Por que não trazer o debate sobre o assédio às mulheres, sobre o machismo etc. para o nosso patropi?
Por que não discutir a cultura machista que “nos obriga” (a nós, homens), até hoje, a olhar para qualquer mulher que ouse passar pela nossa frente, que "nos obriga" (a nós, homens) a chamá-la no mínimo de “gostosa”, como uma deferência do macho às formas da fêmea?
Por que não discutir a postura dos papais e mamães liberais, ou mesmo os “radicais na vida e na política” e que educam seus filhotes como machinhos que se acham acima de qualquer atitude “feminina”, como arrumar a própria cama, lavar o prato em que acabou de comer (as filhotas desses papais também costumam agir dessa maneira, são as “princesas”, as filhotas da casa grande, acostumadas ao trabalho da senzala)?
Aqui no Brasil, talvez mais do que em qualquer outro lugar do mundo, o machismo, a prepotência do macho me parece ampliada por nosso passado escravocrata, e pela arrogância latina do macho predador (aqui vejo o machismo sendo praticado não apenas por homens mas também por mulheres).
Acho que é um belo prato para se começar a lavar. Não me interessa o blábláblá self made woman da Oprah Winfrey e muito menos o que pensa a dona Catarina, mas sim o que temos a refletir sobre nós mesmos.
nota
NE - Texto publicado originalmente na página Facebook do autor.
sobre o autor
Tadeu Chiarelli é professor titular do Departamento de Artes Plásticas da ECA USP. Foi diretor geral da Pinacoteca de São Paulo e diretor executivo do MAC USP.