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architexts ISSN 1809-6298


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Uma breve análise sobre o processo de transformação territorial da metrópole paulistana, apresentada através de comentários, números e imagens: uma visão geral do território sob mutação, um panorama da metrópole fragmentada e contraditória


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LEITE, Carlos. Projetos urbanos: operando nas bordas. Arquitextos, São Paulo, ano 04, n. 044.02, Vitruvius, jan. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.044/618>.

Like a huge, dynamic mass of gridded patches and structureless emulsions of masonry, asphalt, cars and people, the colossus sprawls across the endless plateau and gobbles its way through the dark green forest, leaving little reddish spots behind. The new developments and the mutations follow the logic of land speculation and are driven by instantaneous impulses such as a randomly placed new factory or an equally randomly placed favela. Admittedly, the ring of motorways around and through the center, together with the railways and two rivers, form a bundle of infrastructure that allows us a distant panorama, and the built-up area occasionally follows an undulation of the landscape, but ultimately these nuances vanish amid the hugeness and chaos of the whole. Thus Sao Paulo has the appearance of a vast, monotonous, dense uplift cut across by deep clefts…Every notion we may have about planning and architecture evaporates here. What do you do about cities with over 10 million inhabitants? You cannot do them justice with ‘normal’ planning or ‘normal’ architecture. That would suggest that the contemplative slowness of the plan or design would work here. In Brazil, action is chronically overtaken by events. No time for consideration, no time for reflection. That’s a European luxury, but here every municipal organization is powerless against the proliferation of the city. All that can be done is to keep things under control. Urban planning becomes a matter of policing rather than a political or cultural discipline.”
Wim Nijenhuis & Nathalie de Vriers (2)

Fragmentos

O trabalho aborda alguns aspectos acerca das incríveis contradições atualmente presentes no território do São Paulo – as mutações urbanas – e também uma discussão a partir de alguns projetos urbanos que enfocam estes novos desafios apresentados na cidade contemporânea. Estes projetos operam nas condições-limite do território metropolitano fragmentado, suas bordas: vazios urbanos, terrain vague, brownfields (3).

Estas fortes mutações territoriais emergiram na cidade pós-industrial, mais enfaticamente após a reestruturação da economia espacial nas últimas décadas. O declínio industrial gerou o esvaziamento de áreas urbanas inteiras. O território metropolitano tornou-se depositário de enormes transformações e abandono e desperdício urbanos tornaram-se particularmente evidentes na fábrica urbana atual: zonas industriais sub-utilizadas, armazéns e depósitos industriais desocupados; edifícios centrais abandonados; corredores e pátios ferroviários e industriais desativados.

Os projetos urbanos apresentados foram desenvolvidos ao longo da orla ferroviária de São Paulo sob o contexto desta condição territorial fragmentária típica e operam na aproximação com os conceitos aqui discutidos.

Neste sentido, uma breve análise acerca do processo de transformação territorial da metrópole paulistana é apresentada através de alguns comentários, números e imagens: uma visão geral do território sob mutação, um panorama da metrópole fragmentada e contraditória.

São Paulo: mutações

Números  
População 17 milhões
Área 1.509 km2
Densidade 11.600 hab/km2
Participação no PIB nacional 45%
% população brasileira 10,5%
Crescimento populacional 0,5% por ano [5% na década de 70]
População em 1900 0,2 milhões [cresceu 27.000% em 100 anos]
População estimada para 2015 20,7 milhões
Crescimento da área urbana 40.000% em 100 anos
% população vivendo em favelas 20% [1,3% em 1973]
Rede de metrô 49,5 km [3,5 milhões pas./dia]
Rede ferroviária 270 km
Rede de ônibus 11.000 unidades [3,5 milhões pas./dia]
Número de veículos 5,1 milhões
Taxa de mortalidade 35 por 100.000

São Paulo é hoje paradigma da metrópole local no mundo global. A um só tempo, cidade mundial ligada às redes globais e cidade local, onde o espaço banal se traduz injusto e desqualificado. É, assim, depositária de um território urbano que retrata fielmente, com todas as suas contradições de nosso tempo, a sociedade contemporânea (4).

Vivemos a era da transformação acelerada. A dinâmica territorial nunca foi tão dramaticamente percebida na história das cidades. A arquitetura insere-se neste contexto sofrendo mutações em todas as escalas. A metrópole materializa no seu território fragmentado os pontos de ruptura e de falta de urbanidade.

As conseqüências das rápidas transformações da metrópole pós-industrial são variadas, heterogêneas. Complexas. Emergem nas cidades espaços desqualificados, resíduos de antigas áreas produtivas: terrenos vagos, disfunções urbanas (5).

