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O arquiteto argentino, ex-presidente da Corporação Porto Madero, apresenta o projeto de renovação urbana e portuária para a cidade argentina de Santa Fé


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CONVERTI, Roberto. Santa Fé, Argentina. Uma estratégica cidade-porto. Arquitextos, São Paulo, ano 05, n. 054.02, Vitruvius, nov. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.054/525/pt>.

A cidade de Santa Fé está localizada na província de Santa Fé, que constitui o centro principal da área agrícola e pecuarista da Argentina e um ponto de encontro no coração do Mercosul. Santa Fé tem, portanto, um papel importante na exportação de produtos, particularmente por seu porto comercial.

Pode-se chegar ao Porto de Santa Fé pelo Oceano Atlântico, através da via denominada Paraná das Palmas, constituída pelo Rio da Prata (canal Mitre, de acesso ao Porto de Buenos Aires), Rio Paraná das Palmas, Rio Paraná Inferior, ou pela via “Rio Paraná Guaçú – Paraná Bravo”, formada pelo Rio da Prata (canal Martín García, de acesso ao Porto de Buenos Aires), Rio Paraná Guaçú, Rio Bravo, Rio Paraná Inferior. Água acima, se conecta com os rios Paraná e Paraguai até o Paraguai (Porto de Assunção), Bolívia (Portos Aguirre e Suárez) e Brasil (Portos Ladário, Corumbá e Cáceres – Km 3432). A esta rede de vias fluviais se denomina Hidrovia.

O Porto de Santa Fé está localizado no coração do sistema hídrico Paraguai – Paraná (Km 584 do Rio Paraná), sendo o Porto de comércio de ultramar mais valioso para as operações com navios oceânicos, devido à sua localização estratégica, pois conecta neste ponto diversas modalidades de transporte.

Ao mesmo tempo o Porto tem um papel econômico importante, estimulando o comércio de cabotagem nacional e internacional e contribuindo para o mercado marítimo internacional, principalmente na exportação de produtos agrícolas em grão – soja, trigo e milho –, produtos elaborados – como açúcar, carnes e laticínios –, produtos industriais de consumo e minerais.

A hinterlândia que funciona como Porto é constituída principalmente pela Região Centro, Noroeste e Nordeste de Argentina. Além disso, devido à sua localização privilegiada, o Porto de Santa Fé é o melhor lugar para a transferência de carga, tanto de chegada como de partida, para os países situados ao longo da Hidrovia.

Graças à sua localização estratégica, às excelentes conexões ferroviárias e rodoviárias em sua hinterlândia, e aos tratados de integração entre os países do Mercosul, o Porto de Santa Fé deve ter no futuro um papel muito importante no desenvolvimento de logísticas alternativas no intercâmbio comercial de países como Brasil e Chile.

O Plano de desenvolvimento portuário

Considerando que a província de Santa Fé tem um papel comercial importante na economia argentina, o Ente Administrativo Puerto Santa Fe decidiu promover um ambicioso e estratégico plano de desenvolvimento, com o objetivo de melhorar sua posição competitiva no mercado internacional de comércio fluvial e marítimo.

Com este objetivo estão em andamento duas importantes ações: em primeiro lugar, a licitação e o estudo sobre a viabilidade técnico-econômica da ampliação do Porto para adaptar a atual estrutura do Porto comercial a distintas modalidades de transporte, a partir da planificação e desenvolvimento de uma grande plataforma logística com ênfase principalmente na carga de grãos, incluindo o manejo da carga, instalações de armazenamento e de distribuição situados, preferencialmente, próximos das águas profundas do Rio Paraná; em segundo lugar, uma outra importante iniciativa, que é a realização de um Plano Diretor para compatibilizar os espaços comuns entre o Porto e a Cidade, refuncionalizando antigas áreas do Porto com a finalidade de estabelecer uma diversificada zona de atividades especiais, com edifícios para empresas e pesquisa tecnológica, um centro de convenções e exposições e espaços turísticos e de recreação, como um terminal de passageiros e um porto esportivo, com residência, lojas comerciais e hotelaria.

