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architexts ISSN 1809-6298


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O autor trata das paisagens do cotidiano particular da cidade do Rio de Janeiro, incitando um debate que serviria de pretexto para iniciar outra discussão sobre as mudanças que ocorreram na cidade a partir da instalação da família real portuguesa em 1808


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ARRUDA, Phrygia. Olhares particulares. Arquitextos, São Paulo, ano 09, n. 102.05, Vitruvius, nov. 2008 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.102/96>.

1

O programa da disciplina "Psicologia Aplicada as Artes Cênicas" (1) e o projeto de pesquisa em extensão sobre "imaginários cariocas" serviram de pretexto para escrever este artigo sobre as paisagens do cotidiano particular da cidade do Rio de Janeiro. Dando início ao estudo, buscamos percorrer um trajeto que inicia com a descrição das chamadas capitais do modernismo dentro da ótica de Bradbury & McFarlane, que descrevem as artes do século XIX como a arte das cidades, principalmente daquelas polissêmicas e "poliglotas que, por diversas razões históricas, adquiriram uma grande fama e intensa atividade como centros de intercâmbio cultural e intelectual" (2).

Assim, esse debate serviria de pretexto para iniciar outra discussão sobre as mudanças que ocorreram no Rio de Janeiro a partir da instalação da família real portuguesa em 1808, que transformou a cidade em um importante centro cultural, o que ocorre ainda hoje (3). A partir desse olhar, que não era inédito, já que a tese de doutorado tratou da idéia que o Rio de Janeiro foi, e continua sendo, uma capital cultural, decidi investigar a relação da cidade real com sua representação cenográfica, ou seja, imaginada e recriada no teatro, no cinema e, principalmente, no imaginário dos alunos.

O objetivo geral da disciplina, justaposto ao da pesquisa, era compreender como os espaços urbanos são preenchidos por diferentes olhares particulares, através de lembranças e experiências compartilhadas. Como objetivo específico, cada aluno representou a cidade ou o bairro a partir de conceitos de legibilidade/imaginabilidade (4) e ancorados pela concepção de memória coletiva (5), e decifrou qual Rio de Janeiro guardava em suas memórias mais remotas, associadas às suas experiências particulares.

Contemplar uma cidade pode ser uma experiência prazerosa e especial, por mais comum que seja a relação dos moradores com ela. No Rio de Janeiro, essa experiência está sempre presente na exaltação de suas belezas como algo singular e extraordinário, apesar das diversas reclamações feitas às condições adversas do seu cotidiano, quando é sempre salientada a sua condição de "cidade maravilhosa".

O imaginário das diferentes narrativas sempre contribuiu para o modo de ver o Rio de Janeiro. Assim foi desde as descrições do Conde Gobineau (6), dos romances de Machado de Assis, das crônicas de Paulo Mendes Campos, dos discursos políticos e jornalísticos, da iconografia cinematográfica e até da música – sambas e marchinhas. Todos descreveram a realidade material e simbólica da cidade, enfatizando como ela era vista e imaginada. Quando tais discursos alcançam um efeito social, são partilhados e contribuem para formar uma memória coletiva sobre o Rio e o carioca e se constituem em patrimônio.

Essa foi a nossa linha de pensamento ao dar continuidade ao trabalho, tomando emprestado o que escreveram Aurélio e Scalabrini: "não se pode falar de patrimônio sem o estudo da história da cidade, não só para apreender suas significações, como tentar evitar a criação de simulacros" (7).

Mas a idéia de patrimônio descrita no trabalho original foi inspirada principalmente nos "tableaux berlinois" de Walter Benjamin (1932), isto é, "quadros da cultura cotidiana que registram os pontos de contatos que sobrepõem à biografia individual com a história coletiva" (8).

