A produção de Laura Vinci tem a matéria como elemento escultórico e sua relação com o ambiente que a circunda como princípio. Desde o final dos anos 1990, o trabalho da artista passa a lidar com o tempo, a transformação da matéria e seu fluir no espaço. Muitas vezes essa transformação é visível, realizada através de dispositivos onde a água se torna vapor ou as partículas de água no ar se condensam formando gelo; ou ainda ocorre de modo natural, onde maçãs apodrecem em meio ao mármore que, por sua característica física, permanece inalterado.
Em Clara-Clara a luz, mesmo impalpável, é tratada como matéria, e a construção do trabalho utiliza os elementos próprios da iluminação pública da cidade. Na estreita rua Dr. Miguel Couto, sete grandes bolsas, com sete luminárias cada, substituem a iluminação comum da rua. Posicionadas de maneira orgânica, e suspensas em alturas diferentes, as luminárias ficam constantemente acesas em meio ao emaranhado de fios que as alimentam. Durante o dia, a obra cria um estranhamento nesta passagem; durante a noite, uma grande quantidade de luz ocupa a rua. Em Clara-Clara a obra é constante, mas seu entorno se transforma de acordo com a luminosidade e as condições climáticas de cada dia.
nota
NE
A obra Clara-Clara, de Laura Vinci, é uma instalação site specific realizada através do projeto Arte na Cidade da Secretaria Municipal de Cultura e fica em exibição de março a agosto de 2012 na Rua Miguel Couto, entre as Ruas Líbero Badaró e São Bento, no centro de São Paulo.
ficha técnica
Projeto Clara-Clara, de Laura Vinci. Tatiana Tatit (assistente da artista); Metro Arquitetos (produção); Sérgia Percassi (coordenação de produção); Haroldo Alves (coordenação de montagem); Gilson Pereira dos Santos (engenheiro elétrico). Agradecimentos a Anna Ferrari, Galeria Nara Roesler, Gustavo Cendroni e Martim Curullon.
sobre o autor
Douglas de Freitas é curador da exposição.