“Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer?”
Clarice Lispector
O futuro do Minhocão é discutido desde 1971, data de sua construção (1). A geração que comprou o apartamento na planta e enfrentou toda a transformação da região, já está falecendo – são meus novos vizinhos. Não restam muitos argumentos originais, embora, o tema seja sempre velha novidade para alguém.
Deveria começar apresentando o elevado – que recentemente mudou de nome, talvez mude novamente mais algumas vezes – como fazem recorrentemente os articulistas: uma aberração urbana dos anos 1970, de origem autoritária, construído privilegiando o sistema viário de passagem que degradou uma belíssima região do centro da cidade. Mas não é possível, estes autores estão na casa dos sessenta anos, e seu argumento angustiado envelhece na mesma medida, em breve nenhuma memória o sustentará; terão ido com os meus queridos vizinhos. Para as gerações jovens, a história é presente de outra maneira, um copo meio cheio, uma oportunidade à luz da complexidade contemporânea.
Na opinião dos residentes, protagonistas desse enredo – a quem devemos direcionar nosso entusiasmo – não foi sempre assim. Em 1976 os prejuízos do tráfego elevado logo foram sentidos pelos locais. Na época, não era só a poluição o motivo do incômodo, mas o número de acidentes no período da madrugada. Aquela foi a primeira articulação dos moradores junto aos órgãos de trânsito, e não tardou para que a interrupção do fluxo entre a meia noite e às 5h acontecesse ainda naquele ano; argumentavam que até mesmo o aeroporto interrompia suas atividades às 22h para o sossego dos vizinhos. Entre as notícias deste fechamento, atrai a atenção o subtítulo “Aluguel caro” presente em reportagem publicada na Folha de S. Paulo. Refere-se à reclamação de Sandra Mara, moradora do terceiro andar de um edifício na Avenida São João – há três meses ali, dizia que a única vantagem de residir naquele local “é a de ficarmos em pleno centro da cidade. Aqui faz muito barulho e o aluguel está alto, Cr$1.400,00 (pouco menos de dois salários mínimos na época) por um apartamento de um só quarto” (2). Mesmo deslocado, é interessante notar que em 1976, quando o tema da gentrificação não era tópico por estas bandas, o aluguel fosse considerado alto na região já intervencionada. Em 2017, o aluguel continua caro, e o argumento precário de que as condições físicas do lugar tivessem dado acesso ao centro à uma população de baixa renda se mostra no mínimo fragilizado.
Em 1989, na gestão de Luiza Erundina, atendendo a novas reivindicações, em uma medida que visava reduzir a poluição sonora e do ar na região, estenderam o horário de silêncio, vigente até hoje – das 21h30 às 6h30, já com intenções para o fechamento aos finais de semana (3). As interdições aos domingos e feriados vieram a partir de um plano piloto realizado em maio de 1990, mais uma vez por solicitação de seus moradores (4). Em junho daquele mesmo ano foram instaladas telas de proteção nas laterais do elevado, entre a mureta e o guard rail, legitimando com aparatos de segurança aquele espaço como área de lazer.