Assim, as transformações na arquitetura estão presentes no âmbito do território e vice-versa. Ou, conforme Milton Santos, “...as grandes contradições de nosso tempo passam pelo uso do território” (6).

Na escala do edifício procede-se à transformação das funções. Geram-se adaptações demandadas pela dinâmica da sociedade local e do território envoltório. Edificações de uso histórico com funções ultrapassadas são reconvertidas funcionalmente e adaptadas espacialmente aos novos usos. Surgem as reciclagens arquitetônicas.

No âmbito das cidades, vive-se o momento da transformação do território existente. Diferentemente de outras épocas onde a transformação da cidade gerou processos de renovação urbana impositivos [os projetos modernistas do tipo tabula rasa] ou revitalização de centros históricos cenográficos [os projetos pós-modernistas típicos das décadas de 70 e 80 com intervenções de caráter historicista ou pop], temos agora situação bastante mais complexa e rica.

Transformam-se funções, usos e espaços de modo dinâmico e inusitado. Reciclam-se espaços de uso aparentemente consagrado. O perene dá lugar ao passageiro. Imensos ambientes historicamente configurados perdem as suas funções. Centros históricos ficam esvaziados. Territórios industriais percebem-se, repentinamente, desqualificados. Bairros inteiros são objeto de especulação à transformação. Espaços esquecidos recebem impulsos de desenvolvimento imobiliário. Áreas residenciais luxuosas emergem em meio a antigas periferias desvalorizadas como ilhas fechadas em meio à total falta de urbanidade. Surgem anticidades em meio ao território metropolitano. Ambientes sob proteção ambiental são ocupados e reurbanizados: a cidade ilegal se sobrepõe à cidade legal. A legislação urbana é obrigada a correr atrás da realidade ilegal.

Paralelamente, a sociedade adentra o século XXI com a forte preocupação da preservação ambiental e da reciclagem dos recursos existentes, naturais e energéticos. A Agenda 21 coloca no âmbito do território novas demandas que a arquitetura contemporânea não mais pode prescindir no seu novo corolário de princípios. A transformação dos ambientes – na escala do território e do edifício – coloca-se, assim, dentro desta nova demanda: o desenvolvimento sustentável. Assim como os demais recursos, os ambientes existentes não podem prescindir de reciclagens e transformações. É mais inteligente a transformação dos espaços existentes e sub-utilizados do que a sua negação e substituição.

Neste sentido, novas questões se colocam no desafio da atuação arquitetônica e das intervenções urbanísticas contemporâneas. O território em transformação acelerada pode ser enfrentado com ações locais? Neste sentido, o desenho urbano ainda pode subsidiar o processo de resgate de imensas áreas históricas degradadas sem criar simulacros cênicos? Finalmente: podem os projetos urbanos de maior porte se configurar como instrumento de rearticulação do território fragmentado, de escala imensurável?

Mínimo

As novas dimensões que operam na fábrica urbana contemporânea – sua fragmentação,  retalhamento e desarticulação, os terrenos vagos, a fluidez e a  rede de fluxos – estão todas presentes no território da orla ferroviária paulistana.

As mudanças recentes geradas pela passagem da cidade industrial para a metrópole pós-industrial produziram um retrato cruel neste território. Com o esvaziamento da ocupação industrial, a ferrovia perdeu muito de sua função. A falta de incentivo claro à malha ferroviária paulistana, enquanto sistema de transporte público eficiente e integrado ao sistema do metrô, corroborou decisivamente para esse esvaziamento de importância. Sua decadência nas últimas décadas representa também a desqualificação espacial de suas bordas. Tem-se então um território fragmentado e descaracterizado. As estruturas que definiram a sua ocupação e consolidação hoje representam a sua obsolescência: os terrenos vagos.

Mas, concomitantemente, está presente no vazio urbano a expectativa do novo. As descontinuidades urbanas oferecem uma nova possibilidade de projeto articulador. Este território – pela sua escala e dimensão potencial no tecido metropolitano – surge como a última possibilidade de construção de uma territorialidade metropolitana: a chance da configuração de um novo território central público. De significado [plural] e função [social]. Sua necessária complementaridade: o silêncio arquitetônico em meio à imensa massa construída. O mínimo.

Lança-se, então, uma estratégia projetual de intervenção para um trecho da Orla Ferroviária paulistana: um eixo linear de 12,6 km de extensão – 115 ha – que vai do Moinho Central, na Barra Funda, à Estação Mooca (7).

