No campo da arquitetura tem se instaurado, ao longo de três séculos, o termo “conforto”. A partir da segunda metade do século 20, o uso do termo se tornou frequente, e isto em diversos idiomas. No Brasil, desde o início dos anos 90, têm sido notáveis tanto a frequência do uso como a diversidade semântica.
Como critério frequente e indiscriminado, a ideia de conforto se antagoniza com a autonomia da arquitetura. Em 1954, o arquiteto e professor Philip Johnson nominava o conforto uma das sete "muletas" da arquitetura. (1) Em 1960, o teórico William Jordy (2) já alertava quanto ao conforto como manifestação menor e meiga do humanismo, enquanto em algumas obras exemplares se revelava na racionalidade, no fluxo da experiência e na relação com o inconsciente. Hoje, recomendado nos interiores privados como de uso comum, e até mesmo nos espaços livres, conforto se torna argumento de humanidade, passaporte axiológico, panaceia. Em 2014, Koolhaas (3) protesta contra uma dominação da arquitetura pela tecnologia, partes e sistemas sendo colados aos projetos, e ao moralismo reducionista do politicamente correto na arquitetura, expresso na tríade conforto, segurança e sustentabilidade.
A evolução a tal pacote de significados pode ser acompanhada em obras de prosa e poesia, enfim, na literatura, que registra a evolução do conceito e o promove, fazendo a conexão entre a fenomenologia e a linguagem. Zahavi (4) define fenomenologia como a apreensão da realidade na perspectiva de primeira pessoa; a realidade concebida como o que existe e necessariamente é apreendido e vivenciado. Tem origem no início do século 20, comumente ligada ao filósofo Edmund Husserl, e disputa reconhecimento com uma ciência fria, mecanicista, subentendida verdade única e que, no seu ritual, impõe a prática de relatar feitos científicos sempre e somente na terceira pessoa, (5) mesmo com significativo prejuízo de clareza. (6) Fornece as referências para entendimento do que seja conforto em seu espectro semântico, qual será utilizado neste texto. Gaston Bachelard (7) afirmava que poetas são fenomenólogos natos.
A literatura sugere quase irresistivelmente que o conforto é apenas uma dentre diversas conjunturas emocionais que poderiam ser exploradas na arquitetura. Fala-se na fenomenologia, nas três últimas décadas, de atmosfera. Proponho neste artigo que se passe a considerar conforto como atmosfera. Isto tornaria o conceito mais preciso e, ainda, acessível.
Assim, é objetivo deste trabalho propor um entendimento de conforto justapondo o significado original com definições da fenomenologia (atmosfera), porém visitando antes um conceito do design (affordance) e por uma sistematização existente na psicologia ambiental (estado emocional, avaliação emocional). Sobre esta base, resgatar e explorar a metáfora original do conforto, com o propósito de deixar seus contornos mais claros para que não se incorra em uma generalização inconsistente ou mesmo incoerente conforme Lakoff & Johnsson. (8) Propõe-se uma revisão da terminologia utilizada em arquitetura.
Como justificativa para esta pesquisa, evoca-se aqui a importância vital e existencial do conforto qual concebido originalmente e, depois de desdobrado, capturado numa acepção holística, como a experiência imediata de ser reforçado por ter satisfeitas as necessidades de alívio, liberdade e transcendência satisfeitos em quatro contextos (físico, psico-espiritual, sociocultural e ambiental) qual definido por Katharine Kolcaba, (9) pesquisadora na área de enfermagem. Apesar da singularidade da menção a essa área, nela se verifica a radicalização da necessidade de conforto, com isto sua mais clara expressão. Mesmo saudáveis, as pessoas têm recorrente necessidade de conforto. Em face desta importância, seria relevante a clareza na formulação do conceito, como da construção – a partir de renovada visão teórica - de um referencial que auxilie na formulação de expectativas aos ambientes e sua mais precisa especificação, seja por usuários como por profissionais do projeto. Tal clareza parece uma causa urgente no português brasileiro, mas parece ser justificada também em outros idiomas.
O procedimento metodológico utilizado é hipotético-dedutivo: apresenta-se, primeiro, a hipótese da possibilidade da reorganização de conceitos, e em seguida empreende-se uma exploração da literatura. A hipótese diz respeito ao espaço ao considerar conforto como não sendo, e sequer se espera, onipresente, mas dependente de condições necessárias para constituir uma atmosfera; e também relaciona-se com o tempo, pressupondo a precariedade do conforto. Isto se faz, aqui, numa atitude de vigilância exploratória; por outro, com mais sorte que juízo de quem já não pisa em ovos porque encontra surpreendente redundância da base conceitual para o empreendimento.
