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architexts ISSN 1809-6298

abstracts

português
A vocação do ensino e a catequese de novos cristãos levou os jesuítas aos quatro continentes. Na América do Sul a experiência da Chiquitania boliviana apresenta imenso valor arquitetônico e urbanístico.

english
The vocation of teaching and the catechesis of new Christians led the Jesuits to the four continents. In South America the experience of Bolivian Chiquitania presents an immense architectural and urban value.

español
La vocación de la enseñanza y la catequesis de nuevos cristianos llevó a los jesuitas a los cuatro continentes. En América del Sur la experiencia de la Chiquitania boliviana presenta un inmenso valor arquitectónico y urbanístico.


how to quote

FONSECA, Antonio Claudio Pinto da. Arquitetura e urbanismo em alta qualidade. A experiência jesuítica na região da Chiquitania boliviana. Arquitextos, São Paulo, ano 20, n. 234.04, Vitruvius, nov. 2019 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/20.234/7565>.

Casas da comunidade e ruas de acesso e permanência
Foto Alberto Cassap

A carreira do Brasil sempre desde o princípio se caracterizou pela baixa lucratividade imediata e pela demanda de esforços de ocupação a média e longo prazo. Ao contrário da carreira das Índias, que teve no comercio de bens privilegiados no comercio europeu uma fonte de riquezas quase que imediata, a ocupação brasileira se apresenta difícil e exigiu um longo trabalho de apropriação do espaço e das riquezas via colonização. A ocupação brasileira se faz pela extração de madeira e produtos de interesse menor, tendo seu ponto mais atraente, a produção da cana de açúcar ao longo da planície litorânea do país. Organizada por capitais europeus de diversas origens essa exploração será protagonista da colonização portuguesa na américa até os acontecimentos em Minas Gerais já em pleno século 18. O evento da descoberta do ouro nas Minas Gerais altera de modo substancial as relações econômicas e políticas entre a metrópole portuguesa e o Brasil.

Por outro lado, a expansão espanhola para o novo mundo contou com povos organizados e conhecedores da metalurgia, e que, portanto, tinham no ouro e na prata atribuição conhecida de valor. Resulta que em poucos anos uma quantidade enorme de prata e ouro americanos desembarcou de modos os mais diversos na Espanha, financiando a consolidação da Espanha imperial dos Habsburgos. A construção da Espanha com projetos de expansão, em nível mundial, a partir da instalação de sua nova capital Madrid, é resultado direto deste acontecimento feliz, a existência de grandes riquezas já colhidas e desenvolvidas como método de extração e aproveitamento no lado espanhol da América.

De certo modo, o início do século 18 aproxima em lucratividade o plano de exploração americana de Espanha e Portugal. Este fato é relevante porque esse equilíbrio de apropriação de riquezas baseará a correlação de forças que promoverá o tratado de Madrid em 1750. Esse tratado visava estabelecer uma linha de fronteira reconhecida entre os dois países europeus, de modo a superar as tensões vivenciadas nos dois séculos precedentes.

A forte presença de espanhóis na província de São Paulo é conhecida de todos. A professora Aracy do Amaral já apontava que a própria morada paulista construída em taipa em patamar alinhado ao perfil do terreno tem forte matiz espanhol. Simbolicamente, é fato relevante o episódio “Amador Bueno”, conhecido pelo epíteto de “O Aclamado”, que constituiu uma tentativa da população moradora da capitania de São Vicente com viés pro-castelhano em estabelecer, em 1641, um vice-reinado em São Paulo como reação ao fim da união das coroas portuguesas e espanhola. O episódio não prosperou, mas demonstra com clareza como era tênue o equilíbrio na sede da província de São Paulo. Por outro lado, a existência de campos e cidades portuguesas, desde a cidade de Nossa Senhora do Desterro no atual estado de Santa Catarina, limite teórico da linha de Tordesilhas, até a Colônia do Sacramento no atual Uruguai, as margens do Rio da Prata e em frente à cidade de Buenos Aires, marca de modo inequívoco até onde ia à penetração lusitana nas supostas terras espanholas.

