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architectourism ISSN 1982-9930


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português
Leia o artigo de Juliana Falchetti e Eduardo W. Rogério sobre o maior salto longitudinal do mundo, o Salto Yucumã, formado pelas águas do Rio Uruguai no Parque Estadual Florestal do Turvo

english
Read the article by Juliana Falchetti and Edward W. Roger on the biggest longitudinal waterfall in the world, the Salto Yucumã, formed by the waters of the Uruguay River in the Turvo's Forest State Park

español
Lea el artículo de Juliana Falchetti y Eduardo W. Rogério sobre el mayor salto de agua longitudinal en el mundo, el Salto Yucumã, formado por las aguas del Río Uruguay en el Parque Estatal Forestal del Turvo


how to quote

FALCHETTI, Juliana; ROGÉRIO, Eduardo Wagner. O maior do mundo é verde e amarelo. Arquiteturismo, São Paulo, ano 03, n. 029.05, Vitruvius, jul. 2009 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/03.029/1540>.


Poucas pessoas sabem que no Brasil, mais especificamente em Derrubadas, uma pequena cidade no noroeste do Rio Grande do Sul, encontra-se o maior salto longitudinal do mundo.

O Salto Yucumã, beleza pouco divulgada e explorada em nosso país possui nada menos que 1800 metros de queda longitudinal.

Formado pelas águas do Rio Uruguai, que tem origem na confluência dos rios Canoas e Pelotas em Santa Catarina, o Yucumã proporciona aos visitantes uma experiência única com uma queda que varia de 12 a 15 metros de altura.

O salto localiza-se no Parque Estadual Florestal do Turvo que possui mais de 17 mil hectares de fauna e flora preservada. Criado há 62 anos o parque recebe milhares de visitantes brasileiros e argentinos, nossos “hermanos” que apesar de compartilhar o Moconá, como é chamado por eles, precisam vir ao Brasil ou navegar pelo rio para prestigiar a queda.

O Rio Uruguai era rota para as balsas que levavam madeira do norte do Rio Grande do Sul e oeste Santa Catarina para a Argentina.

O maior desafio da viagem era o temido “Salto Grande”, o Yucumã, que deveria estar em “ponto de balsa” para que as embarcações conseguissem passar. O “ponto de balsa” caracterizava-se pelo quase desaparecimento da queda devido às cheias, mas não garantia o sucesso da travessia.

Muitas balsas, feitas com as próprias toras de madeira que seriam vendidas, não suportavam a força das águas e desfaziam-se ali mesmo.

Não foram poucos os casos relatados pelos ribeirinhos, cujos conhecidos desapareceram para sempre nas águas turbulentas do Rio Uruguai. Como diz a letra da maravilhosa música Balseiro do Uruguai de Barbosa Lessa:

"Oba, viva veio a enchente o Uruguai transbordou vai dar serviço prá gente. Vou soltar minha balsa no rio, vou rever maravilhas que ninguém descobriu. Se chegar ao Salto Grande me despeço deste mundo, rezo a Deus e a São Miguel e solto a balsa lá no fundo. Quem se escapa deste golpe, chega salvo na Argentina., só duvido que se escape do olhar das Correntinas. Oba, viva veio a enchente o Uruguai transbordou vai dar serviço prá gente. Vou soltar minha balsa no rio, vou rever maravilhas que ninguém descobriu."

Mas essas histórias ficaram no passado. Hoje, as Usinas Hidrelétricas construídas ao longo do rio não permitem realizar todo o trajeto, a não ser que você contorne, por terra, o imenso lago formado pelas barragens.

As usinas também interferiram no fluxo de água do Yucumã. Antes, controlado pelas estações e épocas de chuva, agora é regulado principalmente pelas hidrelétricas.

Mas nem toda a interferência humana conseguiu abalar a beleza do local que ainda encontra-se preservada.

Para chegar ao salto, uma balsa, saindo de Itapiranga faz a travessia para quem vem do estado catarinense. Itapiranga é um cidade típica alemã e foi a primeira do Brasil a realizar a Oktoberfest. O local é uma boa opção para se hospedar. Com hotéis aconhegantes, dispõe de culinária típica além de padarias que oferecem deliciosas tortinhas de maçã e cucas. Do alto da cidade você tem uma visão incrível do Rio Uruguai que faz divisa entre Itapiranga e Derrubadas.

Da entrada do parque até o salto são 15 km de estrada. Você pode ir caminhando para aproveitar a paisagem, mas não é aconselhável andar sozinho, pois em toda região existem sussuaranas, um tipo de onça, só que de menor porte.

Durante o trajeto é improvável não encontrar algum animal atravessando a estrada. Tatus, gambás, saracuras e macacos passeiam livremente pelo parque. Para quem vai de carro ou moto é obrigatório andar bem devagar para não assustar os animais e evitar atropelamentos.

O caminho é uma prévia do que virá a seguir. Imensas árvores abrigam uma infinidade de pássaros que povoam o ambiente com sua cantoria. Se tiver sorte você pode se deparar com um pica-pau e observar os movimentos rápidos e precisos da ave. Mantendo-se em silêncio, atento ás sutilezas da natureza, a vida selvagem vai se revelando lentamente.

Chegando ao salto há uma ampla área de lazer com estacionamento, quiosques para churrasco e mesas para refeições. Não há bares ou restaurantes por isso leve um lanche para desfrutar da paisagem sem fome. Para quem for antes do almoço a pedida é levar carne e preparar um churrasco bem gaúcho. Uma trilha de 10 minutos liga a área de lazer ao salto. De fácil travessia ela proporciona uma visão única da fauna e flora local.

Após 5 minutos de caminhada, chegando à bifurcação, se pegar à direita, é possível visualizar o início da fenda que dá origem ao Yucumã. À direita segue-se pela trilha que leva à queda. Você vai andar por pedras de diferentes tamanhos, cores e formatos. É o leito do rio, visível e descoberto quando o nível das águas está baixo.

Quem tiver fôlego para acompanhar os 1800 metros vai encontrar, no fim do salto, um pouco de sua história. A pedra Bugra serviu, em séculos passados, de passagem para os índios que andavam pelos territórios argentinos e brasileiros.

Para aqueles que desejam um pouco mais de adrenalina um passeio de bote é uma ótima opção. O canal tem fortes corredeiras e sua profundidade pode chegar a 120 metros. Para contratar o serviço é necessário ir às cidades de Porto Soberbo ou Esperança do Sul. Localizadas ao sul de Derrubadas, elas oferecem melhor acesso, já que o passeio deve começar onde o salto termina.

A melhor época de visitação é de Novembro a Abril, quando as águas estão mais baixas, já que nos meses de inverno as cheias fazem subir o nível do rio, quase cobrindo a visão das quedas.

Nos dias de calor, para se refrescar, é possível tomar banho numa área específica, antes de começar a queda. Para não ter dúvida e evitar riscos desnecessários, converse com o guarda florestal do parque.

O parque fica aberto de quarta a domingo das 8h às 17h, mas a entrada só é permitida até as 15h30. O ideal é chegar pela manhã e aproveitar ao máximo as belezas do lugar.

sobre os autores

Juliana Falchetti é fotógrafa, Pós Graduada em Fotografia pela Universidade do Vale do Itajaí (2008) e graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina

Eduardo Wagner Rogério. Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008) possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e especialização em Saúde da Família. Professor da UNOESC junto ao curso de Arquitetura e Urbanismo

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