Decerto, considera-se como patrimônio cultural o que um conjunto social considera como cultura própria, o que sustenta sua identidade e a diferencia de outros grupos. Néstor Canclini afirma que:

"não compreendendo apenas os monumentos históricos, o desenho urbanístico ou outros bens físicos; mas a experiência vivida também sintetiza linguagens, conhecimentos, tradições imateriais, comportamentos e modos de usar os bens e os espaços físicos" (9).

O estudo sobre a vida cotidiana contemporânea e dos processos urbanos pelas ciências sociais datam da década de 90, quando surgiu o interesse pela produção cultural imaterial (10). Agora, os referenciais teóricos e metodológicos se modificam para enfrentar os desafios de examinar novos contextos das sociedades complexas, onde os bens simbólicos tradicionais se transformam, fazendo surgir, então, novas identificações coletivas.

Concordamos com Pierre Nora (11) quando afirma a existência de diversas maneiras de observar e escutar, refletir e escolher, narrar e fotografar os patrimônios arquitetônicos e as cidades. São fatores decisivos na formação do significado dos espaços, nos estilos e na conformação do imaginário social. É possível até afirmar que as ficções sobre a cidade do Rio de Janeiro têm importante papel na formação do jeito carioca de ser.

Contemporaneamente, Canclini chama a atenção para o fato de que a construção da cidadania cultural não se efetua somente sobre princípios políticos e participação "real" nas estruturas jurídicas ou sociais, mas também a partir de uma cultura formada pelas ações e interações cotidianas e na projeção imaginária dessas ações em mapas mentais da vida coletiva (12).

2

Ao iniciar este artigo, me deparei com o texto da professora Regina Abreu sobre a memória social e o que mais chamou minha atenção foram os parâmetros que a autora utiliza para tratar das soluções suscitadas pela tarefa da relação entre teoria e pesquisa e, principalmente, quando trata do uso adequado dos quadros teóricos com os conceitos e acrescenta que a inadequação entre eles seria como utilizar "canhões para matar passarinhos" (13). Mas esta reflexão da autora indicou um exercício e uma possibilidade interessante de travar esse diálogo entre Maurice Halbwachs e Kevin Lynch, dois autores que serviram de referência bibliográfica na disciplina.

Confiando no meu discernimento, procurei destacar aquilo que as obras de ambos oferecem em relação ao espaço e tempo que se aproximam e que podem se completar. Em Halbwachs, existe uma tradição da sociologia francesa "durkheimiana", cuja formulação apriorística era que o espaço e o tempo são conceitos construídos como representações coletivas e comuns em uma sociedade e, portanto, não são apenas uma mera elaboração individual, mas produtos de laborações coletivas "já que o único ser pensante acima do homem é a sociedade" (14).

A memória, partindo da existência de uma consciência coletiva, é fruto de qualquer sociedade onde certo número de idéias e de sentimentos comuns são passados de geração em geração, entre elas as concepções de espaço e tempo (15), afirmando ainda que, aquilo a que chamamos de memória, tem sempre um caráter social já que qualquer lembrança, embora pessoal, existe em relação a um conjunto de noções que nos dominam, mais que outras, com pessoas, grupos, lugares, datas, palavras e formas de linguagem, inclusive raciocínios e idéias, ou seja, com toda a vida material e moral das sociedades das quais tenhamos feito parte (16).

Mais tarde, Halbwachs completa seu pensamento com o conceito de "memória coletiva" que, além do caráter social das lembranças, é seletiva e busca conciliar memória coletiva com memórias individuais. Ele afirma que:

"para que nossa memória se beneficie da dos outros, não basta que eles nos tragam seus testemunhos: é preciso também que a memória coletiva não tenha deixado de concordar com as memórias individuais e que haja suficientes pontos de contato entre uma e as outras para que a lembrança que os outros nos trazem possa ser reconstruída sobre uma base comum" (17).

3

Maurice Halbwachs acreditava que o homem reconstrói seu passado, servindo-se de "quadros sociais", que são suas referências.