Conceitos básicos: atmosfera; affordance; conforto
O conceito de atmosfera surgiu no bojo da chamada Nova Fenomenologia, no final do séc. 20. Significa a predisposição emocional, a partir da concomitância de fatos ou configurações efetivamente ambientais ou virtuais (por exemplo, da esfera política, econômica, legal, propalada através do ciberespaço) e um grupo de pessoas com características comuns. Atribui-se ao filósofo alemão Gernot Böhme (10) esta nova formulação. Böhme questiona a definição tradicional de arte, se vivemos diante, senão dentro de uma realidade estetizada, por exemplo, nas peças de publicidade; a estética transcendendo as formas convencionais de arte – e em especial a Literatura. Böhme apresenta atmosfera como algo difuso e indefinido – não com relação ao seu caráter mas quanto ao seu status ontológico. Afirma que a atmosfera somente pode se tornar um conceito se for possível contabilizar o seu status intermediário entre o sujeito e o objeto.
Uma serie de poemas a respeito de atmosferas foi apresentada por Green, (11) reunindo ao menos duas dezenas de atmosferas de interesse para a arquitetura; relatou estar abrangendo tópicos tão variados como o fluxo do tempo em museus, o jogo do momentum num evento esportivo, e a expressão dos alimentos nos sonhos. Caracteriza atmosferas como infinitamente variadas, constantemente mutantes, e altamente específicas. Resume atmosfera como uma multiplicidade de afetos fluindo.
Aqui é local oportuno para introduzir o conceito de conforto. Para que haja conforto, são necessárias condições físicas e não físicas em dado domínio, e também pessoas numa condição bem diferente daquela das que acabaram de despertar: são pessoas que têm os pés doídos de uma caminhada, os ombros arqueados pelo fardo de um dia de trabalho, a testa franzida de preocupações com dinheiro, com prazos, pessoas, a paciência esgotada de esperar fluir o trânsito, o barulho de um motor Diesel nos ouvidos, o odor da sua fumaça no nariz, e as pontas dos dedos querendo congelar de frio.
Em referência direta a Norberg Schulz, (12) o filósofo italiano Tonino Griffero (13) afirma que “quando o espaço tem, ou adquire carga atmosférica, expressa um “genius loci”, não importando se como “arquétipos de lugares naturais” ou relacionado, ao menos em parte, a várias perspectivas e affordances cultural-geográficas.”
O conceito de affordance é mais antigo que o de atmosfera, e foi cunhado pelo psicólogo James Gibson nos anos 60. Refere-se à propriedade dos materiais, formas, objetos de se recomendar para algum uso específico; não a qualquer pessoa, mas a alguém procurando resolver um problema que requeira um objeto, um artefato, um material ou um cenário. Exemplo clássico é a placa colocada na porta do lado em que normalmente se pede “empurre”, e uma alça do lado em que se pede “puxe” (embora a porta possa sempre, também, ser de ambos os lados empurrada). Muito aplicável ao domínio da arquitetura segundo Maier e Fadel, (14) que citam Gibson: affordance implica a complementaridade entre o animal e o ambiente. Não há termo equivalente em português. (15)
Para Griffero, atmosfera e affordance são praticamente a mesma coisa. Atmosferas são as affordances não associadas ao uso imediato das coisas, mas ao seu efeito. Desta perspectiva, a Arquitetura é o emaranhado espontâneo e circular entre o repertório do gestual arquitetônico e o repertório das experiências sentidas e espaciais do usuário. Perceber uma atmosfera é sempre co-perceber nossa situação corporal afetiva para nos certificar de como nós nos sentimos num dado lugar. Esta espontaneidade foi ressaltada por Lassance: (16) um edifício se torna algo único na sua relação com as pessoas, mas algo distinto do que foi pensado.
O termo “conforto” é originário do Latim confortare, verbo que significa consolar. Rybczynski (17) enfatiza o significado tão somente psicológico e espiritual do conforto, na sua origem, e registra os primeiros usos literários do termo aplicado ao ambiente no início do séc. 19. Crowley (18) relata a existência do uso do termo "conforto" relacionado ao bem-estar físico desde o início do séc. 18 que, para Dejean, (19) é o “século do conforto”. Mas nos primórdios do uso do termo não era nítido, menos ainda popular o entendimento de que as pessoas e suas famílias necessitassem um espaço próprio, seguro, privativo, personalizado. O que se verificou até os dias de hoje foi sua progressiva extensão como metáfora para, na enfermagem, a analgesia; nas finanças pessoais, a prosperidade; na descrição de círculos sociais, a familiaridade; na arquitetura, o controle das condições ambientais (térmicas, lumínicas, acústicas, relacionadas ao ar).