A ocupação jesuítica nessa linha de fronteira entre Espanha e Portugal não é mero acaso. Das grandes áreas abertas do Rio Grande do Sul até os primeiros caudais da bacia amazônica, esta faixa longa e distante foi ocupada e organizada pelos jesuítas, espertamente acreditando estar o máximo afastado das áreas mais visadas da administração colonial, tanto portuguesas quanto espanhola. A ida ao sertão representava para os jesuítas um espaço mais confortável e livre para exercer sua profissão de fé e o processo de aculturação que estavam comprometidos, pois constituíam áreas menos vigiadas pelas metrópoles e menos ocupadas social e politicamente. A Espanha olhava muito mais para suas possessões mais ao Norte, de onde recebia o ouro e a prata. Pelo lado português, algo semelhante ocorria. A coroa portuguesa tinha na exploração da cana no litoral e depois a extração do ouro nas Gerais seu foco principal de controle e gestão. Daí que largos territórios nessa zona de divisa, que constituía o profundo sertão sul americano, estavam sendo administrada e gerida pelo projeto jesuítico para as Américas. Do Sul da América do Norte até o Sul da América do Sul, centenas de ocupações jesuíticas foram se estabelecendo ao longo de duzentos anos de atividades. A história das zonas missioneiras jesuíticas é bastante conhecida. A zona missioneira ao redor do Iguaçu, com assentamentos em territórios que hoje pertencem ao Brasil, Argentina e Paraguai preencheu o imaginário desses países e assumiu grande protagonismo em face as suas dimensões territoriais e estarem e certo modo, no alredor dos grandes cursos fluviais do Sul da América do Sul. Vale ressaltar que podemos condensadamente organizar a ação missioneira na América do Sul em quatro grupos principais. As missões Mayná, situadas no que hoje é o Norte peruano e nas nascentes da bacia amazônica peruana, as missões Moxos, que se desenvolve ao longo da fronteira o atual Peru, com Bolívia e Brasil, as missões paraguaias, ao longo da mesopotâmia sul americana, no que são hoje o Brasil, o Paraguai e a Argentina e as missões Chiquitanas na região de Santa Cruz de la Sierra, no que é hoje a fronteira entre Bolívia e o Brasil

Mapa da região da Chiquitania no contexto da America do sul
Imagem divulgação [Chiquitos : historia de una utopía (Universidad Privada de Santa Cruz de la Sierra]

A eficiência e a dimensão do trabalho jesuíta na América são extraordinárias. Instalaram missões com grande complexidade de funções, arregimentando centenas de milhares de pessoas numa extensão territorial de mais de 8000 km. Vale lembrar, que os jesuítas realizaram trabalho semelhante em quase todo o mundo conhecido da época. Estiveram na África, na Índia e no Japão, lidaram com povos e terras totalmente diferentes entre si e principalmente, organizaram por cartas, toda essa experiência, de modo que em paralelo, consolidaram uma doutrina missionária com teoria e prática amplamente experimentada nos territórios.

A ordem jesuítica é formada na França em 1534 e oficializada pelo papa Paulo III em 1540, sob forte influência do Concilio de Trento. Foi originalmente constituída por Loyola e seis discípulos, entre eles os espanhóis Francisco Xavier, Alfonso Salmeron, Diego Laynez e o português Simão Rodrigues. Estudavam no Colégio de Santa Barbara em Paris, cujo reitor Diogo de Gouveia sugeriu aos reis de Espanha e Portugal a ideia desses clérigos se incorporarem ao projeto de ocupação das novas terras que estava em andamento. O esforço português e espanhol da busca as novas terras permitindo a possibilidade de incluir centenas de milhares de novos católicos ao mundo cristão comandado pelo vaticano era visto como um espetacular contragolpe às perdas ocasionadas pela reforma protestante. Esse esforço é recompensado e estimulado por Roma através de acordos privilegiados, como a própria mediação em Tordesilhas e depois a lei do Padroado (1). De certo modo, o vaticano entendeu que a reconquista promovida por portugueses e espanhóis frente ao mundo muçulmano e agora esse enorme desafio de conquistar novos povos em novos continentes tinham o efeito relativo a novas cruzadas. Vale dizer, que a intenção primeira dos jesuítas era dirigirem-se a Jerusalém, imbuídos desse espirito cruzadista que o papa redireciona para o novo mundo. A companhia de Jesus será a primeira reação católica as alterações de ordem econômica e política que estão ocorrendo na Europa em função da reforma protestante e da ascensão da burguesia ao controle de parcelas relevantes do poder político e econômico. A Companhia de Jesus surge, portanto, como uma ordem religiosa com forte caráter combatente, altamente comprometida com uma pratica baseada na ética, em oposição a derrocada dos costumes que marcaram a igreja ao longo dos séculos 13, 14 e 15. A companhia de Jesus tem a pretensão de se constituir em uma nova atitude cristã perante as coisas da fé. A ordem jesuíta pretendia reposicionar a Igreja católica no contexto europeu, com o protagonismo e a prevalência que mantinha como sucessora do Império Romano.

Pateo em frente a Igreja de São Roque em Lisboa
Foto Tamara Roman, 2015

No Brasil, os jesuítas entraram no país a partir da chegada de Manuel de Nóbrega na Bahia em 1549, organizando aquilo que hoje é o terreiro de Jesus. Logo em seguida, inicia sua caminhada para espraiar seu trabalho pelo território, chegando a São Paulo cerca de cinco anos depois. O sonho de Manoel de Nóbrega era pelo Peabiru, chegar as grandes concentrações indígenas do Paraguai. Na América espanhola os jesuítas chegam por diversos pontos, mas principalmente pelo caminho do rio da prata a partir da província de Buenos Aires em direção ao Norte, subindo os rios da chamada mesopotâmia sul americana. Outro ponto de chegada muito relevante foi pelo Peru, ponto de extração das enormes quantidades de prata, aproveitando-se da larga rede de estradas edificadas por incas e aimarás.

