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architexts ISSN 1809-6298


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O artigo descreve detalhes da mansão de Juan Pedro Baró e de sua esposa Catalina Lasa na Havana

español
El artículo describe detalles de la mansión de Juan Pedro Baró y su esposa Catalina Lasa en la Habana


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TORAYA, Juan de las Cuevas. O palácio de Juan Pedro Baró. Uma história de amor. Arquitextos, São Paulo, ano 03, n. 028.05, Vitruvius, set. 2002 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.028/752/pt>.

A belíssima senhorita cubana Catalina Lasa do Río se casou em 1898 em Tampa, Estados Unidos, com Pedro Luis Estévez Abreu (filho da patriota e filantropa Marta Abreu) e, ao finalizar a Guerra de Independência, se estabeleceram em Havana, mesmo que fizessem numerosas viagens a Paris, onde também tinham residência.

Numa dessas viagens Catalina conheceu o riquíssimo fazendeiro Juan Pedro Baró, casado na ocasião com Rosa Varona. Este encontro daria lugar a um romance, que foi descoberto por sua tia Rosalía Abreu, que surpreendeu Catalina em uma suite do Hotel Inglaterra, alugada por Pedro Baró. Pouco tempo depois, durante uma festa que se celebrava na residência de um cubano em Paris, Catalina foge com Pedro Baró, casando-se pouco depois sob amparo das leis francesas e montam uma luxuosa casa em Paris, onde residem com grande ostentação.

Ainda que realizassem freqüentes viagens a Havana, não tinham possibilidades de radicar-se nesta cidade pois em Cuba não existia o divórcio. Seria sob o governo do General Mário García Menocal que se aprovaria esta lei, sendo o de Luis Estévez e Catalina Lasa o primeiro aprovado em nosso país.

Regressa então o casal Pedro-Lasa a Habana e são convidados a uma jantar em sua homenagem no Palácio Presidencial, o que lhe abre de imediato as portas da alta sociedade havaneira.

A casa da rua Paseo

Na rua Paseo número 406 entre 17 e 19, os famosos arquitetos Govantes e Cabarrocas construíram uma mansão para o riquíssimo fazendeiro Juan Pedro Barou e sua bela esposa Catalina Lasa. A construção começou por volta de 1922 e foi inaugurada em 1927. Realizada em um estilo totalmente eclético, tem a fachada em estilo renascimento florentino e os interiores em art decó combinado com referências egípcias. Os mármores todos de Carrara e os estuques foram realizados pela loja francesa “Dominique”, que enviou seu pessoal a Cuba para realizar esses trabalhos pelo método “a quente”.

A porta de entrada tem em ambos os lados duas grandes colunas de terracota com capitéis dóricos. Na fachada têm duas grandes janelas terminadas em arcos de meio ponto, com ferragem de projeto florentino. Na planta do segundo andar temos um balcão no centro, com sua porta janela coroada por uma cornija neoclássica, tendo aos lados duas portas-janelas coroadas com a mesma cornija.

Depois da entrada há um grande hall de entrada e o vestíbulo que dá acesso à escada, cujos pisos são de mármores italianos e formam pirâmides truncadas e retângulos com quadrados negros. O hall de entrada tem portas de caoba, que se comunicam com a biblioteca e com as salas de visita e de jantar.

A ampla sala tem os pisos em mármore cinza e laranja, contrastando com mármore branco. As paredes formam grandes arcadas junto às portas e são de estuque cinza, enquanto nas paredes entre as portas o estuque é laranja do mesmo tom dos pisos. O salão tem seis portas, quatro delas com espelho, e todas com trabalhos de ferragem na parte superior. No hall de entrada e no salão temos duas lâmpadas, confeccionadas na França, de ferro e bronze laminado.