A consciência do conforto e sua atribuição aos ambientes (inicialmente, residenciais) foi o último produto de todo um processo. Foi uma conquista das sociedades que conseguiram direcionar parte do seu excedente econômico a algo mais que a simples reposição da força de trabalho: passaram a ter em sua casa móveis estofados, livros e reproduções de obras de arte; a lareira fechada e com chaminé; e mais tarde, a luz elétrica. Os Estados Unidos, na segunda metade do séc. 19, caracterizam bem esse processo. A partir da segunda metade do séc. 20, o rádio, os eletrodomésticos, a televisão, o condicionador de ar, e logo depois o home theater, os videogames, o computador doméstico, os telefones celulares, os tablets.
Utiliza-se na psicologia ambiental os conceitos de estados afetiva ou emocionais, que caracterizam a presença de emoções (alteração hormonal, de temperatura, de frequência cardíaca) quando o ambiente é julgado relevante para os propósitos pessoais; reações afetivas, que promovem a mudança de um estado emocional para outro; e avaliações afetivas, que sem implicar em emoções alterações, influenciam preferências das pessoas em relação aos ambientes. (20)
Hoje, proliferam menções ao conceito de conforto, qualificado ou não como conforto ambiental, mas como qualidade geral encontrada nos ambientes. Surpreende a quantidade de menções a conforto, de forma acrítica e nem ao menos precisa, em artigos científicos publicados em congressos iniciantes como estabelecidos. Pressuposto do presente trabalho é a confusão de conforto com bem-estar. Pois bem-estar, sim, é algo que se busca como quase unanimidade; mas nem sempre na forma de conforto. Este é caracterizado, aqui (e principalmente nos exemplos da Literatura) como parte de um ciclo e, portanto, algo temporário – e neste ponto, voltamos à hipótese. É característica originária do conforto o seu caráter compensatório, dialético: de alguma situação anterior que era desfavorável seja, respectivamente, por tristeza, dor, pobreza, constrangimento social e desabrigo. Bollnow (21) explora o ir e vir, não utiliza o termo conforto, mas habitabilidade (sem aparente ligação com habitability como proposto por um grupo de cientistas de Avaliação Pós-Ocupação ao redor de Wolfgang Preiser). (22) E Kolcaba, citada acima, ao formular uma definição holística de conforto enfatiza três momentos: alívio, liberdade e transcendência. No entanto, refere-se principalmente ao paciente - uma pessoa que está prostrada, que tem uma longa noite entre o momento em que cai enferma e sua recuperação. E é notório o aspecto transiente, temporário, caracterizado inicialmente pelo alívio, e pela transcendência (subentendidos, enquanto dure a causa do desconforto). Conforto não é monolítico, mas atmosférico e, como tal, pode se diluir.
Conforto é compreendido ao se considerar as outras espécies animais. Da antropologia se obtém uma visão um tanto relativizadora do excepcionalismo humano, que vê o ser humano como exceção a toda a natureza; reunem-se evidências de pessoas moldando seus ambientes de modo não desprovido de instintos, e com grande diversidade pelo mundo, (23) que a cada dia mais se aproxima do que demonstram os biólogos e neurocientistas. Necessitamos de conforto como escuridão, para que nosso corpo produza melatonina e possa recuperar tecidos danificados; silêncio, para prevenir o estresse (não bastam janelas anti-ruído, necessitamos silêncio ambiental mesmo); e apresentamos uma menor demanda por ar fresco (talvez, mesmo, não queiramos ventilar tanto nosso ambiente por um instinto de preservação, evitando espalhar pistas olfativas sobre nossa presença ali, indefesos).
Enfim, outro pressuposto é o entendimento corrente de um conforto “dos” ambientes, um conforto que se basta, sem inclusão de pessoas. Ora, como uma atmosfera, o conforto não existe por si, tampouco tem efetividade sobre qualquer um, mas sobre um público específico: aquelas pessoas que estão carentes de uma compensação, e sensíveis a um conjunto de condições.
O sistema circumplexo de Russell e Snodgrass
Para esclarecer os pressupostos, mencione-se inicialmente os psicólogos ambientais, mais especificamente, Russel e Snodgrass (24) com seu sistema, repetido em diversas outros trabalhos de Russell e seus coautores, para classificação bidimensional, “circumplexa” para a afetividade ambiental, sem ter utilizado a expressão “atmosferas”, sendo as dimensões escolhidas o grau de estimulação, e a desejabilidade ou positividade.
Para os autores existem, basicamente, quatro tipos de descritores de estados emocionais. Embora não utilizem tais termos, é quase natural a atribuição, aos quadrantes, dos nomes de perigo, aventura, tédio e conforto.
Em contraste ao conforto, é possível chamar os quadrantes do tédio, do perigo e mesmo da aventura de atmosferas desconfortáveis. O contraste maior é dos ambientes ameaçadores, em que nos sentimos vulneráveis, expostos, e buscamos sair dali para uma situação positiva. No entanto, tal termo não seria suficiente para caracterizar toda a carga negativa que ali encontramos. E por se direcionar a conforto toda expectativa de uma atmosfera positiva, a atmosfera de aventura é comumente esquecida, não é estudada, não se faz dela um cenário de projeto. Diferentes dos ambientes entediantes, os ambientes da aventura atraem pelo seu mistério, por uma suposta recompensa, e ganham caráter de desafio.
