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research

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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Nesta pesquisa foram analisadas as falas dos dirigentes do Vasco e Fluminense sobre a ocupação do Maracanã na Taça Guanabara de 2019, o que revelou um conflito entre tradições e contratos com o estádio utilizado como representação simbólica de dominação.

english
This research analyzed the statements of of Vasco and Fluminense mangers about the Maracanã occupation in 2019 Guanabara Cup, what revealed a traditions and contracts conflict with the stadium utilization as a symbolic representation of domination.

español
Se analizó las falas de los dirigentes de Vasco y Fluminense sobre la ocupación del Maracaná en la Copa Guanabara de 2019, lo que reveló conflictos entre tradiciones y contratos con la utilización del estádio como representación simbólica de dominación.


how to quote

RIBEIRO, Carlos Henrique; ELIAS, Rodrigo Vilela; TELLES, Silvio. Tradição e contratos. Discursos em disputa pelo Maracanã. Arquitextos, São Paulo, ano 23, n. 272.03, Vitruvius, jan. 2023 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/23.272/8698>.

O impacto do processo de modernização dos estádios brasileiros tem sido estudado, sobretudo após a passagem da Copa do Mundo Fifa 2014 (1). Dentre esses estádios, o Maracanã, por sua importância na cultura esportiva é também objeto de pesquisas que retratam as mudanças e adaptações de seus frequentadores, notadamente quando as alterações arquitetônicas exigem novas práticas e costumes aos milhares que frequentam este espaço (2). Assim, as reformas que o estádio foi recebendo entre meados da década de 2000 para os Jogos Pan-Americanos de 2007 até a década de 2010 — para receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos 2016 —, geraram novas configurações de acesso, circulação e utilização deste equipamento esportivo.

Espaços emblemáticos, por exemplo, como a geral — que permitiam que torcedores de torcidas rivais ficassem lado a lado — ficaram no imaginário dos mais antigos frequentadores e sua extinção deu-se no ano de 2005 (3). Este espaço era um anel que circundava o campo de futebol separado por um fosso. Era o espaço mais próximo do campo para os torcedores, porém com uma visão pouco privilegiada, pois o gramado ficava num nível acima tornando a visão apesar de próxima, prejudicada.

A geral era o local que tornava o Maracanã e o futebol mais acessíveis, pois com preços de ingressos mais em conta para assistir os jogos, permitia o acesso de classes sociais mais humildes ao estádio. Apesar do desconforto para assistir os jogos em pé e de deixar o público suscetível à tumultos como; brigas de torcida, carros de polícia e ambulâncias passando e copos com urina atirados da arquibancada que ficava acima, a geral com seu ingresso barato era o programa de domingo dos torcedores de baixa renda. A geral era uma espécie de espaço quase que ao natural, sem acentos nem abrigos, local em que os torcedores assistiam ao jogo em pé e muitas vezes aglomerados, porém permitia que qualquer um pudesse chorar e testemunhar a história do futebol entre alegrias e tristezas, vitórias e derrotas.

Além disso, a geral permitia uma maior expressão social e folclórica do futebol, pois era onde se viam torcedores conhecidos com suas fantasias irreverentes e com uniformes completos dos clubes de coração, inclusive com as chuteiras! Era onde o beijoqueiro causava tumulto, era onde o esporte do povo realmente ficava próximo dele, pois a única coisa que impedia esses torcedores de entrar em campo para chutar e defender junto com seus ídolos era o fosso que circundava o campo e criava uma distância entre o coração dos torcedores e as canelas e bicos de chuteiras dos jogadores.

Isso significa que a acessibilidade econômica da geral aos poucos foi criando uma mítica em torno dela e consequentemente acabou a tornando uma preferência, um espaço apropriado pelo torcedor ao longo do tempo. Contudo, devido suas características, estava longe ser um lugar acolhedor no estádio. Em comparação, as cadeiras numeradas que ofereciam um abrigo da chuva, e as arquibancadas que ofereciam a melhor visão do jogo e a emoção de estar junto das torcidas organizadas. Nesses dois casos, porém, não se pode falar em conforto, pois as cadeiras numeradas eram desconfortáveis e nas arquibancadas sentava-se no concreto. As cadeiras especiais, ao contrário, uniam o conforto de assentos diferenciados com a posição privilegiada das arquibancadas, em consequência os ingressos eram mais caros.

Interessante reparar que há uma hierarquização do espaço no estádio, desde as cadeiras especiais até a geral, contudo a apropriação do espaço pelos torcedores trouxe mais vida, apesar do desconforto, aos lugares desvalorizados pelo ingresso mais barato, mas valorizados e lembrados como aqueles que produziram histórias para o estádio, que acabou sendo apelidado como a “casa do povo”. Desta forma “o tempo aí se inclui e a apropriação não se pode compreender sem os tempos, os ritmos de vida” (4), que no estádio foi construído e vivido pelas torcidas e torcedores.

