Mas o faz com maestria. Bom para nós.

Em um livro longo, mas agradabilíssimo, conta de suas passagens pela África, Américas, Ásia, Europa, Mediterrâneo, Oriente Médio e Oceania. Estadas em destinos previsíveis para quem muito viaja, como Miami e Buenos Aires, ou absolutamente inusitados, como Dubrovnik ou Rotorua. Mário Beni encanta-se, critica, expõe suas inseguranças e, acima de tudo, mostra-nos os lugares pelo próprio olhar.

O texto está organizado por capítulos que fazem referência às regiões exploradas, dentro dos quais há blocos dedicados aos países todos visitados, dispostos em ordem alfabética. Em cada um dos blocos, as viagens são descritas seguindo-se o tempo cronológico no qual foram realizadas.

Desta forma, o livro pode ser lido como ao leitor bem lhe aprouver. Do começo ao fim - página a página, um tantinho por dia, começando-se do início, do meio ou de onde se desejar. Hoje e nos dias seguintes. E no futuro, a qualquer tempo, antes de uma dessas viagens de sonho.

A Editora SENAC São Paulo, por seu lado, faz jus ao trabalho do autor para nos entregar um produto de qualidade. Dá-nos um livro sem problemas de texto ou de editoração e nos presenteia também com a bonita capa idealizada por Dorinho Bastos, a partir de aquarelas do acervo particular de Mário Beni.

É somente e de fato uma grande pena não haver, no recheio, gravuras. Também eu, professor Beni, lembrei-me de Charlton Kings – e faço minhas as palavras de Alice, que a minha filha de três anos vive repetindo: “Como se pode prestar atenção em um livro que não tem gravuras?” Bem, este livro prende muito a nossa atenção, mesmo sem gravuras. Na verdade não penso que o problema seja a falta delas (que bom que se mantiveram os cartões postais, matéria-prima para o aguçar das lembranças que se transformam no conteúdo do livro). Acho que, antes, a pergunta é: como ilustrar um volume de mais de 500 páginas de boa informação e mantê-lo vendável, em um país que tão tosca relação ainda tem com os livros? Fico com vontade (enorme!) de ver nascer um livro novo, um complemento – As viagens do Beni, em cartões postais. Ou algo do tipo.

BENI, Mario Carlos. Colecionando destinos: viagens – percepção, imaginário e experiências. Prefácio de José Ernesto Bologna. São Paulo, Senac São Paulo, 2007. ISBN: 978-85-7359-515-4.

sobre o autor

Ana Paula Garcia Spolon é consultora hoteleira, tradutora e professora universitária. Formada em Hotelaria pelo SENAC, é doutoranda e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela USP, onde desenvolve pesquisas sobre turismo, estética arquitetônica e valorização imobiliária. Atua na área de planejamento e desenvolvimento de projetos turísticos e hoteleiros há 15 anos.

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