A atualidade

O Ente Administrativo Puerto Santa Fe dispõe em seu estatuto constitutivo a capacidade de promover, como instrumento de políticas públicas, novas formas de gestão para projetos de investimento que favoreçam o crescimento econômico do Porto de Santa Fé. Neste sentido, o Ente Administrativo priorizou como principal objetivo levar adiante um dos projetos prioritários para as autoridades estaduais e municipais – a reconversão e ampliação de usos para o desenvolvimento urbano do Porto de Santa Fé e suas zonas de influência.

Este projeto, também inscrito nas proposições gerais do Documento de Diagnóstico do Plano Estratégico da Cidade de Santa Fé, pretende promover a transformação da zona costeira e das zonas desocupadas alocando ali atividades específicas do uso portuário, criando uma zona especial através de um rigoroso planejamento a partir de um alto grau de consenso entre os atores principais da comunidade.

A grande qualidade funcional do lugar e as vantagens geográficas da implantação são virtudes que agregam um valor excepcional e que sem nenhuma dúvida potencializam as virtudes próprias do projeto a ser desenvolvido. Nesse sentido, o órgão portuário, reconhecendo a importância destes objetivos, colocou em prática as ações necessárias para inscrever a referida ampliação de usos no âmbito de um Plano Diretor para o setor.

O órgão portuário, com o objetivo de transformar as mudanças promovidas na zona portuária em um aporte significativo e racional para a cidade, desenvolveu através de uma equipe profissional com experiência neste tipo de projetos, os estudos e propostas necessárias com o objetivo de aportar, através de suas conclusões, aspectos que ajudem a promover a reconversão do setor, a partir da criação de novos programas e oportunidades de investimento na área.

Assim, no campo de um trabalho multidisciplinar, se produziram significativos estudos de evolução e planejamento urbano e portuário. Considerando o diagnóstico do Plano Estratégico da Cidade, na formulação de um Plano Diretor Geral foi pensada uma nova interface Cidade-Porto, com a disposição territorial dos novos e preexistentes usos do solo e sua correspondência com um adequado modelo de gestão, os estudos de regras de atividades e edilícias, vinculadas com as imediações existentes, a definição de custos e benefícios do projeto, os estudos de opinião pública sobre a proposta e as apresentações do Plano à comunidade.

A partir das questões até aqui colocadas e como resultado das atividades indicadas, o órgão portuário levou às autoridades municipais, e estas aprovaram, um novo plano e normativa urbanos, contendo a distribuição territorial de usos e indicadores edilícios para a área.

Neste sentido, o trabalho para a elaboração da Ampliação de Usos do Porto de Santa Fé, conseguiu precisar os conteúdos iniciais de um Plano Geral para a área e para cada uma das unidades de desenvolvimento que a compõe, determinando as características próprias desta nova centralidade na Cidade de Santa Fé, suas vinculações físicas e a trama de relações de atividade urbana com a Cidade e com sua área de influência, os aportes que o conjunto propõe e sua vocação de consolidar uma nova missão e papel principal para a Cidade de Santa Fé, através de seu porto e na condição de Capital Provincial a nível regional, provincial e municipal.

O Plano

A elaboração do Plano foi considerada do ponto de vista estratégico e multidisciplinar, o que permitiu constituir uma ordenada plataforma de sustentabilidade do projeto, através de um critério de trabalho concebido com esse fim.

Produzir este trabalho resultou em um indubitável valor estratégico para o órgão portuário de Santa Fé, afinal lhe foi permitido, a partir de sua responsabilidade como gestor institucional, um enorme salto qualitativo no que diz respeito às condições futuras e de oportunidades de desenvolvimento da área. Contudo, incorporou, através de um sentido crítico e de análise, conteúdos qualificados à atividade principal portuária, situação que permite, por sua vez, implementar as determinações orientadoras sobre a importância de transformar o Porto de Santa Fé e sua ampliação de usos em uma peça urbana fundamental para a Cidade, constituindo um novo mapa estratégico para a Província e a região, conformando um quadro-guia sobre uma nova formulação de oportunidades e de relações entre a Cidade e o Porto.