"As noções de tempo e de espaço, estruturantes dos quadros sociais da memória, são fundamentais para a rememoração do passado na medida em que as localizações espacial e temporal das lembranças são a essência da memória" (18).

Já na obra de Bergson (19), a memória está ligada a concepção original do espaço e do tempo já que, segundo o autor, os seres humanos conhecem duas realidades de ordens diferentes. Uma delas tem um caráter heterogêneo e resulta ser a das qualidades sensíveis. É a realidade da "duração", que é a forma que toma a sucessão de nossos estados de consciência quando nosso eu se deixa viver se abstendo de estabelecer uma separação entre o estado presente e os estados anteriores, ou seja, quando percebe o que sempre se chamou "tempo" como indivisível. A outra realidade é homogênea e resulta ser o espaço, concebido pela inteligência humana, e move a realizar distinções estritas, por exemplo: a contar, a abstrair e, segundo o filósofo francês, talvez, também a falar.

A proposta de Halbwachs, partindo das premissas durkheimianas, responde diretamente a Bergson na primeira de suas obras dedicada à memória coletiva, afirmando que aquilo denominado memória tem sempre um caráter social, pois qualquer lembrança, embora muito pessoal, existe em relação a um conjunto de noções que nos dominam mais que outras, com pessoas, grupos, lugares, datas, palavras e formas de linguagem, inclusive com raciocínios e idéias, ou seja, com toda a vida material e moral das sociedades [...], que se conserva no meio material que nos cerca. É por exemplo, o apartamento da família, o quarto de dormir, a cozinha, etc..." (20).

Implantadas em grandes dimensões, as cidades são construções nos espaços que, no decorrer dos tempos, são conhecidas e registradas na memória e na história social. Numa cidade são incontáveis as sensações vividas no seu dia-a-dia e todas dependentes dos espaços urbanos que podem definir uma população, uma comunidade e mesmo um jeito de ser.

A relação entre os moradores e espaço urbano é física, afetiva e de memórias, mas pode-se afirmar que o tempo se inscreve no espaço pelo viés da memória e da história, sendo possível vivenciá-los partindo da memória coletiva da comunidade a que pertence. Ela não se reparte com nenhum outro grupo e não sofre nenhuma descontinuidade entre o tempo presente e o passado. São as nossas experiências particulares vividas em um determinado tempo e lugar, que marcam para sempre as histórias sobre uma cidade, sobre um bairro e mesmo sobre um grupo. São os espaços urbanos que dão suporte à memória coletiva (21).

Contudo, ao pensar nas sociedades modernas, Halbwachs, previu o surgimento de grupos, linguagens e espaços, tempos socialmente diferentes e, por conseguinte, existiriam tantos grupos diferentes como origens de tempos e que nenhum deles se imporia aos grupos ou teria tantas maneiras de representar o espaço como grupos (22).

4

Kevin Lynch, urbanista, arquiteto e professor da Universidade de Massachusettes (MIT/EUA) escreveu na década de 60, dentre outros livros, "A imagem da cidade", sobre o auge das sociedades capitalistas imersas no consumo e em uma urbanização crescente, preocupadas com a imagem e a realidade visual. Contudo, Lynch teve seu interesse voltado para a valorização da relação homem e espaço, do real versus o imaginado e da arquitetura versus desenho /paisagem urbana, considerando que a imagem é formada pelo conjunto de sensações experimentadas ao observar e viver determinado ambiente" (23) e ainda buscar que formas contribuiriam para reforçar a imagem das cidades, de modo a sugerir alguns princípios de design urbano.