A estratégia organiza-se em quatro matrizes urbanas complementares, que se sobrepõem e abrem a possibilidade de desenhos múltiplos dentro de suas várias combinações possíveis. Uma nova dinâmica urbana, mais flexível às demandas e aos programas múltiplos da metrópole contemporânea. A idéia das superposições atende à flexibilidade temporal, pois não impõe um desenho único. É variável no tempo e no espaço. É dinâmica e comporta variações múltiplas na sua composição para a construção de um território complexo. Projetos urbanos com mecanismos de auto-regulamentação, de interação e ajuste durante o processo. Sendo flexível, poderia agregar – efetivamente – o processo participativo da comunidade de modo coerente. Uma arquitetura para a cidade contemporânea com a plasticidade que a permita acomodar-se às articulações da rede de fluxos, aos terrenos vagos, à nova dinâmica presente no território desarticulado. Morfologias abertas e interativas (8).

Afinal, trata-se do estabelecimento de uma estratégia urbanística que prepare as condições para a construção do território. Que o prepare para receber, coerentemente, os diversos programas urbanos e arquitetônicos, sem, entretanto, definir formas arquitetônicas finais. As matrizes são:

1. Infra-estruturas:

Configura-se pela reutilização das infra-estruturas e das estruturas urbanas históricas presentes no território como condições de campo existentes, insumos projetuais: modernização do sistema ferroviário e a sua transformação em metrô de superfície; modernização das estações existentes e criação de novas estações; reativação do patrimônio existente [edifícios históricos, galpões e moinhos permanecem como testemunhos da memória desse território e devem receber usos e programas atuais]; recapacitação da área industrial em processo de reconversão por uma nova indústria de base tecnológica e unidades produtivas do tipo dos “clusters industriais”; recuperação do rio Tamanduateí e a sua utilização como meio de transporte de curta distância para cargas e lixo.

2. Fluxos:

Combinação de projetos para o sistema de transportes: viário, de pedestres e coletivo, que resultem na otimização dos fluxos no eixo metropolitano; incentivo à intermodalidade entre os modos de transportes [rodo-metro-ferroviário]; maior acessibilidade para o território [transposição transversal da ferrovia]; continuidade do tecido urbano, permitindo a existência de uma rede de fluxos contínua do novo território com as suas bordas existentes e pré-configuradas; criação de uma “linha inteligente” enterrada [fibras óticas e canais de fluxos informacionais] junto à linha férrea que possibilite o desenvolvimento dos novos programas, principalmente da nova indústria metropolitana.

3. O eixo verde:

Ao longo de todo o território, junto à ferrovia, surge um eixo verde, um parque linear metropolitano, cuja imagem final constitua um gradiente verde que varie de densidade do corpo florestal central, para a sua diluição nos territórios urbanizados. Articulado ao parque linear, um conjunto de parques urbanos é proposto em pontos que se apropriam dos vazios mais significativos e articula-se aos equipamentos já existentes na área lindeira. Sempre que possível, deverá ocorrer a maciça presença da água. Linhas, faixas e grandes espelhos d’água para a captação das águas pluviais, contenção do fluxo de águas fluviais e alternativa aos atuais “piscinões” subterrâneos.

4. Bordas urbanas:

Procura possibilitar a consolidação do grande eixo público metropolitano – a Orla Ferroviária como integradora de atividades prioritariamente públicas – aos territórios lindeiros, as bordas urbanas. Implementação de habitação coletiva de interesse social, a “cidade para todos”, nas franjas urbanas e junto ao parque linear. As tipologias habitacionais devem ser variadas e flexíveis. De modo geral, propõe-se o desenvolvimento de lâminas habitacionais de densidade média e grande altura, justificando a sua implantação junto ao parque linear: 1.298.500 m2 de área construída; 23.084 unidades; 67.810 moradores; densidade demográfica: 589 hab./ha.

Vazio

Na orla ferroviária, a área da Mooca/Antarctica constitui um terreno vago típico: um antigo pátio industrial em grande parte desocupado de 200.000 km2.

A idéia geral de desenvolvimento do silêncio arquitetônico encontra aqui seu potencial como contraponto à idéia comum da imposição de uma ocupação arquitetônica maciça nos vazios urbanos (9).

A estratégia foi de resgatar a presença do vazio urbano com um grande parque com programa público, enquanto a ocupação das bordas é oferecida à iniciativa privada. Uma grande esplanada de 400 metros corta o território e conecta as estações de trem e VLP com comércio e lazer em seu interior. Os antigos edifícios históricos do complexo industrial da Antarctica são reciclados e recebem programa cultural. Nas bordas, foi proposta uma ocupação residencial de grande densidade e verticalidade acentuada sobre bases comerciais e de lazer. Em resumo: no terreno vago, propõe-se o silêncio, o parque com as conexões infraestruturais, enquanto nas bordas emerge a habitação coletiva de alta densidade.