Com esse fim, o programa de usos adotado incorpora à área portuária um importante centro turístico e institucional para a Cidade e para a Província de Santa Fé, vinculado a um diversificado sistema de transporte rodoviário, ferroviário e fluvial, com um clube náutico esportivo e residencial, com importante hotelaria a partir do restauro de antigos e emblemáticos edifícios, uma moderna sede para exposições e convenções, com ramblas, passeios culturais e mostras da produção regional, com um centro comercial e um setor especial de escritórios e de pequenas e médias empresas, com espaços públicos para a recreação distribuídos em uma grande superfície de parques e praças.

A opinião pública. Valorização e importância do futuro Porto de Santa Fé

A tomada de decisões para a Ampliação de Usos e Reconversão Urbana do Porto de Santa Fé envolve – como toda intervenção de grande escala em uma cidade – toda a população, o que significa que precisada concordância de todos para poder se concretizar.

Um aspecto significativo para o Plano tem sido as pesquisas de opinião por meio de entrevistas realizadas com diversos setores sociais. As pesquisas comprovaram uma clara vontade local de participar de uma mudança de escala urbana na Cidade, trazendo à tona um testemunho social de alta importância do processo aqui exposto.

As entrevistas trouxeram para o Plano, através da avaliação dos possíveis objetivos e programas, conclusões positivas em relação à iniciativa, definindo como objetivo principal o reconhecimento e o desejo coletivo de um Porto protagonista do desenvolvimento moderno da Cidade, sendo maior – obviamente – o impacto das novas características do espaço público, proporcionado pelas ramblas e passeios integrados às novas atividades urbanas turísticas, produtivas, residenciais, culturais e comerciais.

Os entrevistados deram mostra, através de sua opinião, que compreendiam e aceitavam as mudanças de escala e oportunidade propostas por um projeto desta envergadura. Também compreendiam o significado da transformação, que permitia inclusive imaginar uma melhor relação da geografia natural com a cidade, a partir da criação de um novo cenário urbano fluvial com implicações no desenvolvimento econômico e social.

Também ficou visível, tanto dos setores públicos como privados, a percepção de que a cidade de Santa Fé está desenhando novas condições ambientais e urbanas em seu Porto e que estas estão sendo promovidas pelo órgão portuário, com o aporte surgido dos órgãos de planejamento urbano municipal, criando novas idéias e acordos na gestão de governar a cidade.

Hoje, os grandes projetos urbanos – e este é um caso – exigem novos modelos de gestão baseados nos processos mais do que nos dados, promovendo portanto a exploração de novas alternativas de participação democrática com o objetivo de estabelecer uma colaboração estratégica na elaboração e constituição do sustentáculo social e político de tais empreendimentos.

A premissa adotada no Plano é que projetar, gerir e acordar coletivamente, dá uma idéia do tipo de sociedade e o modelo de cidade que se pretende.

A gestão compartilhada surgiu como resposta aos desafios gerados pelos novos empreendimentos urbanos junto à comunidade e a necessidade de articulá-los com os estudos nas áreas de meio ambiente, patrimônio urbano, políticas públicas, economia, integração social e qualidade de vida.

Secundariamente, e já fora dos objetivos inerentes a este Projeto, a participação social teve conseqüências positivas na comunidade em geral, despertando a consciência da sociedade civil sobre os interesses públicos e seus direitos, obrigações e mecanismos de participação eficaz. Se o porto foi o símbolo do esplendor de um setor, a oportunidade de mudança no estado do porto atual, criando mais trabalho e mais produção, interessou à cidade como um todo.

Os critérios comuns com o Plano Estratégico da Cidade

Os vetores de sustentabilidade do Plano Diretor de ampliação de usos da área portuária têm também orientado os processos flexíveis de adequação e adaptabilidade entre os novos e tradicionais usos da área portuária.