Seu estudo foi desenvolvido com a convicção de que a análise da forma existente e de seus efeitos sobre o cidadão é uma das pedras angulares do design das cidades (24), ou seja, a maneira com que os cidadãos representam sua cidade. Sua finalidade era analisar a legibilidade da paisagem urbana. Para o autor, a percepção dos cidadãos sobre a cidade está em constante evolução, mas se atualiza em função dos lugares de moradia, do trabalho, dos acontecimentos e das relações sociais que aí se desenvolvem. Incontáveis são os exemplos que nos levam a recuperar a imagem do passado de uma cidade, como os nomes de ruas que designam famílias ligadas a vidas sociais, culturais e política da cidade ou do país, ou aqueles nomes ligados às atividades econômicas (ex: Rua do Mercado), além de outros sinais do passado da cidade ou do bairro.

Para Lynch, é a idéia da família, da casa, de uma comunidade ou grupo social que se materializa por uma série de símbolos que dão ao espaço urbano parte de sua legibilidade. Lynch enfatiza o ambiente físico como uma variável independente para definir qualidades físicas relacionadas aos atributos de identidade (delimita o objeto com relação a um outro) e estrutura (como um objeto está relacionado com outro) na imagem mental. Isto o levou à definição daquilo que chamou de imaginabilidade, ou seja, "característica, em alguns objetos físicos, que lhes conferem uma alta probabilidade de evocar uma imagem forte em qualquer observador. É aquela forma, cor ou disposição que facilita a criação de imagens mentais claramente identificadas, poderosamente estruturadas e extremamente úteis do ambiente" (25).

Uma cidade altamente "imaginável", no sentido específico (evidente, legível ou visível), convidaria os sentidos a uma atenção e participação maiores. Uma cidade assim tem seus espaços apreendidos, mesmo com mudanças e o passar do tempo, e seus habitantes não rompem suas ligações com aqueles elementos precedentes.

Um ambiente bonito tem outras propriedades básicas, como por exemplo o significado, a expressividade, o prazer sensorial, o ritmo, o estímulo, e a escolha. A concentração na imaginabilidade não nega a importância das demais.

Para Lynch, o "objetivo principal consistia em levar em conta a necessidade de identidade e estrutura no mundo perceptivo e ilustrar a relevância especial dessa qualidade para o caso específico do espaço urbano, complexo e mutável". "O desenvolvimento da imagem é um processo interativo entre observador e coisa observada, é possível reforçar a imagem tanto através de artifícios simbólicos e do reaprendizado de quem a percebe, como através da reformulação do seu entorno" (26).

5

A escolha da técnica e dos procedimentos a serem seguidos dava continuidade a outra pesquisa sobre a cidade e o jeito carioca de ser, mas foram as reações das alunas quanto ao direcionamento da disciplina que permitiu a ênfase na particularidade de um olhar sobre a relação de homens e mulheres com a cidade através de descrições plásticas e interferências subjetivas e coletivas. O mapa mental foi o instrumento metodológico escolhido para analisar, não só a pertinência da técnica, mas também a avaliação final da disciplina, isto é, a sua elaboração por parte das alunas da graduação. Resumidamente, os mapas mentais se constituem em representações gráficas imagináveis de um espaço físico particular e ao desenhar a cidade cada indivíduo faz relevantes associações com partes do local escolhido, pois tal eleição, por mais pessoal que seja, suscita imagens que são partilhadas com outros grupos, íntimos ou não, e estão sempre impregnadas de lembranças e sentidos.

Cada habitante de um lugar faz importantes ligações entre seu quotidiano e sua cidade que se transformam em imagens carregadas de recordações e significados, quase todas fazendo parte de uma memória coletiva de um certo grupo. Além disso, é experimentada a disposição de algumas cidades que estimulam experiências subjetivas inesquecíveis.

Os mapas mentais dos mais de 50 alunos moradores da cidade, porém nem todos cariocas, possuem como critério único exigido o fato de serem alunos da disciplina nos anos de 2006 e 2007. Por conseguinte, com a experiência de um aprendizado comum baseado nas leituras exigidas pelo programa, legitimou como eficaz a inclusão dos mapas mentais como o instrumento metodológico e o fato de que os autores estudados, embora distantes temporalmente, facilitaram a compreensão do tema. O objetivo principal era fazer com que os alunos pudessem adquirir novos conhecimentos e novos instrumentos para aplicarem ao trabalho sobre a relação espaço-temporal mediado pela memória.