A sala de jantar em estilo art decó, tem duas partes, a propriamente usada como refeitório e um salão terraço, separado por um pequeno desnível. Seus pisos são de mármore branco e amarelo formando grandes retângulos concêntricos onde predomina o branco. Nas esquinas temos grandes vitrines encravadas, com espelhos interiores, trabalhados com ácido, onde estão desenhadas ânforas estilizadas com vegetação. Aos lados das vitrinas, apliques de bronze laminado, acabados com anteparos de cristal. A mesa, para doze pessoas, é de mármore branco construída in situ, com um espelho retangular no centro. Circunda toda a mesa uma borda de mármore amarelo com jaspe negro. As paredes estão acabadas com estuque amarelo. No terraço contíguo ao refeitório predomina a cor verde e o piso foi realizado com mosaicos venezianos da mesma cor, formando retângulos.

A biblioteca tem pisos de mármore branco e no centro temos um grande quadrado de mármore negro jaspeado. As paredes são lisas e estão recobertas de madeiras preciosas. Em três das esquinas se encontram as estantes para os livros.

A escada desenhada em forma helicoidal, adoçada à parede, tem o guarda-corpo de ferro retorcido e quadrangular, com o corrimão de prata laminada. No centro do vazio que forma a escada, tem uma coluna com uma escultura de mármore. Ao fundo um vitral de enormes proporções, desenhado por Gaetan Leannin da casa A. Billancourt de Paris. A lâmpada que ilumina a escada é de cristal de Murano e se pode, mediante um mecanismo elétrico, regular sua altura de acordo com a ocasião.

Também na planta térrea se encontra o “Sun Porche” ou “Portal do Sol”, um lugar aberto rodeado de vegetação que se usava como sala de estar. Seus pisos são de mármore branco jaspeado e as paredes de cantaria, coberta com um tapume de tábuas que chegavam ao teto abobadado. No centro há uma fonte quadrada de mármore cinza e pende uma lâmpada do teto com a forma de fonte, que também serve de jardineira.

Ao se chegar no piso superior se depara com um espaçoso vestíbulo, que dá acesso ao closet, ao banheiro de Catalina Lasa e a um pequeno vestíbulo que comunica essas dependências com as do esposo, decoradas em estilo art deco, com pisos de mármores em dois tons de rosa e paredes estucadas da mesma cor e iluminada com quatro apliques de alabastro. Nos altos também se constrói uma “sala de estar” em estilo neoclássico, com o piso em forma de tabuleiro de quadrados de mármore roxo escuro jaspeado em cinza e com outras em cor branca. O teto é abobadado com uma grande lâmpada de ferro com lâminas de prata.

O quarto de Pedro Baró, no extremo direito da casa, é amplo e tem pisos de mármores brancos e negros que formam desenhos geométricos, com paredes encapadas de caoba até a metade. As portas da mesma madeira estão trabalhadas em relevo. A iluminação se faz com cinco apliques laminados em prata.

No extremo esquerdo se encontrava o quarto de Catalina, espaçosa, com pisos de mármores cinzas e rosados e paredes em estuque cinza azul e bege. A iluminação se consegue por oito apliques colocados aos lados das portas e janelas da habitação.

O closet é pequeno, de forma octogonal, forrado com espelhos que vão desde o piso até o teto, montados em marcos de prata que ocultam as portas dos armários. A sala de banho é muito ampla, com pisos de mármores, rosado, cinza e bege. As paredes de mármores brancos e os marcos das portas de mármore rosado. Através de um arco de meio ponto se acede ao serviço sanitário, a pia e a banheira. Esta é de mármore rosado sob uma abóbada coberta com grandes pranchas de cristal trabalhadas em ácido. Dos dois lados da banheira se encontram dois cubículos fechados, um para o serviço sanitário e outro para o bidê.

A jardineira foi projetada pelo francês Forestier e realizada pela casa Lemón Legriñá e Companhia, naquela ocasião a melhor de Havana neste tipo de trabalho. Os móveis foram projetados por Pedro Luis Estévez Lasa – filho do primeiro matrimônio de Catalina – que viajou de Nova York para Havana para realizar a obra.

No projeto também participou o famoso mestre cristaleiro francês René Lalique, que anos depois decorou o monumental Panteão que Barou construiu para sua senhora no Cemitério de Colombo.

sobre autor

Juan de las Cuevas Toraya é históriador da Indústria de Materiais da Construção

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