Com a chegada de uma nova era ao futebol e seus estádios, novas questões em torno de temas como segurança, conforto, sustentabilidade econômica e ambiental foram e ainda são questões caras aos torcedores, desta forma a insegurança e desconforto da geral não poderiam mais existir, assim como as arquibancadas desnudas em concreto sem assentos confortáveis e contados. Tem-se com isso um confronto entre processo de desenvolvimento esportivo fomentado pelos países desenvolvidos como; Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e França, através do “Padrão Fifa”, contra a emoção e penetração social que o futebol alcançou na “pátria de chuteiras”. Desta forma ao mesmo tempo em que esse processo afastou torcedores, não se pode negar os riscos e desconforto que a antiga conformação do estádio promovia, ainda mais na geral.

Isto não significa dizer que não há emoção nos jogos de futebol dos países do bloco europeu, principalmente ocidental, como os citados acima. Significa apenas que há notoriamente um processo organizativo e mercadológico mais destacado com notada visão comercial e profissionalismo na esfera administrativa com liderança da Fifa e uma vontade calcada em interesses comerciais para expandir essas ideias pelo mundo.

Nesse embate de ideias pode-se colocar o esporte como mais um produto da sociedade do espetáculo, onde o “humanismo da mercadoria se encarrega dos lazeres da humanidade” (5). O lazer relacionado ao tempo do não trabalho é transformado em produto da indústria do entretenimento e requer do operário transformado em consumidor mais uma contribuição, ou seja, há um custo, um ticket, um ingresso para o lazer.

Pode-se relacionar às mudanças promovidas e impostas pela Fifa à uma ideia de dominação, que no campo do futebol internacional se faz pela imposição das regras da organização máxima do futebol. Por dominação, de acordo com Pierre Bourdieu, reconhece-se este fato através de uma ordem social que se reproduz através do reconhecimento e desconhecimento da sua arbitrariedade, ou seja, sua forma de funcionamento, estratégias e ações são produzidas e reconhecidas pelos indivíduos que compõe esse campo como um sistema tácito de disposições práticas. Desta forma, a dominação tem mais a ver com reproduções culturais e simbólicas do que econômicas (6).

Neste embate, entre a Fifa e a pátria de chuteiras, que envolve as transformações no Maracanã, podemos relacionar também a ideia do processo civilizatório, onde através do Estado propaga-se a formação de níveis de consciência que existem no limiar entre a violência socialmente permitida e também repugnada (7). Neste caso não se trata de formas de violência direta, mas de tecnologias de construção e de conforto que permitem assistir um espetáculo in loco, da maneira dita mais civilizada.

O Estado neste sentido passa a lidar com a violência de maneira simbólica, ou seja, ao chancelar e financiar as transformações nos principais estádios de futebol do país, ele assume o poder do seu arbitrário cultural, e confirma sua posição como maior fiduciário de poder simbólico, pois detêm maior poder sobre este capital, e impõe uma transformação na forma da população lidar com futebol através de novas estruturas esportivas.

O alcance dessas questões ao Maracanã trouxe discussões em torno do que se poderia ou não fazer com ele, afinal, o gigante de concreto é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional ― Iphan (8), sendo assim as reformas exigidas pela Fifa para que este pudesse ser capaz de receber pela segunda vez os jogos da Copa do Mundo em 2014 criaram tumultos esportivos e políticos com discussões que opunham à tradição aos novos tempos.

O estádio foi remodelado e apresenta-se mais moderno, seguindo os padrões Fifa, com capacidade de oferecer mais conforto e segurança a todos (9). Em função disso os custos dos ingressos aumentaram, a geral deixou de existir e o Maracanã deixou de receber a fatia de torcedores mais humildes.

Seguindo as orientações dos novos padrões de construção de estádios, sua organização foi completamente modificada deixando de ser administrado pelo Governo do Estado através da Superintendência de Desportos do Rio de Janeiro ― Suderj, para ser gerido por uma empresa privada através de uma concessão assinada em 4 de junho de 2013. A empresa que ganhou o direito de administrar o estádio foi a Complexo Maracanã Entretenimento S.A., e responsabilizou-se pelo estádio até 19 de abril de 2019 (10).

A ocupação deste espaço ganhou o conceito de arena multiuso (11), pois os custos de manutenção elevados precisavam ser compensados com arrecadações através de diversas formas de cessão do estádio, não existindo mais exclusividade para partidas de futebol. Casamentos, festas, shows e visitas guiadas ao estádio se tornaram parte deste tipo de ação. A transformação administrativa buscou tornar o estádio sustentável e lucrativo seguindo orientações desenvolvidas pela administração e marketing esportivo. Isto fez esclarecer, também, os custos do estádio e o quanto ele fazia sangrar nas contas públicas em detrimento de áreas prioritárias como educação, saúde e segurança.