Não foi feito nenhum pré-teste, embora os exercícios preparatórios dêem crédito à pertinência da escolha dos mapas mentais. Estes desenhos foram solicitados igualmente para todos, sendo obrigatório o uso de papel A 3 e papel Paraná, além da assinatura de um Termo de Compromisso Livre e Esclarecido para o uso do material (27).

A metodologia reforçou que esses desenhos eram marcados por um imaginário nacional sobre o Rio, reproduzido na memória coletiva do grupo do passado e de período recente e, portanto, os alunos reconstruíram mentalmente as representações do espaço urbano que os cercam. Concluiu-se aqui que os pontos reproduzidos da cidade se entrelaçam com cada vida pessoal e familiar de cada aluno.

Assim, por intermédio dos relatos vinculados aos mapas mentais (28), foi possível afirmar que para cada um, de maneira particular, a cidade do Rio de Janeiro é legível, clara e imaginável, isto é, possui ambientes que ainda hoje continua trazendo experiências agradáveis ao olhar, mesmo que os desenhos assinalem modos de vida recentes. Porém, o passado esteve sempre presente.

6

A conclusão do trabalho nos permitiu fazer as seguintes observações: que os textos usados como referências bibliográficas foram pertinentes e contribuíram para o exercício de um olhar mais atento do cotidiano que nos cerca; que não só as pessoas, mas, o vai-e-vem das ruas, as calçadas, os quarteirões, enfim, os espaços urbanos que nos rodeiam, não ficam impassíveis aos afetos e as paixões; e por fim, que o apagamento dessas lembranças da nossa memória reaparecem num relance com toda força dos sentimentos que estiveram presentes no passado.

É a força dos diferentes pontos de referências que estruturaram nossa memória que a faz estar inserida na memória coletiva pois tudo fica registrado na alma. E o que é afirmado aqui é possível visualizar e registrar nas pequenas histórias de vida, nos relatos que levaram às construções dos mapas mentais de cada um dos alunos, conforme pode ser visto nas fotos e textos ao lado (29).

Como se observa à memória coletiva não se apóia sobre a história aprendida, mas, sobre a história vivida, e por história, é preciso que se compreenda não como uma sucessão cronológica de acontecimentos e de datas, mas, tudo que faz que um período se distinga dos outros (30). Os espaços urbanos são realidades que persistem nas impressões individuais, mesmo quando se está afastado deles, mas, é possível apoderar-se do passado se estes espaços urbanos se conservarem no meio material que envolve os indivíduos. É sobre o espaço, sobre o espaço individual, - aquele ocupado pelas pessoas, onde elas passam continuamente, que têm acesso todos os dias, que sua imaginação e pensamento são capazes de reconstruí-lo – é para lá onde se voltam as atenções individuais e grupais; é sobre o espaço também que o pensamento deve se fixar, e escolher algumas categorias das recordações (31).

E por último, é possível afirmar que o Rio de Janeiro, dos mapas mentais aqui exemplificados, pode ser considerado um patrimônio cultural, à medida que, transmitido de geração em geração, recriado constantemente pelas comunidades e grupos em função do seu entorno, da sua interação com a natureza e da sua história, inspira naqueles que moram na cidade (cariocas ou não) um sentimento de identidade e continuidade, e mesmo sem saber, tais expressões e representações contribuem para o respeito da diversidade cultural e a criatividade humana.

notas

1
Psicologia Aplicada às Artes Cênicas, disciplina obrigatória do Curso de Graduação de Artes Cênicas, habilitação em Cenografia e Indumentária (Escola de Belas Artes / UFRJ (EBA). E como disciplina optativa do Curso de Graduação de Psicologia – do Instituto de Psicologia /UFRJ.

