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drops ISSN 2175-6716

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Através de fotografias e colagens, a artista Denise Milan documenta a mata atlântica, as praias e a população local na comunidade do Cairuçu, a fim de compreender a íntima união entre o entorno e seus habitantes

english
Through photographs and collages, the artist Denise Milan documents the rainforest, beaches and local people in the community of Cairuçu, in order to understand the intimate union between the environment and its inhabitants

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MENA, Manuela. O paraíso perdido da Mata Atlântica. A obra atual de Denise Milan. Drops, São Paulo, ano 13, n. 061.06, Vitruvius, out. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.061/4535>.



Denise Milan apresenta, neste momento, um trabalho que não veio à luz durante anos apesar da publicação do livro Fumaça da terra em 2006, quando já demonstrava seu interesse e sua preocupação com o território frágil, ameaçado e em estado de mudança da mata tropical brasileira. No entanto, aqui, não se trata de extinção, mas da visão de um mundo fascinante da Mata Atlântica sob os olhos e a imaginação da artista. As fotografias que Denise Milan reuniu durante vários anos na comunidade de Cairuçu – na área de Paraty, da mata, da vegetação local, das praias banhadas pelo Atlântico e incluindo a população regional – têm sido utilizadas em um processo de metamorfose para aprofundar seu conhecimento sobre as espécies e compreender a íntima união entre o entorno e seus habitantes. A tragédia provocada pelo progresso sobre a conservação e a biodiversidade da Mata Atlântica entre São Paulo e o Rio de Janeiro preservou, no entanto, algumas áreas de rara e exuberante beleza da mata original que neste momento mais parecem uma peça de ficção, pois a profanação desta natureza privilegiada e única da América do Sul teve início já à época dos descobrimentos, no longínquo século XV.

As fotografias e colagens de Denise Milan são um documento autêntico de enclaves na selva e da variedade de sua vegetação; porém, fundamentalmente, revelam a fertilidade da natureza, incluindo os membros de uma população em que um casal pode gerar dezenas de filhos, netos e bisnetos. Vivem há séculos os caiçaras nesta região, unindo seu sangue indígena às sucessivas campanhas de colonizadores, e ao mesmo tempo fundindo-se à natureza e respeitando seus recursos naturais. A mata multiplica-se de maneira abundante em sua rápida cadeia de vida e morte, alcança o equilíbrio perfeito do jardim ideal onde a humanidade contempla sua própria origem. Frutas, árvores caídas e flores ressecadas iniciam sobre a terra escura um novo ciclo de vida onde surgem as delicadas bromélias, como clepsidras, a marcar com sua água condensada entre as folhas o tempo eterno da selva. A água do Atlântico e dos rios define a selva. Condensa-se na bruma que se levanta ao amanhecer, convertendo-se em extenso e prateado "Mar Branco" – o nome em guarani da cidade histórica dos caiçaras, Paraty, no cenário composto também pelo oceano, que traz a luz e a chuva, e pela mata, que tudo fertiliza.

Denise Milan converte este mundo a ponto mesclar todos os elementos em uma oferenda aos deuses da fertilidade e da abundância, a Kurupi (deus da fertilidade), a Tupã, a Gianderu, e aos infinitos matizes de verde. As esplendorosas tonalidades das flores em suas colagens fragmentadas nos oferecem a chave para não perdermos de vista o caminho da esperança e da recuperação deste paraíso perdido. A quietude própria da selva guarda uma dimensão pictórica da natureza morta, pois nada aqui se move – a vibração de uma pequena folha, isoladamente, mais parece representar o infinito do tempo ao ser tocada, de maneira mágica, por uma brisa intangível que parece chegar de outra dimensão e mostrar o caminho para uma nova vida.

Sobre a autora

Dra. Manuela Mena trabalha no Museu do Prado como Curadora Sênior de Pintura do século XVIII e Goya desde 1996. Historiadora de Arte, escreveu sobre pintura e desenho do século XVII na Espanha e na Itália. Seu interesse inclui aspectos de arte contemporânea e sua relação com a arte do passado.

 

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