Na década de 1990 não foram muitas as articulações transformadoras. Em julho de 1994 a prefeitura inaugurou, em caráter experimental, uma linha de ônibus no elevado. Desde sua construção o trânsito na via expressa só era permitido por veículos de passeio e motocicletas. A ideia foi desaprovada unanimemente pelos moradores da região (5) e a Ordem dos Advogados do Brasil moveu uma ação judicial contra a linha, alegando danos à saúde e segurança, além de uma média de utilização baixa – de apenas cinco passageiros por ônibus (6). No ano seguinte, a constatação de erros de cálculo na inclinação da “curva perigosa do Minhocão”, sobre a Praça Antônio Cândido de Camargo. Curva que só até a metade daquele ano já havia provocado três batidas, deixado dois carros pendurados e lançado um para baixo (7). O trecho da mureta de concreto que se vê lá, hoje, tem esta origem. Em 1996, em seu segundo mandato, Paulo Maluf, idealizador do elevado, lembrou a população local que direitos conquistados não eram necessariamente garantidos, e fez com que os moradores se mobilizassem na coleta de 2000 assinaturas (8) contra sua proposta de reabertura do Minhocão para carros, durante à noite e finais de semana (9). Em uma noite, Maluf abriu o Minhocão aos automóveis por dez minutos às 11h da noite para realizar um teste e tentar provar que havia mais ruído debaixo do viaduto (10). Evidentemente, sem sucesso. No final da década, contudo, o projeto “Elevado à Arte”, criado pela Funarte (Fundação Nacional da Arte) e bancado pela iniciativa privada, levou cor à extensão do elevado – trata-se de um dos primeiros registros (11) de interverão estética e humanização da estrutura, hoje na figura das conhecidas empenas verdes (12). Também em 1998, o projeto “Arte no elevado” promovido pela Associação de Moradores (composta por Santa Cecília, Consolação, Barra Funda e Vila Buarque) e Secretaria Estadual de Cultura organizaram uma grande feira cultural, com barracas de comidas típicas, shows, apresentações circenses, teatrais, recreação infantil e artesanato (13). Evento comparável apenas às participações do Minhocão na Virada Cultural de 2012 e 2014.
Mais recentemente, em 2013, foi fundada por profissionais de várias áreas do conhecimento, a Associação Parque Minhocão. A interdisciplinaridade do grupo relacionou as múltiplas interfaces necessárias para abordar a questão do elevado. Com todas as janelas voltadas diretamente para o Minhocão, em um apartamento dos anos 1950 – como todos os vizinhos, sem áreas recreativas privativas –, sua sede tem até hoje como objetivo concentrar as iniciativas e pavimentar um percurso que já era natural ao Minhocão: sua ressignificação como área de lazer para a população da região. Naquele mesmo ano de fundação, a curadoria da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo trouxe a exposição sobre o High Line nova-iorquino para dentro da Associação, com o intuito de ilustrar aos que possuem menos imaginação espacial, ou sabiam da proposta, mas nunca tiveram a chance de estar lá, a possibilidade de transformação de uma estrutura urbana de proporções similares. A estratégia ilustrou aos leigos, e fisgou muitos intelectuais que buscaram o caminho mais fácil na hora de rebater a proposta do Parque Minhocão; pelo que ele não era. Em uma síndrome esquizofrênica de colonizado, colonizado bem-educado, um número de especuladores acadêmicos – em referência aos imobiliários – indicaram investida contra, não pelos aspectos reais do elevado paulistano, mas pelo o que jamais poderia ser – o High Line. “O High Line é uma estrutura mais suave, o Minhocão não”, “O High Line estava em uma zona industrial, o Minhocão não” – comentários fáceis e limitados desse tipo fizeram acadêmicos entoarem – alguns até hoje – uma comparação superada na partida. Prova de que acompanham o assunto às orelhadas e não compartilham o sentido de urgência da comunidade local. Muito embora, vários autores sejam favoráveis à criação do parque elevado, preferem não se indispor ou então construir argumentos inadequados; para estes a questão é demasiado complexa, o que nos obriga a fazer algumas observações na sequência deste artigo.
Reporting from the front, estas questões argumentativas ficam menores. De perto, enfrentamos na região uma questão que antecede ao próprio Parque Minhocão – o direito de ocupar o espaço público. Temos nos últimos anos evidenciado um aparelhamento dos conselhos de segurança pública por uma minoria que não quer ver gente na rua (14). Foram contra a ciclovia sob o elevado, contra corridas sobre ele e toda e qualquer manifestação cultural na região – são conservadores, e naturalmente, a favor da demolição e reconstituição do lugar a partir de uma foto dos anos 1930, quando São Paulo tinha 1 milhão de habitantes. Ativos, mais recentemente, estrategicamente, entenderam que enquanto houver pessoas usando o elevado seu argumento pró-demolição perde força. Foi a partir de um laudo feito pelos bombeiros, especificamente para o evento da Virada Cultural de 2014, dizendo não ser mais possível organizar grandes manifestações culturais sobre o Minhocão sem as condições básicas de segurança que o grupo entrou com uma representação no Ministério Público tentando usar deste mesmo laudo como argumento, para que o elevado fosse fechado integralmente. O uso inadequado do documento fez com que os bombeiros se manifestassem, dizendo que o uso espontâneo não se configura como evento. Mas mesmo tendo tido sua argumentação desmontada na base o processo segue até hoje, com quase mil páginas, buscando o alimento que justifique o cerceamento do espaço. Os portões instalados próximos do acesso da Roosevelt, em agosto deste ano, são produto desta articulação arguta, desconhecida pela maioria.