A reorganização do estádio alcançou também as torcidas de futebol através da ocupação delas nos seus diversos setores. Contratos normativos foram assinados, inclusive com cláusulas punitivas para os clubes, com multas e responsabilização por danos em casos de vandalismo por torcidas organizadas. Com isso, surge o incidente para o qual este artigo orienta suas análises, o jogo da final da Taça Guanabara, entre as equipes de futebol dos clubes Vasco da Gama e Fluminense no dia 17 de fevereiro de 2019.

Com cenas lamentáveis, os momentos anteriores ao jogo foram de tumultos, brigas e muita violência ao redor do estádio. O motivo seria a disputa pelo direito de se utilizar, um dos lados do estádio, o Setor Sul. Este setor era pleito de ambos os clubes e a questão havia sido resolvida por ordem judicial. A decisão inicial era que o Fluminense detivesse o direito de vender os ingressos para o Setor Sul, enquanto ao Vasco restaria se direcionar ao Setor Norte. Caso houvesse o descumprimento desta decisão, o Vasco da Gama seria penalizado com uma multa de R$ 50.000,00 por hora de ingresso vendido na bilheteria (12). Mesmo com a justiça decidindo, o caso se tornou um imbróglio que se arrastou até o dia do jogo, e uma nova decisão judicial determinava que o jogo ocorresse com portões fechados, sem a presença de torcedores (13).

Mas se ambos os clubes queriam utilizar o mesmo lado do estádio, o Setor Sul, devem existir explicações que levam a isso, sendo justamente esse conflito o que se busca entender.

O objetivo desta pesquisa é analisar as declarações de dirigentes esportivos dos clubes de futebol Fluminense Football Club e o Club de Regatas Vasco da Gama, sobre o direito de utilização dos setores do Maracanã pelas suas torcidas, devido às tensões geradas pelas mudanças nesta utilização que, confrontam as tradições e transformações no estádio.

Método

Este trabalho se caracteriza como uma pesquisa qualitativa e exploratória (14), onde o acontecimento a ser investigado é de natureza sociocultural. Assim, buscou-se explicar os fatores determinantes deste fato, verificando o mesmo a partir de uma sequência de ações, a fim de criar sentido para o fenômeno em questão, que se olhado isoladamente, aparentemente, parece não ter sentido (15).

Foi feita uma pesquisa bibliográfica, a fim de encontrar documentos publicados na internet sobre o tema em questão. Foi escolhido um ponto inicial no tempo e conduziu-se a análise até próximo do tempo escolhido, selecionando os principais documentos que se relacionam ao acontecido (16).

Assim, utilizando o dia do jogo como ponto de partida, voltou-se no tempo para o momento em que foi determinada a posição das torcidas no estádio na data de 12 de fevereiro de 2019, em seguida analisou-se até o dia da partida (17 de fevereiro de 2019) as publicações midiáticas que envolviam as declarações dos dirigentes Pedro Abad, presidente do Fluminense Football Club e Alexandre Campello, presidente do Club de Regatas Vasco da Gama, que causaram tensões entre as torcidas, através de uma disputa por domínio e direitos dentro do estádio, e que colocaram em questão as tradições e as transformações no Maracanã.

Como referencial teórico, foram escolhidas a teoria da dominação de Pierre Bourdieu e invenção das tradições de Eric Hobsbawm. A dominação pode ser entendida como uma condição consequente da formação e hierarquização dos campos, onde os agentes da fração dominante envolvidos nas disputas inerentes aos campos buscam impor sua legitimidade através da força que os capitais simbólicos, políticos e econômicos lhes permitem. Suas estratégias de ação são consequência de comportamentos tacitamente assumidos, ou seja, o habitus, que reforça a formação e manutenção do campo.

Por exemplo, a construção do Maracanã para a Copa de 1950, visava mais do que apenas um estádio para a competição, afinal ele não precisava ser tão grande. A intenção por trás de sua grandeza era provar para o mundo e para os brasileiros a nossa capacidade de realização, organização e avanços da engenharia nacional. Foi uma oportunidade para o governo afirmar e ampliar o seu domínio através de uma construção que simbolizava sua vontade modernizadora.

Bourdieu (17) aponta que a utilização de bens imateriais — neste caso, o Estádio do Maracanã — reforça uma ideia-força que ajuda na construção e no alcance social de um objetivo por meio de um mercado de bens simbólicos que se orientam, nesse caso, para os cidadãos capazes de traduzi-los, representando uma forma de dominação e transformação cultural predeterminada.