A precariedade das atmosferas
Nenhuma destas atmosferas tem necessariamente o caráter permanente ou garantido, mas têm importância na dialética do dentro e do fora, do dia e da noite. Conforto não é um objetivo absoluto, menos ainda uma realidade estática, uma vez que se trata apenas de um grupo de atmosferas - ao lado de aventura, perigo e tédio, aqui propostas como atmosferas elementares - e há uma lógica temporal e espacial na formação destas atmosferas. Pela descrição apresentada anteriormente, auxilia a caracterização concreta de cada um dos quadrantes uma imagem bem mais simples.
Este sistema sugere dicotomia entre função e forma, por exemplo, na sala de aula; seria de fato o tipo que melhor se presta à atmosfera de aventura que serve a aprendizagem? O que dizer do estudo individual, que requer reflexão, e deveria acontecer num espaço confortável? Sobre outros tipos, poder-se-ia abrir aqui longa discussão.
Mudanças verticais são menos comuns porque compreendem a inversão de dois estados: dentro / fora, e dia / noite.
Mais comuns são as mudanças na horizontal, da direita para a esquerda, seguindo tendências naturais de exaustão dos estados desejáveis. Acontecem gradualmente no fim da noite, e no fim do dia. Assim também as mudanças na diagonal, da esquerda para a direita: rápidas e radicais, seguem os estímulos externos transformados em sinais nervosos e hormonais, reações corporais ao anoitecer e ao amanhecer. Não somente se abandona os quadrantes do indesejável como se inverte o caráter de estimulação.
Ao passar pelo centro do diagrama, se tangencia o equilíbrio, estimulação zero. Este estado é possivelmente aquele que os cultores da meditação tanto querem capturar: o estar desperto sem, porém, deixar a mente sair do controle.
Uma viagem exploratória pela Literatura
A seguir, são apresentados textos que ilustram a mudança entre uma e outra atmosfera. Trata-se de processos corriqueiros básicos na vida. Aqui, é oportuno o olhar sensível e a escrita desinibida dos prosadores e poetas e sua privilegiada capacidade de síntese para ilustrar, as atmosferas elementares, como momentos, e o movimento entre elas. Vários dos textos foram sugeridos por alunos de graduação em arquitetura e urbanismo.
De início, é apresentada a movimentação de atmosfera em atmosfera num ciclo mais convencional.
Uma atmosfera de conforto se reverte em algo entre o tédio e o desespero se, do conforto, não vem como consequência o sono. Em Insônia, Fernando Pessoa retrata a inoperância do abrigo, e a aproximação do desespero. (25)
Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.
Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.
Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!
Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer! (...)
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Vem, madrugada, chega!
Um movimento almejado é aquele do tédio para a aventura, sua atmosfera oposta. Manuel Bandeira em Vou-me embora para Pasárgada revela: (26)
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
e exemplifica:
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio.
O poema pode ser entendido a partir da condição do poeta: paciente de tuberculose, doença que, por longos anos, restringiu sua vida. O poeta almeja uma vida com atividades ao ar livre.
Também Carlos Drummond de Andrade, em Passagem da noite mostra com apelo sensorial a transição de uma atmosfera pessimista, e a atmosfera do amanhecer: (27)
É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.
Mas salve, olhar de alegria!
O poeta não mostra nenhuma vontade de repousar, é como se a noite lhe houvesse interrompido uma inextinguível atividade. E subitamente o contraste:
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
A banda Legião Urbana fez sucesso nos anos 80 e 90 com a música Eduardo e Mônica. Mais um exemplar entre diversos textos, em geral longos, de apelo a um público adolescente e jovem, sendo que a letra explora o encontro de Eduardo, adolescente, e Mônica, jovem adulta, em uma festa. Eduardo, com a superficialidade do jovem crescido e barbado, revela sua fragilidade quando lembra, já tarde, que tem de voltar para casa e não tem carro nem carteira, não tem dinheiro nem autorização dos pais: (28)
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
É quase duas, eu vou me ferrar.
De repente, a aventura de Eduardo se converte em vulnerabilidade, e em poucos versos menciona a palavra-chave do que almeja: casa.
Uma situação em que a aventura se torna vulnerabilidade é apresentada por Victor Hugo em Os miseráveis. (29) O autor apresenta, ao final de uma caminhada, a atmosfera de desolação: uma planície cercada por nuvens baixas no início da noite, longe de toda espécie de habitação humana, a lua escondida e a Terra curiosamente mais clara que o céu, num conjunto medonho, mesquinho, lúgubre”, em que o ambiente respira profunda tristeza.
