Para mim, o grande mérito de Niemeyer foi conseguir juntar duas idéias: a de Brasil com a de Arquitetura.
Antes de Pampulha o que nós tínhamos?
A fundamental influência portuguesa, Beaux Arts, Estilo Eclético Art Deco que vieram de fora, e é claro belas exceções, insuficientes no entanto, para configurar a idéia de país, definir o nosso jeito de ser, pensar e criar.
Foi a Pampulha de JK que colocou o Brasil no mapa mundi da Arquitetura e influenciou muita gente boa pelo mundo afora.
Ali, havia invenção, e quem inventa é livre, tem voz e cultura próprias.
Assim, o arquiteto do Brasil passou a ter sua capacidade reconhecida.
O modernismo com sua proposta sedutora libertava os edifícios do chão e da simetria.
Abria largas janelas, integrava ambientes, incorporava a natureza e permitia o desenho e a poética.
Foi quando a arquitetura modernista brasileira viajou, criou marcas na nossa terra e no nosso pensamento.
Nos anos 70, 80, houve quem decretasse a morte do modernismo da mesma forma, creio eu, que já disseram: que a Arte morreu! E o Rock morreu!
Hoje, o ideal moderno na busca incessante pelo novo incorpora novos conceitos, novos materiais e influencia a produção contemporânea em todo mundo.
Rem Koolhaas, Richard Rogers, Frank Gehry, Álvaro Siza, Jean Nouvel e Zaha Hadid são algumas expressões dessa efervescência numa inacreditável pluralidade de abordagens.
Os ultramodernos ou neomodernos, se assim podemos denominá-los, constroem agora o pensamento universal como uma proposta planetária de gerar relações de paz.
Ontem mesmo, em Paris, esteve montada a exposição Ainda Modernos? (Encore Modernes?) curadoria de Lauro Cavalcanti e Marc Mimram, por ocasião do Ano do Brasil na França no Palais de la Porte Dorée.
Lá estiveram exemplos de produção brasileira contemporânea, a demonstrar que podemos ainda ser deliciosamente livres, novos e modernos.
notas
[publicação: fevereiro 2006]
Gustavo Penna é arquiteto.
Gustavo Penna, Belo Horizonte MG Brasil