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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Entre o final do século XIX e meados do século XX diferentes manifestações arquitetônicas modernas coexistem em Salvador. Entre essas arquiteturas podem ser destacadas aquelas com características déco e modernistas

english
Between the late nineteenth and the early twentieth-century different architectural manifestations coexist in Salvador. Among these architectures there are those with déco and modernist features

español
Entre el final del siglo XIX y mediados del siglo XX, distintas manifestaciones arquitectónicas modernas coexisten en Salvador. Entre las arquitecturas modernas se destacan aquellas con características déco y modernistas


how to quote

BIERRENBACH, Ana Carolina. Fluxos e influxos. Arquiteturas modernas, modernização e modernidade em Salvador na primeira metade do século XX. Arquitextos, São Paulo, ano 12, n. 139.02, Vitruvius, dez. 2011 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.139/4158>.

Entre o final do século XIX e meados do século XX diferentes manifestações arquitetônicas modernas coexistem em Salvador. Entre essas arquiteturas podem ser destacadas aquelas com características ecléticas, déco ou modernistas. Durante o período mencionado tais arquiteturas são construídas em distintos pontos da cidade, estabelecendo diferentes posicionamentos frente à modernização e à modernidade soteropolitanas. (1) A existência dessas arquiteturas se relaciona com as contradições suscitadas diante das transformações que acontecem na cidade moderna em formação.   

Essas arquiteturas que dominam o período mencionado são progressivamente substituídas. Durante o final do século XIX e princípio do XX predomina a arquitetura eclética; (2) entre os anos 20 e 50 a arquitetura déco; (3) a partir dos anos 30 desponta a arquitetura modernista que se consolida na década de 40 e perdura até meados dos anos 70, com a chegada do pós-modernismo. Embora esse processo de substituição se acentue na contemporaneidade, ainda é possível encontrar exemplares dessas arquiteturas em toda a cidade. Parte desses exemplares está relativamente conservada, mas a maioria encontra-se em estado precário. Em muitas circunstâncias as facetas dessas arquiteturas são tomadas como antiquadas e suas características são consideradas inapropriadas para atender as demandas atuais. Essa situação faz com que a maior parte desses exemplares arquitetônicos perdure na cidade como elementos desconectados do presente, do passado e do futuro. Essas arquiteturas não participam efetivamente das histórias dos cidadãos soteropolitanos. Entretanto permanecem existindo enquanto potencialidades para uma efetiva articulação dessas temporalidades.

Para que essas arquiteturas possam rearticular suas temporalidades é necessário que sejam reconhecidas e reapropriadas. O trabalho de reconhecimento existe, mas é necessário que continue para que possam ser incorporadas na trama histórica as edificações mais notórias, as mais comuns e também aquelas concebidas à margem do processo de modernização. (4) As duas últimas são escassamente consideradas pelos pesquisadores e considera-se fundamental que possam ser documentadas e interpretadas, para que se compreenda de uma forma mais aprofundada os alcances da modernização e da modernidade soteropolitanas.

Mas para que esses edifícios modernos possam ser reapropriados, é necessário que existam materialmente e não somente enquanto documentos depositados em arquivos. As reapropriações das edificações modernas na cidade são escassas. (5) Muitas vezes quando são realizadas não conseguem efetivamente captar as principais características dos edifícios e realizar uma intervenção ou restauração apropriadas, como no caso do Insituto do Cacau ou do Edifício Caramuru. (6) Mas muitas edificações modernas são simplesmente eliminadas, sem que se considere a possibilidade das suas reapropriações, como no caso da Fonte Nova, do Clube Espanhol ou do Clube Português. (7)

Tal como foi mencionado, é necessário que o reconhecimento das arquiteturas modernas em Salvador continue. Mas os trabalhos já realizados possibilitam que se estabeleçam algumas ponderações sobre suas situações e seus posicionamentos diante da modernização e da modernidade soteropolitanas. Interessa principalmente apontar como as arquiteturas déco e modernista se posicionam diante dessas circunstâncias. (8)

A presença das arquiteturas déco e modernista em Salvador

As manifestações arquitetônicas déco aparecem em Salvador durante a primeira metade do século XX e perduram aproximadamente até os anos 50 do mesmo século. Situam-se tanto no centro da cidade como nos bairros que se consolidam a partir da urbanização estabelecida por José Joaquim Seabra. (9) Nessa cidade em expansão há programas previamente existentes que perduram mas que passam por transformações. E há programas que despontam juntamente com o processo de modernização.

Na arquitetura déco parte das tradições arquitetônicas são superadas, mas isso não acarreta a completa exclusão do passado. É possível observar nas arquiteturas déco a manutenção de procedimentos de composição clássicos, que podem afetar tanto a determinação das plantas quanto das fachadas. Comumente perduram na arquitetura déco menções à tradição européia (clássica/gótica), mas aparecem outras relacionadas com tradições  diferenciadas (indígenas, americanas, africanas, asiáticas, etc). Todas essas referências passam por um processo de simplificação e geometrização, tornando-se mais apropriadas para os novos tempos. Mas também aparecem menções mais diretas à modernização e à modernidade através da inserção de elementos arquitetônicos que remetem à aspectos visuais das máquinas e de equipamentos modernos (elevadores, navios, trens, carros, aviões) ou à eletricidade, velocidade, etc. Mas não somente isso. Também se estabelecem relações com os movimentos de vanguarda como o cubismo, construtivismo, futurismo e expressionismo.

