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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
O artigo mostra a construção do protótipo italiano MIA, projeto voltado para populações em situações emergenciais. O projeto modular apresenta duas fases evolutivas: o módulo de infraestrutura e o módulo da habitação ambos com possibilidade de ampliação.

english
The construction of the Italian prototype MIA, whose modular design aims to attend people in emergency situations, presents two evolutionary stages: the infrastructure module and the internal module which together enable the housing expansion.

español
La construcción del prototipo italiano MIA, cuyo proyecto esta orientado para satisfacer las populaciones in situaciones de emergencia, presenta dos etapas evolutivas: el modulo de infraestrutura con la cubierta e el módulo interno de la habitación.


how to quote

BOLOGNA, Roberto; BARTH, Fernando. Construção modular e evolutiva para situações de emergência. Arquitextos, São Paulo, ano 15, n. 177.01, Vitruvius, fev. 2015 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/15.177/5478>.

A unidade de habitação voltada para situações de emergência

Este projeto, vencedor do concurso “Uma ideia para a Reconstrução”, foi coordenado por Bologna (1), tendo por objetivo dar resposta às situações emergenciais decorrentes do terremoto de 2009 em Abruzzo, região central da Itália. Posteriormente foi desenvolvido o projeto executivo por Bologna e Massaccesi (2), culminando com a construção do protótipo em 2011 no município de Massa numa parceria da Proteção Civil Italiana com o Departamento de Tecnologia da Arquitetura e Design Pierluigi Spadolini da Universidade de Florença, no âmbito da pesquisa “Abitare Mediterraneo”(3).

O sistema é formado por dois módulos que constituem a unidade funcional, baseado numa proposta de assentamento temporário. A configuração do modulo externo, que protege o espaço confinado, cria um conjunto complexo e articulado de espaços abertos e semiabertos, gerando diversos graus de apropriação do espaço público e privado. No que se refere à compatibilidade ambiental, o projeto além de assegurar o controle dos parâmetros básicos de habitabilidade assegura a redução do consumo de energia, colocando-se como uma tecnologia reversível, uma vez que seus componentes principais e secundários podem ser reposicionados e reutilizados. O módulo de infraestrutura com cobertura pode ser utilizado para usos alternativos em situações de emergência em que seja exigida uma instalação temporária de rápida montagem. Uma hipótese compatível, neste caso, é a reutilização desse sistema provisório como  residência definitiva passada a situação do desastre. A edificação pode também ser reutilizada comoequipamento urbano ou ainda ser redirecionada paraserviços temporários voltados para o turismo. O projeto utiliza os critérios de modularidade dimensional, baseado no uso de componentes pré-fabricados que ser facilmente transportados e montados a seco.

O projeto busca assim conferir praticidade e simplicidade na solução doproblema do habitat em situações de emergência, tendo em conta os processo e mecanismos de intervenção, assim como a logística operacional necessária. Para tanto, a proposta não se limita a um determinado período da situação transitória e sim um período de tempo que abrange a transição entre as fases de usos emergenciais e sua reapropriação como habitação permanente. É dada especial atenção à qualidade de vida dos usuários por meio do subsídio de áreas externas protegidas que se somam aos espaços confinados e privativos. O conjunto complexo dos espaços abertos ou semiabertos produzido na modalidade de agregação das unidades funcionais também podem gerar diferentes graus de apropriação do ambiente urbano.

Características do projeto

O projeto adota como conceito básico o uso de duas estruturas que formam a unidade de habitação. A primeira é configurada como uma estrutura de suporte que inclui a plataforma de base, os pilares e a cobertura. A segunda configure o módulo da habitação propriamente dito. Estas duas configurações permitem uma maior flexibilidade de uso e também possibilitam uma maior racionalização na fabricação, transporte e montagem.

As duas estruturas são modulares e leves o suficiente para atender a logística de habitação em fase de implantação e transição após o desastre natural. O projeto também leva em consideração a reversibilidade dos processos na definição dos materiais e sistemas construtivos. A separação do conjunto em duas partes independentes torna possível a montagem em dois estágios. No primeiro, pode-se montar a estrutura e a cobertura, criando condição favorável para a utilização de caráter preliminar e ao mesmo tempo uma proteção contra os agentes atmosféricos para realizar a montagem do módulo interno de maneira mais segura. Essa independência entre os dois módulos também facilita a ventilação natural, que possibilita a remoção do ar quente em situação de verão ou em regiões com climas quentes, amenizando assim a temperatura interna da habitação.

