Hoje a pequena expressividade da agropecuária nas atividades econômicas do Espírito Santo poderia ser potencializada pela construção de uma escola, tendo como público alvo jovens moradores de Guarapari e região adjacentes que procuram especialização da mão de obra rural e que não possuem poder aquisitivo para cursar uma graduação particular.
O principal objetivo de uma escola agrotécnica é proporcionar conhecimento para que os trabalhadores rurais que não tem possam exercer suas atividades de forma a obter qualidade e produtividade sem causar grandes impactos ambientais e evitar as erosões, preservando as nascentes e leito dos rios.
Existem apenas oito escolas agrícolas no estado do Espírito Santo: IFES Campus Itapina, Escola Agrotécnica Federal de Santa Tereza, IFES Campus Ibatiba, IFES Campus Venda Nova do Imigrante, IFES Campus Vitória, IFES Campus Piúma e IFES Campus Alegre. As mais próximas de Guarapari são: Piúma (37km), Vitória (58km) e Venda Nova do Imigrante (126km). Assim, é possível afirmar que os trabalhadores rurais de Guarapari têm que percorrer grandes distâncias para obter informações de qualidade sobre o modo de manuseio da terra.
A presença de um alojamento nas instalações da escola auxiliará, ainda a permanência dos estudantes de menor poder aquisitivo, para que o deslocamento entre suas residências e o centro educacional seja reduzido.
A Escola Agrotécnica Federal de Alegre - EAFA localiza-se no distrito de Alegre, na região sudoeste do estado do Espírito Santo. Segundo a diretora Maria Valdete Santos Tannure, possui um total de 330 hectares, doados pelo Estado à União em 1974, com intuito de criação da escola.
Segundo o Portal do Governo do Estado do Espírito Santo, a escola funcionava como Centro de Treinamento Rural, sob administração do Diretor Engenheiro Agrônomo Ivan Neves de Andrade. A grade curricular era dividida em três séries do segundo ciclo (Colegial), e os alunos que concluíssem os estudos na Escola Agrotécnica teriam título de técnico agrícola.
A escola oferece ensino técnico nas áreas de agricultura, pecuária, agroindústria e agroecologia, além de realizar trabalhos de conscientização da A escola oferece ensino técnico nas áreas de agricultura, pecuária, agroindústria e agroecologia, além de realizar trabalhos de conscientização da comunidade para a recuperação de matas, oferecendo mudas das árvores de Mata Atlântica de forma gratuita para a população. Os Cursos superiores que são ofertados são: Engenharia de Aquicultura, Análise e Desenvolvimento de Sistema, Tecnologia em Cafeicultura e Licenciatura em Ciências Biológicas. Hoje oferece também cursos de Pós Graduação: Especialização em Agroecologia e Mestrado Profissional em Agroecologia (1).
A EAFA disponibiliza para os funcionários casas com aluguéis acessíveis, com o objetivo de que possam cuidar do campus fora do horário de expediente, como por exemplo alimentando os animais.
A escola possui sistema de saneamento básico (captação de água, sistema de tratamento de água e tratamento de esgoto) próprio. Nada é desperdiçado. Segundo Maria Valdete Santos Tannure, os animais abatidos que não são consumidos pelo Instituto são vendidos na Cooperativa dos alunos do IFES.
Os dejetos dos animais seguem para o Biodigestor e são transformados em adubo e gases. Os gases – segundo a diretora Maria Valdete – são utilizados como fonte de energia e combustível para a produção de ração para os animais.
Os laboratórios, de suínos, de bovinos e de aves possuem salas de aulas teóricas anexas aos laboratórios práticos. Tais salas ajudam na dinâmica de ensino, com carteiras comuns para que o professor passe para os alunos o que deve ser feito nas aulas práticas. O laboratório de suínos possui uma sala de aula externa, embaixo de mangueiras.
A diretora Maria Valdete Santos Tannure relatou que a professora que rege as aulas práticas de bovinos solicitou este ambiente, porque os alunos se interessam mais pelo conteúdo quando estão ao ar livre, diferente do que acontece no ambiente da sala de aula.
Segundo Maria Valdete, a escola passou por modificações: o prédio principal (onde se situa a administração, sala dos professores, salas de aulas e um dos auditórios), era originalmente constituído por três edifícios separados, onde hoje se localiza a administração (na extrema esquerda), as salas de aula e a salas dos professores e a enfermaria. Ao longo dos anos viu-se a necessidade de melhorar o fluxo entre prédios, e optaram por uni-los. A atual diretora e um ex-diretor informaram que essa decisão prejudicou a ventilação natural, e por isso tiveram que instalar ar condicionado em todas as salas do edifício unificado.
Esta escola apresenta soluções simples para facilitar o aprendizado como, por exemplo, as salas de aula anexas aos laboratórios e a sala de aula ao ar livre. Além de funcionar como escola de nível técnico, a EAFA oferece trabalho à comunidade como mudas para reflorestamento sem custo à população; aos funcionários que não possuem casa nas proximidades a instituição disponibiliza casa a custo baixo em troca de serviço. Apresenta também a cooperativa, onde são vendidos os alimentos fabricados na instituição e que não são consumidos, como queijos e cortes defumados. Há sempre a preocupação com o meio ambiente: a escola possui placas fotovoltaicas, biodigestor e sistema de tratamento de água e esgoto próprio. Hoje é feito trabalho de conscientização: evitam ligar as lâmpadas, ventiladores e ar condicionado, devido ao grande período de estiagem que o Brasil enfrenta. A escola passou por adaptações para que se tornasse acessível: o prédio principal tem projeto para que seja implantado elevador para portadores de necessidades especiais; e os prédios mais novos como o auditório, refeitório e cooperativa já possuem rampas de acesso.
nota
1
Portal do Governo do Estado do Espírito Santo, 2016.
sobre a autora
Bruna Pavesi Tannure é estudante de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Vila Velha, Brasil.