A arquitetura déco se manifesta de diferentes maneiras. Em muitas circunstâncias, constata-se que apesar das edificações serem realizadas com tecnologias e materiais inovadores, não acontecem modificações arquitetônicas profundas. As introduções do concreto armado e do aço não são evidenciadas e nem modificam substancialmente as espacialidades internas e externas. Suas inserções também não trazem soluções mais racionalizadas e padronizadas para a realização das plantas e fachadas. Esses procedimentos de racionalização e padronização, característicos da modernização, praticamente não são incorporados pela arquitetura déco. Mas pode acontecer a produção seriada de elementos decorativos existentes nesses edifícios déco, como um sinal de uma apropriação mais aprofundada das possibilidades da modernização. É possível dizer que a arquitetura déco quer se parecer com uma máquina, não ser uma.

Na incipiente metrópole soteropolitana, o processo de urbanização torna necessária a ampliação da rede viária e a instalação de diferentes meios de transporte. O caso mais emblemático é certamente o Elevador Lacerda (ampliado por Fleming Thiesen e A. Szilard, 1928-1930), que adota características déco. (10)

Com o crescimento da cidade, também é necessário o aprimoramento dos seus meios de comunicação. Essa situação faz com que se construa um novo edifício para o Jornal A TARDE (Construtora E. Kemnit & Cia, 1924-1930), situado na Praça Castro Alves, que também utiliza recursos déco. (11) Mas os mais importantes meios de comunicação de massa  são os cinemas. Esses são construídos em Salvador a partir do final dos anos 20, adotando principalmente características déco. Há exemplares construídos em diferentes pontos da cidade, tanto no centro como nos pontos mais periféricos. Na parte central estão situados o Cine-Teatro Jandaia (atribuído a Belando Belandi, 1929-1931) e o Cine Excelsior (Construtora Norberto Odebrecht, 1934-1935).  Fora do centro situa-se o Cine Roma (1946-1948), entre outros. (12)

Nas imediações do edifício A TARDE encontram-se o Palácio dos Esportes (Carlos Porto, 1933-1935) e o Edifício Sulacap (Roberto Capello, 1942-1946). O primeiro é uma edificação pública, inicialmente utilizada pela Secretaria de Agricultura. O segundo é um edifício privado, que é a sede baiana de uma empresa que possui filiais em outras cidades brasileiras. Ambos os edifícios também são concebidos predominantemente com características déco, o que demonstra que tanto as entidades públicas quanto as privadas pretendem ser representadas pelo estilo. (13)

O princípio de modernização aponta para a necessidade de formas diferenciadas de moradias. O primeiro edifício residencial realizado em Salvador é o Edifício Dourado (Arézio Fonseca, 1937-1938), feito para receber uma única família. O Edifício Oceania (Freire e Sodré, 1937-1944), por sua vez, é multifamiliar. Com a realização desses dois edifícios, as manifestações arquitetônicas déco passam a ser incorporadas nas edificações residenciais soteropolitanas, como no caso do Edifício Braulio Xavier (Hélio Duarte, 1939) e do Edifício Maiza (Luis Arantes, 1949). (14)

Tal como se mencionou, a arquitetura déco traz modificações, mas essas não são profundas. Essa arquitetura quer se parecer com uma máquina, não ser uma. Em muitas circunstâncias pode-se afirmar que arquitetura modernista pretende efetivamente ser uma máquina.  Suas características formais seriam resultado de uma junção de peças separadas, que respondem a determinadas necessidades, integrando-se em um sistema. (15)

Usualmente utiliza soluções construtivas racionalizadas e padronizadas. Para responder às demandas das massas modernas, a arquitetura modernista também pode se repetir em diferentes escalas e circunstâncias.

São adotadas estruturas regulares que usualmente se apresentam de modo aparente e independente, possibilitando flexibilidade na distribuição das plantas e na conformação das fachadas, além da conquista de espacialidades diferenciadas. A busca de funcionalidade também interfere na disposição do programa e na instalação dos diversos elementos arquitetônicos (de circulação, de vedação, etc.).

Em Salvador as manifestações déco e as modernistas coexistem durante determinado tempo. Não só separadamente, mas também simultaneamente. Constata-se que existem edifícios que não podem ser considerados exclusivamente déco ou modernistas. Por vezes suas principais características se relacionam mais com um ou com outro; por vezes há um equilíbrio. São edificações realizadas tanto pela iniciativa pública quanto privada.

