A uma altura de aproximadamente 7 metros, veremos o que seria uma sala ou um quarto pendurados de cabeça para baixo. Uma estrutura de metal sustenta o conjunto: uma cama, uma mesa, uma escada e duas cadeiras. Fixados no topo dessa armação, os objetos são refletidos sobre um espelho de água, dessa maneira projetados contra o céu. Mediante esse artifício, recuperam sua posição natural. Um visitante andando em torno da peça só perceberia os objetos num segundo olhar, ao vê-los refletidos na superfície da água, surpreendido pela imagem de uma sala flutuando contra o céu. Poderiam estar incluídos no cotidiano de qualquer ambiente de uma casa. Mas um ponto de vista improvável surge quando os observamos invertidos, como se o mundo tivesse perdido a normalidade. Somente quando olhamos para a imagem refletida na água é que a sala volta a colocar-se na sua posição habitual, embora flutuando contra o céu, longe de seu cotidiano. O trabalho estrutura-se por esse eixo entre terra e céu, num movimento vertical de aproximação entre opostos. Como numa ascensão, os objetos abandonam suas funções e se projetam para outro plano.
nota
NE
texto explicativo do artista para a escultura “O descanso da sala”, instalada no Parque Burle Marx no período de 18 de setembro de 2011 a setembro de 2013.
sobre o autor
José Spaniol é artista plástico.