A mudança da atmosfera de vulnerabilidade para a atmosfera de conforto é, provavelmente, a mais marcante, talvez porque a mais contrastante, e mais fortemente desejada e idealizada. Norberg-Schultz (30) abre seu livro Genius Loci citando um poema de Georg Trakl, Winterabend – tarde de inverno, apesentado a seguir em livre tradução – a transição de uma quase-morte para o deslumbra da hospitalidade:
A janela é fustigada pela neve
toca o sino vespertino longamente
A casa arrumada, nela deve
Ser mesa posta, e para muita gente
Andarilhos, de diversas praças,
Vêm dar à porta suas tenebrosas trilhas
No ouro de suas flores, pé das graças
da terra o vapor gélido fervilha.
Quieto adentra a casa o andarilho
A dor virada em pedra no caminho
Faíscam aos seus olhos, puro brilho,
naquela mesa posta, pão e vinho.
E antes de se chegar ao conforto, um breve momento de volta ao espiritual, uncanny, (31) na passagem da estimulação para a tranquilidade, do exterior – já no final do dia e das forças – para o caseiro. Gernot Böhme, (32) em suas atmosferas, menciona um haikai de Matsuo Basho, em livre tradução:
Alguém toca o sino
Sobe aroma floral
É a tarde
Contorno alguma impressão piegas com reflexões a uma mesa de bar: no movimento da desolação para o conforto, não apenas o Angelus dos camponeses procura a transcendência; o brinde com os amigos em um happy hour desacelera e celebra a passagem, novamente, pelo centro das coordenadas.
Completa-se assim um ciclo muito comum: conforto- tédio- aventura – perigo - conforto. Revela-se a precariedade das atmosferas. Não se pode – por motivos materiais, mas também psicológicos – permanecer por muito tempo em uma aventura sem que ela se torne perigo; ou, em conforto sem que se torne tédio. E as mudanças mais radicais são entre as atmosferas diametralmente opostas: vulnerabilidade para conforto; tédio para aventura. São também mudanças do indesejável para o desejável, e intensificadas pela inversão do sinal da estimulação.
Apresenta-se, agora, um ciclo reverso.
Inicialmente, a transição do tédio para o conforto em outro poema de Fernando Pessoa (assinando como Álvaro de Campos), “Fico sozinho com o Universo inteiro”: (33)
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
A transição do conforto para a vulnerabilidade pode ocorrer sem qualquer mudança do entorno físico, sem se sair do lugar: basta a chegada de pessoas que anunciem uma nova realidade. É o caso da experiência relatada no Diário de Anne Frank, (34) jovem judia cuja família é perseguida pelo regime nazista da Alemanha nos anos 40. “Às três horas (Harry acabara de sair para voltar mais tarde) alguém tocou a campainha. Eu estava preguiçosamente deitada ao sol na varanda, lendo um livro, e por isso não ouvi. Pouco depois Margot apareceu na porta da cozinha, toda alvoroçada. — As SS mandaram uma notificação chamando papai — sussurrou ela. [...] A casa recaiu em silêncio. Ninguém quis comer nada, o calor continuava intenso, e tudo se tornou estranho.” A atmosfera da desolação surge de uma mesma configuração física que antes servia à atmosfera do conforto e, mediante a presença de nazistas. A casa que era abrigo converte em chamariz, em uma denúncia da existência da família judia naquele local. (35)
Agora, o movimento da vulnerabilidade para alguma realização. Em Águas de Março, obra antológica da Bossa Nova, popularizada por Elis Regina, Tom Jobim (36) divaga nervosamente de uma atmosfera predominantemente externa, que vai se alternando entre estímulos e desalento.
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto do toco, é um pouco sozinho
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
A mudança da aventura para o tédio é mostrada por Aluízio de Azevedo, em O Cortiço. (37) Para uma mesma personagem feminina há uma atmosfera externa do trabalho como vendedora, e outra dentro de casa, voltada para o trabalho doméstico. Ambas as situações refletem o fato de que Bertoleza vivia um relacionamento desigual com João Romão. A sua parte do dia na quitanda era um período de oportunidade, contudo não muito longe da vulnerabilidade; o restante do dia, em casa, era voltado aos seus afazeres, o conforto não distante do tédio. “Bertoleza representava agora ao lado de João Romão o papel tríplice de caixeiro, de criada e de amante. Mourejava a valer, mas de cara alegre; às quatro da madrugada estava já na faina de todos os dias, aviando o café para os fregueses e depois preparando o almoço para os trabalhadores de uma pedreira que havia para além de um grande capinzal aos fundos da venda. Varria a casa, cozinhava, vendia ao balcão na taverna, quando o amigo andava ocupado lá por fora; fazia a sua quitanda durante o dia no intervalo de outros serviços, e à noite passava-se para a porta da venda, e, defronte de um fogareiro de barro, fritava fígado e frigia sardinhas, que Romão ia pela manhã, em mangas de camisa, de tamancos e sem meias, comprar à praia do Peixe. E o demônio da mulher ainda encontrava tempo para lavar e consertar, além da sua, a roupa do seu homem, que esta, valha a verdade, não era tanta e nunca passava em todo o mês de alguns pares de calças de zuarte e outras tantas camisas de riscado.”