A cidade moderna precisa estar conectada com o restante do país. Para propiciar essa conexão aparecem no Brasil os aeroportos e os hidroportos. Em Salvador é instalado o Hidroporto da Ribeira (Ricardo Antunes, 1937-1939), edificação que apresenta uma solução funcional, mas na qual perdura um certo ar déco. (16)

O Instituto do Cacau (Alexander Buddeüs, 1933-1936) também é um edifício com dupla personalidade. Sua função é estocar, exportar e destacar o cacau - produto que é o principal responsável pelo fomento da economia baiana no princípio do século XX. A edificação preserva referências déco, mas pauta-se principalmente em soluções funcionais. (17)

Também se assinalam três edifícios públicos representativos, o Edifício dos Correios e Telégrafos (Construtora Comercial e Industrial do Brasil, 1934-1937), a Secretaria de Segurança Pública (Rodolfo Staffa, 1937-1939) e a Secretaria da Fazenda (Construtora Norberto Odebrecht, 1950). Embora perdurem características de composição e decoração relacionadas com o déco, percebe-se que soluções funcionalistas se fazem presentes nas três edificações. (18)

Essa conjunção de soluções também marca a realização de Instituições públicas de educação e saúde. É possível observar essa situação na Pupileira Juracy Magalhães (Diretoria de Obras Públicas e Urbanismo, 1935). A edificação divide-se em duas partes. O bloco dianteiro é construído seguindo o padrão déco de um pavilhão pré-existente no terreno. O bloco posterior, por sua vez, é realizado a partir de parâmetros funcionalistas. O mesmo se observa no Hospital Santa Terezinha (Construtora Norberto Odebrecht – 1939-1942), mas nesse caso inverte-se a situação e o bloco dianteiro é funcionalista. Outro exemplo é o Hospital Universitário Edgard Santos (H. G. Pujol e Ernesto S.Freitas, 1931-1948), que parte de uma composição déco mas que também conta com considerações funcionais. (19)

Simultaneamente aparecem edificações que apresentam definições nitidamente modernistas que se apresentam praticamente sem traços déco. É o caso do Instituto Central Isaías Alves - ICEIA (atribuído a Alexander Buddeüs, 1944-1937) e da Escola de Puericultura (Hélio Duarte, 1936-1937). (20) Mas deve-se destacar o papel do Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Escola-Parque e Escolas-Classe) como uma manifestação arquitetônica autenticamente modernista, tanto pela sua inovação formal quanto pela sua dimensão social. (21) Outro edifício que se destaca como pioneiro é o Edifício Caramuru (Paulo Antunes Ribeiro, 1946-1949). (22)

Arquiteturas modernas e sua relação com a modernização soteropolitana

Na primeira fase da modernização soteropolitana não acontece uma efetiva industrialização. No final do século XIX e no princípio do século XX são instaladas em Salvador algumas indústrias que não têm grande impacto econômico. A cidade se urbaniza principalmente para se adaptar à expansão da exportação de produtos agrícolas (principalmente cacau e tabaco) e para a importação de produtos industrializados. A partir dos anos 40 esse sistema entra em crise.  Assim, até esse período não acontece um processo de industrialização expressivo. Também não acontece um efetivo processo de massifIcação. Embora a população da cidade cresça no século XIX, nos primeiros anos no século XX acontece uma estagnação populacional. (23)

O princípio de modernização soteropolitana não se relaciona efetivamente com processos de industrialização e massificação como acontece nas cidades norte-americanas e européias que são os modelos da sua incipiente urbanização.  Em Salvador o início da modernização está relacionado com a superação das relações com a metrópole portuguesa. A proclamação da República e a abolição da escravatura demandam que a cidade supere suas características coloniais e progressivamente se adapte às novas circunstâncias econômicas, políticas e sociais do país.

Essas transformações se afirmam com a superação da República Velha e com a presença de Getúlio Vargas no poder (Nova República – 1930-1937; Estado Novo – 1937-1945). Estabelece-se um governo autoritário e centralizador que tem como meta a modernização do país através da aplicação de instrumentos racionais e eficientes. Esse governo atua no território nacional estimulando a industrialização, a urbanização e a instalação de uma rede de equipamentos públicos relacionados com saúde, educação, comunicações, etc. Com a presença de Eurico Gaspar Dutra no poder (1946-1951) há uma consolidação desse tipo de postura.

Durante esse período é marcante a articulação das esferas dos poderes Federal, Estaduais e Municipais para o estabelecimento da modernização. (24) Essas circunstâncias afetam Salvador, que recebe intervenções urbanas e edificações institucionais.

No que se refere às intervenções urbanas, são notórias a realização da Semana de Urbanismo (1935), o estabelecimento do EPUCS (Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador – 1943-1946), sucedido pelo CPUCS (Comissão do Plano de Urbanismo da Cidade do Salvador – 1948-1958). O EPUCS faz um plano para a cidade que supera o caráter pontual das intervenções anteriores, além de assinalar a necessidade da implantação de uma série de equipamentos urbanos relacionados com saúde, educação, lazer, etc. O segundo coloca em prática determinados princípios do EPUCS, como o início da instalação de infra-estrutura viária e da construção de parte dos equipamentos urbanos propostos. (25)

Mas parte considerável da população permanece excluída do processo de urbanização, sem ter suas demandas fundamentais atendidas. Embora o EPUCS mencione a possibilidade de instalação de uma ampla rede de infra-estrutura urbana e de habitação popular (26) elaborando propostas para a intervenção direta do Estado para a solução desses problemas, esses persistem. É a própria população de baixa renda que tem que procurar soluções alternativas, realizando as primeiras invasões na cidade: Corta Braço (em Pero Vaz) e Alagados (na Enseada dos Tainheiros).