Em fins da década de 1540 esses padres, todos eles muito cultos, a maioria professores e treinados na oratória, começam a chegar ao novo mundo, com projetos comuns de que objetivos deveriam atingir, espanhóis e portugueses iniciam um longo trabalho de catequese, aculturação e fundação de comunidades que durará pouco mais de duzentos anos. Só serão expulsos em meados do século 18 em episódio bastante conhecido, quando a conjuntura que permitiu a construção de uma ordem que se tornou tão poderosa e controversa, entra definitivamente em colapso.

Pateo em frente a Igreja de São Roque em Lisboa
Foto Tamara Roman, 2015

A ordem jesuítica traz consigo um espirito do mundo que seria atingido pela ação pedagógica da ordem, daí que toda implantação importante dos jesuítas ao redor do mundo foi acompanhado na fundação de um colégio, que visavam a formação de meninos nativos além de novos noviços da própria ordem. Esses colégios eram caracterizados por uma fortíssima coesão interna, garantidos pelos ensinamentos e práticas de Inácio de Loyola (2).

Aplicavam um modelo europeu de cultura e costumes, considerado pela liderança jesuítica o correto e o civilizado. Segundo Leite, “os jesuítas tinham para seu sustento pessoal a dotação régia. Não bastava para as obras de vulto[...]. Na verdade, os jesuítas tinham os olhos no céu e na terra, segundo o sentido profundo da realidade que os caracterizava. [...] No céu quando evangelizavam e ensinavam religião cristã, e tinham os olhos na terra quando colonizavam, que no novo continente, uma coisa não podia ir sem a outra”. Tal movimento colonizador acentuou-se no século 17, sobretudo com o estabelecimento de grandes fazendas de gado e exploração agrícola em larga escala, contribuição altamente valiosa para o progresso material das reduções, funcionando como subsidio para o trabalho de catequese e dos colégios (3).

Pateo em frente a Igreja de São Roque em Lisboa
Foto Tamara Roman, 2015

Dessa maneira, apoiados pelo regime especial de relação com as duas coroas, com a posse do conhecimento devido à extraordinária qualidade intelectual de seus membros e com os meios de produção de riqueza via colonização, os jesuítas rapidamente dominam vastíssima porção do território americano. Praticamente do Sul da Argentina até a Califórnia e a Florida na América do Norte, os jesuítas estarão presentes nos duzentos anos de atividades na América.

Entre muitas diferenças entre portugueses e espanhóis, marcamos o modo como à colonização espanhola e portuguesa tratou a implantação das cidades. Enquanto a experiência portuguesa resultante de mais de cinquenta anos no trato com povos e lugares desconhecidos no continente africano, pois desde a tomada de Ceuta já realizava uma navegação de cabotagem relevante ao longo das costas africanas, os espanhóis saíram direto da luta contra os muçulmanos de Granada para a chegada ao México. Era como dado cultural, um prolongamento natural da guerra da reconquista espanhola. Embora liderada no ponto de vista técnico por Colombo, no plano militar as expedições espanholas eram comandadas por soldados advindos das experiências militares da Andaluzia. Daí que enquanto a agenda portuguesa sugeria se relacionar e estabelecer relações de convivência com os nativos do novo continente, resultando na famosa relação de cunhadismo (4). Praticamente, isso significava adotar para si os caminhos existentes, se apropriar dos espaços existentes e possíveis de ocupação, o caso do colégio de são Paulo é claríssimo nesse sentido. Dar relevância as curvas de níveis e a relação com a agua e com as condições locais de implantação. Pelo lado espanhol, o espirito em continuidade a reconquista, promove uma visão de réplica exata da experiência vivida na cidade espanhola, ou seja, implantar a cidade espanhola na América nos moldes daquela desenhada na metrópole. Um grande quadrilátero, de onde partem vias que vão ao longo do tempo sendo ocupadas. No lado português, a ideia do largo, que é o caminho quando se torna permanência, do lado espanhol, a praça maior, a praça das armas, a praça como espaço novo e óbvio de uma ocupação mais “manu militari” e menos negociada (5).

Em comum, os jesuítas vão utilizar como modelo a experiência da igreja de São Roque em Lisboa. Imaginarão sempre que um amplo adro frontal a igreja, cujo patamar de acesso deverá estar em plano elevado e constituir um púlpito natural para a pratica da catequese. O adro é o lugar da plateia, essa plateia pode e deve ser a mais ampla, se possível ser a própria cidade. A igreja finaliza um eixo que percorre toda a praça, às vezes mediado por uma cruz cristã em seu ponto central. Este eixo marca claramente a pretensão de se constituir a passagem terrena do mundo laico para a entrada no universo divino e cristão, que pelo corredor central da igreja atinge o altar e o Santíssimo. Se no plano interno este percurso finaliza no retábulo da igreja, em termos externo, ou seja, no plano urbano do entorno do templo, o eixo que perpassa a praça, finaliza na fachada da própria igreja, que nesses termos assume o papel de retábulo. A proposta de trabalhar com grandes populações já está contida no projeto urbano e edilício jesuíta.