Uma curiosa transição da aventura ao tédio se dá no mar. Adolfo Caminha, em O bom crioulo, (38) descreve uma viagem em veleiro militar que, devido a uma calmaria, faz surgir no navio uma atmosfera de impotência. “A viagem tornava-se monótona; a larga superfície do oceano estendia-se muito polida e imóvel sob a irradiação meridional do sol, e a corveta deslizava apenas, tão de leve, tão de leve que mal se lhe percebia o movimento. Nem sinal de vela na linha azul do horizonte, indício algum de criatura humana fora daquele estreito convés: água, somente água em derredor, como se o mundo houvesse desaparecido num dilúvio medonho..., e no alto, lá em cima, o silêncio infinito das esferas obumbradas pela chuva de ouro do dia. Triste e nostálgica paisagem, onde as cores desmaiavam à força de luz e a voz humana perdia-se numa desolação imensa! Marinheiros conversavam à proa, sentados uns no castelo, outros em pé, colhendo cabos ou estendendo roupa ao sol, tranqüilamente, esquecidos da faina. As chapas dos mastros, a culatra das peças, varais de escotilha, tudo quanto é aço e metal amarelo reluz forte- mente, encandeando a vista.”
Por fim, um ciclo completo em uma única obra.
Algumas obras de canto e de prosa mencionam ciclos completos do ir e vir.
A canção Time da banda britânica Pink Floyd é uma das mais famosas do álbum Dark Side of the Moon, considerado o disco mais vendido da história do rock’n roll. O texto, embalado em sua prosódia por um ritmo inspirado nas batidas de um relógio, trata da passagem do tempo. Este aparece tanto no ciclo diário do ir e vir, como no ciclo de uma vida. Traz para os ouvintes um condensado de filosofia existencialista. Não acrescenta novidade filosófica, mas material poético e certamente musical original, atinge imensa popularidade. Dez anos se passam, e já é tarde. O indivíduo se vê no meio da correria, como se quisesse alcançar o sol. Ele se esconde antes que se o alcance, e no dia seguinte, já surpreende mais uma vez subindo sobre nossas cabeças. Trata do encolhimento dos anos. A letra integral é apresentada aqui, em livre tradução.
Deixa bater segundos de um dia sem graça;
Mói e espalha as horas do seu existir;
Fica ao léu na cidade, num banco da praça
À espera de algo ou alguém que lhe diga aonde ir
Já enjoou vadiar no sol, vai pra casa ver chover
Você é novo, a vida é longa, e hoje há tempo pra matar
Um dia então verá, já são dez anos se passaram
Ninguém disse “é pra correr”, largaram sem você
Você corre, e corre pro sol, mas você nunca alcança
Ele se pôs, e não vai demorar a nascer
O sol permanece, a sua idade é que avança
Menos ar, menos um dia para morrer
Cada ano está mais curto, o tempo passa e é cruel
Restam planos fracassados, ou rabiscos num papel
Persistir em quieto desespero é o jeito inglês
Foi o tempo, e a canção,
Não falei na minha vez
A coda traz de volta uma escala de horas e descrevendo o prazer de voltar ao lar e se aquecer, enquanto longe, no campo, outros se ajoelham para orar. Uma menção à atmosfera de conforto, tanto no contexto físico, como no espiritual:
Lar
Doce lar
Se posso, eu gosto
de ficar
Chego exausto
e entrego o jogo
Vou esquentar meus ossos
junto ao fogo.
E por um momento, o espiritual, a transcendência, o uncanny demonstra a passagem do risco para o conforto, ou do tédio para a aventura:
Pelo campo
Muito além
Há um sino a badalar
Chama os fiéis a ajoelhar
Ouvir palavras mágicas do bem
Neste ponto aparece curiosa coincidência com o haikai citado acima. Ao mudar de um estado extremo para o outro, passamos pelo meio, pela virtude, por uma possível conexão com o sagrado.
Considerações finais
Apresentou-se fundamentação teórica sobre atmosferas, affordance e conforto. Descreveu-se os conceitos de estados afetivos e avaliações afetivas, em um esquema bidimensional da Psicologia Ambiental. Empreendeu-se então um exercício de leitura exploratória de textos literários, que se mostraram de posse do material que, muito tempo depois, entrou no ritual da ciência. O apanhado teórico do início ganhou instâncias de poder sugestivo.
