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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Os autores descrevem exemplos de intervenções no patrimônio histórico de Quito e Guayaquil

español
Los autores describen ejemplos de intervenciones en el patrimonio de Quito y Guayaquil


how to quote

PERALTA, Evelia; TASQUER, Rolando Moya. Resgate de edificações históricas para a função habitacional. Arquitextos, São Paulo, ano 03, n. 028.04, Vitruvius, set. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.028/751/pt>.

As intervenções de edificações destinadas originalmente à habitação e a outros usos, se dedicam em sua maioria na atualidade para habitação, formando parte de um processo de reabilitação do Centro Histórico de Quito. O valor da estrutura urbana, das edificações históricas e dos espaços públicos, a decisão de fortalecer a função de habitar e o equipamento coletivo, tem guiado a seleção dos imóveis a ser adquiridos por organismos públicos e privados para constituir-se em intervenções exemplares da melhoria da qualidade do ambiente urbano e impulsionadoras de novas intervenções.

O conjunto La Victoria, dos arquitetos Marcelo Bravo, José Ordoñez, Diego Salazar e Enrique Vivanco, se enquadra em um processo interinstitucional de reabilitação do Centro Histórico de Quito, tornando efetiva a refuncionalização da antiga cervejaria La Victoria para a função habitacional, complementada com atividades comerciais, artesanais, de equipamento e serviços comunitários. Um eixo circulatório à maneira da rua interior com cobertura transparente, articula os equipamentos e conecta as duas vias de acesso. Sendo um conjunto unitário, os acessos habitacionais estão diferenciados das entradas das atividades públicas, numa clara organização e distinção funcional. A idéia de pátio-praça é recriada em seu interior enquanto a fachada contínua do exterior se organiza seguindo os critérios compositivos característicos do centro histórico. A vinculação com edificações significativas do entorno, se consegue com a valoração de planos cheios e o uso do arco. É um exemplo importante no processo de revalorização do Centro Histórico de Quito, por sua função habitacional, pelo caráter multifuncional, pela magnitude da intervenção e o tratamento arquitetônico de suas formas e espaços.

Como um exemplo significativo e emblemático, a Casa dos Sete Pátios, encomendada aos arquitetos Jorge Carvajal, Patricia Fondello, José Román Ruiz e Emilio Yanes, é um exemplo na reabilitação da tipologia de habitação de pátio, realizado pelo Município de Quito com apoio da cooperação da Junta da Andaluzia e a construção e gestão a cargo do Fundo de Salvamento. Por ser uma casa singular de sete pátios, tradicionalmente habitada por numerosas famílias e em estado crescente de deterioração, a necessidade de sua recuperação foi fixada há mais de 25 anos.

Elaboraram-se várias propostas e finalmente se concretizou o projeto de cooperação com um enfoque de confluência da herança histórica tipológica e o caráter de contemporaneidade da intervenção. Esta se observa nos materiais e nas coberturas, com o uso do aço e do vidro, em contraste com a conservação de materiais e proporções nos pátios e na articulação dos espaços para habitar. Recuperada para seus antigos usuários em um processo de interesse social, a reabilitação está destinada a promover atitudes de organização e convivência social.

A casa da rua Caldas 508, projeto do arquiteto Luis López, no Centro Histórico de Quito, faz parte de um grupo de casas que trocaram a imagem urbana, recuperando seu valor. Impulsionada por um convênio de cooperação de diversos órgãos, como o Município do Distrito Metropolitano de Quito, PACT-ARIM (Proteção e Ação contra os Cortiços), Empresa Mista de Desenvolvimento de Quito e Empresa do Centro Histórico. Respeitando a casa de pátio central com corredores perimetrais que articulam os espaços interiores, se aposta na vida coletiva e se revaloriza sua qualidade ambiental com as galerias, colunas de tijolos e pilares de madeira superior.

É uma intervenção significativa pela recuperação de 15 departamentos, dentro da estrutura do que fora uma casa de pátio, com todos os elementos típicos da estrutura colonial, apesar do crescimento posterior em altura, mudança de proporções e materiais. Buscam-se assim múltiplas intenções, como a concentração de serviços, equipamento e infraestrutura para fazer do centro histórico um espaço alternativo de habitação digna, favorecendo a reativação econômica e a melhora das condições de habitabilidade, conservando e reabilitando seu patrimônio.

