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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Carlos Martins, mais uma vez se utilizando das metáforas futebolísticas para falar da cena política atual, indaga qual seria o papel do presidente quando o jogo finalmente começar a ser jogado.

how to quote

MARTINS, Carlos A. Ferreira. O jogo começou? Quatro estrelas vão brilhar no time do capitão. Drops, São Paulo, ano 19, n. 136.04, Vitruvius, jan. 2019 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/19.136/7222>.


Enquanto for possível manter as decisões de Ano Novo, vamos tentar não falar de política, assunto chato que divide famílias e amigos e continuar falando de futebol.

Dizem que no Brasil o jogo só começa depois do Carnaval. Mas o que aconteceu nestes minutos iniciais pode ser uma pista do que nos espera ao longo da partida.

Mesmo quem acha que o jogo nem começou concordará que está difícil ignorar o extraordinário bate cabeça do time já na sua colocação em campo.

A primeira impressão é que só o capitão achou que seria de fato o capitão do time. Todas as ordens que transmitiu aos jogadores ou à torcida foram rapidamente desobedecidas ou desautorizadas.

Um site de humor anunciou que passaríamos a ter duas edições do Diário Oficial, uma matinal com as decisões do capitão e outra vespertina com os desmentidos do time.

Alguns desmentidos vieram de patentes mais altas. E deixam a pergunta sobre a hierarquia que prevalecerá durante os 90 minutos. A da vida civil, que diz que o presidente é o comandante em chefe ou a das casernas que reza que um general, mesmo aposentado, manda mais que um capitão?

Outros vieram de seus "auxiliares" civis que também se sentiram obrigados a protege-lo de sua loquacidade.

Como o próprio capitão deixou claro ao longo de toda a classificação, ele não tinha a pretensão de entender qualquer coisa de economia, nem de diplomacia, nem de educação ou saúde, nem de estratégia ou tática.

Por ele já estaria bom se pudesse tuitar comentários sobre o jogo enquanto o pessoal trabalhava. Agora ele está proibido de manejar sua conta no Twiter que passa a ser gerenciada pela Secretaria de Comunicação.

O torcedor (contra, a favor ou muito pelo contrário) tem o direito de perguntar: se o capitão não pode organizar o time, nem dar ordens em campo e nem mesmo chutar um tuitezinho de vez em quando, o que se supõe que ele vá fazer em campo?

Feliz ou infelizmente, só o jogo dirá.

sobre o autor

Carlos Alberto Ferreira Martins é professor titular de uma Universidade ainda pública, gratuita e com ensino presencial.

 

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