Durante o princípio do século XX a modernização soteropolitana não se realiza de uma forma efetiva. Acontece principalmente em decorrência das transformações sociais, econômicas e políticas que ocorrem em outras partes do país, estimuladas pelo Estado modernizador.  Essa situação começa a se transformar durante os anos 40, mas realiza-se principalmente a partir do final dessa década com a instalação da PETROBRAS e da CHESF na cidade. A partir desses impulsos Salvador finalmente consolida seu processo de modernização.

Apesar disso, a partir das primeiras décadas do século XX as arquiteturas déco e modernista despontam em Salvador. A ausência de um real processo de modernização não traz contradições para a elaboração da arquitetura déco. Afinal, essa pretende representar a modernização e não apresentar-se como uma parte intrínseca sua. A arquitetura déco soteropolitana está em sintonia com os impulsos modernizadores e com os ímpetos de modernidade existentes na cidade. Mas a arquitetura modernista pretende inserir os princípios da modernização no seu próprio processo de criação, o que traz certas contradições às primeiras experiências modernistas soteropolitanas, tanto aquelas híbridas (com a introdução de elementos déco) quanto às puras.  Essas se referem inicialmente a uma modernização que não está presente de fato na cidade, mas sim fora dela.

O estabelecimento da arquitetura modernista em Salvador é em parte estimulado pelas experiências arquitetônicas do restante do país. Percebe-se que há construtoras, engenheiros e arquitetos procedentes de fora da cidade ou do país, que trazem consigo novas concepções arquitetônicas e novas tecnologias para Salvador. (27)  

Outro ponto que chama a atenção é a construção de sucursais soteropolitanas de empresas nacionais que adotam a arquitetura modernista. É o caso do Edifício Caramuru, realizado pelo carioca Paulo Antunes Ribeiro. Esse edifício pertence a uma seguradora nacional que tem seu nome relacionado com a arquitetura modernista, através da realização do Edifício Prudência e Capitalização em São Paulo (Rino Levi, 1944). Essa situação se repete também no Edifício da Associação Brasileira de Imprensa de Salvador (ABI – Hélio Duarte, Abelardo de Souza e Zenon Lotufo,1945-1951). A edificação soteropolitana é uma sucursal da sede carioca, projeto modernista emblemático dos irmãos Roberto.

Considera-se que um ponto extremamente importante para a fixação da arquitetura modernista em Salvador é a atuação das instituições públicas. Na esfera federal percebe-se que as edificações institucionais representativas do governo assumem facetas modernizantes diferenciadas. (28) Na esfera estadual essa circunstância se repete na concepção de edifícios como a antiga Secretaria de Agricultura (atual Palácio dos Esportes), a Secretaria de Segurança Pública ou a Secretaria da Fazenda. Chama atenção o caso da rede de edifícios dos Correios e Telégrafos, que são realizados em todo o território nacional. Nesses prédios perduram elementos déco, mas suas concepções já se estabelecem a partir da reprodução de modelos e da introdução de elementos construtivos padronizados. (29)

Paralelamente, acontece a construção de edifícios que partem de concepções nitidamente modernistas, sendo o caso mais emblemático o Ministério da Educação e Saúde (Lúcio Costa e equipe, 1937-1943). Mas na mesma época da sua realização são construídas no Rio de Janeiro uma série de escolas que já partem de princípios modernistas, concebidas por Anísio Teixeira e projetadas por uma equipe coordenada por Enéas Silva. Essa experiência é fundamental para a realização de duas propostas soteropolitanas, o Instituto Central Isaías Alves (ICEIA) e o Centro Educacional Carneiro Ribeiro (CECR), complexo formado pela Escola-Parque e pelas Escolas-Classe – que recebem influência das escolas cariocas tanto nos seus conteúdos como nas suas formas. (30) No campo da saúde despontam o Hospital Santa Terezinha e o Hospital das Clínicas, ambas as edificações influenciadas por obras da mesma natureza realizadas no país. (31) Chama atenção também o caso de edificações relacionadas com os transportes, como por exemplo o Hidroporto do Rio de Janeiro (Atílio Corrêa Lima, 1937-1938), obra modernista que antecede o Hidroporto da Ribeira.

Conclusões

Mas afinal, qual o posicionamento dessas arquiteturas modernas diante da modernização e da modernidade?

As arquiteturas déco soteropolitanas são introduzidas na cidade com a primeira fase da modernização soteropolitana, consolidam-se e desaparecem em meados do século XX. Essa arquitetura é ainda uma representação do processo de modernização na cidade e no país, referenciando-se ao papel das indústrias, das máquinas e das multidões que circulam cada vez mais aceleradas pelas ruas das cidades.

