Considerações iniciais
Este trabalho tem como foco de investigação algumas experiências didáticas empreendidas pelos autores como professores da disciplina nomeada, em alguns cursos de Arquitetura e Urbanismo, como Preservação do Patrimônio Cultural — PPC, em outros, como Técnicas Retrospectivas — TCR. Inserida no currículo dos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo de nosso país na década de 1990, tal disciplina consiste em uma referência basilar para uma compreensão ou sensibilização inicial de futuros arquitetos e urbanistas sobre a importância da conservação de bens da arquitetura e do urbanismo como fontes de memória e conhecimento em diversas das dimensões a que a prática arquitetônica e urbana se vincula, entre procedimentos de salvaguarda e intervenção.
Partindo de experiências empreendidas pelos autores como docentes da referida disciplina, em faculdades de Arquitetura e Urbanismo, públicas e privadas, em cidades de Minas Gerais e do Distrito Federal, o artigo tem como objetivo central a análise de algumas dessas experiências praticadas isoladamente, em sala de aula e em campo, em trabalhos individuais e coletivos. Sejam desenvolvidas dentro de uma ementa curricular ou para além dela, como iremos expor, a análise de algumas dessas ações distintas e complementares se encontram aqui sistematizadas como esforços de um pensamento sobre as possibilidades de ensino e de valorização do amplo conteúdo da disciplina de PPC ou TCR. Disciplina essa que demanda, em uma ainda baixa carga horária nos Planos de Curso da graduação em Arquitetura e Urbanismo no Brasil, um imenso escopo de conhecimentos a ser transmitido e assimilado, entre revisões, descobertas e reflexões por vezes compartilhadas mutuamente entre professor e alunos em tal processo.
Para esta análise, motivada pelo cotidiano profissional experimentado pelos autores na condução da referida disciplina, sempre reajustada a cada semestre, muitos instrumentos têm se mostrado auxiliares na percepção e na sensibilização discente sobre os tantos potenciais aparentes e subjacentes de um bem cultural, especificamente, aqueles bens que se vinculam à subcategoria dos bens culturais edificados, não necessariamente oficializados como patrimônio cultural de um lugar. De início, textos clássicos e recentes de caráter histórico, teórico e projetual voltados tanto à importância da preservação de bens representativos da Arquitetura e do Urbanismo quanto às modalidades de preservação, apoiados por fotografias e vídeos históricos e atuais, além de visitas técnicas complementares, têm se mostrado de fundamental importância para as reflexões esperadas, tal como realizado por boa parte das conduções dessa cadeira nos cursos de Arquitetura e Urbanismo.
Nesses últimos dez anos, período em que constatamos um movimento senoidal das políticas públicas na ação de salvaguarda e valorização patrimonial, as respostas ou os produtos dos alunos obtidos a partir do ensino em sala e, tanto durante quanto após a visitação em campo — geralmente empreendida como meio de ampliar o conhecimento — trazem, muitas vezes, resultados almejados e instigantes para novas reaplicações ou ajustes, como ocorrente no âmbito geral do ensino de outras disciplinas a partir da reflexão sobre sua temática, ferramentas e práticas metodológicas. Neste sentido, dois aspectos, o documental e do empoderamento cultural, parecem responder de forma positiva o período turvo sociopolítico que atravessamos. As ações assim mantidas ou alteradas na condução da disciplina pelos professores após cada experiência, após eventuais diálogos e trocas de experiências didáticas entre pares, conformam, todas elas, outro ponto central na instrumentalização do conhecimento e aplicação no âmbito da cadeira de PPC/TCR.
A partir dessas fontes e instrumental reunidos nos últimos anos pelos autores, e nos contextos do Distrito Federal e Minas Gerais, a metodologia adotada para seu manuseio no presente artigo conformou-se por um cariz qualitativo, atento à importância dos desdobramentos da disciplina na formação e, inclusive, atuação de alguns egressos do curso de Arquitetura e Urbanismo — participantes das experiências vivenciadas ainda na faculdade, na disciplina de PPC/TCR e em trabalhos ou pesquisas acadêmicas — que vieram posteriormente a desenvolver trabalhos vinculados a questões do patrimônio cultural ou mesmo a conduzir sua carreira em tal campo. Dessa maneira, como um esforço de síntese e reflexão na condução de tal cadeira e de algumas a ela correlatas, além de atividades acadêmicas afins, o presente artigo foi estruturado tal com apresentado a seguir, a partir de desafios lançados e respostas alcançadas que, após vários diálogos, pudemos identificar e sintetizar.