Também se adotou condições comuns entre o Plano Diretor e os critérios colocados pelo diagnóstico apresentado pelo Plano Estratégico da Cidade de Santa Fé, cuja equipe profissional tem avaliado o projeto em diversas reuniões, aonde inclusive se produziram conclusões importantes e de valor para o prosseguimento do projeto geral. Tais conclusões se tornaram conteúdo do Plano Diretor e de sua orientação estratégica.

Uma questão de consenso inicial é catapultar a cidade de Santa Fé à transcendente rede de cidades portuárias que experimentaram mudanças favoráveis de qualidade de vida para seus habitantes, pelo meio da incorporação de programas de urbanização estratégica e planificada de suas áreas portuárias, conseguindo uma melhor e mais intensa atividade nestes lugares de grande qualidade paisagística e ambiental.

Através destas experiências é que se imagina, inclusive, que esta operação possa comparar-se e valorizar-se dentro do conjunto de cidades que tem promovido este desenvolvimento de empreendimentos, sob a dístico de notáveis realizações técnicas contemporâneas, valorizando o transcendente significado de expor tais mudanças da cidade de Santa Fé como um produto fundamental de contemporaneidade.

O turismo e o projeto comum Cidade Porto

Uma das propostas principais do Plano Diretor é proporcionar à Cidade e ao porto de Santa Fé uma identidade nascida de sua própria historia, a qual é suficientemente transcendente para ser compreendida, recorrida e observada, razão pela qual poderá posicionar-se em uma oportunidade preferencial do percurso turístico do litoral fluvial da Argentina.

Recentemente a Junta Provincial de Estudos Históricos, após análise de uma vasta documentação, apresentou uma constatação que corrobora a tese que considera a cidade de Santa Fé o primeiro porto da República Argentina com continuidade histórica, desde sua origem em 15 de novembro de 1573 até hoje. O material histórico está reunido em um excelente livro recentemente publicado, produzido pela Bolsa de Comércio de Santa Fé, e que traz o título Santa Fé, primeira Cidade-Porto da Argentina.

A ampliação de usos da zona portuária. A nova interface porto e cidade em Santa Fé

É nesta linha que se tem pensado sobre o sentido de se reforçar a identidade Cidade-Porto, como uma estratégia eficaz para conseguir tanto novos residentes ou turistas, como reter habitantes, gerando o marco social e a oportunidade de se conseguir investimentos.

É que o projeto de renovação portuária de Santa Fé não é a criação de uma zona para um conjunto de edifícios e tampouco um lugar competitivo do centro tradicional. Deve ser outro lugar notável da cidade, que revitalizará as condições gerais da mesma, para o qual é necessário compreender que nenhuma das características programáticas promovidas nesta ampliação de usos sobre o território de Santa Fé pode ocorrer senão em um lugar com as características de margem fluvial.

Assim mesmo, e pela dimensão e pelas temáticas escolhidas para os usos dessa área, apenas na cidade de Santa Fé podem se produzir as atividades da escala e do tipo propostos, as quais por outro lado, irão somar uma grande capacidade e dinâmica moderna à notável virtude de ser hoje Santa Fé a cidade capital provincial e um ponto nodal do desenvolvimento regional da Hidrovia do Mercosul.

Colocado deste modo, esta situação mobiliza vários aspectos fundamentais para a direção deste processo de transformação urbana, aonde a principal orientação surge da dimensão global do Plano Diretor, o qual trata de adaptar, mudar ou transformar a relação da Cidade e seu porto. Um tema que obriga que a proposta aqui apresentada seja entendida e cotejada pela comunidade.

É por isso que no transcurso da elaboração do Plano e com o objetivo de constituir uma rede de critérios comuns sobre tão importante tema em questão, autoridades e funcionários do governo provincial e municipal, da Universidade Nacional do Litoral e da Universidade Tecnológica, de associações profissionais, de câmaras empresariais, de instituições e empresas privadas e indivíduos representantes dos diversos segmentos sociais da cidade, têm sido consultados para dar suas opiniões, para somar a maior amplitude conceitual à proposta do Plano Diretor.

O modelo de gestão e seu gerenciamento

É importante também dizer que o Plano considerou em seus vetores principais de sustentabilidade distintas formas de modelo de gestão e de gerenciamento operativo através do órgão portuário, definindo o papel estratégico do organismo.