As arquiteturas híbridas e as modernistas que se realizam na cidade durante as primeiras décadas do século XX apresentam de uma forma mais direta o processo de modernização, assimilando nas suas concepções suas dinâmicas fundamentais. Entretanto, são consideravelmente contraditórias, pois não dizem respeito à real modernização da cidade, uma vez que Salvador só se moderniza de fato a partir de meados do século passado, no momento que se firmam sua industrialização, sua massificação e sua urbanização. As arquiteturas modernistas soteropolitanas até essa época estão mais relacionadas com fluxos de experiências arquitetônicas externas que alcançam a cidade e influxos da atuação de um importante elemento definidor da modernização, o Estado.

Mas a partir da década de 50 essa situação se transforma. A cidade se moderniza plenamente, inserindo-se na rota mais dinâmica do capitalismo nacional. A arquitetura modernista soteropolitana passa não só a representar esse processo, mas sua concepção e realização serão definidas e apoiadas por ele, manifestando todas as suas contradições e possibilidades.

Uma pequena parcela da população soteropolitana é afetada pelas transformações decorrentes do processo de modernização e pela experiência de modernidade. A maior parcela permanece excluída dessas circunstâncias e é induzida a atuar nos seus interstícios, adotando arquiteturas que se realizam a partir dos restos da modernização e dos fragmentos da modernidade.

notas

1
A modernidade é entendida como "Referência a uma condição de vida imposta sobre os indivíduos pelo processo socioeconômico da modernização. A experiência da modernidade envolve a ruptura com a tradição e tem um profundo impacto nas condições de vida e nos hábitos cotidianos. Os efeitos dessa ruptura são múltiplos. Eles se referem ao modernismo, o corpo de idéias e de movimentos artísticos e intelectuais que se vinculam com o processo de modernização e com a experiência da modernidade”. Ver: HEYNEN, Hilde. Architecture and modernity - a critiqueLondres /Cambridge, MIT Press, 1999. p. 3. Já a modernização envolve diversos processos, tal como aponta Berman: industrialização da produção, explosão demográfica, crescimento urbano, sistemas de comunicação de massa, Estados nacionais cada vez mais poderosos e burocráticos, etc. Ver: BERMAN, Marchal. Tudo o que é sólido se desmancha no ar. São Paulo, Companhia das Letras, 1986. p. 15.

2
O ecletismo brasileiro supera referências arquitetônicas coloniais passadas, substituindo-as por outras referências de diferentes procedências. Mas determinados elementos conformadores da modernização – como as máquinas, as indústrias, as massas ou a própria urbanização não são incorporados aos referenciais arquitetônicos ecléticos. Entretanto, a arquitetura eclética é constantemente dotada de soluções modernas de conforto e salubridade.

3
Sobre o estabelecimento do termo déco e uma análise das edificações soteropolitanas ver: GALEFFI, Lígia. Princípios compositivos nas linguagens arquitetônicas Déco desde a leitura de algumas obras do acervo soteropolitano. In: Cadernos do PPGAU/UFBA, n.3. Salvador, 2004, p. 33-54.

4
Apenas recentemente a arquitetura moderna soteropolitana está sendo reconhecida pelos Institutos Patrimoniais. No que se refere às arquiteturas Déco e Modernista, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) tombou a Escola Parque de Salvador (1981) e o Edifício do Instituto do Cacau (2002). Atualmente algumas edificações estão tombadas em caráter provisório: Edifício A Tarde, Cine-Teatro Jandaia, Edifício Oceania, Edifício Dourado, Edifício Caramuru, Edifício Sulacap e o Hotel da Bahia. O Instituto Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por sua vez, tombou o Elevador Lacerda (2006). Recentemente o IPHAN-Bahia iniciou um importante inventário sobre as edificações modernas existentes na cidade e realizou a instrução de tombamento de alguns edifícios de Salvador, como o Instituto do Cacau e o Edifício Caramuru. Ressalta-se também a existência do núcleo baiano do DOCOMOMO, que desde 1992 vem realizando um inventário sobre a arquitetura moderna em Salvador e instruindo tombamentos. Ver: ANDRADE, N; ANDRADE, MR; FREIRE, R. O IPHAN e os desafios da preservação do patrimônio moderno. A aplicação na Bahia do Inventário Nacional da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Modernos. In: Anais do 8º Seminário Docomomo Brasil. Disponível em: http://www.docomomo.org.br/seminario%208%20pdfs/142.pdf. Acesso em junho de 2011.

5
Ver: BIERRENBACH, ACS; GALVÃO, ABA; NERY, J (org).   Apresentação. In:  BIERRENBACH, ACS; GALVÃO, ABA; NERY, J.  In: Desafios da preservação – referências da arquitetura e do urbanismo no Norte e Nordeste. Número Especial dos Cadernos do PPGAU/UFBA. Salvador,  2009, p.  9-15.