Alguns desafios e respostas experimentados
Entre outras possibilidades aventadas para a sistematização do escopo deste trabalho, o estruturamos a partir de desafios e respostas experimentadas em sala por consideramos pertinente abordar, primeiramente, no tópico um em seus subitens, questões iniciais sobre a ementa da disciplina e possibilidades instrumentais de sua condução; a partir dessa base, a sistematização de possibilidades docentes apresentada neste artigo se desenvolve, no tópico dois em seus subitens, pela abordagem de experiências didáticas para além da ementa, no âmbito das distintas possibilidades engendradas a cada semestre. Essas são, então, a base para nossa reflexão sobre o material produzido sob nossa condução da cadeira de PPC/TCR, assim como de disciplinas afins e de outras atividades acadêmicas correlacionadas ao campo do patrimônio histórico e cultural — também este um campo disciplinar que vem adquirindo autonomia e interesse crescentes nos últimos séculos.
A ementa da disciplina
No que diz respeito à ementa de PPC/TCR a ser seguida como sua diretriz de condução, por vezes, uma ementa carente de atualização em vários cursos de Arquitetura e Urbanismo, a pergunta ou desafio que consideramos mais pertinente a responder sob essa dimensão de reflexão e direção da disciplina foi: “como realizar uma condensação das questões da disciplina vinculadas, sobretudo, à teoria, história e projeto?” E, como respostas comuns, entre tantas outras surgidas, identificamos três possibilidades de aprendizado passíveis de maior satisfação de tal ementa, a saber, “inventário de bens edificados”, “diagnóstico local” e, ainda, “princípios de projeto”. Essa base formal, assim subdividida em três momentos de “pesquisa-ação”, tem conformado nosso Plano Pedagógico Curricular da disciplina (chame-se Técnicas Retrospectivas ou Preservação do Patrimônio Cultural) em ambas as instituições onde realizamos nossas respectivas experiências docentes, com discentes no 6º ou 7º semestre do curso quando, geralmente, PPC/TCR é ofertada entre os componentes curriculares do período.
Inventário de bens edificados
Quanto ao inventário como instrumento para a satisfação das diretrizes da ementa de PPC/TCR, consideramos vital sua utilização enquanto um exercício preliminar de identificação de bens culturais de um lugar e descrição de várias de suas particularidades históricas, espaciais, simbólicas e técnicas. Cabe explicitar que, pelo foco da disciplina, nos referimos aqui especificamente ao inventário de bens edificados ou bens culturais materiais imóveis, à parte da importância também conferida, evidentemente, aos inventários relativos a outras categorias de bens culturais, como os materiais e imateriais e, até mesmo, aos inventários de bens naturais e daqueles ligados ao conceito sistêmico-integrador que é o de paisagem cultural (1), crescentemente utilizado e estudado (2).
O inventário, nessa utilização em sala de aula, tendo como premissa a aquisição de conhecimento dos futuros profissionais, pode ser considerado, tal como em seu uso profissional, como documento de revelação dos potenciais de uma determinada cultura (3), como a cultural edificada. De fato, as edificações configuram um sistema cultural presente em todas as cidades, seja em seu chamado centro histórico, seja em suas áreas de periferia urbana ou rural, por vezes, carentes ou ausentes do reconhecimento de sua importância e, conseqüentemente, de medidas normativas, ou outras políticas públicas voltadas a obras às quais tal sociedade atribui o valor de um bem cultural. Nesse sentido, o acesso do aluno a documentos como, por exemplo, as tantas fichas de inventário hoje disponibilizadas online (4), já permite estimular, por meio de sua estrutura, a atenção a vários atributos e tópicos importantes ao campo da conservação, assim como também permite uma aproximação à terminologia técnica utilizada no campo e que pode ser ampliada pelos discentes através de outros documentos e obras de referência inicial, nacionais (5) e internacionais (6). Já a percepção das possíveis escolhas para o processo de inventário, seja por uma base geográfica, histórica ou, ainda, por outras escolhas consideradas mais pertinentes caso a caso, evidencia, para os futuros profissionais a atuar na área, a abertura do campo à análise e reflexão constante na aplicação de seus instrumentos.
Revelando e constituindo arcabouços de elementos que fundamentam, por exemplo, as zonas de interesses culturais ou planos de paisagem cultural, tais instrumentos veiculam a passagem para o planejamento urbano patrimonial, corroborando princípios teóricos enunciados por Françoise Choay (7), entre outros. Além da integração ao patrimônio arquitetônico, a inclusão dos lugares públicos na elaboração de planos de inventário para a consequente gestão dos conjuntos urbanos favorece, também, a integração dos aspectos ambientais (8) considerando a percepção da natureza e a inter-relação humana como um bem patrimonial e ambiental.