Por tradições inventadas podemos entender como um conjunto de práticas criadas que seguem regras tacitamente ou abertamente aceitas, podendo ser uma questão de natureza simbólica ou ritual e que tem como objetivo promover comportamentos através da repetição, o que cria uma conexão entre o passado e o presente, ou seja, uma continuidade que confirma e/ou reforça a tradição.

Contudo, essa referência ao passado histórico denota, também, certa artificialidade, pois são reações às condições que criam referência a situações anteriores de acordo com uma repetição praticamente obrigatória. Pode-se perceber tal fato como reação ao devir do mundo moderno, a fim de tentar combater, através de uma constante, as inovações do mundo contemporâneo. Para a tradição, a invariabilidade é uma característica precípua.

Ocupação e acesso

Desde que a concessão foi realizada em 2013 (18), a empresa Complexo Maracanã Entretenimento S.A. fez modificações na nomenclatura dos setores do estádio. Termos novos foram impostos para uma divisão que antes era reconhecida pelos torcedores através dos pontos de referência que as compunham, ou seja, marcavam-se os encontros de acordo com os pontos de referência que acabavam nomeando as entradas, que funcionavam, também, como orientação para as torcidas organizadas, já que todas elas tinham suas posições previamente definidas ao longo do tempo, sendo assim sabiam onde se posicionar de acordo com o adversário.

Reorganização do Maracanã
Acervo dos autores

Mudança nos nomes das entradas do Maracanã
Elaboração dos autores

A definição dos locais no estádio para os torcedores remonta a década de 1950. No caso do Vasco, por exemplo, este fato ocorreu no primeiro Campeonato Carioca decidido no Maracanã, em 28 de janeiro de 1951 (19). O time vitorioso foi do Club de Regatas Vasco da Gama em uma partida contra a equipe do América que terminou em 2 x 1. Com essa vitória, o clube teve o direito de escolher em qual lado do estádio seus torcedores iriam se posicionar. Neste caso o lado da rua Professor Eurico Rabelo com entrada pela rampa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro ― Uerj, atual Setor Sul e Oeste respectivamente.

Com o novo estádio vieram os contratos que asseguravam novos lugares de ocupação para antigas torcidas. O direito de venda de ingressos para os diferentes Setores passa agora pela empresa gestora, que em linhas gerais tem a prerrogativa de estabelecer em contrato as vendas dos ingressos dos diferentes locais e, consequentemente, para onde os torcedores de equipes oponentes precisam se dirigir e se agrupar dentro do estádio.

O quadro abaixo demonstra a ocupação do Maracanã pelas principais equipes do Rio de Janeiro a partir de 2013 onde a única modificação em relação ao passado ocorreu entre Vasco e Fluminense, criando assim uma discórdia entre essas duas equipes e a empresa gestora do estádio, e que culminou na final da Taça Guanabara de 2019.

Contudo, dessa vez não seria a vitória que decidiria o problema, pois o desenvolvimento dos esportes desde 1950 ampliou de maneira considerável sua organização e interesses em um campo complexo de disputas por domínio no âmbito administrativo do futebol que pouco tem a ver com os gramados, mas sim com questões simbólicas, políticas e econômicas. De acordo com Bourdieu: “chamo campo a um espaço de jogo, um campo de relações objetivas entre indivíduos ou instituições em competição em torno de uma parada em jogo idêntica” (20).

Setores do Maracanã e as torcidas dos principais times cariocas
Elaboração dos autores

Percebe-se com a tabela acima que apenas Flamengo e Fluminense têm local definido imutável independente do adversário, ou seja, a torcida do Flamengo estará sempre no Setor Norte e a do Fluminense sempre no Setor Sul. O ponto de discórdia que suscita este trabalho se dá quando o Vasco discorda da posição do Fluminense com sua torcida em local definido independente do adversário. Nesta disputa, dentro do campo do futebol profissional carioca, pode-se dizer que Flamengo e Fluminense têm domínio neste quesito, e o Vasco busca subverter esta ordem, apelando para uma tradição como uma estratégia para obtenção de um privilégio que lhe renderá mais importância no contexto do futebol, sobretudo frente aos seus torcedores.

O Club de Regatas Vasco da Gama pauta-se pelo fato de que antes da empresa gestora assumir o estádio, o confronto Fluminense e Vasco tinham locais invertidos contra a ordem atual exposta acima. Um acordo tradicional que remonta datas anteriores à nova gestão.