6
Embora o Instituto do Cacau seja tombado pelo IPAC isso não significa que seus principais atributos arquitetônicos sejam reconhecidos e potencializados. Recentemente a edificação passou por uma intervenção promovida pela SUCAB (órgão estatal) que mutilou suas marquises características. Essas foram restituídas, mas essa situação revela o desconhecimento e o descaso das autoridades sobre o edifício tombado. Ver: CELESTINO, Samuel. Governo mutila Instituto do Cacau da Bahia. In: Bahia Notícias, Salvador, 22/12/2009 Disponível em: http://www.bahianoticias.com.br/noticias/noticia/2009/12/22/53632,governo-mutila-instituto-do-cacau-da-bahia.html. Acesso em maio de 2011. Essa situação prolonga-se internamente através da disposição de divisórias padronizadas que dificultam a compreensão das suas características estruturais e espaciais originais. Ver: CARDOSO, A; LEMOS, R. Instituto do Cacau. Disponível em: http://cardosolemosarqurb.blogspot.com/2009/06/o-ingresso-da-bahia-na-modernidade.html. Acesso em maio de 2011. Já o Edifício Caramuru foi adaptado em 2009/2010 para a instalação de um Call Center. As intervenções realizadas não conseguiram nem recuperar devidamente as principais características da edificação e nem inserir novos elementos positivos. Um dos principais elementos do projeto – os brises das fachadas voltadas ao poente – foram recolocados mas não têm a mesma sutileza dos originais.

7
ESTÁDIO DA FONTE NOVA (primeira etapa projetada por Diógenes Rebouças no princípio dos anos 50; segunda etapa – ampliação projetada por Diógenes Rebouças com a colaboração de Hiliodorio Sampaio e Ney Cunha no princípio dos anos 70) foi demolido em 2010. CLUBE PORTUGUÊS (Henrique Alvarez, 1964) foi demolido em 2008.   CLUBE ESPANHOL (Jader Tavares, Fernando Frank e Oton Gomes, entre 1969-1975) foi demolido em 2010.

8
Esse artigo toma como base o GUIA 1 DA ARQUITETURA MODERNA EM SALVADOR – ANOS 30/60, realizado pelo DOCOMOMO-BAHIA em 2008 e acrescenta alguns outros edifícios. Apresenta somente as edificações concluídas até 1950. Esse recorte cronológico refere-se a um momento específico relacionado com o processo de modernização da cidade, como se pretende mostrar no decorrer do texto. Diz respeito também a uma pequena parcela das arquiteturas modernas soteropolitanas que já foi inventariada.

9
Durante a primeira gestão de José Joaquim Seabra (1912-1916) o processo  de urbanização se intensifica com a criação de novos aterros no setor do porto, com o estabelecimento da avenidas que possibilitam acessos mais facilitados tanto para as partes mais distantes da cidade, tanto ao sul quanto ao norte. As intervenções de Seabra pretendem aprimorar a circulação, o saneamento e o embelezamento da cidade.

10
A torre e o passadiço são os principais elementos do ELEVADOR LACERDA. A conexão entre esses dois elementos se realiza com a presença de uma espécie de zigurate invertido (GALEFFI, 2004: 41) que pode ser considerado um recurso déco. Na torre e no passadiço são inseridos recursos decorativos que remetem ao futurismo. Deve-se notar que a própria estrutura de concreto armado é evidenciada na torre (tal como salienta Anna Beatriz Galvão) e acaba se tornando um complemento aos frisos existentes, que são aplicados de uma forma meramente decorativa.

11
A presença de características déco marca as fachadas do EDIFÍCIO A TARDE. Essas são compostas por corpo, base e coroamento e demarcadas por vãos regulares. As fachadas contam com a inserção de decoração floral estilizada, produziada de forma seriada (GALEFFI, 2004: 45). A utilização do concreto armado (acrescida de elementos arquitravados) não traz modificações profundas à edificação. Ver também: MENDONÇA, Mário. Sobre o edifício A Tarde. Anais do 9º Seminário DOCOMOMO BRASIL. Brasília, 2011.

12
Esses cinemas apresentam diferentes recursos déco. No CINE JANDAIA e no CINE EXCELSIOR, o destaque déco está nos planos das fachadas, com a inserção de decoração de caráter geométrico e figurativo. Já o CINE ROMA apresenta uma composição mais volumétrica que demarca sua situação de esquina, com escassos recursos decorativos. Mas há outros cinemas  na cidade, com características déco e modernistas, tanto no centro como em outros bairros da cidade, como o CINE ALIANÇA (1936), o CINE PAX (1939) e o CINE TUPY (1956), entre outros.

13
O PALÁCIO DOS ESPORTES apresenta fachadas realizadas com corpo, base e coroamento, arrematadas de forma escalonar. Nas suas fachadas há frisos verticais que demarcam aberturas regulares. Também conta com elementos florais estilizados, que aparentam ser padronizados. Apesar de ser realizado com concreto armado e com um sistema arquitravado convencional, essa utilização nõa traz mudanças relevantes para a edificação. O EDIFÍCIO SULACAP, também está fraccionado em base, corpo e coroamento, mas supera a adoção de ornamentação. Nesse caso a solução estrutural de concreto armado é exposta nas fachadas, fazendo parte da sua composição formal.

