Nos dias 9 e 10 de Setembro último, as Jornadas Européias do Pratrimônio proporcionaram um momento inusitado para alguns dos privilegiados que puderam visitar a Vila Karma (1904), primeiro edifício realizado por Adolf Loos,uma radical ampliação e reestruturação de uma antiga casa de vinicultores, ex-leprosário situado à beira do Lago Lemán, a poucos quilômetros de Montreux (e da Petite Maison de Le Corbusier). Esta foi a primeira vez que a casa abriu-se para visitação pública desde que foi vendida pela prefeitura de Châtelard a um particular no final dos anos trinta. Apesar da visita ter sido restrita ao pavimento principal e uma rápida passagem pela soberba sala de banho em mármore negro concebida para o antigo proprietário da casa, a meia-hora passada dentro desta obra mestra bastou para desconcertar o visitante no tempo e espaço. Alguns tiveram este mesmo sentimento desde o primeiro instante que a viram, sem ao menos precisarem entrar na casa: meu filhinho de dois anos, particularmente interessado pelo movimento giratório das coisas (das rodas minúsculas dos carrinhos, das rodas gigantes dos caminhões e parques de diversões, dos cataventos, piões e carrosséis bem como dos ventiladores, moinhos, hélices de helicópteros, motores de barcos e polias de elevadores), ao avistar a casa desde o portão de acesso do jardim gritou eufórico: "ça tourne!" Ele me deu a chave para compreender a Vila Karma.
Olívia de Oliveira, Lausanne Suíça