Pateo em frente a Igreja de São Roque em Lisboa
Foto Tamara Roman, 2015

Os primeiros jesuítas começaram a chegar a Bolívia em fins do século 16. Mais precisamente na área conhecida por oriente boliviano, enorme extensão de terra que vai dos contrafortes inferiores do altiplano boliviano até a região do pantanal mato-grossense, confinada a Norte pelos grandes caudais da bacia amazônica. Se estabeleceram em Santa Cruz de la Sierra e ao longo do século 17 foram se espraiando em direção Leste fundando as missões de Moxos e Chiquitos. Essa expansão fazia parte de um projeto maior que pretendia a construção de um reino de Deus na terra, baseado na forte convicção jesuíta baseada em Inácio de Loyola e com forte aporte intelectual trazido de Platão, de Thomas Morus e Tomas Campanella. Vale lembrar que a proposta jesuítica de articular dezenas de milhares de moradores em diversas reduções encontra, em face das constantes incursões promovidas pelos paulistas visando o apresamento de índios para a escravidão, uma situação favorável entre as populações chiquitanas. Durante todo o século 16 e 17 foram diversos os ataques de colonizadores portugueses na região. Portanto, a proposta jesuítica continha além de diversos aspectos simbólicos importantes, uma condição de segurança altamente relevante para os naturais da região.

Mapa La Gran Chiquitanía
Imagem divulgação [Website Magri Turismo]

 

Em finais do século 17, haviam estabelecido as reduções de Concepción e San Javier na atual província de Nuflo de Chavez, na atual província de Velasco fundaram as reduções de San Ignácio, Santa Ana, San Rafael e San Miguel. Na província de Chiquitos propriamente dita, os jesuítas organizaram as reduções de San Jose, San Juan e Santiago. Finalmente na atual província de Angel Sandoval, fundou-se a redução de Santo Corazon.

As missões chiquitanas, que são protagonistas deste texto, congregavam, como veremos adiante, diversos povos com línguas e valores culturais semelhantes.

Essa população que ocupava esta região distante das metrópoles era ocupada basicamente por três grupos linguísticos distintos. O tronco chiquitano propriamente dito, os arawaka e os chapacura.

O tronco chiquitano ocupava extensa área que incluía parte da bacia do Rio Paraguai, até a bacia do Rio Guapay, e da região do Chaco boliviano até uma linha imaginaria passando a 400 km ao Norte da atual cidade de Santa Cruz de la Sierra. O grupo Chapacura ocupava a área da bacia do Rio Guaporé, em territórios boliviano e brasileiro. A família Arawaca estava dividida em grupos menores alredor da missão de Santa Ana. Esses grupos tinham uma organização social e política bastante semelhantes.

Mapa de Santa Cruz de la Sierra
Imagem divulgação [Website Magri Turismo]

Embora mantivessem relações frequentes entre si, esses grupos mantinham suas diferenças e peculiaridades, principalmente na maneira que se relacionavam com o meio físico. No processo organizador jesuítico, a língua chiquitana foi adotada como língua geral para todos e isso constituiu um fator aglutinante importante. A língua chiquitanas era por sua vez composta por diversos dialetos. Os principais dialetos eram o dialeto Tao, falado principalmente nas missões de Santa Ana, San Rafael, San Miguel, San Ignacio, San Juan, Santiago, Santo Corazon e Concepcion e o dialeto Piñoco falado em San Javier e San Jose dos Chiquitos. Outras variantes foram incorporadas por estes dialetos ou desaparecerem em face a incorporações tribais (6).

Essas populações tinham como atividade agrícola principal a yuca e o milho. Cultivavam também o amendoim, aboboras, abacaxi e tabaco. Fato relevante é que utilizavam um arado de madeira, ferramental que provavelmente conheceram nas relações que mantiam com os povos situados mais a Oeste. Produziam algodão, material que os permitia a tessitura de roupas, que segundo Fernandez constituíam-se de um tipo de camiseta de algodão com mangas largas até o cotovelo. Complementavam a indumentária com adornos aplicados ao corpo, penas de pássaros, colares e pulseiras de sementes, ossos de animais e pedras coloridas.