Para este artigo, a contenda entre estas duas equipes objetivou-se no dia 12 de fevereiro de 2019 quando foi decidido na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro ― Fferj o time mandante de campo para a partida da final da Taça Guanabara de 2019. Através de um sorteio ficou decidido que o vencedor da semifinal entre Vasco da Gama e Resende teria essa prerrogativa. O sorteio teve a presença de dois representantes do Vasco da Gama — Paulo César Gusmão (coordenador técnico), e André Araújo (supervisor administrativo) —, e do Fluminense com um representante: Marcelo Penha (coordenador administrativo do clube). A reunião foi comandada por Marcelo Vianna, diretor de competições desta Federação (21).

Com sorteio realizado na presença dos futuros times envolvidos na final, o Vasco, após vencer o Resende, teve a vantagem de ser o mandante do jogo, mas não a autoridade para decidir de que lado do estádio sua torcida ficaria já que o Anexo V do contrato firmado entre o Fluminense e o Consórcio Maracanã cita que:

“Nas partidas oficiais, contra quaisquer outro dos principais clubes do rio de janeiro, a torcida do Fluminense acessará e se posicionará no setor sul do estádio (lado Uerj), em sua integralidade, através das entradas, acessos e rampas correspondentes, e disponíveis para esse setor, salvo haja ordem expressa em sentido contrário por parte de: i) órgãos públicos especificamente por questões de segurança; ii) salvo acordo expresso entre Fluminense e a equipe visitante; e iii) nos casos em que o Fluminense for o visitante, a concessionária poderá, para fins comerciais, mediar acordo entre o Fluminense e o clube mandante, resguardados os direitos do Fluminense previstos neste contrato” (22).

Nas páginas seguintes são analisadas as falas dos dirigentes de Fluminense e Vasco da Gama na semana que antecedeu o jogo de domingo. As entrevistas coletivas se tornam provocações verbais entre os presidentes dos dois clubes que disputavam judicialmente o direito de ocupar o lado sul do estádio, suscitando condições para um conflito entre torcidas. Não houve a preocupação de arrefecer ou evitar a confusão que poderia acontecer, mas sim de conclamar os torcedores a comparecerem e ocuparem o Maracanã.

Contratos, tradição e domínio espacial

A seguir colocamos as falas dos presidentes de Fluminense e Vasco da Gama que antecederam a partida do final do Campeonato Guanabara de 2019. A disputa pelo mesmo espaço se dá por entrevistas, ameaças e chamamentos dos torcedores.

Enquanto o Fluminense afirmava que seu direito estava assegurado em contrato com a gestora do estádio, do lado vascaíno a explicação era que como mandante do jogo teria o direito de ocupar o lado que preferisse, ou seja, o mesmo lado que o clube tricolor ocuparia por força de contrato. Assim, os conflitos por ocupação dos setores ou lado do Maracanã são divididos evocando questões legais e tradicionais entre Fluminense e Vasco respectivamente.

O presidente do Fluminense justifica assim o direito do clube em ocupar o Setor Sul:

“Quando houve o sorteio do mando de campo da final da taça Guanabara, que foi eleito o vencedor de Vasco e Resende, eu já prevendo o que poderia acontecer, já imaginei ‘isso vai dar problema!’ no dia do jogo Fla X Flu, uma vez que passou o apito final do jogo, eu mandei uma mensagem para o presidente da Maracanã e avisei: só pra lembrar: o lado sul pertence ao torcedor do Fluminense! [...] Posteriormente houve a reunião de jogo na Federação às 11h00 da manhã de sexta-feira e eu compareci pessoalmente a reunião. O presidente da Maracanã não estava, o presidente do Vasco estava na missa de sétimo dia dos meninos do Flamengo, e eu percebi que as coisas não estavam andando bem, eu pessoalmente fui à pé da Federação ao Maracanã e notifiquei a Maracanã por escrito, e também aqui no clube a Maracanã foi notificada por e-mail, dessa condição contratual, independente disso, houve por parte do Vasco a venda de ingressos, indevidamente, porque a Maracanã deveria comunicar ao seu cliente que estava fazendo isso.
Quero deixar claro aqui, ainda que o Fluminense não concorda em nada do que foi tratado na reunião da Federação, nada, absolutamente nada, não houve nada, não houve nenhum tipo de acordo, o Fluminense não cedeu nada.... não abrimos pontos de venda de ingresso nas Laranjeiras” (23).

Segundo as palavras do dirigente, por ter sido o primeiro clube a assinar um contrato com a Maracanã S. A., o acordo feito garante o uso do espaço, independente do que existia há tempos atrás. São destacados direitos estabelecidos em contrato como novo tratado a ser seguido, ou seja, tudo de acordo com a letra fria da lei, e pela qual o Fluminense tinha, inegável respaldo.

Não faltaram, inclusive, avisos sobre os problemas que poderiam advir disso se a organização gestora do estádio não avisasse a direção do Vasco. Neste caso percebe-se como este agente age de acordo com as suas vantagens para manter o seu domínio no campo. O contrato é apresentado como uma nova era, uma mudança, ou seja, tudo aquilo que uma tradição tenta evitar. Segundo Eric Hobsbawm, “o passado real ou forjado a que elas (tradições) se referem impõe práticas fixas (normalmente formalizadas), tais como a repetição” (24).