Há pouco, em 2015, fruto da mobilização direta da Associação junto aos moradores da região, foram coletadas assinaturas que certamente endossaram a decisão do Executivo – na figura do prefeito Fernando Haddad – pelo fechamento do Minhocão aos sábados, a partir das 15h. O Legislativo, pouco a pouco, também percebe que a sociedade caminha para enfrentar os seus grandes dilemas – onde um deles é a ‘carro-dependência’ – como indica o vereador José Police Neto (15). É impressionante a adesão da comunidade à ressignificação do Minhocão, depois de décadas rancorosas, quando era ardente o desejo pela demolição. Os usuários, em grande parte moradores locais, seja por conhecimento ou intuição aderiram ao que há de mais contemporâneo no modo como encarar o legado construído. Talvez tenham simplesmente, tomado o exemplo do Viaduto Diário Popular, no Parque Dom Pedro II; com um quinto da extensão do Minhocão e completamente subutilizado, aguarda desde 1989 para ser demolido. Essa articulação comunitária cada vez mais potente é percebida pela adesão ao novo abaixo-assinado, que mesmo em busca singela – de compatibilizar o fechamento do elevado com o horário do rodízio veicular, das 7h às 20h – recebe o apoio imediato.
As sugestões para o elevado até hoje foram várias. Os registros históricos mostram que até a data, a opinião dos estudiosos e debates acalorados, não alterou o percurso do Minhocão nem por alguns milímetros, mas em compensação, o engajamento dos moradores da região sim, tem construído um novo destino para a estrutura. Mas então, por quê citar os autores contrários? Para lembrá-los que, antes de mais nada, estão na contramão dos movimentos sociais que tanto usam como mote discursivo. Foram coletadas mais de 11 mil assinaturas físicas em prol do parque elevado, em que 90% dos apoiadores residem nos bairros do entorno. Pode-se até imaginar que exista um Fla-Flu, entre pró-parque e pró-demolição, mas sinto informá-los que apenas nos debates escolares e na mídia, onde a dicotomia é entretenimento. Em campo, o número de apoiadores na conversão para parque aumenta, com mais de 23 mil apoiadores, de várias regiões da cidade. Mas se a informação não satisfaz ao estudioso niilista, é importante lembrá-lo que o movimento das cidades não segue ao gosto do freguês.
É compreensível a dificuldade de alguns urbanistas brasileiros entenderem a construção da cidade contemporânea, uma vez que não existem oportunidades para grandes realizações materiais, e muitos acabam tendo que se satisfazer com a construção burocrática, de normas e planos; às vezes até por consequência de uma formação castrada, onde o projeto é visto como autoritário, perpetuam um urbanismo de gabinete. Lamentavelmente, nem mesmo Paulo Mendes da Rocha (FAU Mackenzie, 1954) o arquiteto brasileiro mais premiado da história, tem tido a oportunidade de realizar projetos urbanos de vulto.
Na ausência de experiência local, recorremos aos habilitados, que além de teóricos, trabalham diretamente na intervenção urbana de tecidos consolidados neste século. Em 2002, a convite do Arte Cidade Zona Leste, Rem Koolhaas – talvez o mais conhecido e respeitado urbanista contemporâneo – esteve em São Paulo com o objetivo de apresentar sua solução para o Edifício São Vito. Localizado no Parque Dom Pedro II, há anos vinha sendo alvo de propostas de demolição. De partida, Koolhaas coloca:
“Se um novo urbanismo é possível, não se tratará mais da disposição de objetos mais ou menos permanentes, mas da irrigação de territórios. Ele não buscará mais configurações estáveis, mas a criação de campos que acomodem processos que resistam a ser cristalizados em formas definitivas. Não a imposição de limites, mas a supressão de fronteiras. Não a identificação de elementos, mas a descoberta de híbridos. Não mais obcecado com a cidade, mas com a manipulação da infraestrutura para infinitas intensificações e diversificações, curtos-circuitos e redistribuições – a reinvenção do espaço urbano” (16).
