Marco Terranova tinha 15 anos em 1979 quando viu pela primeira vez as fotografias do Alécio de Andrade (1938- 2008) expostas na galeria de arte do seu pai na Rua Barão da Torre em Ipanema. A galeria era a badalada Petite Galerie do Franco Terranova e o Alécio já fazia parte da história da Magnum, famosa cooperativa de fotógrafos liderada pelo Francês Henry Cartier Bresson, eterno guru do fotojornalismo. Essa remota e poderosa experiência talvez explique boa parte da opção do Marco ou Terra, como é chamado pelos amigos, pela imagem documental jornalística. Terra foi do primeiro time da boa fotografia do Jornal do Brasil no final dos anos 90, tem carreira sólida junto às editoras de livros e se mantém equilibrado escalando morros.
Santa Marta, apresentado aqui, é um registro social que produz diálogos entre dignos retratos dos moradores da comunidade com paisagens da arquitetura local somados a uma série de anjos construídos, uma alegoria que nos sugere a morte de jovens por bala perdida antes da presença das UPPS em parte das favelas da nossa cidade. Nesse trabalho Terranova, levado pelas mãos do seu amigo Kadão Costa, também testa a sua disciplina e determinação fora dos domínios do jornal. Hoje ele se auto-sugere e produz seus próprios temas. Santa Marta é uma pauta em construção que já dura 13 anos, o que significa que o tempo pode ser amigo dos bons fotógrafos e como diz o poeta Chacal, a paciência é revolucionária.
sobre o autor
Rogério Reis é fotógrafo e curador da exposição “Santa Marta dos anjos”, Baukurs Cultural, de de 14 de setembro a 22 de outubro de 2011.