Bronstein observa a metrópole pulsante da janela de seu apartamento...

Seu edifício está ainda quase todo iluminado, mesmo com a madrugada já avançada.

De outro prédio alguém grava sua silhueta na fachada posterior do Copan, edifício ícone do centro novo de São Paulo. Bronstein não sabe, mas o cineasta faz a tomada final da matéria.

Pedro Gorski começa a montar na cabeça o curta-metragem de mistério que o acaso colocou diante de si. Primeira tomada, o nome do edifício gravado na porta de vidro da administração.

Em processo de produção de filme sobre vida e obra do famoso arquiteto Artacho Jurado, Gorski foi convidado pelos curadores Guilherme Giufrida e Jéssica Varrichio para gravar a inauguração da Exposição Museu do Louvre Pau-Brazyl.

Grupo jovem do Teat(r)o Oficina chega cantando o Manifesto Pau-Brasil de Oswald de Andrade – “A contribuição milionária de todos os erros”...

Dobra o corredor e se depara com a sequência de fotografias de Tuca Vieira, dispostas em ângulo reto na esquadria das lojas, com as pessoas fotografadas se duplicando na vidraçaria e se misturando virtualmente com os visitantes reais.

De abrupto, entra no espaço expositivo o Senador Eduardo Suplicy, seguindo quase à risca a letra do poeta – “Todo político tem de ir aonde o povo está”.

A seguir enquadra a “Menor sala de cinema do mundo”, obra de Rochelle Costi, recém-adquirida pelo colecionador Mikhail Bronstein.

Chega mais gente e o movimento fica mais frenético. Alguém grita e um pequeno corre-corre começa para logo parar.

Pedro Gorski, documentarista experiente, localiza um personagem suspeito se esgueirando da sala de fumaça de Laura Vinci.

Uma voz aguda, cortante, grita: “a Menor sala de cinema do mundo sumiu!”

Com a câmera em punho, Pedro Gorski corre na direção seguida pelo desconhecido e o vê descendo a bela escada do Edifício Louvre, projetado por Artacho Jurado.

Do mezanino, o jovem cineasta observa o ladrão da “Menor sala de cinema do mundo” – obra de Rochelle Costi, propriedade do colecionador Mikhail Bronstein – andando no térreo, prestes a se misturar com o trânsito de pedestres da Avenida São Luis.