A proposta de Rem Koolhaas consistiu apenas na instalação de um novo elevador, tal como os usados nas construções recentes. Não se tratava de projetar um elevador, mas apenas disponibilizar um equipamento em boas condições de funcionamento. Em vez de projetar o arquiteto procura infiltrar os espaços residuais para gerar densidade programática: manipular as condições existentes para acolher o maior número possível de eventos (17). O autor ainda adianta a natureza da estratégia que levaria à sua demolição uma década depois:
“Não se trata de retomar as estratégias de revitalização de áreas centrais, em voga nos anos 80. Essas políticas, essencialmente preservacionistas, tenderiam a enfocar o edifício do ponto de vista do patrimônio, como um monumento. Associadas a políticas assistencialistas, visando a melhoria das condições de vida no prédio, elas poucos contribuiriam para as mudanças estruturais impostas pela extensão e complexidade da situação” (18).
Naquela época, Koolhaas reforçou que se São Paulo não descobrisse uma maneira de resolver um problema como o daquele edifício, situado em uma das áreas mais propícias para projetos de desenvolvimento urbano, isso indicaria que a cidade não conseguiria inserção na dinâmica e formato das grandes metrópoles do mundo. Incapacidade reconhecida que se verifica no próprio caso do Minhocão. Mesmo tendo tido a primeira proposta de parque elevado no mundo, desenhada pelo arquiteto Pitanga do Amparo em 1987 – muito antes do próprio High Line – São Paulo viu de longe surgirem parques similares nas grandes metrópoles referidas por Koolhaas, mesmo tendo aqui, diferente de outros lugares, a vantagem do uso prévio à remodelação. A concepção visionária de Amparo, há exatamente três décadas, recebeu capa no Jornal da Tarde (19), rendendo o interesse até, do então prefeito Jânio Quadros; pedindo para que proposta tivesse a viabilidade checada por Odon Pereira da Silva, diretor da Secretaria Municipal do Planejamento – Sempla (20).
Quando surgem argumentos de que o “Minhocão não deve ser o nosso Parque High Line” (21) na tentativa de prevenir contra a gentrificação que teria ocorrido no segundo, transborda uma esperança e desconhecimento da condição concreta – nem se desejasse São Paulo teria condições de promover tal operação. Mesmo na gestão mais recente e patrocinada, de João Dória, São Paulo não vislumbra condições de executar um projeto que gerasse deslocamento da população de renda mais baixa. O fato é, que tanto derrubando o elevado quanto o transformando em parque, sem os mecanismos prévios que assegurem a moradia popular, sofrerá por este fenômeno. Muitos seguem sem compreender que a gentrificação não é causada pela iniciativa privada ou pelo empreendedor, mas sim pela ausência de posicionamento do poder público. Tentam associar, por vezes, as construções recentes na orla do elevado a algum processo inicial de gentrificação. Infelizmente, também se equivocam neste argumento, pois o mapa de novos empreendimentos no centro mostra que estas construções estão pulverizadas na região e não se ancoram especificadamente ali. Nesse tema importante, os incautos também se enganam sobre a precariedade física das edificações como viabilizadora da habitação popular na atualidade; quando a garantia da habitação social só pode, só deve ser garantida a partir de novos mecanismos, aplicados aos futuros empreendimentos que surgirem na região, e não por qualquer interesse de congelamento dos imóveis, ou mesmo do próprio elevado, na sua condição atual.
