Enquanto for possível manter as decisões de Ano Novo, vamos tentar não falar de política, assunto chato que divide famílias e amigos e continuar falando de futebol.
Dizem que no Brasil o jogo só começa depois do Carnaval. Mas o que aconteceu nestes minutos iniciais pode ser uma pista do que nos espera ao longo da partida.
Mesmo quem acha que o jogo nem começou concordará que está difícil ignorar o extraordinário bate cabeça do time já na sua colocação em campo.
A primeira impressão é que só o capitão achou que seria de fato o capitão do time. Todas as ordens que transmitiu aos jogadores ou à torcida foram rapidamente desobedecidas ou desautorizadas.
Um site de humor anunciou que passaríamos a ter duas edições do Diário Oficial, uma matinal com as decisões do capitão e outra vespertina com os desmentidos do time.
Alguns desmentidos vieram de patentes mais altas. E deixam a pergunta sobre a hierarquia que prevalecerá durante os 90 minutos. A da vida civil, que diz que o presidente é o comandante em chefe ou a das casernas que reza que um general, mesmo aposentado, manda mais que um capitão?
Outros vieram de seus "auxiliares" civis que também se sentiram obrigados a protege-lo de sua loquacidade.
Como o próprio capitão deixou claro ao longo de toda a classificação, ele não tinha a pretensão de entender qualquer coisa de economia, nem de diplomacia, nem de educação ou saúde, nem de estratégia ou tática.
Por ele já estaria bom se pudesse tuitar comentários sobre o jogo enquanto o pessoal trabalhava. Agora ele está proibido de manejar sua conta no Twiter que passa a ser gerenciada pela Secretaria de Comunicação.
O torcedor (contra, a favor ou muito pelo contrário) tem o direito de perguntar: se o capitão não pode organizar o time, nem dar ordens em campo e nem mesmo chutar um tuitezinho de vez em quando, o que se supõe que ele vá fazer em campo?
Feliz ou infelizmente, só o jogo dirá.
sobre o autor
Carlos Alberto Ferreira Martins é professor titular de uma Universidade ainda pública, gratuita e com ensino presencial.