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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
O arquiteto Roberto Converti apresenta uma reflexão sobre as relações entre os cidadãos e o espaço público nas cidades conteporâneas, palco de conflitos e múltiplas manifestações políticas, culturais, sociais, étnicas...

english
The architect Roberto Converti presents a reflection on the relationship between citizens and public space in Contemporary cities, the scene of conflict and multiple political manifestations, cultural, social, ethnic ...

español
El arquitecto Roberto Converti presenta una reflexión sobre las relaciones entre los ciudadanos y el espacio público en las ciudades contemporáneas, palco de conflictos y múltiples manifestaciones políticas, culturales, sociales, étnicas...

how to quote

CONVERTI, Roberto. Espaço público. Direitos humanos e diversidade cultural. Drops, São Paulo, ano 06, n. 014.06, Vitruvius, mar. 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/06.014/1679>.



Que distingue hoje a relação dos cidadãos com seu espaço público?

É talvez um lugar que identifica ao cidadão e portanto é um lugar cuidado e apreciado por ele, enquanto representa uma sede urbana e arquitetônica especial.

Ou é a conseqüência de um uso social tão intenso como massivo, que não repara em suas formas mas somente na possibilidade de ser ocupado, indistintamente, por demandas e confrontos políticos, por um espetáculo multitudinário de rock, por instalações permanentes para a venda ambulante ou por situações extremas, ao ser desde a morada desguarnecida de muitos habitantes, ao lugar dedicado à re-coleção, depósito e classificação irregular do lixo ou pela expressão mais grave do inventário, pela violência urbana, onde a fissura do lugar de todos se faz mais trágica.

Assim, a complexidade do estado e do comportamento social nas Cidades, transformou o espaço público num palco sem limite para toda expressão, alterando as categorias do território urbano tradicional, circunstância que demonstra, que o tema é de tal importância e influência em relação à qualidade de vida dos cidadãos de qualquer comunidade, que merece enquanto políticas de gestão de cidades, dispor de ações similares à de uma re-fundação do modo de habitar a cidade.

Outra ética e outra estética para a vida em comunidade

Neste sentido, em uma recente transcrição de um encontro entre Salman Rushdie e Paul Auster, o qual trata de um cenário urbano ainda mais definitivo, ao referir-se à destruição literal de Cachemira, lugar sonhado e convertido em uma espécie de paraíso perdido, não como referência ideal mas como resto destruído por bombas e canhões, como se os exércitos tivessem invadido o Jardim do Éden para arrasá-lo a sangue e fogo.

Ante a dimensão dessa cena urbana, Salman Rushdie conclui que agora vivemos num mundo sem paraíso, para o qual propõe “ter que aprender a viver sem a idéia de um mundo melhor“.

O interrogante proposto então, é como imaginar o espaço público do futuro, enquanto, cada dia, tão intensa e caótica representação social, tende a transformar o lugar comum, num confuso território, descuidado, anônimo e imprevisível.

Uma das opções, ante a amplitude do tema, é redefinir o espaço público acentuando a identidade principal para o qual atualmente é utilizado: o de um território coletivo que permite uma cada vez mais intensa relação e comunicação entre os cidadãos.

Mas desta vez, à diferença dos estados antes descritos, o espaço público deverá ser orientado a práticas sociais, que exteriorizem aspectos da complexa convivência humana, atendendo, paradoxalmente, a crise ocorrida pelas violências e pelas exclusões urbanas.

Nesta tarefa exploradora, um caminho aparece como exemplar e é o produzido pela Organización Inscrire (www.inscrire.com), a qual promove um grande aporte ao fenômeno de habitar o espaço público contemporâneo, logrando que, em cidades tão diversas como Paris, Lisboa, Haifa, Berlim, Rio de Janeiro, São Paulo, Estocolmo e Bruxelas, o confronto e o conflito social, dêem lugar a instâncias superadoras através de trabalhos artísticos e acontecimentos educativos, gerando territórios de imagens e instalações urbanas que destacam os modernos princípios dos direitos humanos e da diversidade cultural, criando mensagens que, inclusive e fundamentalmente, redefinem ética e esteticamente o espaço de todos na Cidade.

notas

[tradução ivana barossi garcia]

sobre o autor

Roberto Converti dedica sua atividade profissional ao planejamento e aos projetos estratégicos nas cidades. Foi subsecretário de Planejamento Urbano do Governo da Cidade de Buenos Aires (1996-2000) e Presidente e integrante do Diretório da Corporação Porto Madero S.A. (2000-2002). Atualmente é Diretor de dois projetos estratégicos em cidades argentinas, Neuquen e Santa Fé, e atual Coordenador do Projeto Comum de Estratégias para a transformação e desenvolvimento de Cidades Portuárias na América Latina e Europa, produzido pelo Programa URB-al e pela Associação Internacional de Cidades e Portos – AIVP – com a participação das cidades de Marselha, Bilbao, Valparaíso, Montevidéu e Rosário.

Roberto Converti, Buenos Aires, Argentina

 

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