Não há aleatoriedade na decisão das cidades pela transformação ou não de seu viaduto em zona de lazer. A intenção é diretamente proporcional à demanda e à densidade demográfica e construtiva do entorno. Fica evidente que diante de complexidade e contradição, não é possível selecionar um programa, uma função, uma vocação. O arquiteto na cidade contemporânea não deve ser seletivo nos problemas que quer resolver. Construir espaços públicos do século 20 no século atual é ignorar as várias facetas da urbanidade. A simplificação excessiva – traduzida em monoprograma ou monofunção – para atingir simplicidade, é genuína nostalgia seletiva.
Bernard Tschumi reconhece uma oposição constante nos argumentos urbanos, entre aqueles que veem arquitetura e nossas cidades como locais de experiência e experimento, como reflexões emocionantes da sociedade contemporânea – aqueles que gostam do desconhecido, que desconstroem e se autodestroem – e aqueles que veem a origem da arquitetura como refamiliarização, contextualização e inserção. Segundo Tschumi, o público em geral sempre tende a ficar próximo dos tradicionalistas. Ao olho do público, a arquitetura é sobre conforto, sobre abrigo, sobre tijolos e argamassa – no caso de um parque: lago com carpas, árvores, e caminhos sinuosos. No entanto, para aqueles que a arquitetura não é necessariamente sobre conforto, mas também sobre o avanço da sociedade e seu desenvolvimento, o dispositivo de conflito e contradição pode ser uma ferramenta indispensável. A arquitetura na megalópole pode ser muito mais sobre encontrar soluções desconhecidas para os problemas, do que sobre soluções tranquilizadoras e reconfortantes da comunidade estabelecida. E segue:
“Recentemente, temos visto importantes novas pesquisas sobre cidades em que a fragmentação e deslocamento produzidos pela justaposição sem escala, de viadutos, shopping centers, prédios e pequenas casas é vista como um sinal positivo de vitalidade da cultura urbana. Ao contrário de tentativas nostálgicas para restaurar uma continuidade impossível de ruas e praças, essas pesquisas implicam em fazer um acontecimento a partir do choque urbano; intensificar e acelerar a experiência urbana através de colisão e disjunção” (22).
Por último, resta-nos a evidência de que o tema do Parque Minhocão pode ser manipulado por todos, mas apenas seus moradores têm o poder da mudança e urgência no assunto. Estrangeiros ao lugar podem especular, mas com a consciência de que não o devem fazer de maneira taxativa, ao risco de mais uma vez, vestirem a carapuça do autoritarismo e da intransigência que dominou sua implantação à contragosto dos moradores da região. O Parque Minhocão é a pré-história dos parques que ainda estão por vir nas cidades do futuro. Dados os argumentos, sabemos que seus opositores haussmannianos estão na contramão da sustentabilidade, da resiliência, do reuso adaptativo, da cidade aberta (Open City, de Richard Sennett) e de quantos forem os conceitos contemporâneos criados para indicar que não é possível, nem desejável, passar a borracha sobre materializações do passado passíveis de transformação. Eis a pergunta de Clarice Lispector que embute em si a reposta – “Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer?” (23).
notas
1
Um amplo histórico do Elevado Costa e Silva pode ser encontrado em: ASSUNÇÃO, Eduardo Luiz de Lima. Minhocão e arredores: construção, degradação e resiliência (1970-2016). Dissertação de mestrado. Orientador Abilio Guerra. São Paulo, FAU Mackenzie, 2016.
2
Moradores da São João querem elevado interditado à noite. Caderno Local. Folha de S.Paulo, São Paulo, 29 dez. 1976, p. 9.
3
Minhocão passa a ser interditado mais cedo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 24 nov. 1989, p. 1.
4
Como fugir do Minhocão Interditado. Caderno Cidades/Mortes. Folha de S.Paulo, São Paulo, 27 mai. 1990, p. 6.
5
“Vai morrer gente aqui”. Folha de S.Paulo, São Paulo, 20 jul. 1994, p. 6.
6
Ônibus do Minhocão leva 5 passageiros. Folha de S.Paulo, São Paulo, 21 jul. 1994, p. 5.
7
Prefeitura abre licitação para reforma do Minhocão. Folha de S.Paulo, São Paulo, 12 ago. 1995, p. 4.
