"O campanile de São Marco era uma obra prima. Devia ser conservado. Caiu. Reconstrui-lo foi uma erronia sentimental e dispendiosa – o que berra diante das necessidades contemporâneas"
Klaxon nº 1, editorial, maio de 1922
Escrito dentro do gênero "manifesto", o texto fundador da principal revista modernista brasileira aponta para uma curiosa atualização dos seus editores em relação ao debate sobre o patrimônio dentro das hostes vanguardistas européias de então. A postura dos brasileiros, mesmo sendo mais conservadora do que a dos colegas de ultramar, é marcada por um arrivismo que sucumbiu diante das constantes destruições urbanas do século XX. Como nos emocionamos ainda hoje com o campanile reconstruído em Veneza, não há como nos omitirmos diante da grandeza do painel de Di Cavalcanti que sobreviveu ao incêndio que destruiu uma das obras primas de nossa arquitetura.