“Mas eu quero chamar o nosso torcedor pra guerra amanhã, quero dizer a vocês que nossos jogadores estão treinando até uma meia da tarde, um sol escaldante, estão se matando de treinar, e a gente tem que ganhar o jogo amanhã, a gente vai ganhar o jogo amanhã, a gente vai pra dentro e o time precisa do torcedor, eu quero que vocês lotem aquele setor que não é o nosso, não é o nosso, não é ali que é o nosso lugar, mas o time é mais importante que essa questão amanhã, eu vou estar lá, não tem ação social em camarote, não tem nada, nós vamos estar lá para guerrear, e que aproveitar pra dizer: se tiver confusão amanhã, se tiver briga, se tiver morte, podemos colocar a responsabilidade em cima das pessoas que produziram essa aberração, nós temos seis anos de Vasco e Fluminense jogando no Maracanã sob estas regras e dois pessoas decidiram mudar e que arquem com as responsabilidades quando der problema o Fluminense vai quente, vai pra dentro se um torcedor nosso tiver um problema de violência por causa de desencontro de setores amanhã” (25).

O esporte apresenta condições para narrativas, que facilmente promovem a dualidade entre adversários dentro e fora das quatro linhas, é um dos ambientes mais favoráveis para isso (26). Nesse sentido, os rumos de uma situação puramente contratual e tradicional começaram a se transformar quando a postura do dirigente se transfigura na de um militar em guerra e convida a sua torcida para uma batalha campal.

Uma declaração que se apresenta em oposição ao processo civilizatório que o estádio passou a representar e contrária também aos avanços que a administração e marketing esportivo passaram a buscar no Brasil, principalmente, após a Copa do Mundo de 2014, onde o “padrão Fifa” de organização passou a ser uma orientação de excelência a ser seguida.

Contudo a responsabilidade para a situação que se formava, segundo o dirigente seria da gestão do Maracanã e do Vasco, pois há seis anos, ou seja, desde 2013 que os clubes ocupavam os locais estipulados no contrato acima apresentado. Desta forma percebe-se um conflito de tradições que denota uma transformação social, neste caso apresentada através da reforma do estádio como vetor de aceleração do processo civilizatório. Hobsbawm através das tradições explica que:

“Provavelmente, não há lugar nem tempo investigados pelos historiadores onde não haja ocorrido invenção de tradições neste sentido. Contudo espera-se que ela ocorra com mais frequência: quando uma transformação rápida da sociedade debilita ou destrói os padrões sociais para os quais as velhas tradições foram feitas, produzindo novos padrões com os quais essas tradições são incompatíveis; quando as velhas tradições juntamente com seus promotores e divulgadores institucionais, dão mostras de haver perdido grande parte da capacidade de adaptação e flexibilidade; ou quando são eliminadas de outras formas. Em suma, inventam-se novas tradições quando ocorrem transformações suficientemente amplas e rápidas tanto do lado da demanda quanto do lado da oferta” (27).

A seguir apresentamos a resposta do dirigente do Vasco da Gama, Alexandre Campello:

“Acho que o único problema que a gente pode ter com equipes é com o Fluminense, tradicionalmente e aí eu digo porque o Vasco foi campeão, o Vasco sempre se posicionou ao lado das cabines de rádio, hoje chamado de setor sul, enquanto que o Flamengo sempre se posicionou à esquerda, que é o setor norte, quando cruzava Vasco com Flamengo e Botafogo, eles sempre mudavam de lado. Então quando eles jogavam contra o Flamengo eles jogavam no setor Sul, quando eles jogavam com o Vasco, eles ficavam no setor norte (Fluminense)... essa foi uma tradição mantida por 63 anos, então esse é um tipo de problema que só pode acontecer com o Fluminense, com o Botafogo, com o Flamengo não. Eu acho que esse é um problema que tem que ser resolvido entre o Fluminense e o Maracanã, porque esse é um contrato que existe entre o Fluminense e o Maracanã, o Maracanã diz que o direito dele é só quando eles é o mandante, e o Fluminense diz que independe o mando de campo é dele ou não. Se amanhã o Maracanã e a Federação disserem que eu não posso jogar no setor sul, eu não jogo no Maracanã” (28).

Ao resgatar o passado, Campello evoca a tradição de décadas atrás, um passado que não está em contrato, mas é apenas seguido tacitamente pelas torcidas. A intenção do dirigente é “essencialmente um processo de formalização e ritualização caracterizado por referir-se ao passado, mesmo que apenas pela imposição da repetição” (29). Com isso, denota-se sua estratégia baseada na tradição para tentar subverter uma ordem no campo do futebol carioca e com isso firmar aquilo que significaria mais poder nesse campo para o Vasco.