Conexões

No caso da cidade de Mauá, zona sudeste da metrópole, a estruturação urbana é fortemente determinada pela evolução da indústria que chegou à região do Grande ABC e, paralelamente, à presença da antiga Ferrovia Santos-Jundiaí.

Seu núcleo urbano central instalado historicamente junto à estação ferroviária, com a evolução da cidade, foi engolido pela presença maciça da indústria e da ocupação comercial e residencial [década de 50 em diante]. Aquele centro histórico típico, configurado pela presença da igreja matriz, da estação central e da praça principal [22 de Novembro], hoje se apresenta como um nó urbano de extrema complexidade. Os espaços residuais foram preenchidos pelo comércio informal; o antigo espaço público foi parcialmente tomado pela presença inconveniente do terminal rodoviário e um fluxo peatonal imprevisível surgiu sem a devida organização espacial.

Do outro lado da ferrovia surgiu um novo pólo de atividades públicas, determinado pela presença da modernidade: sob diretrizes gerais constantes do Plano de Renovação Urbanística de 1975, de Vilanova Artigas, foi implantado o paço municipal e, mais recentemente, o Teatro Municipal. Artigas, além de estudar cuidadosamente o problema dos fluxos urbanos e propor importantes transposições da ferrovia que cortava o núcleo histórico da cidade, desenvolveu o plano do novo paço municipal, congregando vários equipamentos públicos em torno de um parque urbano. Infelizmente, o projeto foi apenas parcialmente implantado, ficando para trás importantes propostas como as diversas travessias da ferrovia e os desenhos urbano e paisagístico do parque (10).

O diagnóstico da situação hoje é de visível desarticulação territorial em um nó urbano de enormes fluxos e atratores públicos.

O projeto urbano surge a partir de uma estratégia geral clara: a rearticulação do território fragmentado e a implementação de um processo de refuncionalização urbana recuperando algumas diretrizes importantes do plano de Artigas (11).

As diretrizes são claras: gerar um elemento urbano integrador dos espaços fragmentados [a esplanada elevada]; articulação e integração nodal dos transportes públicos [estações ferroviária, de ônibus municipal e regional]; não ocupação maciça dos vazios existentes; fruição pública generosa; conexão dos dois núcleos urbanos [comercial e histórico]; geração de um espaço urbano de usos e funções complementares; resgate da dimensão pública perdida; marcar a centralidade histórica com equipamentos urbanos importantes, isto é, dar nova vida ao centro histórico com novos programas [além da esplanada elevada e das novas estações, há também a proposição da biblioteca central, do complexo esportivo e do parque do paço].

Em resumo: os diversos elementos arquitetônicos desenvolvidos se implementam sob uma estratégia de rearticulação do território. Procura-se liberar o chão urbano com maior flexibilidade ao mesmo tempo em que se lança mão de um novo elemento estruturador que conecta as diferentes partes do território.

Inscrições na superfície

Os trabalhos discutidos são paradigmáticos das imensas contradições presentes hoje no território de São Paulo. Novos equipamentos urbanos e processos de regeneração urbana operam como agentes transformadores da metrópole inserida na rede global, enquanto o espaço banal se revela no processo de reorganização do território fragmentado e desarticulado, ilustrando a imensa dificuldade dos países periféricos em resolver os problemas espaciais de suas metrópoles superpopulosas.

A metrópole em mutação vertiginosa reflete esta complexidade e os projetos atuais de refuncionalização do território podem apontar novos parâmetros de atuação: dar novas funções ao espaço deteriorado é a alternativa que o desenho urbano contemporâneo pode nos oferecer em contraposição a vários equívocos ocorridos em décadas passadas, onde os processos de revitalização urbana geraram cenários historicistas fake e gentrificação do território. As urgentes necessidades locais devem subsidiar intervenções urbanas programáticas, uma arquitetura da essência e não do supérfluo.

Os parâmetros fundamentais das corretas intervenções aqui, Brasil, surgem da criteriosa e crítica leitura da geografia do lugar: as inscrições na superfície. Em absoluta necessidade às demandas locais, mesmo que de caráter global. Promovendo a sempre necessária função social.

O problema parece ser como atuar na cidade existente quando seu território possui uma escala imensurável.

notas

1
O artigo é originário de palestra proferida junto ao College of Architecture & Environmental Design, Cal Poly University, em 20.10.03 intitulada Building the Unfinished: Urban Design in Sao Paulo. Agradecemos o apoio de Vicente del Rio e a gentileza de Nelson Kon pela cessão das fotos aéreas de São Paulo.

figuras 1 a 6 de Nelson Kon.

