O prêmio atribuído ao escritório METRO, dos arquitetos Martin Corullon, Anna Ferrari e Gustavo Cedroni, pelo projeto museográfico da 30ª Bienal de Arte de São Paulo foi denominado “Fronteiras da Arquitetura”, pois surpreende como um projeto aparentemente invisível, representando uma das inúmeras possibilidades de intervenção de Arquitetura com o objetivo de valorizar e atribuir qualidade a um espaço expositivo.
O projeto premiado resgata a escala humana no edifício monumental da Bienal, desenvolvendo um sistema que não só ajudou a organizar o trabalho dos curadores e a participação dos artistas, como também deu conforto aos visitantes. De quatro alturas proporcionais ao material disponível no mercado e mais baixos que o teto, os painéis utilizados possibilitaram o desfrute da estrutura e da transparência do edifício, traduzindo-se na simultaneidade da visão do conjunto e na apreciação de detalhes exigidos numa exposição deste tipo.
O sofisticado, sustentável e participativo modelo adotado foi composto de plantas e maquetes para cada espaço e artista, constituindo um trabalho vivo e adaptado as necessidades de valorização das obras e organização dos fluxos. Recusando a monumentalidade e o espetáculo comuns em bienais, referências internacionais traduziram-se em percursos simétricos e simples, ordenando a recorrente confusão da visita e criando uma espacialidade agradável e funcional.
O respeito à natureza se traduziu em reaproveitamento da exposição anterior e permanência dos materiais para a próxima Bienal: dos 17 mil metros quadrados de superfícies expositivas da recente Bienal, 10 mil foram reaproveitados da Bienal anterior.As diversas escalas dos objetos existentes também foram elogiados pela imprensa.O olhar dos críticos neste caso fugiu ao lugar comum e buscou o invisível.
Levei meu sobrinho de 10 anos à exposição e ele ficou encantado com o próprio edifício de Niemeyer, com o diálogo entre rampas e paredes com o amarelo, preto e branco de instalações que incluíam um trenzinho elétrico que ecoava com garrafas e as mini casas do artista arquiteto israelense, o que aproxima, aos olhos de uma criança, arquitetura e arte.
sobre a autora
Nadia Somekh é professora titular do Mackenzie, Conselheira do Conpresp, IAB, CAU e UIA, ex-presidente da Emurb, ex-diretora da FAU Mackenzie, e autora do livro A cidade vertical e o urbanismo modernizador (Studio Nobel, 1997).