O módulo de infraestrutura com cobertura apresenta uma plataforma de base quefacilita a montagem do módulo interno, separando-o do solo. Isto reduz oimpacto ambiental, uma vez que reduz as intervenções no terreno. A leveza do  conjunto é relevante na escolha do tipo de fundação, que deve distribuir as cargas de modo mais simples e direto para o solo. Esta estratégia também facilita a reversibilidade dos processos para a posterior desconstrução do edifício. Assim as soluções construtivas utilizadas devem ser de rápida montagem, facilitando também a desmontagem, evitando tanto quanto possível a produção de resíduos ou danos no local. Isso também facilita a recuperação do terreno após a remoção da habitação, deixando-o mais próximo da condição original. A solução funcional e a configuração da habitação também sãobaseadas na racionalidade e simplicidade. A habitação modular pode ser  aumentada longitudinalmente seguindo os critérios da modularidade em que o número de dormitórios podem ser multiplicados e os espaços do estar-jantar e cozinha ampliados em função do número de usuários. Além do espaço interno mínimo, a habitação temporária é constituída também por espaços de convivência externo protegido no qual é possível realizar a posterior expansão da habitação.

Estratégia de modalidades de usos

A utilização de uma parte da unidade, o módulo de infraestrutura e cobertura, configura uma estratégia de uso, o que proporciona flexibilidade de utilização e rapidez para atender as necessidades das pessoas afetadas pelo desastre, proporcionando uma estrutura de apoio. Esta estratégia cria as condições básicas para a realização dos diversos tipos de atendimento, como serviços ambulatoriais, armazenamento de medicamentos e alimentos, roupas e espaço para a preparação e distribuição de alimentos. Este procedimento não elimina a necessidade de construção de áreas específicas, como primeiros socorros, armazenamento de produtos, materiais e alimentos, cozinha comunitária e áreas de estar, de maneira a reconstruir a convivência social.

O módulo de infraestrutura e cobertura, que é composto por uma plataforma de madeira e pórticos, pode ser usado de modo imediato como uma base para a montagem das tendas e barracas ou ainda ser temporariamente fechado com tecidos impermeáveis ou lonas plásticas. Deste modo pode servir como abrigo  temporário, enquanto os módulos internos estão ainda na fase de construção. Assim, têm-se condiçõesfavoráveis para a fase de atendimentos médicos, armazenamento de medicamentos e equipamentos médicos, garantindo a saúde e a segurança da população afetada já nas primeiras fases de intervenção.

Modelo esquemático de pré-uso dos módulos de infraestrutura com cobertura em fase inicial de implantação
Imagem divulgação

A capacidade de ampliação dos módulos de infraestrutura e cobertura pode gerar os espaços para realizar as intervenções nos casos em que grande número de pessoas é atingido. A estratégia de pré-uso pode ter uma relevância econômica e também sob o ponto de vista da sua sustentabilidade. Recursos materiais utilizados nesta fase podem servir como ponto de partida para seu reuso em outras fases, tais como os alojamentos temporários ou mesmo as habitações  definitivas. O planejamento da fase de pré-uso deve definir um local adequado para a instalação das estruturas temporárias, trazendo os serviços mais próximo possíveis às áreas afetadas. Obviamente, estas medidas devem respeitaras condições de segurança e possíveis riscos ambientais no processo de implantação do novo assentamento.

Modelo esquemático de usos dos módulos de infraestrutura com cobertura e dos módulos internos integrados como espaços de serviços e de habitação
Imagem divulgação

O projeto modular

A modulação do projeto é baseada na utilização de elementos modulares, a fim de alcançar a racionalização e a normalização dos elementos de construção, facilitando também a ampliação das unidades de acordo com as necessidades dos usuários. O módulo de infraestrutura com cobertura apresenta uma distânciaentre eixos de 250 cm na direção longitudinal, em função do transporte dos elementos construtivos. Nesta configuração, a posição dos pilares coincide com a modulação, facilitando a expansão do módulo na direção longitudinal. Desse modo, a concepção modular permite a geração de tipos de unidades que utilizam a mesma sintaxe compositiva, produzindo assim uma integração dos tipos. Essa modalidade de configuração pode gerar variantes compositivas mais harmoniosas e servir de base para a formação de um tecido urbano.