Igreja Jesuíta de Concepcion, Santa Cruz, Bolívia
Foto Susana Alonso

Os chiquitos tinham grande apego a música. Segundo Juan Patricio Fernandes, em obra já mencionada, “al rayar el alba se desayunan y juntamente tocan ciertos instrumentos de musica, semelhantes a flautas hasta que se seca el rocio, del que se guardan como nocivo para la salud, de aqui van a trabajar, cultivando la tierra con palos […]”. Não é de se estranhar que os jesuítas fossem utilizar instrumentos musicais para consolidar o processo de organização das reduções. Este fato foi de tal ordem profundo, que entranhou na cultura e hábitos dessas populações, tendo resistido até os dias atuais. Não é à toa, que as cidades bolivianas que sucederam essas reduções têm todas elas, orquestras em nível de qualidade elevado, com o ensino de instrumentos musicais ministrado nas escolas em primeiro e segundo grau. A cada biênio, realiza-se na chiquitania um festival de música, que tem alcance internacional. Diversas orquestras de jovens da região já excursionaram pela Europa e Américas, com grande sucesso.

Os habitantes da Chiquitania habitavam em casas de palha, muitas delas de desenho circular, e com portas pequenas e baixas, segundo Juan Patricio Fernandez, “las casas non son más que cabanas de paja dentro de los bosques, uma junto a outra sin ningun orden ni distribuicion, y la puerta es tan baja que sólo pueden entrar a gatas, causa porque los espanoles le dieran el nombre de chiquitos” (7).

O conjunto de casas era em geral protegido por paliçadas de madeira. Utilizavam lanças de madeira como defesa e a liderança era exercida em regime de cacicado, o qual era escolhido por um conselho de anciões. Não havia hereditariedade na sucessão do cacicado na cultura chiquitana. Esse critério de meritocracia é respeitado até hoje na escolha de prefeitos e edis.

No ponto de vista religioso, adotavam alguns princípios comuns baseados na crença em outra vida futura e que trovões e relâmpagos eram sinais da existência e manifestação da divindade. Acreditavam na imortalidade da alma. Segundo alguns estudiosos, os chiquitanos viviam em constante sobressalto, pois como não contavam com deuses protetores, estavam sempre a mercê das forças da natureza. Talvez esteja aí o ponto fulcral de uma maior mobilidade nas tribos em relação a seus vizinhos mais imediatos.

Passado o período diário de trabalho, os chiquitanos se encontravam em festas e comemorações, que duravam eventualmente até vários dias. Os mortos eram enterrados acompanhados de comida e armas para caçar para que pudesse se manter após ter terminado as provisões. Os viúvos e viúvas podiam se casar novamente assim que esgotado um pequeno período de luto.

Os povos missionários da Chiquitania começaram a se organizar em meados do século 17 e possuem complexos urbanos e templos religiosos edificados entre 1691 e 1750. O mentor do modelo essencial utilizado foi projetado pelo suíço Martin Schmid, arquiteto e músico, que soube a partir do conhecimento técnico e formal da igreja europeia, deixar fluir as experiências formais locais que desse modo obteve grandes resultados.

Como veremos adiante, essa empreitada é extraordinária. Não só pela maneira como foi elaborada m termos políticos e econômicos, mas principalmente pela altíssima qualidade artística da proposta urbana e arquitetônica. Ao visitar a região em viagem promovida por colegas professores da faculdade de arquitetura de La Paz, nos deparamos com um acervo arquitetônico único, marcado por uma beleza exuberante e pela imensa densidade cultural contida nos projetos urbanos.

Um fato absolutamente relevante é que, neste contexto, a diferenciação das igrejas jesuítas da região da Chiquitania em face às demais igrejas americanas salta aos olhos. A presença dos povos nativos na concreção destas edificações é fortíssima, e imprime nestas igrejas uma composição formal e material diferenciada de todas as outras. Através do encontro singular entre as propostas formais de jesuítico e indígena, são produzidas edificações de uma beleza e uma riqueza sem paralelo, devido a emocionante conjunção da singeleza decorrente de rara sofisticação formal dos conjuntos, amparada em profundo conhecimento técnico e o exímio aproveitamento dos materiais locais.

Igreja Jesuíta de Concepcion, Santa Cruz, Bolívia
Foto Susana Alonso

O conjunto edificado na Chiquitania foi construído com muita paixão. Não há como usufrui-los sem apaixonar-se também.

Escolheram como sempre faziam os lugares mais adequados para a ocupação urbana e para a exploração agrícola e pecuária. De modo geral, como já dissemos anteriormente, organizavam o espaço urbano alredor de uma grande praça, cortado por um eixo claro e determinante do templo maior em uma das pontas.

O desenho urbano mais comum é o apresentado abaixo. A praça, o eixo, a igreja e o Santíssimo, constituem parte viva do desenho urbano jesuíta. As oficinas se organizam ao largo do pátio dos fundos, junto com as moradas dos principais. Alredor da praça, ordenado por fileiras, os demais moradores da redução eram assentados sempre com forte sentido de hierarquia. A praça central congregava o cemitério, as escolas e as oficinas.