Para esse efeito a ementa da disciplina já favorece tanto os fundamentos teóricos sobre a evolução dos conceitos de patrimônio (9) e das modalidades (10) de intervenção sobre o mesmo quanto, desde as últimas décadas, um referencial brasileiro compreendido sob olhares mais amplos que o da estilística (11) e a partir de questões contemporâneas (12). Do mesmo modo, torna-se cada vez mais importante a utilização em sala dos célebres códigos de postura do campo, como as chamadas cartas patrimoniais (13) e outras bases de reflexão e atuação nas escalas internacional, federal, estadual e municipal, como nossa Constituição de 1988, o célebre Decreto Lei 25 de 1937 e o Estatuto da Cidade de 2001, além de vários outros instrumentos específicos, gradativamente surgidos e experimentados no Brasil e em outros países.
Diagnóstico local
No que diz respeito ao diagnóstico local como um segundo item das três tentativas de satisfação das diretrizes da ementa da disciplina de PPC/TCR aqui elencadas, temos experimentado bons resultados de sua aplicação como exercício de identificação das particularidades do contexto onde se insere um determinado bem cultural. Tal instrumento de aprendizado tem sido experimentado tanto sob uma base de trabalho mais formal — visando à identificação do contexto histórico-cultural local, a análise do terreno e a base normativa sobre ele, as premissas bioclimáticas do sítio e, ainda, a especificação de intervenções e usos — quanto sob uma base de trabalho mais informal, experimentada por meio da a/r/tografia (14), da cartografia ou outros mecanismos de conhecimento e expressão inter-relacionados como, por exemplo, os mapas lúdicos, voltados à identificação de bens e percursos culturais locais. Tais possibilidades são pertinentes e complementares, pois a gestão do patrimônio cultural esbarra em dificuldades significativas nas ações de ordenamento do território.
Atentos à existência de lugares pulsantes das culturas locais que, silenciosos na sua simplicidade e informalidade diante dos panoramas dos cartões postais de uma cidade, geralmente conhecidos por sua monumentalidade ou excepcionalidade, em nossa experiência na sala de aula, tem se mostrado pertinente a realização de mapas lúdicos de espacialidades de caráter histórico e cultural, sobretudo, de localidades periféricas às áreas já reconhecidas como patrimônio cultural, implementando assim, um diagnóstico informal dos lugares não revelados da cidade vivida, onde além do planejamento pulsa uma cultura local — a própria espessura urbana do bem viver. Lugares às vezes se ocultam, pois são orgânicos à cidade na sua esfera íntima, privada ou de resistência silenciosa; vivem ou sobrevivem pela resistência à inércia do abandono e descaso por moradores ou pelo poder público.
Muitas vezes, eles são revelados mais pelos hábitos sociais e menos pela infraestrutura urbana oferecida e existente, afinal, a dimensão social de uma cidade apresenta-se de modo bem mais amplo (15) que a cristalização de suas forças e poderes em representações materiais (16). Sob tais considerações, diferente do roteiro elaborado para o turista, a apropriação, por exemplo, de um percurso no seu contexto urbano está mais relacionada aos movimentos de sobrevivência e de afetividade, os quais determinam as rotinas das pessoas ao longo de suas vidas. A casa da infância, a escola primária, os primeiros percursos autônomos, os trajetos diários, os limites do bairro, os locais de encontro, as feiras e os rituais religiosos: são todos lugares privilegiados que compõem a biografia de cada um. Os percursos do cotidiano, ao se tornarem biográficos, revelam os costumes e a identidade do lugar, numa espécie de biografia urbana, em permanente construção e que resiste aos tratados e modelos impostos.
Tal como os “mapas mentais” (17) ou os “mapas psicogeográficos” (18), os mapas lúdicos, enquanto ferramenta de conhecimento e ensino, têm sido apoiados e constituídos por várias camadas teóricas. A primeira camada teórica é constituída sobre o entendimento fractal da cidade: “não deixamos pirâmides”. Essa frase, em Junkspace, de Rem Koolhaas (19), se refere à modernização urbana, a qual tinha como programa racional partilhar as bênçãos da ciência, universalmente. Mas, contraditoriamente, a preocupação com as massas nos impediu de ver a arquitetura do povo; hoje, vemos áreas configuradas, muitas vezes invisíveis aos olhos dos transeuntes, até propor alguma alternativa que configure aquele espaço como um lugar.
