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drops ISSN 2175-6716

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Eder Chiodetto narra a experiência de assistir o filme Aquarius, que fala dos laços que nos conecta com aquilo que é de fato essencial nessa vida, com o amor incondicional, a família, nosso lugar, a história que construímos, a memória afetiva.

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CHIODETTO, Eder. Assistindo Aquarius com minha mãe. Drops, São Paulo, ano 17, n. 108.06, Vitruvius, set. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.108/6198>.


Assistindo Aquarius com os pais do meu genro Giovanni
Foto Abilio Guerra


Vi Aquarius ontem no cinema. E tive a sorte de vê-lo na companhia de minha mãe. Sorte porque trata-se de um filme delicado e magistralmente bem feito sobre o amor, sobre os laços que nos conecta com aquilo que é de fato essencial nessa vida, com o amor incondicional, a família, nosso lugar, a história que construímos, a memória afetiva, nossas músicas, nossas referências do passado que legitimam e tornam bonito o envelhecer, sobre como envelhecer nos coloca obrigatoriamente na situação de deixar um legado ético para as novas gerações. E sobre como deixar esse legado não é necessariamente a gente ser um político de palanque, mas, por exemplo, dar um toque pro teu sobrinho apaixonado colocar Bethânia pra gatinha dele ouvir...

É um filme também sobre ética, sobre o que é o real valor das coisas, sobre a beleza real e não cosmética, sobre postura ideológica cunhada na experiência humanista... E além disso tudo, que não é pouco, é cinema feito com maestria. Fotografia, direção, edição, contexto. Que maravilhoso ver Sonia Braga aos 66 anos linda, íntegra. Que vontade de ouvir um disco do Taiguara (quem?) com ela!! Aquarius dá uma porrada muito potente, mas muito potente nas mesquinharias que rondam o debate nacional atual. E o faz com poesia pura, com o coração, sem ser piegas nem um milímetro.

Tinha mesmo que ser feito por pernambucanos. Só podia. Esses danadinhos têm essa capacidade linda de conciliar, de juntar contrários, de harmonizar, de dar cheiro, afeto, riso frouxo. E com aquele sotaque que valha-me Deus Nossa Senhora!

Ó, tira um tempo pra ver esse filme, mas se dê um tempo pós filme também. É tipo transa boa que não dá pra sair correndo depois. E leve alguém que você ama que fará mais sentido ainda.

Ahhh!!! E surpresa linda: não é que a delícia da fotógrafa Pri Buhr faz uma ponta? Morri. Cinêxtase!

Pronto criei uma palavra pro filme: cinêxtase!!

sobre o autor

Eder Chiodetto é mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Atuou como repórter-fotográfico (1991-1995), editor (1995-2004) e crítico de fotografia (1996-2010) no jornal Folha de S.Paulo. Hoje, reúne as funções de jornalista, professor, curador e pesquisador de fotografia.

 

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