No mundo globalizado do capital avançado, a paisagem pacata das pequenas cidades – províncias, vilas ou lugarejos, poderíamos também dizer – acaba sendo invadida, cada vez com maior intensidade, por objetos exóticos. Tais artefatos, em sua maioria construções arquitetônicas – museus, centros culturais, bodegas, hotéis, centros turísticos, etc. – ou infraestruturais – pontes, viadutos, estações, silos de produtos agrícolas, moinhos gigantescos de produção de energia eólica –, são sintomas da voga de transformação que é fomentada pelo dinamismo econômico, que se insinua por cada fresta do sistema social. Se o capitalismo de última geração tem características particulares inovadoras, há um componente anímico antigo nesta força motriz, que é nossa velha conhecida: a ânsia pela atualização cultural que vira e mexe surge no morno cotidiano provinciano. Esta modernização exponencial do mundo antigamente chamado de rural encurta as distâncias culturais entre capital e interior, mas não o suficiente para sufocar a flagrante diferença que ainda temos entre as paisagens dos dois mundos. As fotos de Nelson Kon da cidade de Laguardia, na região norte da Espanha, são provas cabais disso.(1)
notas
1
Texto de Abilio Guerra, editor de Arquiteturismo
sobre o autor
Nelson Kon é arquiteto formado na FAU-USP e fotógrafo profissional