A expansão da unidade habitacional é alcançada pelo uso de vários módulos  estruturais produzindo habitações com diferentes tamanhos de acordo com as necessidades de cada família. Nesse caso específico, são apresentados trê tipos de unidades: para uma ou duas pessoas, para três ou quatro e outra para cinco ou seis pessoas. No caso de famílias ainda maiores, o sistema permite a combinação desses módulos, a fim de se adaptar a demanda.

Possibilidades de ampliação dos módulos de infraestrutura com cobertura e dos módulos internos da habitação
Imagem divulgação

O tamanho das unidades é configurado de modo a satisfazer a capacidade de utilização e de funcionalidade dos ambientes. A satisfação das necessidades relacionadas ao uso prevê eventuais sobreposições das atividades individuais e a disponibilidade de equipamentos.

Unidade tipo A

A unidade A com capacidade para 1-2 pessoas é constituída por três espaços fechados que são integrados a um espaço conectivo no qual se realiza o acesso à unidade. Os espaços abertos e cobertos são divididos em um espaço de serviços e outro lateral utilizado como varanda. A integração entre esses dois espaços cobertos é realizada por meio de uma passagem e um espaço frontal que serve como hall da unidade. A área do módulo interno é de 33,96 m2 e a area coberta aberta é de 50,93 m2, totalizando uma área construída de 84,89 m2.

Planta baixa da unidade Tipo A
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Unidade tipo B

A unidade B com capacidade para 4-5 pessoas é muito semelhante à unidade anterior, tendo um dormitório a mais com duas camas de solteiro. Assim, esta unidade é constituída por quatro espaços fechados que são integrados por um espaço conectivo no qual se realiza a entrada. Os espaços abertos são compostos por uma área de serviço e outro espaço lateral que serve de varanda. A área do módulo interno é de 50,89 m2 e a área coberta aberta é de 61,56 m2, totalizando uma área construída de 112,45 m2.

Planta baixa da unidade Tipo B
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Unidade tipo C

A unidade C com capacidade para 5-6 pessoas é muito semelhante às anteriores, ao receber a adição de um terceiro dormitório. A área do módulo interno apresenta 67,14m2 com área coberta aberta de 72,73m2, totalizando uma area construída de 139,87m2.

A secção transversal, que é comum aos três tipos de unidades, mostra a independência entre o módulo de infraestrutura com cobertura e os módulos internos. Essa característica faz com que as secções resistentes dos elementos estruturais sejam significativamente mais robustas que no caso desses elementos serem construídos em conjunto. Todavia, os custos adicionais relativos a essas estruturas são compensados por uma maior flexibilidade na utilização do módulo de infraestrutura e cobertura ao permitir seu uso na fase preliminar e também na fase de reutilização, podendo servir para outro tipo de uso passada a fase de emergência.

Elevação principal e posterior após a integração dos módulos externos e internos da habitação
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A agregabilidade do sistema

A agregabilidade do sistema está relacionada com a capacidade de expansão das unidades, resultado do aumento de um ou mais módulos estruturais. Esta capacidade possibilita a expansão dos espaços vitais, que com a adição de mais módulos pode gerar uma habitação para uma família com 7 ou mais pessoas. A interligação de diferentes unidades pode gerar um complexo urbano que podem apresentar caminhos protegidos entre as unidades habitacionais e outras unidades de serviço, formando uma comunidade integrada. Esse tipo de agregação ao seguir as regras da composição modular pode produzir um ambiente urbano com certa padronização e harmonia compositiva.

Capacidade de expansão e integração das uni
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Características dos módulos

O módulo apresenta um elemento de conexão entre o sistema de habitação e o sistema de infraestrutura principal do assentamento, podendo ser concebido como uma série de pórticos feitos com perfis de aço ou de madeira com padronização das suas dimensões de modo a facilitar a sua produção e montagem. Serve também para distribuir os serviços essenciais de água, gás, energia elétrica, criando proteção à umidade do solo e à radiação solar direta. A elevação do módulo em relação ao terreno cria um espaço em que se pode realizar a integração com os serviços da rede elétrica e de água, assim como as descargas de águas servidas e pluviais sem ser necessariamente enterradas.

A leveza da edificação permite estabelecer o uso de uma infraestrutura em solominimamente compactado, usando dispositivos e artefatos para distribuir a carga para o terreno. A fundação do módulo de infraestrutura pode ser realizada em apenas seis pontos ou mesmo com uma viga de fundação alinhada e com os pilares. Este módulo pode também ser equipado com painéis fotovoltaicos e painéis solares no telhado, de modo a reduzir o consumo de energia da habitação. Além disso, a água da chuva pode ser recolhida e após tratada pode ser disponibilizada para uso doméstico.