Ao adotarmos tal instrumento, buscamos estimular a percepção do aluno ao fato de que, normalmente, moradores ou frequentadores de um local criam um ambiente heterogêneo, tanto de classes como de etnias, o que potencializa a vida urbana intensa (20). A segunda dimensão teórica dos mapas lúdicos, que vemos como outro potencial deste instrumento, integra a qualidade de vida urbana, percebida pelo cortejo errante das narrativas urbanas. Assim como as raízes das velhas árvores, nos apropriamos do lugar onde vivemos; a raiz, no sentido da relação do homem com o lugar, teria uma condição de participação real, ativa e natural na memória, conservação, resistência e sobrevivência dos tesouros — do passado e do futuro — que representam certa coletividade, ainda que composta pelas subjetividades de sujeitos distintos.
Esse diagnóstico produzido tal qual um levantamento de dados, porém aberto a outras fontes de informação de caráter interpretativo, tende a ser finalizado com a atividade que consideramos como um mapeamento de danos dos diversos atributos do bem. Essa fase metodológica instrumentaliza o aluno, a nosso ver, com fundamentos que configuram os princípios do projeto.
Princípios de projeto
No que se relaciona ao terceiro item utilizado para a satisfação das diretrizes da ementa, os princípios de projeto, o consideramos igualmente pertinente e consequente dos itens anteriores por se configurar como um exercício de proposição projetual em local de interesse histórico-cultural tendo, como base, tanto um conhecimento prévio do local a sofrer tal intervenção quanto às teorias e condicionantes e diretrizes do campo também estudadas previamente. Nesse sentido, o objetivo do exercício é agregar a constante ênfase projetual — enraizada na estrutura dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e entre os principais interesses da muitos alunos — à necessidade conservação do patrimônio edificado. A elaboração de anteprojetos ou programas de intervenção (arquitetônica, urbana e/ou paisagística) em áreas de interesse histórico-cultural tem permitido, assim, somar esses interesses gerando respostas, em projetos, que por vezes se apresentam como algo de natureza tão complexa e especulatória quanto projetos situados em âmbitos aparentemente extremos, como os de proposição ou restauração.
Nessa esfera nos valemos de referências de reconhecimento internacional por entremearem os planos histórico-cultural, teórico-conceitual e propositivo projetual de maneira enriquecedora no que se refere às reflexões sobre tempo e lugar, como Carlo Scarpa (21), Lina Bo Bardi (22) e Rafael Moneo (23), entre outros nomes contemporâneos que vêm experimentando ações de salvaguarda e intervenção sobre bases similares.
Corroborando proposições projetuais nessa linha intermediária entre a preservação e a construção está o fato de que, nos dias atuais, percebe-se, a partir do meio intelectual e acadêmico, uma emergência da importância da diversidade de atividades na dinâmica das cidades, e isso, ao mesmo tempo em que se torna mais compreensível por grande parte da sociedade que a conservação de suas obras primas ou obras carregadas de afetividade pelo tempo ou pelo uso revestem-se de importância. Importância essa, não só como legado para futuras gerações conforme geralmente se legitima a importância do patrimônio cultural, mas também como elementos passíveis de leitura da tessitura da cidade por aqueles que ali vivenciam seu cotidiano e por aqueles que por ali venham a transitar.
E, se pelo ponto de vista comum no campo da Arquitetura e do Urbanismo, a valorização do legado edificado e da continuidade desse saber fazer constituem-se, já há mais de um século das teorias do restauro, como um elemento basal do ensino e da prática estimulada, sob o ponto de vista sociológico e antropológico, bastante influente no campo a partir de meados do século 20, o conceito do que é uma cidade, passa a emergir, justamente, das trocas diárias estabelecidas entre seus habitantes (24), quer dizer, a cidade é feita de pessoas — é coletivamente que reinventamos a cidade para projetar espaços considerados melhores ou possíveis.
Afinal, cada pessoa percebe a cidade e os problemas da cidade; mesmo que tais percepções sejam diferentes umas das outras, ao organizar as situações complexas, pode-se assim recuperar um ideal de qualidade de vida urbana, a busca do equilíbrio da pluralidade cultural no espaço e da sociabilidade entre as diferenças. Assim, levar o aluno do curso de Arquitetura e Urbanismo não apenas a visitar um monumento, um lugar histórico, mas também a ouvir o cidadão comum, que ali habita ou por ali transita para, a partir daí, elaborar uma proposta arquitetônica, urbanística e/ou paisagística, atualiza as questões e compreensões do campo, da arquitetura e do patrimônio cultural.
De fato, tanto quanto a história oficial, amplamente registrada e amparada legalmente em termos de salvaguarda, as histórias de vida e as pequenas narrativas estão também impregnadas de referências de espaço e de tempo que trazem elementos importantes na contextualização do lugar ainda que não tão reconhecidas.