8
2 mil assinam contra Minhocão à noite. Folha de São Paulo, São Paulo, 15 abr. 1996, p. 12.
9
Maluf quer abrir o Minhocão à noite. Folha de São Paulo, São Paulo, 13 dez. 1995, p. 3.
10
Minhocão será fechado às 11h. Folha de S.Paulo, São Paulo, 17 abr. 1996, p. 1.
11
Vale mencionar uma intervenção anterior. Semelhante ao “Corredor Verde” proposto pelo atual prefeito, João Dória, em 1983, a administração regional da Sé propôs a colocação de 74 vasos de plantas (com Ciprestes e Pinheiros, vegetação exógeno) ao longo do Minhocão. Regional da Sé coloca vasos no “Minhocão”. Folha de S.Paulo, São Paulo, 12 out. 1983, p. 13.
12
Pintura vira paliativo contra má imagem do polêmico Minhocão. Folha de S.Paulo, São Paulo, 22 nov. 1998, p. 12.
13
Artes “congestionam” hoje o Minhocão. Folha de S.Paulo, São Paulo, 27 set. 1998, p. 2.
14
BACOCCINA, Denize. Satyrianas e a Praça Roosevelt: O embate entre uma cidade aberta e o sequestro dos espaços públicos por uma minoria. HuffPost Brasil, São Paulo, 02 nov. 2017 <www.huffpostbrasil.com/a-vida-no-centro/satyrianas-e-a-praca-roosevelt-o-embate-entre-uma-cidade-aberta-e-o-sequestro-dos-espacos-publicos-por-uma-minoria_a_23262366/?utm_hp_ref=br-vozes&ncid=fcbklnkbrhpmg00000004> (visitado em 05/11/2017).
15
NETO, José Police. O Minhocão e José Police Neto. Adotei Um Vereador, São Paulo, 01 jun. 2015 <http://adoteiumvereador.blogspot.com.br/2015/06/o-minhocao-e-jose-police-neto.html> (visitado em 09/11/2017)
16
BRISSAC, Nelson. Rem Koolhaas. Página oficial do Arte/cidade Zona Leste <www.artecidade.org.br/novo/txcurador_koolhaas.htm> (visitado em 04/11/2017)
17
BRISSAC, Nelson. Arte Cidade Zona Leste. São Paulo, WMF Martins Fontes, 2001, p. 126.
18
BRISSAC, Nelson. Rem Koolhaas (op. cit.).
19
MORENO, Leila Kiyomura. Uma solução para São Paulo. Coluna Morar em São Paulo. Jornal da Tarde, São Paulo, 29 set. 1987, p. 15. Também muito anterior ao High Line, em 1990 a prefeitura de Paris convocou o arquiteto Patrick Berger para converter antigo elevado construído para linha ferroviária no Viaduc des Arts, projeto de parque elevado inaugurado em 1994 <https://fr.wikipedia.org/wiki/Viaduc_des_Arts>.
20
AMPARO, Pitanga. Página oficial do arquiteto. <http://pitangadoamparo.com.br/jornaldatarde87.htm> (visitado em 09/11/2017)
21
SCHILLER, Line Mariana; SANTORO, Paula Freire. Por que o Minhocão não deve ser o nosso Parque High. Blog ObservaSP <https://observasp.wordpress.com/2017/09/19/por-que-o-minhocao-nao-deve-ser-o-nosso-parque-high-line/>. (visitado em 05/10/2017)
22
TSCHUMI, Bernard. Architecture and Disjunction. Cambridge, The MIT Press, p. 246-248.
23
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro, Rocco, 1998, p. 11.
sobre o autor
Felipe SS Rodrigues é arquiteto e mestrando (FAU Mackenzie, 2017) com estudos complementares na New Jersey Institute of Technology (2012) e no Pratt Institute em Nova York (2013). Colaborou com o arquiteto Isay Weinfeld (2011) e com Rem Koolhaas no OMA de Roterdã (2013). Há 3 anos mora de frente para o Elevado Presidente João Goulart e é voluntário na Associação Parque Minhocão.