As casas na rua Caldas, números 454 e 494, sob responsabilidade do arquiteto Guido Díaz Navarrete, foram concretizadas mediante o convênio de cooperação entre o Município do Distrito Metropolitano de Quito, o PACT-ARIM (Proteção e Ação contra os Cortiços) e a Empresa Mista de Desenvolvimento de Quito, Empresa de Centro Histórico, como parte de uma intervenção de maior magnitude, dentro da política municipal de reabilitação do Centro Histórico e de fortalecimento da função habitacional nessa região. É uma intervenção destinada a resgatar uma tipologia arquitetônica de pátio para o uso de habitação e a utilização das ruas para atividades comerciais, artesanais ou de serviços. Liberam-se espaços, recuos, estrutura e sistema construtivo tradicionais, introduzindo novos elementos complementares de morfologia contemporânea, buscando continuidade sem perder as características individuais e procurando obter o máximo aproveitamento da superfície habitável. O uso sóbrio da cor é instrumento de valorização da tipologia formal. A tradicional rua Caldas na borda do Centro Histórico, com estas intervenções é valorizada, recuperando para o transeunte a percepção da proporção do espaço urbano e a qualidade de seus limites. Algumas famílias terão a oportunidade de ter acesso a habitações adequadas em sus formas, dimensões, serviços e qualidade construtiva com a possibilidade de dispor dos múltiplos equipamentos do centro.

As casas nas ruas Caldas e Briceño, da arquiteta Lucía Vásconez, no Centro Histórico de Quito, constitui uma intervenção que resgata a tipologia de pátio, respeitando a função original de habitação e comércio. Estabelece espaços de comunicação profusamente iluminados através de coberturas de vidro cuja forma e materiais expressam a modernidade da intervenção. O tratamento formal do seu exterior respeita o entorno e no interior se destaca o uso de velhos e novos materiais e a caracterização que lhe confere o uso da cor em acentos lineares ou em grandes superfícies. Como em outros programas similares, merecem especial consideração os usuários, através da qualidade dos espaços e o cuidado da função e da construção.

Resgate da tipologia de casas de pátio em Guayaquil

O Parque Histórico de Guayaquil é um projeto institucional, sob a Direção do arquiteto Fredy Olmedo e a Direção Técnica do arquiteto Pablo Lee e uma numerosa equipe integrante da Unidade de Projetos Especiais criada pelo Banco Central do Equador. Este importante projeto, em processo de materialização, resgata as casas urbanas do século XIX, da deterioração e do abandono provocado pelos processos de renovação urbana. Estas casas urbanas baseadas na tipologia de pátio, são salvas de sua destruição irremediável ao serem incorporadas a um projeto cultural criativo e educativo, tornando a intervenção um aporte substantivo à construção do futuro. Propõe-se recriar a unidade e a relação entre natureza, cidade e campo da antiga província de Guayaquil, caracterizando-se em três zonas. A zona de vida silvestre se expressa em um bosque natural para educação ambiental. A zona urbana arquitetônica cria um entorno junto ao rio para desenvolver uma museografia baseada no estilo de vida urbana e cotidiana da época. A zona da tradição, com um entorno de fazendas, permite rememorar tradições e formas de vida do campo.

O projeto de restauração como meio para dar testemunho da arquitetura e do urbanismo do século XIX, apela à reconstrução tipológica sobre a base da informação histórica disponível em uma intervenção reversível e aberta a futuros ajustes.

A riqueza da arquitetura de Guayaquil está exemplificada na famosa casa verde – como foi denominada a casa da Familia Lavayen –, na casa do Doutor Julián Coronel e no Banco Territorial que adotou esta mesma tipologia para a função bancária. A estrutura urbana e arquitetônica conforma o entorno da museografia e o itinerário cultural do parque.

A tipologia se baseia no pátio com galeria perimetral, o salão principal como espaço central e o átrio. A madeira é o material fundamental da estrutura, de revestimentos e pisos, de elementos ornamentais com policromias.

Revalorização da casa de fazenda em loja

A conversão da casa da Fazenda Monterrey, a cargo dos arquitetos Sixto Domínguez Narváez e Georgina Alvarez Toledo, em Loja, se organiza como tipologia habitacional de campo em torno de um pátio, definindo três de seus lados. A galeria em um só lado do pátio ressalta o centro com um elemento saliente. Portais, escadas, arcos, balaustradas, pisos de pedra, jardineiras floridas e jardins com profusa vegetação, criam um ambiente acolhedor e bucólico da casa de campo, vinculado estreitamente com o entorno natural e remarcado pelos materiais tradicionais, o tijolo, a madeira e a telha complementadas pela pedra e pelo ferro forjado.

É uma casa com história, tanto por seu proprietário como por seus ilustres visitantes nacionais e estrangeiros. Intervenções como esta, contribuem para conservar o patrimônio arquitetônico e a manter viva a memória histórica local e nacional.

notas

1
Texto fragmento do livro Casas del Ecuador II, da Ediciones Trama.

sobre autores

Evelia Peralta y Rolando Moya Tasquer, arquitectos, son miembros de Trama

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028.04
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