O envelhecimento — e por que não dizer a evolução ou maturidade — do lugar está incorporado ao envelhecimento — à evolução ou maturidade — dos seus moradores. O lugar envelhece e é incorporado às histórias de vida, como um álbum de fotografias de imagens colecionadas; essa aventura afetiva do morador com o lugar em que vive pode descrever o seu enraizamento. Segundo Simone Weil, em A condição operária e outros estudos sobre a opressão (25), o processo de enraizamento a que normalmente estamos submetidos talvez seja a necessidade mais importante e, ao mesmo tempo, a mais desconhecida da alma humana e, ainda segundo a autora, uma de nossas necessidades mais difíceis de definir.
Para além da ementa
Mesmo satisfazendo a ementa de PPC/TCR, por meio dos instrumentos acima elencados, outras proposições complementares para a disciplina nos instigam pela compreensão de sua amplitude acadêmica. Afinal, tal cadeira perpassa conhecimentos em razão, tanto de sua característica multidisciplinar (na interação do campo específico do patrimônio cultural ao campo mais ampliado da arquitetura e do urbanismo e de outras disciplinas curriculares) quanto das possibilidades de diálogos que evidencia (entre passado, presente e futuro dos bens patrimoniais reconhecidos) e, ainda, de sua potência em integrar o afetivo do discente numa perspectiva de criação de valores humanos culturais.
Sob tais considerações, a pergunta ou desafio que consideramos mais pertinente a responder nesse âmbito foi: “como atender à necessidade e aos desejos de valorização da amplitude acadêmica da disciplina, tanto na discussão quanto na prática patrimonial, ainda que dentro da estrutura pedagógica de base ou fora dos muros da escola?” Nesse caso, como respostas comuns, consideramos a amplitude acadêmica de PPC/TCR, que perpassa outras disciplinas curriculares e possibilidades de reflexão e atuação ainda no curso; em seguida, consideramos a “educação patrimonial” como outra resposta passível de explicitar a amplitude da disciplina, porém, para além desse meio.
Amplitude acadêmica
À parte das limitações e dificuldades da própria disciplina tanto em relação à sua existência ainda curta na estrutura curricular dos cursos de Arquitetura e Urbanismo no Brasil (26) quanto em relação a sua pequena carga horária, no que diz respeito à sua considerável amplitude acadêmica, identificamos quatro possibilidades de valorização do grau de permeabilidade da cadeira de PPC/TCR em relação a outras disciplinas ou outras ações no campo da Arquitetura e do Urbanismo como: seu potencial de interdisciplinaridade na graduação e pós-graduação, seu possível vínculo na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso — TCC ou Trabalho Final de Graduação — TFG, além de seus potenciais desdobramentos como projetos e extensão e, ainda, como projetos de pesquisa ou iniciação científica.
Sendo assim, sobre a interdisciplinaridade da cadeira de PPC/TCR em relação à graduação e à pós-graduação, temos considerado bastante válido, quando possível, o envolvimento de outras disciplinas da graduação ou pós-graduação em exercícios ou palestras aptas a evidenciar a interdisciplinaridade do campo do patrimônio cultural tanto com outras áreas da Arquitetura e do Urbanismo quanto com outros campos de conhecimento e profissionalização, como História, Estética, Museologia, Arqueologia, Antropologia, Direito, Geografia, Engenharia etc.
No que diz respeito à disciplina de Diplomação (ou TFG ou TCC), a utilização, quando possível, de preceitos do campo do patrimônio cultural, ou mesmo a proposição de obras de intervenção arquitetônica e urbanística em áreas de interesse histórico-cultural, têm se mostrado uma experimentação e um estímulo a possíveis exercícios futuros dos discentes no campo do patrimônio cultural por meio do estímulo e da orientação, nessa disciplina de finalização do curso, de trabalhos centrados, sobretudo, na intervenção em bens ou áreas de interesse histórico-cultural, paisagístico e ambiental.
Quanto aos projetos de extensão, como mais uma possibilidade de valorização da amplitude da disciplina, a orientação de projetos vinculados ao campo do patrimônio cultural a serem desenvolvidos em caráter de extensão universitária, sob demandas sociais ou proposições de caráter social também tem permitido avanços na reflexão, diálogo e prática com alunos participantes de tais trabalhos — e que, por vezes, tem despertado interesses até maiores em razão do envolvimento direto estabelecido na experiência prática e em obras marcadas por um forte caráter sociocultural.
Por fim, em relação aos projetos de pesquisa como outra possibilidade de discussão e reflexões sobre o campo do patrimônio cultural para além da disciplina de PPC/TCR, a orientação de projetos de investigação científica voltados à iniciação do aluno no campo da pesquisa e sob questões vinculadas à temática do patrimônio cultural, seja como bolsista, seja como voluntário, além de possibilitar ao discente uma experiência por vezes única durante a graduação ao aproximá-lo do campo acadêmico como mais uma possibilidade de atuação enquanto profissional permite, ainda, entremear a condução da disciplina com resultados e apresentações desses resultados, e com esses alunos, em sala, em congressos ou em publicações especializadas.