Revela-se assim o poder simbólico atrelado ao Maracanã, já que entre os quatro grandes times do Rio de Janeiro, aqueles que não mudam sua torcida de lugar detêm maior poder e consequentemente dominação. Este poder simbólico, inegavelmente, se apresenta como uma equação que envolve a força das torcidas, o capital econômico e o capital político, fato que afirma o pensamento de Bourdieu ao negar uma sobreposição econômica sobre os fatos, e dar destaque a forma como as relações são construídas num campo.

O campo é o local e o tempo em que uma disputa acontece, sendo a disputa condição primordial para existência de um campo. Para compreender um campo, deve-se compreender a sua gênese social e apreender aquilo que faz a necessidade específica da crença que o sustenta, do jogo que se joga, das coisas materiais e simbólicas, evitando assim reducionismos como o economismo (30).

Considerações finais

As transformações no Estádio Mario Filho, o Maracanã, para a Copa do Mundo Fifa 2014, suscitaram o surgimento de uma era de transformações no futebol brasileiro com destaque para a administração esportiva e os aparatos esportivos que sediam as partidas da maior paixão esportiva nacional.

Essas modificações confirmam uma imposição e consequentemente uma busca nacional secular para se igualar as nações de primeiro mundo, como; Inglaterra, Itália, Espanha, França, Alemanha etc. que entre outras coisas lideram as transformações no esporte, principalmente no futebol. Essa busca não se resume ao esporte aqui destacado, mas a diversos pilares que constituem a modernidade e que não tem a ver com o esporte, podemos citar, por exemplo, a organização urbana de grandes cidades e a industrialização econômica, neste sentido.

Durante o jogo que este artigo estudou, os conflitos nos acessos ao Maracanã se tornaram um caos, um espetáculo do vexame que se concretizou como consequência de uma ideia de administração esportiva baseada no antigo modelo da cartolagem. Desta forma, os conflitos de ocupação no estádio revelam uma transição entre o velho e o novo, entre tradições antigas inventadas e firmadas apenas na repetição e novas tradições respaldadas por contratos.

A percepção de tradições em conflito revela ainda outras questões sociais, já que esta teoria não pode ser separada de um contexto mais amplo, tendo em vista que somente uma coesão grupal pode legitimá-la, mesmo que isso demande debates que somente serão dirimidos dentro da lógica do campo ao qual ele pertence.

A contenda, nesse caso apresenta mais do que uma disputa por espaço para torcedores, mas sim uma disputa dentro de um campo em que os agentes se utilizam da representação simbólica do Maracanã para confirmar seu poder, ou seja, a dominação no estádio significa dominação no campo, também.

O contexto social deste caso se amplia, também, para o simbolismo de poder que o estádio foi imbuído pelo governo como vetor de aceleração do processo civilizatório que as nações e sociedades buscam abertamente. Desta forma as transformações no estádio representam um momento de modificação paradigmática de comportamentos sociais que se anseia alcançar, por mais que as continuidades históricas revelem, paradoxalmente, reforços a tradicional busca pela modernidade que vem do estrangeiro.

notas

1
TAVARES, Ana Beatriz Correa de Oliveira; TELLES, Silvio de Cássio Costa; VOTRE, Sebastião Josué. Maracanã stadium: place of carioca sport. Motriz, v. 24, 2018, p. 1−11; RODRIGUES, Emília; DRULA, Andreia; RECHIA, Simone. Do Rubro-negro ao neutro da FIFA: uma análise das transformações dos estádios-sede da Copa do Mundo de 2014. Movimento, v. 23, n. 4, Porto Alegre, out./dez. 2017, p. 1283−1296; MASCARENHAS, Gilmar. Um jogo decisivo, mas que não termina: a disputa pelo sentido da cidade nos estádios de futebol. Cidades, v. 10, n. 17, 2013, p. 142−170.

2
TAVARES, Ana Beatriz Correa de Oliveira; VOTRE, Sebastião Josué; TELLES, Silvio de Cássio Costa; DEVIDE, Fabiano Pries. Estádio do Maracanã: percepções a partir da reestruturação arquitetônica de 2010. Revista Brasileira de Ciências do Esporte (online), v. 40, 2018, p. 205−212.

3
TAVARES, Ana Beatriz Correa de Oliveira; TELLES, Silvio de Cássio Costa; VOTRE, Sebastião Josué. Op. cit.

4
LEFEBVRE, Henri. A produção do espaço. Tradução Doralice Barros Pereira e Sérgio Martins. Do original La production de l’espace. 4ª edição. Paris, Éditions Anthropos, 2000, p. 232.