2
BRADBURY, Malcolm; McFARLANE, James. “As cidades do Modernismo”. Modernismo. Guia geral – 1890-1930. Tradução Denise Bottmann. São Paulo, Cia das Letras, 1999, p. 76.

3
Sobre a história do Rio de Janeiro, ver ARRUDA, Phrygia. O jeito carioca de ser: entre a tradição e a modernidade/ o imaginário de um Brasil moderno. Tese de doutorado. Rio de Janeiro, Instituto de Psicologia / Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002.

4
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Tradução Jefferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1997.

5
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução Beatriz Sidou. São Paulo, Centauro Editor, 2006.

6
READERS, Georges. O Conde de Gobineau no Brasil. Tradução Rosa freire D´Aguiar. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1997.

7
AURÉLIO, Cláudio Rogério; SCALABRINI, Marina Veiga. “Patrimônio e cidade: Sobrevivências do passado em Ribeirão Pires”. Arquitextos, n. 048. Texto Especial 233. São Paulo, Portal Vitruvius, maio 2004 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp233.asp>.

8
BOLLE, Willi. “Cidade e memória”. Cap.08. Fisiognomia da metrópole moderna representação da história em Walter Benjamin. São Paulo: FAPESP/Edusp. 2000, p. 315.

9
CANCLINI, Néstor. “O patrimônio cultural e a construção imaginária do nacional”. Revista do Patrimônio (IPHAN), nº 23 – Cidade. Trad. Mauricio Santana Dias. Rio de Janeiro, 1994, p. 99.

10
UNESCO. Convención para la salvaguardia del patrimonio cultural imaterial. Paris, Unesco, 2003. Disponível em: MISC/2003/CLT/CH/14.

11
NORA, Pierre. “Entre Mémoire et Histoire – La problématique des lieux“. In NORA, Pierre. Les lieux de Mémoire. Paris, Éditions Quarto Gallimard, 1997.

12
CANCLINI, Néstor. Op. cit., p. 100.

13
ABREU, Regina. “Chicletes eu misturo com bananas? Acerca da relação entre teoria e pesquisa em memória social”. In: GONDAR, Jô e DODEBEI, Vera (org.) O que é memória social? Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria /Programa de Pós-graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2005, p. 37.

14
DURKHEIM, Émile (1895). As regras do método sociológico. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1982.

15
HUICI URMENETA, Vicente. Tiempo, espacio y memoria: actualidad en Maurice Halbwachs. Apresentado no IV Congreso Vasco de Sociología, Bilbao, 1998, pp. 438-441. Disponível em: www.uned.es/ca-bergara/ppropias/vhuici/Temmh.htm. Acesso em: janeiro 2007.

16
HALBWACHS, Maurice [1925]. Les cadres sociaux da le mémoire. Paris, Éditions Albin Michel, 1994.

17
HALBWACHS, Maurice. Apud POLLAK, Michael. “Memória, esquecimento, silêncio“. Estudos Históricos, vol. 2, n. 3. Rio de Janeiro, CPDOC/Fundação Getúlio Vargas, 1989, p. 3-15.

18
HALBWACHS, Maurice. Apud LINS DE BARROS, “Memória e Família”. Estudos Históricos, vol. 2, n. 3. Rio de Janeiro, CPDOC/Fundação Getúlio Vargas, 1989, p. 29-42.

19
BERGSON, Henri. Matéria e memória. Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Tradução Paulo Neves. São Paulo, Martins Fontes, 2006.

20
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva (op. cit.), p. 2.

21
Cf. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva (op. cit.).

22
Idem, ibidem.

23
SCOCUGLIA, Jovanka B. et alli. Percepção e memória da cidade: o Ponto de Cem Réis. Arquitextos, n. 068. Texto Especial 349. São Paulo, Portal Vitruvius, jan. 2006 <www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp349.asp>.