Todas essas atividades, evidentemente, têm sido experimentadas em nossa didática a cada semestre a partir de possibilidades então identificadas. Afinal, na ausência de uma valorização de práticas interdisciplinares horizontais na grande maioria dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, o que têm permitido ultrapassar, de algum modo, o conteúdo da ementa da disciplina, ora em trabalhos à sua carga horária vinculados, ora em trabalhos extraclasse com o corpo discente interessado nas experiências propostas sobre o campo do patrimônio cultural, são dados semestre a semestre. Sejam as afinidades docentes e possíveis diálogos encontrados, sejam os interesses discentes em desenvolver seu projeto de finalização de curso na temática do patrimônio cultural, seja a predisposição de profissionais do campo em apresentar propostas e desdobramentos de seus trabalhos, seja a ocorrência de eventos afins ou possibilidade de proposição, seja o surgimento de demandas comunitárias de caráter sociocultural, seja a eventualidade de datas comemorativas estimulantes à reflexão e ao debate sobre a temática, entre outras possibilidades nunca surgidas da mesma maneira…
Educação patrimonial
Por fim, no que se refere a outras possibilidades de reforço da importância à qual consideramos ter a disciplina de PPC/TCR e que podem também ser adotadas para explorar seu potencial, consideramos as atividades crescentemente conhecidas e divulgadas pela expressão “educação patrimonial” como uma excelente maneira de atuar fora dos muros da escola no sentido de sensibilizar, além do aluno, uma comunidade, tanto sobre os bens culturais de seu cotidiano já patrimonializados (em termos de status histórico-cultural e proteção legal) quanto àqueles ausentes dessa oficialização, mas carregados por eles de afeto e simbolismo. E nesse sentido, a partir de nossas experiências na condução da disciplina consideramos, como possibilidades de condução dessas atividades voltadas a um púbico maior e mais diverso, e desenvolvidas em distintos graus de execução, aquelas vinculadas, sobretudo, à divulgação de trabalhos realizados pelos discentes ou mesmo na comunidade e com ela.
No que se refere às possibilidades expositivas, a realização de apresentações temporárias de trabalhos desenvolvidos na disciplina, tanto em eventos já existentes dentro ou fora da localidade abordada quanto em eventos propostos dentro ou fora da localidade abordada, tais ações podem permitir, de fato, um estímulo a reflexões, diálogos, interpretações e conhecimentos sobre o patrimônio cultural pela comunidade acadêmica e pela comunidade local ou, ainda, por outras diante das possíveis proporções e desdobramentos assumidos por um evento.
Já no que se refere às possibilidades de publicação, a realização de publicações impressas ou virtuais de trabalhos desenvolvidos em PPC/TCR, em disciplinas afins ou a partir de um diálogo interdisciplinar, tanto para registrar o processo ou resultado desses trabalhos quanto para difundi-los, também podem permitir, igualmente, estimular reflexões, diálogos e conhecimentos sobre o patrimônio cultural pelas comunidades acadêmica, local ou por outras tantas que compõem a sociedade e às quais cheguem tais publicações — nesse sentido se destaca a importância da gratuidade dessas produções, como buscamos, de maneira a potencializar seu acesso por várias classes sócio-econômicas e, assim, se aproximar a mais parcelas representativas da sociedade.
O fato é que, seja Minas Gerais, Distrito Federal, ou outra territorialidade, ao tentarmos imaginar o processo de referencialidade cultural passível de identificação e valorização pela comunidade que o constrói ou herda, perpassamos, inicialmente, pelos processos de enraizamento e transformações locais, feitos de momentos de ocupação, criação, resistências, transgressões e sobrevivências, em distintos graus que, assim, escrevem sua história (27). Moradores e visitantes se apropriam de uma cidade diariamente para torná-la possível e viva. Apropriar-se significa, nesse contexto, tomar parte de algo como seu, o que implica a transformação do espaço em propriedade — e mesmo que informalmente. Como lugar praticado pelos seus moradores, o espaço urbano então é percebido, tecido e modificado continuamente; e para divulgar, ou antes, para captar a urgência e a complexidade reveladas na cidade contemporânea é preciso uma postura detetivesca sobre o cotidiano presente, entendendo as forças que movimentaram e movimentam a cidade.
