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drops ISSN 2175-6716

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O Prêmio APCA 2012 – Categoria “Obra de arquitetura” foi concedido ao escritório Brasil Arquitetura e ao arquiteto Marcos Cartum pela autoria do projeto da Praça das Artes no centro de São Paulo.

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GUERRA, Abilio. Prêmio APCA 2012 – Categoria “Obra de arquitetura”. Premiado: Praça das Artes / Brasil Arquitetura e Marcos Cartum. Drops, São Paulo, ano 13, n. 063.08, Vitruvius, dez. 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/13.063/4629>.



Em outra oportunidade chamamos a atenção para o quanto a tipologia urbana da quadra aberta é rara entre nós: “na cidade de São Paulo, mesmo que na forma de exceção, alguns exemplos de ‘quadra aberta’ podem ser encontrados, sendo ao menos quatro deles de excelente qualidade” (1). Os projetos referidos no artigo como exemplares são os seguintes: o Centro Comercial no Bom Retiro, de Lucjan Korngold; o Cetenco Plaza na esquina da Avenida Paulista com a Alameda Ministro Rocha Azevedo, de Rubens Carneiro Vianna e Ricardo Sievers; o Centro Empresarial Itaú sobre a estação Conceição da linha norte-sul do metrô, da Itauplan e Aflalo & Gasperini; Brascan Century Plaza no Itaim Bibi, de Jorge Konigsberger e Gianfranco Vannucchi.

A esta lista temos que acrescentar agora o projeto parcialmente recém-inaugurado da Praça das Artes, projeto que se originou dentro da Secretaria da Cultura capitaneada pelo secretário Carlos Augusto Calil, mas que ganhou logo a seguir a contribuição do escritório Brasil Arquitetura, contratado por notório saber (no caso – é bom comentar –, um reconhecimento merecido). Coube aos arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Marcos Cartum (este último, representando a Secretaria da Cultura) o desenvolvimento de um programa complexo para abrigar diversas atividades das áreas de música e de dança: as orquestras Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório, os corais Lírico e Paulistano, o Quarteto Municipal de Cordas, a Escola Municipal de Música e a Sala de Concertos do antigo Conservatório Dramático e Musical, o Balé da Cidade e a Escola de Bailado. Além destas instituições, o complexo abriga ou abrigará um programa complementar diversificado, formado pela Discoteca Oneyda Alvarenga, centro de documentação, galeria de exposições, áreas administrativas, de convivência, restaurantes, cafés e estacionamento em dois níveis de subsolo.

O desafio do lugar não poderia ser mais difícil e interessante: uma série de lotes irregulares contíguos, voltados para três ruas do centro histórico paulistano, sendo uma destas frentes abre-se para o Vale do Anhangabaú, um dos espaços públicos mais importantes da cidade. O restante da área dos lotes foi aberta com demolições e reocupada com blocos de concreto armado colorido com pigmentos, blocos autônomos mas articulados por passagens abertas em paredes contíguas ou conquistadas com corredores e passarelas. As áreas livres foram dispostas de tal forma que o miolo da quadra passou a ter papel estruturador, servindo como área de passagem a céu aberto ou protegida por marquises, áreas de permanência e pontos de acesso aos diversos programas ali instalados.

Do ponto de vista programático, o resultado final é um complexo que mescla as atividades culturais e a vitalidade própria do centro urbano, onde a “travessa das artes” – ou galeria aberta no piso térreo, que abrigará pontos comerciais e de serviços – é uma aposta na mescla de usos e na presença de classes sociais diversificadas, característica fundamental de um espaço democrático.

Do ponto de vista arquitetônico, se estabelece um profícuo diálogo entre o novo e o antigo, tema recorrente na obra do Brasil Arquitetura. Posicionada no centro geográfico do conjunto, a nova torre vermelha abriga os escritórios administrativos, os halls, os sanitários e vestiários, os dutos de instalações e a circulação vertical. Outros blocos de concreto em cor ocre, que abrigam os diversos programas de música e dança, estabelecem um diálogo renovado com a vizinhança preexistente, em especial com os edifícios históricos restaurados, o Conservatório Dramático e Musical, voltado para a Avenida São João, e o antigo Cine Cairo, cuja fachada foi mantida como registro do passado.

Do ponto de vista urbanístico, a quadra aberta funciona como peça de ajuste entre os urbanismos clássico e moderno presentes no arruamento e quadrícula tradicionais e na grande plataforma de concreto do Vale do Anhangabaú, projetada por Jorge Wilheim e Rosa Kliass. Com isso, temos privilegiados os percursos de pedestres, que cruzam o quarteirão de lado a lado e em três direções, mas sem a interdição completa do acesso de automóveis.

As escalas diversas envolvidas e a riqueza dos programas contemplados apontam para um projeto acertado, que enriquecerá o coração vibrante da maior metrópole brasileira. Ao futuro caberá confirmar este prognóstico.

nota

1
GUERRA, Abilio. Quadra aberta. Uma tipologia urbana rara em São Paulo. Projetos, São Paulo, n. 11.124.01, Vitruvius, abr 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.124/3819>.

sobre o autor

Abilio Guerra é arquiteto, professor da graduação e pós-graduação da FAU Mackenzie, editor do portal Vitruvius e da Romano Guerra Editora.

 

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