Há alguns meses estivemos expostos a uma série de notícias sobre o agravamento do endividamento da Grécia e, na última semana, ao ápice da crise, com o não pagamento da parcela que os gregos deviam ao Fundo Monetário Internacional, o FMI. Entretanto, o “clima instável” nas ruas e praças da cidade de Atenas, apesar das filas nos caixas eletrônicos e de alguns protestos por conta do referendo do último domingo, em nada se compara ao que veio sendo televisionado pelos jornalistas.
O caráter mediático da cobertura jornalística que assistimos pela televisão sobre as manifestações na Praça Sintagma, defronte ao parlamento grego, na verdade constrói um “circo publicitário” em torno do conflito, do direito da manifestação da opinião pública e do dever do povo debater sobre os rumos da política do país – expressões eminentemente democráticas.
O categórico “não” (pós-referendo) da população do país à austeridade imposta pela Troika revelou, assim, exatamente o contrário: um “sim” à democracia e à possibilidade do povo proferir, com coragem e dignidade, as suas posições políticas.
No berço da democracia vemos ressurgir, com os últimos acontecimentos, novas chances para a abertura de diálogos e, quem sabe, a busca por consensos: uma nova aurora da ágora grega?
sobre o autor
Evandro Fiorin é Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp em Presidente Prudente, Investigador do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo – CEAU da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto – FAUP e pesquisador do Grupo de Pesquisa Projeto Arquitetura e Cidade – GPArC.