5
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro, Contraponto, 1997, p. 31.

6
HEY, A. P. Dominação. In CATANI, A. M. et al. (org.). Vocabulário Bourdieu. Belo Horizonte, Autêntica, 2017, p. 151−155.

7
ELIAS, Norbert. DUNNING, Eric. A busca da excitação. Lisboa, Difel, 1992.

8
Intervenções no Maracanã são aprovadas pelo Iphan no Rio de Janeiro. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, 15 abr. 2011 <https://bit.ly/3ZRHNrA>.

9
RODRIGUES, Emília; DRULA, Andreia; RECHIA, Simone. Op. cit.

10
Atualmente a concessão do Estádio do Maracanã está nas mãos de Fluminense e Flamengo, sendo renovada a cada seis meses, porém somente o Flamengo assinou o contrato, pois o Fluminense com problemas na receita foi impedido. A tentativa de impedir jogos do Vasco no Maracanã realçou ainda mais a vontade do time cruz maltino de entrar nessa partilha, que tem se utilizado da justiça para isso. RIBEIRO, Rafael. Vasco inicia tática de 'marcar território' para participar de gestão do Maracanã com jogo ante Cruzeiro. Lance!, São Paulo, 4 jun. 2022 <https://bit.ly/3H3hdDk>.

11
DRULA, Andréia Juliane. O processo de transformação de um estádio para arena: caso “Arena da Baixada”. Dissertação de mestrado. Curitiba, Bio UFPR, 2015.

12
ESTADO DO PODER JUDICIÁRIO DO RIO DE JANEIRO. Processo: 0072675-60-2017.819.0001.

13

ESTADO DO PODER JUDICIÁRIO DO RIO DE JANEIRO. Processo: 0037549-75-2019.8.19.0001

14
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª edição. São Paulo, Atlas, 2008.

15
SILVA, Cassandra. Metodologia e organização do projeto de pesquisa: guia prático. Fortaleza, Editora da UFC, 2004.

16
MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6ª edição. São Paulo, Atlas, 2005.

17
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa, Difel, 1989.

18
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Edital de Licitação Concorrência Casa Civil número 03/2013 <https://bit.ly/3RhnIqZ>.

19
Data da decisão do campeonato do ano anterior (1950).

20
BOURDIEU, Pierre. Questões de sociologia. Lisboa, Fim de Século, 2003. p. 206.

21
FEDERAÇÃO DE FUTEBOL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2019.

22
ESTADO DO PODER JUDICIÁRIO DO RIO DE JANEIRO. Processo: 0037549-75-2019.8.19.0001 (op. cit.).

23
ESPN BRASIL. Abad abre o jogo sobre a polêmica com o maracanã! YouTube, San Bruno, 16 fev. 2019 <https://bit.ly/3JaC4r5>.

24
HOBSBAWM, Eric. A invenção das tradições. In HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence (org.). A Invenção das tradições. São Paulo, Paz e terra, 2014. p. 8.

25
ESPN BRASIL. Abad abre o jogo sobre a polêmica com o maracanã! (op. cit.).

26
SILVA, Paulo Rodrigo Pedroso da; COSTA, Lamartine Pereira da; RIBEIRO, Carlos Henrique de Vasconcelos. A cobertura esportiva dos jogos olímpicos de Londres 2012: a tematização do portal de notícias G1. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 1, 2013, p. 1-1.

27
HOBSBAWM, Eric. Op. cit., p. 11.

28
ESPN BRASIL. Presidente do Vasco fala sobre acontecimentos antes da final da Taça Guanabara. YouTube, San Bruno, 17 fev. 2019 <https://bit.ly/3Dy9cWb>.

29
HOBSBAWM, Eric. Op. cit., p. 11.

30
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico (op. cit.).

sobre os autores

Carlos Henrique Ribeiro é docente do mestrado profissional em Gestão do Trabalho e coordenador do curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade Santa Úrsula.

Rodrigo Vilela Elias é doutor em Educação Física (Uerj, 2020). Mestre em Educação Física (UGF, 2010) e pós-graduado em Gestão e Marketing Esportivo (Ibmec, 2014). Possui publicações em História e Cultura do Esporte. Professor do curso de Gestão Esportiva da Faculdade Integrada Hélio Alonso. Professor de Educação Física do Cefet RJ e da rede básica de ensino do município do Rio de Janeiro.

Silvio Telles é graduado em Educação Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mestre e doutor em Educação Física e Cultura pela Universidade Gama Filho. É professor adjunto da UFRJ e da Uerj, atuando respectivamente nos Programa de Pós-Graduação em Educação Física e no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Exercício e do Esporte. Também é docente na Universidade Estácio de Sá.

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