Foi fundamental a capacidade de desenvolver uma nova consciência e uma nova prática deste tema por parte da Autoridade Portuária, ao gerar os instrumentos idôneos para conseguir os fins presentes na proposta, estabelecendo a estrutura institucional mínima, eficiente e capaz de gerenciar um novo processo desde de onde se pode comunicar, induzir, orientar, administrar e ajustar a todo o momento as previsões de antecipação que o desenvolvimento do Plano Diretor de Ampliação de Usos propõe.

Este projeto transformador exige que o órgão portuário assuma o papel, não menor e transcendente, de conduzir um processo urbanizador em longo prazo e para isso adote um modelo de gestão de participação pública e privada, que foi considerado o instrumento adequado para assentar as bases dos procedimentos próprios e de sua relação com a comunidade de Santa Fé, os investidores, os comerciantes, os desenvolvimentistas, os usuários, as instituições, as empresas e os organismos governamentais e não governamentais em geral.

O modelo de gestão será, em síntese, a ferramenta com a qual o órgão portuário dará demonstração cabal de sua capacidade para concretizar e materializar o Plano Diretor, torná-lo operativo e possibilitar a geração dos maiores benefícios sociais e econômicos para a cidade e a província de Santa Fé.

Participação e consenso

A implementação e colocação em marcha do Plano permitiram entender os conflitos gerados pela transformação da área como algo inerente à convivência social e comprovar a utilidade da participação para se opor às possíveis interferências que podem tornar vulnerável o consenso, base e condição da ação acordada entre o setor público e o privado e do próprio desenvolvimento sustentável do Plano.

Entendendo como ação acordada o mecanismo desenhado para criar uma rede de interesses preocupados em levar a cabo ações desencadeadas para alcançar os objetivos propostos, e como desenvolvimento sustentável a estratégia racional de projetos em longo prazo, que produzam um equilíbrio perdurável entre as necessidades do desenvolvimento econômico, a cooperação público-privado, a conservação dos recursos, a preservação do meio ambiente e dos valores culturais e com uma distribuição justa e eqüitativa dos benefícios derivados à comunidade.

A cidade e o porto de Santa Fé têm através desta proposta a possibilidade de uma mudança positiva, criando a sede de onde os temas de policentralidade, turismo, qualidade ambiental, imagem urbana, melhoria do espaço público, bom uso das costas, posicionamento regional, equipamento cultural e recreativo, novas tecnologias para a pequena e média empresa e desenvolvimento econômico e social são, entre outros, os fundamentos essenciais de seu ideário.

É por isso que a atual oportunidade e a relação da cidade e o porto significam para Santa Fé uma reivindicação histórica originária, mas também um destino de importância e liderança a nível regional e nacional.

Decisivo avanço até a definição da nova Cidade-Porto

Transcorrida a etapa de estudos, propostas e gestão acordada entre a Cidade e o Porto, o Conselho Municipal da Cidade aprovou, no dia 5 de agosto de 2004, os novos usos para os terrenos da área portuária.

Por unanimidade, os vereadores aprovaram o projeto do Plano Diretor desenvolvido pela Autoridade Portuária e produzido por uma importante equipe multidisciplinar de profissionais.

Assim, foi criado na Cidade de Santa Fé um novo distrito denominado Cidade Porto.

Dessa forma, conjuntamente com o impulso desta nova estratégia urbana e portuária, avança a licitação para estudar a factibilidade técnica e econômica de uma nova participação do porto na rede troncal do rio Paraná, tendo como objetivo posicionar Santa Fé como um centro logístico fundamental nas rotas fluviais do Mercosul.

O projeto de reconversão que se iniciou a partir do ano 2001, sob a égide da resolução adotada pelo órgão administrador do porto local, presidido nesse momento pelo Sr. Ricardo Lujan, atual diretor e representante da cidade no porto e continuado, no presente, pelo Dr. Benito Correnti, seu Presidente em exercício, com o fim de produzir a reconversão da área portuária da cidade de Santa Fé, demonstrou assim a importância da continuidade na gestão para conseguir o êxito nos resultados de um Plano de escala urbana.