Desenho de Virgílio Salas em Chiquitos : historia de una utopía
Imagem divulgação [Chiquitos : historia de una utopía (Universidad Privada de Santa Cruz de la Sierra]

Vista aérea da cidade de Concepción, Bolivia
Foto Virgilio Salas [Chiquitos : historia de una utopía (Universidad Privada de Santa Cruz de la Sierra]

A igreja era composta, em geral, de três naves com teto forrado em madeira, sustentado por colunas de madeira lavradas e ricamente decoradas. Os pilares de madeira são incorporados com naturalidade ao espaço proposto, ao invés de serem tratados como intrusos no espaço da igreja, os pilares são elementos de decoração e esclarecimento estrutural do espaço proposto. Sempre a nave principal é antecedida por espaçoso terraço que abriga parte da população nos dias de missa mais importantes, como funcionam também para funcionar como uma espécie de púlpito coberto quando a plateia preenche a praça. Este terraço de transição se remete a relação entre o patamar da escadaria mais o paravento e o adro descoberto da igreja de São Roque em Lisboa.

Desenho de Virgilio Salas
Imagem divulgação [Chiquitos : historia de una utopía (Universidad Privada de Santa Cruz de la Sierra]

Interior da Igreja de Concepcion
Foto Susana Alonso, 2013

Nas oficinas se ensinavam diversos ofícios como carpintaria, marcenaria e cerâmica. Mas também as artes em geral, com destaque para a pintura e escultura. A música era muito difundida nas missões em geral e na Chiquitania em particular. A música barroca foi executada e desenvolvida a larga na Chiquitania, cujas partituras se constituem ainda hoje uma coleção única nas Américas e atualmente estão conservadas no arquivo da cidade de Concepcion.

Um grande projeto de restauração do conjunto missioneiro da chiquitania foi idealizado e realizado pelo arquiteto e padre jesuíta suíço Hans Roth em 1972. Desde 1990 o conjunto das missões tem ganho expressão e reconhecimento e se tornado um destino turístico importante, um festival internacional de música trouxe a organização Association pro arte y cultura para as cidades onde se localizam as missões, contribuindo ainda mais para a crescente popularidade dessas cidades.

A alta qualidade do conjunto desta produção cultural é de tal monta, que em 1991, a Unesco declarou como Patrimônio da Humanidade as cidades de San Javier, Concepcion, San Miguel, San Rafael, Santa Ana e São José de Chiquitos.

Interior da Igreja de Concepcion
Foto Susana Alonso, 2013

  

1. Missão jesuítica de San Javier 1749 a 1752

Sua igreja foi construída entre 1749 e 1752 pelo padre arquiteto Martin Schmid. Foi restaurada entre 1987 e 1993 por Hans Roth. Pertence a primeira missão jesuítica de Chiquitos fundada em 1691, edificada com muita técnica e esmero. O rigor de sua proposta plástica é marcante o que resulta na grande beleza de sua arquitetura. Os dois vãos laterais na fachada em contraste com o retângulo central e o grande triangulo formado pelo telhado, estabelecem relações de volume e composição de grande qualidade arquitetônica. Realizada em madeira a vista, todas as peças estruturais são esculpidas e receberam desenhos contrastantes nas cores amarelo, café e preto. Foi nesta missão que em 1730 se estabeleceu a primeira escola de musica para os membros da comunidade. Foi escolhida sede de uma oficina de fabricação de instrumentos musicais, como harpas, violinos e outros. Hoje em dia é uma cidade que se dedica a agricultura e a criação de gado. O entorno da praça principal da cidade ainda mantém um conjunto edificado cujo volume mantem a relação de escala com a unidade missional, com aplicação de madeira e utilização de paredes de tijolos e adobes.

Os habitantes originais da missão eram os Pinoca. Receberam um ataque dos “paulistas” em 1696, fato que ocasionou a realocação da missão numa região mais defensável, mais perto do Rio San Miguel. A pressão de apresamento continuou e, em 1698 esta missão foi novamente removida para mais perto da cidade de Santa Cruz, retornando ao local original em 1798. Esse retorno se dá novamente por questões de segurança, mas daí já visando proteger os indígenas dos espanhóis, que vinham do altiplano boliviano.

Igreja de San Javier e praça frontal
Foto Susana Alonso, 2013

2. Missão jesuítica de Concepcion 1752 a 1753

Fundada em 1706, pelo frei Francisco Lucas Caballero e pelo frei Francisco Heras, esta missão recebeu várias adesões ao longo do século 18, a principal delas a incorporação em 1708 da missão denominada San Inácio de Bobocas. Sua igreja jesuítica foi construída entre os anos 1752 e 1753 pelos arquitetos Frei Martin Schmid e frei Johan Messmer, tendo sido restaurada entre os anos de 1978 e 1982 pelo arquiteto Hans Roth. Assim como a maioria das igrejas da Chiquitania jesuítica foi edificada a partir de uma nave em três corpos, com uma fila de colunas de madeira talhada, altares e pinturas realizadas por moradores locais. Uma fachada equilibrada e muito graciosa, é destacada pela verticalidade da torre sineira em madeira trabalhada. Concepcion se destaca pela simplicidade, e pela tranquilidade das ruas com casas de tijolo e barro. A cidade produz flores com destaque a bromélias.