Sob tal contexto, o conhecimento acadêmico e profissional, já não se compreende a si mesmo como a única ou mais importante base para a reflexão e valorização do que perpassa uma comunidade, um lugar e suas tantas características parcelares e memórias que evocam naqueles que ali viveram ou ali experimentaram alguma situação (28). E uma maior aproximação dessa compreensão contemporânea sobre a complexidade do campo cultural pode ser alcançada, de fato, por procedimentos como os adotados em atividades de educação patrimonial, ou ambiental, sejam fruto de uma sensibilização em relação a essas outras fontes de conhecimento, sejam resposta à crescente demanda pelo lugar de fala (engendrado junto ao desenvolvimento das Ciências Sociais, de movimentos sociais e redes virtuais).
De fato, se pensado como uma mediação, como uma via de mão dupla, o conhecimento técnico amparado em atividades com a comunidade, seja expondo ou publicando trabalhos acadêmicos sobre a cidade, seja expondo ou publicando trabalhos acadêmicos elaborados com a participação da comunidade, trazida de algum modo para sua produção, permitem, decerto, ampliar o potencial da disciplina de Preservação do Patrimônio Cultural, ou Técnicas Retrospectivas, para um campo mais ampliado que aquele à qual ela se insere, como uma disciplina dos cursos de Arquitetura e Urbanismo.
Considerações finais
Decerto, o potencial cultural imbuído aos bens culturais, considerando-os em suas múltiplas dimensões, justifica, a nosso ver, a necessidade de contínuas reflexões, análises e trocas de experiências sobre o papel social documental, sobre o campo e sobre a docência das cadeiras vinculadas à Teoria, à História e à Preservação do Patrimônio Cultural ou Técnicas Retrospectivas, conforme este trabalho buscou como resultados esperados em sua proposição inicial. Certamente, após o desenvolvimento deste, consideramos que as reflexões aqui sintetizadas, a partir de algumas de nossas experiências didáticas empreendidas como professores de disciplinas dos campos de Teoria, História e, sobretudo, de PPC/TCR, possam nos auxiliar em nossos contínuos esforços de sensibilização e instrumentalização inicial das ações de futuros arquitetos e urbanistas no que se vincula à importância da conservação de bens como fontes de conhecimento em suas múltiplas dimensões. Esse artigo buscou, sobretudo, trazer reflexões para docentes, discentes e demais interessados no assunto abordado pela única disciplina voltada à preservação do patrimônio cultural nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, assim como sintetizar bibliografias e (experiment)ações sistematizadas como base na condução desta disciplina em seu amplo universo.
Ações de disciplinas como as de PPC/TCR são imbuídas de um papel documental expandido num momento de crise, pela necessidade ainda maior, em circunstâncias como essa, de conscientização e ação social, cultural e política. Se atendo às questões de ordem da conservação ou da preservação dos bens patrimoniais, o universo de trabalho se faz pleno de linhas investigativas necessárias à consolidação da política e à ação patrimonial. A partir da disciplina de PPC/TCR podem-se desenvolver, assim, experiências variadas enquanto trabalhos práticos, contribuindo na discussão e composição de um corpus de referência com parâmetros teóricos, históricos, técnicos e empíricos inicialmente estabelecidos e sua evolução ou transformação ocorrida no tempo.
Face a contemporaneidade social, política e institucional brasileira, outra contribuição da disciplina de PPC/TCR com objetivo de realizar uma ação de educação e sensibilização patrimonial, consiste em seu potencial único para o inventário das expressões culturais do quotidiano — se a cidade vivida possui lugares não revelados, além do seu planejamento, onde pulsa uma cultura local, que é a própria espessura urbana do bem viver, se torna necessário, de fato, conhecer quem são as pessoas que habitam, escrevem e modificam continuamente a cidade e seus itinerários culturais. Para tal investigação, as entradas são múltiplas e devem ser abordadas como parcelares e fundamentais; e o conceito de patrimônio cultural, em tal contexto, e sua relação como elemento propulsor da vida urbana permite, assim, a adoção de diversos instrumentos e metodologias envolvidos no desvelamento da cidade, como as que aqui sistematizamos.
Por tudo isso, consideramos que a experiência com a abordagem do patrimônio histórico e cultural em seu campo disciplinar tão vasto, que agrega história, teoria e projeto, pode ser considerada um dos pilares na formação e na dinâmica futura da profissão dos graduandos em Arquitetura e Urbanismo. Se no universo prático da construção civil nacional, por exemplo, ao arquiteto já é atribuído um grau de responsabilidade social genuína quanto à conservação de bens materiais, cenário urbano edificado para os aspectos multiculturais, logo, a atenção ao campo do patrimônio cultural e à disciplina que mais o aborda nos cursos de Arquitetura e Urbanismo corresponde não somente a um diferencial, mas uma responsabilidade em sua formação e atuação como arquiteto e urbanista. Neste sentido, a existência de uma disciplina voltada a tal campo e as experiências que engendra, em sala de aula ou fora dela, contribuem tanto à formação do profissional arquiteto urbanista quanto, conseqüentemente, ao próprio estado da arte em questão, o patrimônio cultural em sua dinâmica de ressignificação constante a partir das subjetividades de muitos sujeitos que a ele lançam seus olhares e atenções e por ele criam afetos.
