Jurandir Santana Nogueira (1940-2001), foi um dos primeiros arquitetos a montar escritório de arquitetura em Campo Grande. Presidiu o CREA-MS, o IAB-MS, a Associação de Engenheiros e Arquitetos e foi secretário municipal de Transportes e Trânsito. Formado no Paraná, fez uma arquitetura baseada nos princípios racionalistas.
Nascido em Coxim (MS) em 1940, Jurandir Santana Nogueira formou-se pela Universidade Federal do Paraná em 1967. Sempre gostou de desenho artístico e chegou a fazer cursos de desenho por correspondência do Instituto Universal Brasileiro – IUB. Ingressou, em 1958, na primeira turma de Arquitetura da Federal do Paraná. Enquanto aluno de arquitetura, devido sua facilidade de desenho, trabalhou num dos maiores escritórios de arquitetura do Paraná – a Sociedade Forte & Gandolfi, arquitetos da escola do Vilanova Artigas. Nesse escritório trabalhavam, também, seus colegas Aldo Matsuda, que é co-autor dos projetos da Assembléia Legislativa e Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e Manoel Coelho, autor da Comunicação Visual do Sistema Integrado de Transporte de Campo Grande.
Antes de se formar trabalhou na empresa Castelo Estruturas Metálicas, em Curitiba, especialista em silos metálicos. Nessa época, detalhou um dos maiores edifícios de Curitiba na Marechal Floriano, com 18 pavimentos.
Ao formar-se, retornou para Campo Grande, em 1967, com vontade de transformar a cidade. Antes de ser professor no Curso de Engenharia da Universidade Estadual de Mato Grosso, foi professor de Desenho Técnico e Geometria nos colégios Osvaldo Cruz e Dom Bosco.
Foi o primeiro presidente do CREA-MS (1980) e foi também presidente do IAB-MS (1981-1983 e 1987-1989), fundador da Associação Profissional dos Arquitetos –APA em 1983, antecessora do Sindicato dos Arquitetos de Mato Grosso do Sul, diretor da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Campo Grande e professor do Curso de Engenharia da UFMS, desde a sua criação em 1971.
Em 1971, foi para a Itália, estagiar no escritório de Piacentini onde trabalhou em planejamento urbano e projetos. A sua arquitetura recebeu muita influência de Vilanova Artigas, de Oscar Niemeyer e de Mies van der Rohe. Sempre projetou uma arquitetura limpa, modulada, de traçado ortogonal e alguns elementos curvilíneos para quebrar a monotonia dos espaços. Outra característica de sua arquitetura é o uso freqüente da cobertura tipo calhetão, que ele justificava pela péssima mão-de-obra local, e elementos de detalhes nas esquadrias em diagonal.
Autor dos projetos do conjunto arquitetônico do Hospital São Julião – a capela, a escola e o novo hospital, além de um centro de convenções – e da Assembléia Legislativa e do Tribunal de Justiça de MS e várias residências em Campo Grande, Cuiabá e Ponta Porã, além de inúmeras agências do Banco do Brasil em vários Estados, Jurandir Nogueira era casado com a professora e engenheira civil Aparecida Bueno Nogueira e tinha dois filhos.
Considerado como um dos importantes arquitetos de Campo Grande, Jurandir continuava atuando profissionalmente, seja como professor universitário ou como político, no serviço público, onde já deixou suas marcas no Detran/MS, em 1979, ou na Secretaria de Transportes e Trânsito da Prefeitura Municipal.
Com seus 60 anos de vida e com a experiência adquirida, Jurandir Nogueira disse em entrevista em março de 1979:
"Continuo afirmando o compromisso que o arquiteto deva ter nas questões sociais e foi isso que sempre busquei no meu trabalho de emprestar os meus conhecimentos a causas sociais nobres".
sobre o autor
Ângelo Marcos Arruda é arquiteto, urbanista e professor da UNIDERP. Trabalhou com o arquiteto Jurandir Nogueira nos anos de 1980 a 82