Igreja de Concepción
Foto Alberto Cassap, 2013

3. Missão jesuítica de San Ignacio de Velasco – 1748

Foi fundada em 1748, e é considerada juntamente com Concepcion e San Jose, uma das principais missões jesuíticas da região. A igreja original foi destruída em 1974, tendo sido a atual totalmente reconstruída com base na documentação pré-existente. Somente o altar, o púlpito e o confessionário são remanescentes da igreja original. Mantém uma ligação mais efetiva com o passado missional, funcionando ainda hoje oficinas artesanais de cerâmicas, moveis, bordados e objetos de couro. Com um corpo avantajado em relação as outras igrejas da região, tem uma torre sineira lateral alterada no século 20 em alvenaria e desproporcionada relação a suposta igreja original.

Igreja de San Ignacio de Velasco
Foto de Susana Alonso, 2013

4. Missão jesuítica de San Miguel de Velasco 1721

Fundada em 1721, pelos freis Felipe Suarez e Francisco Hervás. A missão de San Miguel é uma divisão da missão de San Rafael que havia crescido muito. Sua igreja, construída entre 1752 e 1759 por frei Johan Messmer é tida como a mais semelhante do ponto de vista da originalidade de todas as igrejas jesuítas da região da chiquitania. Apresenta como destaque seu altar decorado com folhas de ouro. Sua cobertura desenhada num triangulo mais abatido, compõe com a fachada com desenhos em diversas cores um resultado muito expressivo. As cidades mantem ainda hoje uma pequena oficina de objetos típicos da área missioneira. A igreja foi restaurada em 1979 até 1983 por Hans Roth.

Igreja de San Miguel de Velasco
Foto Susana Alonso, 2013

5. Missão jesuítica de Santa Ana de Velasco

Fundada em 1755 pelo padre jesuíta Julian Nogler, é a que possui a menor igreja do conjunto missioneiro da chiquitania. Construída entre 1770 e 1780, construída logo depois da expulsão dos jesuítas, demonstra claramente em sua proposta formal a ausência dos padres na condução das obras. A circulação em terraço frontal mediada por escadas e a falsa colunata do frontispício marca está diferença. Entretanto, a igreja é totalmente original e intacta. Por isso mesmo interessantíssima. Os habitantes nativos da missão eram os Covareca e Curuminaca.

Igreja de Santa Ana de Velasco, fachada e detalhe
Foto Antonio Claudio Fonseca / Susana Alonso, 2013

6.Missão jesuítica de San Rafael de Velasco 1747 a 1749

É a segunda missão mais antiga da região. Fundada em 1696, pelos freis jesuítas Juan Bautista Zea e Francisco Hervas, possui uma igreja construída pelo arquiteto Frei Martin Schmid entre 1747 a 1749. Sua fachada é das mais trabalhadas do conjunto missioneiro da região, tem seu altar revestido por folhas de ouro, pórticos e colunas em madeira aparente e com grande trabalho de entalhe e marcenaria. A fachada recebe uma abertura frontal da forma de um retângulo com ângulos abaulados e adornos nos nós estruturais das tesouras. A torre sineira é de enorme graciosidade. Equilibrada, simples e discreta, eleva em muito a qualidade arquitetônica do conjunto. Esta missão, por razões diferentes das outras, foi mudada de local duas vezes. A primeira vez em 1701devido a uma sequência de epidemias de doenças provavelmente trazidas por europeus. Em 1750 retorna ao local original. Foi restaurada em 1996 como parte do projeto liderado pelo arquiteto e frei suíço Hans Roth.

Igreja de San Rafael, fachada e torre sineira
Foto Alberto Cassap, 2012

7. Missão jesuítica de San Jose de Chiquitos 1698

Foi fundada em 1698, pelos freis jesuítas Felipe Suarez e Dionisio Avila, se destaca das restantes igrejas da região porque foi construída em pedra e cal. Material pouco utilizado na construção dos templos do conjunto dos Chiquitos. Este material não era comum na região da Chiquitania, daí que este templo se aproxima como proposta edilícia e formal da construção hispânica, mais utilizada quanto mais nos aproximamos das encostas do altiplano em direção a Cochabamba. A catedral de Santa Cruz de la Sierra com construção iniciada em 1770, e realizada dentro dos cânones construtivos da igreja católica europeia, é testemunho por contraste da originalidade e correção da proposta plástica aportada nas igrejas jesuíticas da Chiquitania.

A igreja de San José de Chiquitos é a que mais se aproxima da proposta plástica europeia para as américas, embora também tenha sido realizada por moradores da região e supervisionada pelos jesuítas. É a maior missão da região e manteve-se no mesmo local desde sua fundação até nossos dias. Foi restaurada pelo arquiteto Frei Hans Roth entre 1998 e 2003. A moradia dos religiosos, a torre sineira, a capela mortuária, e diversos espaços de trabalho ainda estão conservados.