Acrescente-se, no presente contexto, o fato de que, para além dos potenciais de memória e identidade entrelaçados nas edificações e demais bens histórico-culturais patrimonializados, hoje nos atentamos nas escolas de Arquitetura e Urbanismo, de maneira cada vez mais enfática e em várias das disciplinas do curso (e até mesmo extracurriculares), a questões ambientais e econômicas que, como preocupações ou temáticas, encontram ressonância também na atitude de preservação dos monumentos históricos abordada na cadeira de PPC/TCR — situação que vem evidenciando os benefícios de uma ação de restauro ou revitalização para dimensões de importância outrora inexistentes ou pouco refletidas ou exploradas.
Por fim, pela experiência acadêmica e cientes da necessidade de aprofundamento e especialização do sistema patrimonial, consideramos que a cadeira de PPC/TCR tem um potencial de irradiar múltiplos horizontes: da especificidade da técnica ao campo crítico, da indução às políticas públicas à contribuição ao sentimento de cidadania pela educação patrimonial. O presente artigo permite considerar, desse modo, a importância basilar dessa disciplina, assim como outras a ela mais diretamente relacionadas e, assim, estimular contínuas reflexões por nós docentes além visar, obviamente, uma compreensão ou sensibilização inicial de futuros arquitetos sobre a importância da conservação de bens da Arquitetura e do Urbanismo por sua consideração como fontes de memória e conhecimento, entre outras tantas razões ou motivações que têm engendrado a sistematização das práticas conservativas nos últimos séculos.
notas
1
UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Convention concerning the protection of the world cultural and natural heritage. Word Heritage Committee, Sixteenth session. Santa Fe, United States of America, 7–14 Dec. 1992. Unesco <https://bit.ly/3kdzZR6>.
2
RIBEIRO, Rafael Winter. Paisagem cultural e patrimônio. Rio de Janeiro, Iphan/Copedoc, 2007.
3
LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas, Editora Unicamp, 1990.
4
Iphan <https://bit.ly/3lQFXri>.
5
CORONA Eduardo; LEMOS, Carlos. Dicionário da arquitetura brasileira. São Paulo, Edart, 2017.
6
KOCH, Wilfried. Dicionário dos estilos arquitetônicos. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
7
Ver CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo, Editora Unesp, 2001. Ver mais em outra obra significativa da mesma autora: CHOAY, Françoise. As questões do patrimônio. Lisboa, Edições 70, 2009.
8
ZANIRATOL, Silvia Helena; RIBEIRO, Wagner Costa. Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem não renovável. Revista Brasileira de História, v. 26, n. 51, São Paulo, jan./jun. 2006.
9
RIEGL, Alois. O culto moderno dos monumentos. São Paulo, Perspectiva, 2014.
10
BRANDI, Cesare. Teoria del restauro. Torino, Einaudi, 1977.
11
LYRA, Cyro C. Preservação do patrimônio edificado: a questão do uso. Brasília, Iphan, 2016.
12
RETTO JÚNIOR, Adalberto da Silva; KÜHL, Beatriz Mugayar. O papel do patrimônio arquitetônico no projeto da cidade contemporânea. Coleção Primeiras Aulas. Tupã, Anap, 2019.
13
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14
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sobre os autores
Sávio Tadeu Guimarães é doutor em Planejamento Urbano e Regional (Ippur UFRJ), mestre em Arquitetura e Urbanismo (UFF), arquiteto e urbanista (UFJF), pesquisador e criador do grupo de pesquisa Situ-Ações. Professor dos cursos de graduação e mestrado em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Brasília e membro de comitês e conselhos vinculados à pesquisa, cultura e patrimônio cultural.
Yara Regina Oliveira é doutora e mestre em Urbanismo (Institut dUrbanisme de Paris/Paris XII), especialista em Paisagem (Conservatório Internacional de Parques e Jardins de Chaumont-sur-Loire) e pós-graduada em Antropologia e Recursos Audio Visuais (PUC Goiás). Arquiteta e urbanista (UnB), pesquisadora do grupo de pesquisa Situ-Ações e membro de comitês e conselhos do patrimônio cultural.