A aprovação dos novos usos urbanos

Após várias reuniões e ajustes, os vereadores chegaram ao consenso de uma lei que incorpora 50 hectares ao regulamento do zoneamento, e que de agora em diante passaram a formar parte do novo distrito Cidade Porto. A decisão foi unânime.

O texto aprovado determinou seis áreas distintas para serem destinadas a usos urbanos diversificados e relativos ao equipamento administrativo, comercial, financeiro e institucional, complementado com atividades residenciais, turísticas e de lazer.

A nova norma estabelece também requisitos para a autorização dos diferentes empreendimentos.

Por exemplo, o investidor privado terá que apresentar, em caráter de consulta prévia para o órgão administrador do porto, para sua consideração e visão prévios, um plano urbanístico para o setor de seu interesse. No caso de se ajustar às expectativas do Plano Cidade-Porto, será apresentado às autoridades municipais para sua aprovação definitiva.

O novo zoneamento Cidade-Porto

O Conselho Municipal, ao aprovar por unanimidade a lei que determina o novo zoneamento das áreas vazias do porto, incorporou esse território ao regulamento de zoneamento geral da cidade de Santa Fé.

A partir do importante trabalho prévio desenvolvido pela Autoridade Portuária, se produziu uma linha estratégica de ação baseada em políticas de projeto e de gestão urbana de longo, médio e curto prazo, designando para esse fim experts na elaboração de projetos estratégicos em cidades, com especialidade em áreas costeiras e portuárias.

É por isso que o Plano Diretor constituiu uma das partes principais dos consensos obtidos, ao permitir a obtenção do acordo final entre a comunidade, os agentes políticos e municipais, especialistas profissionais do Plano Estratégico da Cidade e dirigentes e representantes de Câmaras e instituições empresariais.

Seu conteúdo, além de definir as características urbanas e arquitetônicas da área, permitiu elaborar um programa apto para o desenvolvimento futuro da cidade e um modelo de gestão que atende o modo de produção do novo setor urbano.

Os setores não incluídos neste novo zoneamento – uns 20 hectares – se manterão destinados à atividade portuária em suas distintas modalidades e à localização de usos e atividades complementares e de apoio às atividades principais, as quais servirão especialmente à melhor integração do projeto com localização portuária futura a executar-se sobre a Hidrovia do Rio Paraná, em concordância com a licitação pública internacional realizada para produzir os estudos de factibilidade de readequação e/ou ampliação da atual infra-estrutura.

Como será a intervenção aprovada pelo Conselho Municipal

A norma votada divide ao distrito Cidade-Porto em seis setores, possibilitando garantir a acessibilidade da população da vizinhança à área adjacente ao rio através de passeios costeiros, ramblas, parques ou outras alternativas que sejam consideradas viáveis. Também exige que ao menos 20% do total da área seja destinado ao uso público.

O projeto definitivo dos espaços públicos será aprovado em passos sucessivos pelas áreas técnicas do município, a partir da proposta desenvolvida pela Autoridade Portuária com base no Plano Diretor, através da equipe profissional responsável por este último.

No texto definitivo se definiu a constituição de um espaço de inter-relação com a Autoridade Portuária, para formular sugestões, observações, reclamações e opiniões ao executivo municipal, ao Conselho, aos gerenciadores do Plano Diretor e aos investidores.

A nova intervenção nos terrenos do porto se desenvolverá por etapas. Em função da proposta do Plano Diretor e dos trabalhos do Município e do Conselho legislativo, se reforçam alguns conceitos referentes à preservação do meio ambiente e do entorno urbano, já que se resolveu impulsionar o desenvolvimento de uma área para a instalação de indústrias limpas, garantindo a continuidade de todas as atividades que existem na atualidade, com parâmetros de qualidade ambiental.

A respeito do uso das terras do porto, que são fiscais e não podem ser transferidas, se aprovou o modelo proposto pelo projeto que prevê um sistema de outorga de licenças de uso para os futuros empreendedores. Trata-se de um modelo de concessão em longo prazo.