Igreja de San José de Chiquitos
Foto Susana Alonso, 2013

Finalmente, duas homenagens se fazem necessário. A primeira aos arquitetos professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Santa Cruz estendida a seus parceiros da Universidade de La Paz, que ao longo dos últimos trinta anos vem estudando e divulgando esse patrimônio fantástico sediado na região do oriente boliviano. E ao fim e ao cabo o reconhecimento do trabalho fantástico realizado pelo arquiteto e frei jesuíta Hans Roth, que nas décadas de 1970 e 1980, congregou recursos e reconhecimento para montar na região um atelier de restauro, no qual mais do que proceder o restauro dos edifícios e bens culturais da Chiquitania, construiu em diversas dessas cidades, ateliers de formação de moradores na área da restauração de edifícios e objetos. Com isso, transformou a maneira em que se estabelecia a relação entre moradores e patrimônio edificado. A atualidade metodológica deste trabalho é de per si, extraordinário.

Com certeza, a relevância deste patrimônio que está no rol daqueles que são considerados patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas – ONU, encontra hoje na população moradora das cidades da Chiquitania ardorosos defensores.

notas

NA – Organizada pela Universidad de San Andres de La Paz, pelo arquiteto boliviano Jesús Rodriguez Zurita, a quem agradecemos, realizamos viagem de estudos às Missões Jesuíticas de Chiquitos, de 28 de abril a 04 de maio de 2013. Tivemos como colegas de viagem os brasileiros Carlos Alonso, Alice Alonso, Susana Alonso (a quem especialmente agradecemos a utilização de várias fotografias) e Tamara Roman. O arquiteto mexicano Jorge Tames e os arquitetos bolivianos Alberto Cassap e Julio Lopes. A todos, devo muitos agradecimentos pelas discussões e debates que proporcionaram.
Agradeço imensamente ao arquiteto Virgílio Suarez Salas, pela exposição de apresentação do universo da Chiquitania realizado em Santa Cruz de la Sierra, o que em muito nos esclareceu sobre o assunto, além de gentilmente nos ter permitido a utilização de desenhos e fotos.

1
Regime de Padroado era uma disposição papal que permitia aos reis da Espanha e Portugal administrarem diretamente a igreja católica em suas terras. Os reis podiam nomear párocos e bispos, construir igrejas e organizar a hierarquia eclesiástica em seus reinos, financiando esta gestão com a arrecadação de dízimos.

2
TOLEDO, Cézar de Alencar Arnaut de; RUCKSTADTER, Flávio Massami Martins. Estrutura e organização das constituições dos jesuítas. (1539-1540). Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, n. 24, Maringá, 2008, p. 103-113 <https://doi.org/10.4025/actascihumansoc.v24i0.2416>.

3
LEITE, Serafim. Novas cartas jesuítas. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1940. Apud ROMAN, Tamara. Espaço, memória e permanência na cidade contemporânea. Tese de doutorado. São Paulo, FAU Mackenzie, 2017 <http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/3280>.

4
Cunhadismo – a lógica dos indígenas do lado atlântico do novo mundo era a de fazer parte da tribo, para incluir os portugueses era sempre via casamento, daí a expressão cunhadismo.

5
Sobre o assunto sugerimos o capitulo “O ladrilhador e o semeador”, capitulo do livro de Sérgio Buarque de Holanda. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 2015.

6
Sobre esse assunto sugiro a leitura do estudo de Lorenzo Hervas e Panduro sobre o catálogo de las lenguas de las naciones conocidas, Madrid, 1800. Apud MORENO, Alcides J Parejas; SALAS, Virgilio Suárez. Chiquitos : historia de una utopía. Santa Cruz de la Sierra, Universidad Privada de Santa Cruz de la Sierra, 1992.

7
FERNANDEZ, Juan Patrício. Relacion historical de las missiones de los índios chiquitos que em paraguay tiene la companhia de jesus, in coleccion de libros raros y curiosos que tratan da América. Madrid, 1895. Apud MORENO, Alcides J Parejas; SALAS, Virgilio Suárez. Op. cit.

sobre o autor

Antonio Claudio Pinto da Fonseca, arquiteto formado pela FAU USP em 1976, com doutorado pela FAU USP em 2004. Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie desde 2000, lecionou também na FAU Santos e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Belas Artes de São Paulo. Membro do Núcleo de Apoio a Pesquisa Projeto e Leitura do Ambiente Construído da FAU USP até 2016, foi membro de seu núcleo cientifico. Publicou entre outros, o livro A Promoção Imobiliária e a construção da cidade, sua tese de doutorado, publicação realizada pela FAU USP. Exerce a atividade de arquiteto com escritório próprio e em outros escritórios em São Paulo desde 1977, tendo trabalhado no Rio de Janeiro no escritório do arquiteto Sérgio Bernardes.

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