14
No EDIFÍCIO DOURADO a fachada principal é praticamente simétrica e conta no seu corpo central com frisos verticais arrematados de forma escalonar. A parte posterior da edificação é realizada a partir de uma composição volumétrica também escalonar. Já o EDIFÍCIO OCEANIA tem uma composição mais complexa, na qual perduram elementos déco característicos, como frisos horizontais e referências náuticas. O concreto armado está presente em ambas edificações, mas sua utilização não implica em modificações profundas nas suas características arquitetônicas.

15
Essa comparação das diferentes apropriações das máquinas são assinaladas por Josep Quetglas. Ver: QUETGLAS, Josep.  Pasado a limpio II. Girona, Editorial Pretextos. 1999. p.145)

16
O HIDROPORTO DA RIBEIRA é composto por volumes, planos e superfícies que se destacam em uma composição assimétrica, que conta com a inserção de uma torre com frisos horizontais e com janelas de escotilha. A fachada posterior, direcionada para o mar é resolvida a partir de uma solução mais funcional. Sua estrutura de concreto possibilita a integração dos espaços internos e externos (nesse último caso apenas na face direcionada ao mar).

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O INSTITUTO DO CACAU insere tanto citações às vanguardas (futurismo e expressionismo) como à cultura marajoara. Mas sua concepção é extremamente funcionalista, apresentando espaços apropriados para a estocagem, tratamento e transporte do cacau. A utilização do concreto armado e do sistema de lajes cogumelo propicia uma exploração da planta livre. Sobre o edifício ver: AZEVEDO, Paulo Ormindo. Alexander S. Buddeüs: a passagem do cometa pela Bahia. In: Arquitextos – Vitruvius. São Paulo, Portal Vitruvius, janeiro de 2007. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq081/arq081_01.asp>, Acesso em junho de 2011. E também: MAGNAVITA, Pasqualino. Heterotopia do Moderno: a sede do Instituto do Cacau da Bahia. In: CADROSO, L.A.; OLIVEIRA, O. (Re)descutindo o Modernismo. Salvador, MAU/UFBA, 1997. p. 214-220.

18
Pode-se encontrar nas fachadas principais da SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA e da SECRETARIA DA FAZENDA e do EDIFÍCIOS DOS CORREIOS E TELÉGRAFOS a persistência de um recurso arquitetônico déco, que é o escalonamento. Mas cada uma dessas edificações utiliza o repertório déco de modo diferenciado. Entretanto, essas edificações também já respondem à demandas funcionais. A utilização do concreto armado introduz uma maior racionalidade e felxibilidade nas disposições internas e possibilita a ampliação da quantidade de aberturas para o exterior. Essas são realizadas mais a partir de demandas funcionais do que critérios compositivos.

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O bloco frontal da PUPILEIRA JURACY MAGALHÃES apresenta uma composição simétrica que conta com elementos clássicos estilizados e arremates escalonados. O bloco posterior apresenta uma solução concentrada em um único volume com as extremidades circulares, concebidas seguindo os parâmetros sociais e higiênicos do momento. Nota-se que a estrutura realizada em concreto armado é aparente, tornando-se um elemento plástico do projeto. No caso do HOSPITAL SANTA TEREZINHA, o destaque é seu bloco principal, que também é realizado procurando atender as  soluções mais pertinentes para o tratamento dos tuberculosos. Os três primeiros pavimentos são inicialmente destinados a enfermarias comuns, para pacientes de baixa renda e os dois últimos para enfermarias privativas, para pacientes de alta renda. Tal situação tem uma correspondência na solução formal da edificação que se torna mais compacta nos andares superiores. Ver:  BIERRENBACH, Ana Carolina. Proposta de Tombamento Estadual do Hospital Santa Terezinha. Salvador, UFBA/IPAC, 2011. Já o HOSPITAL EDGARD SANTOS também parte de uma composição volumétrica escalonar monumental, que conta com a inserção de uma ornamentação nos seus pontos mais extremos. Mas a solução também se pauta em soluções estruturais e funcionais.

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O ICEIA é construído para receber as novas instalações da Escola Normal da Bahia. Adota uma solução com características funcionais, com a introdução de elementos contrutivos racionalizados. Suas facetas externas revelam a austeridade construtiva através da eliminação da ornamentação. Já a ESCOLA DE PUERICULTURA também parte de uma solução funcional que se articula ao redor de um pátio interno. A estrutura de concreto armado independente possibilita articulações entre os ambientes internos e externos. A edificação apenas recebe um tratamento decorativo em uma esquina.