Inicialmente, conforto e bem-estar não são sinônimos. As pessoas buscam quase sempre o bem-estar, nas não necessariamente do tipo tranquilizante como é o conforto. Este uso decorre da extensão inconsistente e incoerente de uma metáfora. Ainda, conforto é atmosfera e requer pessoas e ambiente; e é passageira, acoplada ao ritmo do dia e da noite.
Embora a coleção de trechos de literatura não possa ser considerada sistemática, fica patente uma forte tensão entre o quadrante de conforto e o quadrante de vulnerabilidade. Esta polaridade é também frequente quando, em textos técnicos sobre arquitetura, se menciona o ambiente construído. A expectativa da construção como abrigo fica evidenciada.
A direção transversal, que conecta o tédio e o desafio, também foi encontrada, e parece alguma criação original dos escritores. Defendo aqui que o movimento em tal direção deveria ser melhor conhecido. Pois a realização humana, no contexto urbano, não é mais na caça ou coleta, e dificilmente se dá nos espaços livres; mas requer o edifício como abrigo para a atividade, recurso necessário para a realização diária na economia em seus diveresos setores e atividades. O que não falar, então, no edifício portador de novidade em forma e função à maneira, digamos, do centro estudantil que Rem Koolhaas inseriu dentro do conjunto Miesiano do Illinois Institute of Technology em Chicago. (39) Um edifício que abriga tais fins é um dispositivo de controle ambiental, que cria novas situações; mas não um dispositivo de controle da vontade das pessoas que o ocupam. Falar em conforto seria forçar a metáfora.
É comum o reconhecimento de um ambiente confortável, algo que idealizamos como o ambiente, no final do dia, em que poderemos nos recolher, em privacidade e intimidade, e recuperar forças. Existe, no entanto, um perigo de se achar que conforto seria um ideal a buscar em todo e qualquer ambiente. Todos os cursos de arquitetura e urbanismo do Brasil têm suas disciplinas de conforto ambiental. Não vejo algum curso que possua disciplinas com nome das outras atmosferas importantes da vida.
Dar nome às coisas, aos conceitos é a condição fundamental para o conhecimento. Para a aproximação de diferentes disciplinas é condição relevante o acordo quanto a uma terminologia comum, capaz de prevenir expectativas descabidas. Isso, se tal conflito se limitasse aos significantes; contudo, não raro revela o desencontro de significados, em diferenças teóricas.
Recentemente topei com a “A relevância da arquitetura”, versão portuguesa do “Why Architecture Matters” de Paul Goldbeger, (40) e aproveito a palavra escolhida pelo tradutor para tal título para uma conclusão. Enquanto se perseguir conforto como panaceia, a arquitetura perderá em relevância. Termino emprestando um raciocínio: "adotar que a forma segue o conforto seria a substituição do dogma do racionalismo modernista por outro, tão subjetivo e obscuro quanto". (41)
notas
NA
O autor agradece ao professor Wolf-Dieter Sahr pelas indicações de leitura, aos arquitetos Anne Miskalo e Thiago Albino Maso pelos comentários.
1
As outras "muletas", aspectos parciais comumente absolutizados no ensino e na crítica, são: história, eficiência, desenho bonito, vontade do cliente, economia e estrutura; JOHNSON, Philip. As sete muletas da arquitetura. Aula (1954). Tradução Thiago Albino Maso. Curitiba, 2017.
2
JORDY,William H. Humanism in Contemporary Architecture: Tough- and Tender-Minded. Journal of Architectural Education, n. 2, v. 15, 1960, p. 3-10.
3
KOOLHAAS, Rem. Elements of Architecture. Bienal de Veneza, 2014.
4
ZAHAVI, Dan. Phenomenologie für Einsteiger. Paderborn, Wilhelm Fink Verlag, 2007, p 13-17.
5
A representação axonométrica usada no modernismo é também uma maneira de despersonalizar a visão.
6
American Institute of Physics. AIP Style Manual. Nova Iorque, AIP, 1997, p.14-15.
7
BACHELARD, Gaston. Poética do espaço. Apud BOLLNOW, Otto F. O homem e o espaço. Curitiba, UFPR, 2008, p. 19.
8
LAKOFF, George; JOHNSON, Mark. Metaphors we live by. Chicago, The University of Chicago Press, 2003.
9
KOLCABA, Katharine. Comfort Theory and Practice: a vision for Holistic Health Care and Research. Nova Iorque, Springer, 2003, p. 14. Tradução do autor. O termo liberdade foi aqui adotado como tradução de ease.
10
BÖHME, Gernot. Atmosphäre. Essays zur neuen Ästhetik. Berlim, Suhrkamp, 2014.
11
GREEN, Lohren. Atmospherics. Londres, Quale Press LLC, 2014.
12
NORBERG-SCHULZ, Christian. Genius Loci. Towards a Phenomenology of Architecture. Nova Iorque, Rizzolli, 1976.
