“O incrível da Virada é que em todo lugar que eu vou parece que acabou de ter uma coisa incrível. Eu chego sempre no fim do show...” (1)
Em sua 7ª edição, a Virada Cultural aconteceu nos dias 16 e 17 de abril de 2011 na capital paulista. Organizada pelas secretarias municipal e estadual de cultura de São Paulo e pelo Sesc, com a adesão de um grande número de instituições culturais, incontáveis atrações aconteceram de forma ininterrupta por 24 horas em dezenas de locais no centro e nos bairros da cidade.
Apesar da grande concentração na área musical – que cobre praticamente todos os estilos e gostos –, o evento conta com uma programação diversificada, desde mágicos a competições combinadas de luta livre. Às vezes, a qualidade do som e a concentração enorme de pessoas limitam em muito a qualidade dos shows, outras tantas é a qualidade sofrível de alguns participantes – afinal nem todos são Rita Lee, Paulinho da Viola, Dominguinhos, Eumir Deodato ou Osesp.
Mas o que parece realmente importante não é a qualidade dos espetáculos, pois parece que esta não é o motivo maior das pessoas saírem de suas casas e fugirem dos seus hábitos cotidianos para se aglomerarem nas ruas. O que é realmente incrível é a capacidade da cidade em realizar esta maratona com relativa calma e poucos transtornos. Banheiros químicos e barracas de alimentos e bebidas espalhados por lugares estratégicos, um eficaz sistema de limpeza, a ostensiva presença de veículos e guardas militares e civis, a limitação do fluxo de automóveis em algumas ruas e avenidas, e o Metrô funcionando durante as 24 horas, são decisões das autoridades que, no seu conjunto, permitiram as pessoas transitar de um local a outro sem maiores problemas.
Passear a noite pelo belo centro de São Paulo, sem medos ou receios, é uma sensação inspiradora, que nos coloca diante de uma possibilidade concreta de reconquista das ruas e do centro. A concentração de atividades culturais e um maior contingente de moradores na área central são fundamentais para animar o centro durante a noite, dando mais segurança a diversos logradouros hoje abandonados e perigosos. Mas, para que não seja uma efeméride fugaz e se transforme em um cotidiano, muitas coisas têm que ser feitas, não só pelo poder público, mas por todos nós: associações, sindicatos, clubes, escolas, entidades culturais, pessoas comuns. Por quê não tornar a Virada Cultural em um ponto de partida?
nota
1
GUERRA, Caio Romano. Virada Cultural. Série Caio na Real – vídeos no Youtube <http://www.youtube.com/watch?v=eeI13qFVPwg>.