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As Escola-Classe e a Escola-Parque formam um complexo educacional concebido pelo educador Anísio Teixeira no final dos anos 40, que pretende educar cidadãos para inseri-los de forma plena em uma cidade em processo de modernização. Na proposta original as Escolas-Classe oferecem instrução básica e a Escola-Parque complementar. As Escolas-Classe têm uma concepção funcionalista, sem ousadias estruturais. Já a Escola-Parque também parte de um raciocínio funcional mas une a expressão estrutural à plástica, dando um caráter monumental ao conjunto de edifícios que a compõe. Ver: BIERRENBACH, Ana Carolina. Proposta de Tombamento Estadual das Escolas-Classe  I, II, III e IV. Salvador, UFBA/IPAC, 2011.

22
O EDIFÍCIO CARAMURU conta com estrutura de concreto armado modular, plantas e fachadas livres, terraço-jardim. A solução dos brises-soleil dispostos nas suas fachadas aliam uma solução funcional à uma proposta plástica de qualidade.

23
Segundo Milton Santos, o crescimento demográfico de Salvador entre 1900 e 1940 “é quase insignificante, na escala brasileira do crescimento urbano. Conta com 200 mil em 1900, 290 mil em 1940.”  Ver: SANTOS, Milton. O centro da cidade de Salvador. São Paulo: EDUSP; Salvador: EDUFBA, 2008, p. 47-48. Outro autor que também aponta essa situação é Marc Herold. Ver: HEROLD, Marc. Entre o açucar e o Petróleo: Bahia e Salvador, 1920-1960. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/042/42cherold.htm#_ftn2 Acesso em junho de 2011.

24
Sobre as articulações entre o poder Federal e Estadual ver: FERNANDES, Ana. Authoritarism, Urban Planning and Public Sphere – Salvador, Bahia (Brazil) 1935-1945. Istambul,  Anais do IPHS, 2010.  Disponível em: http://www.iphs2010.com/abs/ID287.pdf Acesso em julho de 2011.

25
Sobre  o EPUCS, o CPUCS e suas realizações ver: ANDRADE, Nivaldo; LEGAL, João. Arquitetura moderna e reciclagem do patrimônio edificado: a contribuição baiana de Diógenes Rebouças. Porto Alegre, 7º Seminário DOCOMOMO-Brasil, 2007. Ver também: CAMPOS, Osvaldo. Quem pensou a Salvador do futuri? Mário Leal Ferreira. Disponível em http://osvaldocampos.blogspot.com/2009/04/quem-pensou-salvador-do-futuro-mario_13.html. Acesso em julho de 2011.

26
SOARES, Antonio. Conjuntos habitacionais em Salvador-BA e a transitória inserção social. São Carlos, Revista Risco, n.3,  2006. p. 53. Disponível em:  http://www.arquitetura.eesc.usp.br/revista_risco/Risco3-pdf/art4_risco3.pdf Acesso em julho de 2011.

27
Entre as construtoras que operam em Salvador no período estudado, várias são nacionais e internacionais e têm profissionais de fora de Salvador e de fora do país nos seus quadros. Entre elas estão: a dinamarquesa Christiane Nielsen (com o arquiteto alemão Alexander Buddeüs e o sueco-americano Fleming Thiesen); a alemã Companhia Construtora Nacional;  a alemã Kemnitz & Cia; a norte-americana Nathan Straus-Duparquet; a originalmente pernambucana Odebrecht (cujo fundador, Emilio Odebrecht, forma-se no  Rio de Janeiro e trabalha na Companhia Construtora Nacional) e a baiana Companhia Brasileira Imobiliária e de Construções (que tem com o arquiteto-chefe da companhia entre 1938-1944 o carioca Hélio Duarte e que realiza o Edifício Caramuru com outro carioca, Paulo Antunes Ribeiro) Ver: ROSENTHAL, Andrey; FISCHER, Sylvia. Bahia – um outro modernismo: paralelo e escamoteado. In: Anais do 2º Seminário DOCOMOMO  N-NE. Salvador, 2008. Ver também: (AZEVEDO, 2007).

28
Os governantes mais importantes da Bahia durante o período são: JURACY MAGALHÃES (1931-1937), LANDULFO ALVES (1938-1942),  RENATO ALEIXO (1942-1945) e OCTÁVIO MANGABEIRA (1947-1951)

29
Ver: PEREIRA, Margarete. Os correios e telégrafos no Brasil. Um patrimônio histórico e arquitetônico. São Paulo: MSP/Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, 1999.

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Ver: BIERRENBACH, Ana Carolina. Proposta de Tombamento Estadual do Instituto Central Isaías Alves (ICEIA ) e Proposta de Tombamento Estadual das Escolas-Classe  I, II, III e IV. Salvador, UFBA/IPAC, 2011.

31
Ver: BIERRENBACH, Ana Carolina. Proposta de Tombamento Estadual do Hospital Santa Terezinha. Salvador, UFBA/IPAC, 2011.

sobre a autora

Ana Carolina Bierrenbach é arquiteta e urbanista (FAU/MACKENZIE, 1993); historiadora (FFLCH/USP, 1995); mestre (PPGAU/UFBA, 1998); doutora (ETSAB/UPC, 2006). Atualmente é professora adjunta da FAUFBA.

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