Recuperação histórica

“Santa Fé foi fundada por um homem empreendedor como Juan de Garay. E em 1662 o Porto era tão importante que, por decisão real, a Cidade foi designada como Porto Preciso. Isto implicava que todo navio que fizesse comércio pelo Paraná, teria que se registrar e fazer escala obrigatória na cidade". Nesta nova etapa – declararam os legisladores na sessão de aprovação – cumpre a missão histórica de restituir um valor de renovada centralidade à Cidade, a partir de um projeto definido, estratégico para o futuro destino da Cidade e do Porto de Santa Fé.

Na Bienal de Veneza

Como correlato ao valor político e social do desenvolvimento do Plano em curso, o mesmo traz um importante valor e reconhecimento cultural à cidade de Santa Fé. Nesse sentido, a proposta de urbanização da área portuária integra o Pavilhão Argentino na Bienal de Arquitetura em Veneza, Itália.

A Cancelaria Argentina confirmou a participação da obra "Proposta Urbana Santa Fé Cidade Porto" na 9ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza, que acontece entre o 9 de setembro e 7 de novembro do corrente ano.

A seleção das obras, que representa a Argentina, foi efetuada pela Faculdade de Arquitetura, Desenho e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires tendo como base o mérito e a qualidade dos trabalhos e enquadrada na temática da referida Bienal, no caso Mutações e Transformações da Arquitetura nas Cidades Contemporâneas.

A Cidade Porto de Santa Fé

O Prefeito da Municipalidade de Santa Fé, Engenheiro Martín Balbarrey, a Autoridade Portuária, presidida pelo Dr. Benito Correnti, e as autoridades da Bolsa de Comércio local, decidiram que a mostra do pavilhão argentino no mencionado evento fosse realizado através de uma mostra de maquetes e painéis fotográficos elaborados para esse fim e que uma vez finalizada a Bienal de Veneza, serão apresentados em Santa Fé em exposição pública, como inicio de uma mostra permanente que registrará, nos moldes de um moderno Observatório Urbano, o processo de desenvolvimento e a transformação da Cidade e do Porto de Santa Fé.

ficha técnica

Plano Diretor
Ampliação de Usos do Porto de Santa Fé, Santa Fé – Argentina

Direção do Plano Diretor
Arq. Roberto Converti

Coordenação da Gestão Urbana
Arq. José María Oliver

Coordenação do Projeto Urbano
Arq. Fabio De Marco

Coordenação Técnica
Arq. Juan Carlos Angelomé

Estudos de Opinião e Pesquisa Social
Lic. Amelia Miroli

Avaliação Econômica
Lic. José MourelleLic. Carlos Tejerina

Coordenação Administrativa Local
Ctdr. Raúl Fiorano

Infraestrutura Portuária
Ing. Franklin CodromazIng. Julio Montero

Assistentes Técnicos
Arq. Guilermo Borghini
Arq. Alberto Maletti
Arq. Fernando Zanel
Arq. Lucas Maletti
Arq. Javier Pisano
Arq. Christian Giani
Srta. Margarita Kwon

Sistema de Informação Geográfica
Arq. Martín Scoppa

informação

Porto de Santa Fé
www.puertosfe.com

sobre o autor

Roberto Converti dedica sua atividade profissional ao planejamento e aos projetos estratégicos nas cidades. Foi subsecretário de Planejamento Urbano do Governo da Cidade de Buenos Aires (1996-2000) e Presidente e integrante do Diretório da Corporação Porto Madero S.A. (2000-2002). Atualmente é Diretor de dois projetos estratégicos em cidades argentinas, Neuquen e Santa Fé, e atual Coordenador do Projeto Comum de Estratégias para a transformação e desenvolvimento de Cidades Portuárias na América Latina e Europa, produzido pelo Programa URB-al e pela Associação Internacional de Cidades e Portos – AIVP – com a participação das cidades de Marselha, Bilbao, Valparaíso, Montevidéu e Rosário

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