24
LYNCH, Kevin. Op. cit., p. 17.

25
Idem, ibidem, p. 11.

26
Idem, ibidem, p. 12.

27
Estão em anexo os TCLE assinados pelos alunos

28
Nos Mapas Mentais as alunas não serão identificadas pelos nomes e sim por ALU 01, e assim por diante, contudo, neste trabalho foram colocado as iniciais dos nomes para atender exigências dos Arquitextos.

29
Os desenhos dos Mapas Mentais são apenas de alunas.

30
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva (op. cit.), p. 43-44.

31
HALBWACHS, Maurice. La mémoire collective. Paris, Presses Universitaires de France, 1950, p. 146. Tradução livre da autora.

32
Mapa 1 – "A cidade desenhada é influenciada na minha experiência de ser criança no bairro do Leme. Os elementos mais significativos: o mar (onde pulava ondas), a extensão da areia (construía castelos e túneis) e tomava picolé de uva. O calçadão concebido tem os desenhos tradicionais, assim como, a Igreja e o Morro do Forte, com o caminho dos pescadores, tudo lembra o tempo que eu passava com minha avó materna".

33
Mapa 2 – "Meu mapa é de Copacabana que materializa a fusão de vários momentos em diferentes épocas de minha vida, uma Copacabana quase anacrônica, e quando penso no ambiente do Rio, como um espetáculo no qual todos participam, é a orla de Copacabana que se apresenta a mim como uma sinopse desse ambiente. É a imensa curva formada pelo mar, a areia, o calçadão e o mosaico de ondas em preto e branco, que contribui para a identificação desta praia dentre todas outras praias urbanas do Rio. A surpresa do encontro de um ambiente quase rural em meio o cenário urbano, uma paisagem que traz lembranças de minha origem".

34
Mapa 4 – "Minha imaginação foi logo para o meu passado, minha infância, porque naquela época o bairro de Jacarepaguá foi mais significativo do que é agora. Na minha casa e na minha antiga escola existem pedrinhas no caminho de entrada... o que tornou o ambiente da escola mais aconchegante por ter uma referência próxima da casa".

35
Mapa 5 – "meu mapa mental foi desenhado com giz de cera por que o traço forte e simples desse instrumento traduz muito bem o que entendo por memória. Acho que você guarda os momento que foram mais importantes na sua vida, de forma intensa, porém sem se preocupar em armazenar detalhes muito pequenos do ocorrido; escolhi a Lagoa, pois mesmo na época em que vivia em Botafogo, minha vida acontecia muito aqui. A memória individual que eu tenho do bairro é na verdade um ponto de vista da memória coletiva de todos nós habitantes. Eu me associo a cada parte do meu bairro e a imagem mental que eu formei dele na verdade decorre de uma série de lembranças e de significados pessoais. A memória coletiva do meu bairro se desenvolve num marco espacial, sua realidade permanece meio como se não mudasse ao longo do tempo, como se presente e passado formassem juntos a imagem que cada morador, independente da época e da idade, possui do bairro".

36
Mapa 6 – "o mapa desenvolvido foi criado a partir da experiência vivida ao longo dos anos; os desenhos representam o caminho percorrido entre a igreja, o trabalho e a casa onde moro. Não consigo pensar no Rio, na Ilha, sem me orgulhar do meu bairro e do meu cantinho".

sobre o autor

Phrygia Arruda, professor Adjunto IV do Instituto de Psicologia (UFRJ); Doutora em Psicologia no Programa de Pós-graduação em Psicologia (UFRJ/2002) - área Subjetividades Contemporâneas. Atualmente, em Estágio de Pós-Doutorado (em andamento) no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO), com a pesquisa "O jeito carioca de ser/um patrimônio cultural intangível? Criação do Livro de Registro dos Comportamentos".

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