Do ponto de vista construtivo o módulo interno é bastante simplificado, pois alguns de seus requisitos, tais como resistência à água, a proteção à radiação solar, a proteção contra a umidade do solo, a segurança estrutural e grande parte dos serviços são desempenhados pelo módulo de infraestrutura. Assim, o módulo interno pode ser o elemento intercambiável do sistema, podendo assumer vários tipos de utilização de acordo com os requisitos das diferentes fases: como tenda, container ou casa pré-fabricada. O módulo interno da habitação foi projetado predominantemente de madeira, por ser material de fonte renovável, reciclável e considerada sustentável em todo o seu ciclo de vida. Também é um material leve, que tem boas características de resistência mecânica, propiciando segurança e bem-estar na fase de utilização, gerando poucos resíduos na fase de eliminação. Assume-se, assim, que os módulos da habitação serão reutilizados ou reciclados após a desmontagem.

Os componentes da unidade são produzidos de acordo com os princípios da préfabricação, a fim de facilitar a sua produção, armazenamento, transporte e montagem. Suas dimensões permitem que seja transportada por caminhão convencional. Além disso, o tamanho não deve ser muito pequeno, uma vez que deve facilitar e acelerar as operações de montagem. Um número excessivo de componentes produz uma grande quantidade de uniões. Como conseqü.ncia tem-se um aumento das operações no local, que frequentemente produz aumento nos custos de construção e atrasos na finalização da obra. Os requisitos de mobilidade, transporte e manuseio dos componentes da unidade exige uma unidade de embalagem com dimensões adequadas ao transporte em rodovias. As dimensões dos elementos construtivos embalados não deverão superar o comprimento de 12m, tendo uma largura máxima de 2,55 m e uma altura não superior que 4 m.

No que diz respeito ao manuseio, o peso da embalagem deve ser compatível com os meios de elevação e de manobra comum, isto é, não deve ser superior a cinco toneladas. No que se refere à exigência de otimização dos componentes exigese que o peso dos componentes da unidade permita a montagem no canteiro de obras respeitando os limites dos equipamentos mecânicos usuais, que no caso não ultrapassaram duas toneladas. Nos casos onde a manipulação dos components deve ser realizada por uma única pessoa, o peso não deve exceder 40 kg. A proposta inicial deste trabalho envolveu a utilização de seis placas de aço apoiadas no solo compactado, de modo a suportar as vigas de aço e a plataforma de madeira, sem a necessidade de grandes escavações no terreno.

Seção longitudinal dos módulos da habitação
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Planta das fundações do módulo infraestrutural com seis placas de apoio
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O projeto dos painéis pré-fabricados

A envoltória da habitação é constituída por componentes pré-fabricados, realizados com chapas laminadas tipo OSB e colunas de madeira maciça. Nos espaços entre as placas são introduzidos camadas de material com baixo coeficiente de transmissão térmica de modo a apresentar desempenho final satisfatório já durante a fase da fabricação. As dimensões dos painéis são modulares e de acordo com as medidas do projeto, incluindo portas e janelas que também apresentam medidas modulares. Após a fase do metaprojeto, que se baseou na produção de três tipos de unidades, foi adotado a habitação tipo B como referência para o desenvolvimento do projeto executivo. A modulação adotada apresenta 2,5 m, o que coincide com a posição dos pilares. Os painéis externos apresentam uma espessura de 24 cm e os painéis interiores têm uma espessura de 12 cm. Essas variações produziram diferentes tipos de ligação entre os painéis. Os painéis do banheiro apresentam tubulações de água quente e água fria no seu interior. A parede do banheiro foi posicionada de modo a coincidir com a parede da cozinha, a fim de economizar e simplificar a montagem.

A envoltória do módulo interno, apesar de estar protegida pela cobertura do módulo de infraestrutura, apresenta painéis pré-fabricados com um material com baixa transmissão ao calor. Os painéis de teto são suportados por painéis verticais pré-fabricados. Essa solução assegura que os painéis do teto e os painéis da cobertura sejam completamente independentes entre si, sem sobrecarregar a estrutura interna, evitando assim possíveis pontes térmicas.