13
GRIFFERO, Tonino. Who’s afraid of atmospheres (and of their authority)? Lebenswelt, n. 4, Milão, 2014.
14
MAIER, Jonathan R. A.; FADEL, Georges M. An affordance-based approach to architectural theory, design, and practice. Design Studies, n. 30, 2009, p. 393-414.
15
Deleuze fala em percepto, um destilado da percepção que transcende, em duração, a pessoa que percebeu (I de Ideia, Entrevista com Gilles Deleuze, disponível em https://razaoinadequada.com/2015/09/30/deleuze-i-de-ideia/, acesso em 10/09/2017). Já afeto é "uma intensidade pré-pessoal correspondendo à passagem de um estado experiencial do corpo para outro e cimplicando o aumento ou a diminiuição da capacidade do corpo de agir" (URRY, John, The place of emotions within place. Apud DAVIDSON, Joyce; BONDI, Liz Bondi; SMITH Mick. Emotional Geographies. Oxon, Routledge, 2016)
16
LASSANCE, Guilherme; VARELLA, Pedro; CAPILLÉ, Cauê Costa. Rio metropolitano: guia para uma arquitetura. Rio de Janeiro, RioBooks, 2013. Originalmente, palestra ministrada por Guilherme Lassance no lançamento da exposição Arquitetura para Curitiba: Expo 2017. Curitiba, UFPR, 2016.
17
RYBCZYNSKI, Witold. Home: a Short History of an Idea. Nova Iorque, Penguin, 1987.
18
CROWLEY, John. The Sensibility of Comfort. The American Historical Review, n. 3, v. 104, jun. 1999, p. 749-782.
19
DEJEAN, Jean. O século do conforto. Quando os parisienses descobriram o casual e criaram o lar moderno. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2012.
20
RUSSELL, J.A.; SNODGRASS, J. Emotion and the Environment. Apud Handbook of Environmental Psychology. Nova Iorque, John Wiley & Sons, 1987.
21
BOLLNOW, Otto F. O homem e o espaço. Curitiba, EDUFPR, 2008.
22
PREISER, Wolfgang. The habitability framework: conceptual approach towards linking human behavior and physical environment, Design Studies 4, n. 2, 1983.
23
RAPOPORT, Amos. House form and culture. Foundations of Cultural Geography Series, Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1969; VERKAAIK, Oskar. Creativity and controversy in a new anthropology of buildings. Ethnography, v. 17, 2016, p. 135–143.
24
VERKAAIK, Oskar. Op.cit.
25
Contribuição de Larissa Muchaki de Oliveira.
26
Contribuição de Beatriz Dutra Alves, Jonas Rocha Souza e Victor Reis Chaves Alvim.
27
Contribuição de Camila de Andrade e Julianna dos Santos
28
Contribuição de Carlos Adilo Letti, Mihael Wagner Osinski e Ana Luisa Lugnani Fernandes.
29
Contribuição de Kamilla Ferreira Lima e Susan Mayumi Iida.
30
Idem, ibidem.
31
Este termo foi definido por Anthony Vidler (VIDLER, Anthony. The Architectural Uncanny. Cambridge, the MIT Press, 1992) como a quintessência do medo burguês, o medo de perder a segurança e o controle.
32
Idem, ibidem.
33
Contribuição de Mariana de Souza Lukasinski e Paola Krebs.
34
Contribuição de Brenda Lais de Castro, Caio Santos Fernandes, Julianna Pallu Navarro e Mariana de Macedo Précoma.
35
O conforto não é atributo do espaço; isto se assemelha à independência entre tipologia e função que Aldo Rossi propõe em sua Arquitetura da Cidade.
36
Contribuição de Eduardo Machado Wagner e Gabriela Crevelaro Rodrigues da Luz.
37
Contribuição de Giovanna Terribile e Jessica Dutra.
38
Contribuição de Diego Cuellar Dantas, Carlos Eduardo Gavloski e Carolina Akemi Bonin Ogawa.
39
GADELHA, Carolina Nery Benevides. Projeto para o ensino superior: em busca de novos “lugares” do conhecimento. Dissertação de mestrado. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2013.
40
GOLDBERGER, Paul. Why Architecture Matters. New Haven, Yale University Press, 2009.
41
MASO, Thiago A. Comunicação pessoal (2017).
sobre o autor
Engenheiro Mecânico (UFPR, 1990), Mestre (Univ. Utsunomiya, Japão 1993) e Doutor (KIT, Alemanha, 1996). Atua na UFPR nos programas de graduação Arquitetura e Urbanismo e em Luteria e de pós-graduação em Engenharia de Construção Civil e em Design. Autor de "A ideia de conforto: reflexões sobre o ambiente construído" e tradutor de "O Homem e o espaço" de Otto Bollnow.