2
NIJENHUIS, Wim; DE VRIERS, Nathalie. Eating Brazil. Roterdã, 010 Publishers, 2000.

3
Para descrever estes espaços residuais presentes no território metropolitano contemporâneo, os autores têm se utilizado de diferentes termos. A definição do espaço residual em sua origem francesa, terrain vague, surge com exatidão em texto de Ignasi de Solà-Morales sob um contexto cultural: uma área sem limites claros, sem uso atual, vaga, de difícil compreensão na percepção coletiva dos cidadãos, constituindo normalmente um rompimento na trama urbana. Mas é também uma área disponível, cheia de expectativas, de forte memória urbana, com potencial original: o espaço do possível, do futuro [SOLÀ-MORALES, I. Terrain Vague. In Anyplace, Cambridge: MIT/Any, 1995, p. 118-123]. O termo vazio urbano é mais utilizado por autores europeus e, especialmente, pelos arquitetos holandeses [KOOLHAAS, R. apud GUST. The Urban Condition: self, space and community at the contemporary metropolis. Roterdã, 010 Publishers, 1999]. Nos EUA, os termos wastelands e, principalmente, brownfields são usados mais freqüentemente [SOUTHWORTH, M. Wastelands in the evolving metropolis. Berkeley: IURD/UC Berkeley, 2001]. Sob o enfoque americano, muita informação pode ser encontrada na Brownfield Source Organization [www.brownfieldsource.org]. Finalmente, é interessante ver a aproximação pioneira ao problema desenvolvida por Kevin Lynch ainda em 1981 [Lynch, K. Wasting Away. São Francisco: Sierra Clube, 1981].

4
São Paulo é, conforme Saskia Sassen, uma das dez “cidades mundiais”, integrada à rede de cidades globais. Na verdade, a cidade apresenta de modo contraditório realidades opostas: por um lado surgem espaços definidos pelo novo capital financeiro e vinculados às novas tecnologias de informação, ligados à economia globalizada; por outro lado, emergem no território fragmentado os chamados espaços banais que evidenciam todas as deficiências locais. Trata-se, então, de uma metrópole “glocal”. Ver Saskia, S. Scale and Span in Global Digital Word in: Anything, 44-48: Cambridge: MIT/Any, 2001 e também Recamán, L. New and Old Conflicts in Sao Paulo’s Urban [Dis] Order in Vriers, G. W. [Org.] The Global City and the Territory: history, theory, critique. Eindhoven: TU/e, 2001.

5
Peixoto, N. B. <www.uol.com.br/artecidade/cdf.htm> Arte/Cidade: Grupo de Intervenções Urbanas: Brasmitte: São Paulo, Berlim. Acessado em 30.08.2000.

6
Santos, Milton.  O Retorno do Território. In: Santos, M.; Souza, M. A. A., Silveira, M. L. [Orgs.]. Território: Globalização e Fragmentação. São Paulo: Hucitec/ANPUR, 2000.

7
Projeto-tese desenvolvido em nosso doutorado [FAUUSP, 2002]. 

8
Allen, S. Points and Lines: Diagrams and Projects for the City. Nova Iorque: Princeton Architectural Press. 1999.

9
O trabalho foi desenvolvido por Mario Biselli e Carlos Leite em 2002. 

10
Vilanova Artigas: Projeto de Renovação Urbana de Mauá, 1975. Cf. Serviço de biblioteca e Informação da FAU-USP. Arquiteto Vilanova Artigas: Acervo Digitalizado. CDROM 04: Projetos de Urbanismo. São Paulo: FAU-USP, 2001.

11
O trabalho foi desenvolvido inicialmente pela equipe técnica da Prefeitura de Mauá [Mariluce Rossi e equipe] e o desenvolvimento final coube à GPA [M. Biselli, C. Leite, A. Katchborian, M. Brooke e equipe].

12
Série de imagens: a intervenção na área central de Mauá está baseada na estratégia das conexões urbanas, resgatando alguns elementos importantes do Plano de Renovação Urbana de Artigas (1975). A esplanada elevada conecta os dois centros urbanos – histórico e comercial – aos novos equipamentos urbanos: estações de treme ônibus; biblioteca central; complexo e parque esportivos. Novos desenhos urbano e paisagístico complementam o trabalho

sobre o autor

Carlos Leite é arquiteto; Mestre e Doutor pela FAUUSP; professor do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Estará como Professor Visitante junto ao College of Architecture & Environmental Design, Cal Poly University em 2004 sob apoio desta instituição e do Mackenzie

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