Planta baixa e elevação do painel da envoltória do módulo interno da habitação
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O revestimento externo dos painéis com brises de madeira é fixado nas colunas de madeira, aumentando assim o isolamento térmico e conferindo uniformidade na composição do módulo interno. A união entre os painéis exteriores da habitação é realizada em pontos em que estes coincidem com os montantes. O reforço nos cantos é realizado com um pilar de 12x12cm, fazendo com que a união dos painéis externos com o painel interno constitua um reforço estrutural na envoltória.

Detalhe em planta baixa da ligação entre painéis sanduíche de madeira do módulo interno e seção transversal da união do painel externo com a cobertura
Imagem divulgação

Detalhe em planta baixa da ligação entre painéis sanduíche de madeira do módulo interno e seção transversal da união do painel externo com a cobertura
Imagem divulgação

Os painéis de vedação aplicados no módulo de infraestrutura também são préfabricados, revestidos com lambris de madeira na fábrica. Entretanto, o revestimento interno desses painéis é feito no local. A cobertura é também realizada com elementos pré-fabricados de madeira, cujo tamanho coincide com a medida entre as colunas do módulo. Estes elementos são constituídos por vigas mistas de madeira reforçada com perfis de aço galvanizado.

A construção do protótipo

A construção desse protótipo é baseada na pré-fabricação de componentes e elementos seguidos pela montagem no local. O terreno em que foi construído o conjunto pertence à Proteção Civil da Província de Massa, situada na Região Toscana da Itália. A edificação projetada com elementos leves em terreno plano facilitou a instalação do protótipo. Para realizar a fundação foi necessária a remoção da camada superficial do solo e a colocação de uma camada de areia e britas compactadas, formando a base para o apoio de dois perfis de aço longitudinal coincidentes com as linhas de pilares. Os perfis longitudinais com secção "I" foram soldados aos perfis transversais de modo a produzir um enrijecimento da estrutura, garantindo o funcionamento integrado da fundação.

Colocação das vigas tipo I sobre placas de aço assentadas sobre lastro compactado e colocação dos painéis da plataforma no canteiro de obras
Foto divulgação

Colocação das vigas tipo I sobre placas de aço assentadas sobre lastro compactado e colocação dos painéis da plataforma no canteiro de obras
Foto divulgação

Os módulos pré-fabricados da plataforma são constituídos por vigas mistas de madeira com diagonais de aço, que são reforçadas por placas de madeira tipo OSB nas laterais de cada uma das extremidades. Os reforços estruturais nesses elementos são necessários para permitir o empilhamento com até sete unidades e para tornar possível a movimentação com pequenos guindastes. Uma vez finalizada a plataforma foram dispostos os pilares e as vigas perimetrais de modo a apoiar os painéis da cobertura. Os painéis externos também préfabricados forneceram a estabilidade da estrutura durante a fase de montagem. Os painéis pré-fabricados do módulo de infraestrutura são revestidos com lambris horizontais de madeira e depois revestidos in situ na outra face com painéis de OSB. Na superfície externa dos painéis do módulo interno são fixados perfis verticais de madeira maciça, a fim de permitir a fixação de outra camada de isolamento térmico. Após essa operação, realizou-se o revestimento com brises horizontais de madeira, de modo semelhante aos painéis do módulo de infraestrutura.

A cobertura é composta por painéis com vigas de madeira pré-fabricadas reforçadas com perfis de aço. Esses reforços são realizados da mesma maneira que os painéis da plataforma, usando conectores de aço galvanizado colocados na diagonal nas vigas, formando uma estrutura leve, com grande resistência mecânica.

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Os painéis verticais do módulo interno apresentam aberturas para as portas, que exigiram um reforço na parte inferior, de modo a evitar a deformação no processo de transporte e montagem. Isso provocou uma elevação de altura do piso em 5cm acima da plataforma, exigindo a colocação de um revestimento de piso nas áreas internas.

Os painéis da envoltória da habitação são fabricados com perfis de madeira maciça revestidos com painéis OSB, com posterior aplicação interna de placa de gesso com fibras. Os elementos pré-fabricados do teto também são feitos de vigas mistas de madeira e aço. Esses elementos apresentam grande resistência à flexão e baixo peso. Após a montagem destes elementos são fixados perfis de madeira no perímetro e na direção transversal, de modo a realizar o contraventamento das vigas mistas e dos painéis do módulo interno da habitação.

Colocação do contraventamento nos painéis do teto do módulo interno e proteção dos painéis da cobertura
Foto divulgação

Colocação do contraventamento nos painéis do teto do módulo interno e proteção dos painéis da cobertura
Foto divulgação

As faces dos painéis do modulo de infraestrutura e do modulo interno são revestidas com os mesmos lambris de madeira colocados horizontalmente, a fim de produzir a integração compositiva dos módulos. Os lambris do módulo de infraestrutura estão pintados com cor branca, seguindo a mesma cor das colunas e das vigas externas, enquanto que os lambris do módulo interno são pintados com protetor natural de modo a destacar as características da madeira utilizada. Após a montagem do módulo de habitação no interior do módulo de infraestrutura é feito o revestimento do piso nas áreas externas com inclinações voltadas para as duas laterais de modo a evitar o acúmulo da água que possa penetrar na varanda pela ação combinada de chuva e vento. As vigas de madeira são aparafusadas entre si, de modo a aumentar a rigidez do conjunto, enquanto que os brises de madeira, as quais não apresentam função estrutural são grampeadas nos montantes do bastidor de madeira (4).

Finalização do protótipo MIA no Município de Massa, Região Toscana da Itália
Foto Fernando Barth

Após a conclusão do revestimento das superfícies exteriores do módulo interno foram montadas as portas e as janelas de alumínio. As áreas transparentes desses elementos são fechadas com vidro duplo, de maneira a atender os requisitos normativos do isolamento térmico.

A sistematização das diferentes etapas envolvidas nesse projeto permitiu a organização, armazenamento e montagem de dois módulos com grande rapidez. Vale destacar que a cobertura do módulo de infraestrutura pode ser realizada antes da montagem do módulo interno, quando se busca o uso nas fases preliminares de atendimento em situações de emergência. Não obstante essa possibilidade, na construção desse protótipo optou-se pela construção dos módulos externos e internos simultaneamente, de modo a otimizar a utilização do guindaste. Deve-se notar que a estratégia de realizar antes a cobertura do módulo de infraestrutura permite a utilização da estrutura de base para as atividades de pré-uso. Na situação onde está prevista uma estratégia evolutiva a montage dos painéis pré-fabricados do módulo interno da habitação pode ser realizada manualmente com as equipes de montagem. Por fim, destaca-se que essas estratégias de uso são possíveis graças à flexibilidade construtiva, a leveza dos componentes do módulo interno e a sua facilidade de montagem. Esse protótipo encontra-se em fase de exposição junto a Defesa Civil do município de Massa na região Toscana, tendo seu futuro uso previsto para atividades comunitárias.

notas

1
BOLOGNA, R.; BORGIANNI, S.; MASSACCESI, C. e SERRANI, V. Projeto vencedor do concurso “Un'idea per la Ricostruzione”. L’Aquila, Abruzzo. 2009.

2
BOLOGNA, R.; MASSACCESI, C. Projeto Executivo MIA – Modulo Infraestruturale Abitativo, segundo as prescrições do “Capitolato Prestazionale di Protezione Civile” desenvolvida em 2008 no âmbito do Projeto Reluis junto ao Departamento de Tecnologia da Arquitetura e Design ‘Pierluigi Spadolini’ da Universidade de Florença e Proteção Civil Italiana. 2010.

3
BOLOGNA, R.; BORGIANNI, S.; MASSACCESI,C.; SERRANI, V.; PANICHI, A. Construção do protótipo no âmbito da pesquisa “Abitare Mediterraneo”. 2011.

4
BARTH, F. Relatório de Estágio de Pós-doutoramento REUNI-UFSC, realizado no Departamento de Tecnologia da Arquitetura e Design “Pierluigi Spadolini”. Universidade de Florença - UNIFI. 2012.

sobre os autores

Roberto Bologna é arquiteto com doutorado em Tecnologia da Arquitetura, Professor Titular do Curso de Arquitetura na Universidade de Forença- UNIFI. Coordenador do Laboratório de Tecnologia da Arquitetura e Diretor do Departamento de Tecnologia e Design "Pierluigi Spadolini" de 2006 a 2012.

Fernando Barth é engenheiro civil e mestre em Estruturas pela UFRGS. Doutor em Fachadas Préfabricadas pela Escola Superior de Arquitetura de Barcelona-UPC com pós Pósdoutorado no Departamento de Tecnologia da Arquitetura e Design-UNIFI. Professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e supervisor do Laboratório de Sistemas Construtivos da UFSC.

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